segunda-feira, 30 de abril de 2012

A lenda da criança


Dizem que o Supremo Senhor, após situar na Terra os primeiros homens, dividindo-os em raças diversas, esperou, anos e nãos, pela adesão deles ao Bem Eterno. Criando a todos para a liberdade, aguardou pacientemente que cada um construísse o seu próprio mundo de sabedoria e felicidade. À vista disso, com surpresa começou a ouvir do Planeta Terrestre, ao invés de gratidão e louvor, unicamente desespero e lágrimas, blasfêmias e imprecações, até que, um dia, os mais instruídos, amparados no prestigio de Embaixadores Angelicós, se elevaram até Deus, a fim de suplicarem providencias  especiais. E, prosternados diante do Todo-Poderoso, rogaram, cada qual por sua vez:
- Pai, tem misericórdia de nós!... Repartimos a Terra, mas não nos entendemos... Todos reprovamos o egoísmo; no entanto, a ambição nos enlouquece e, um por um, aspiramos a possuir o maior quinhão!...
- Oh! Senhor!... Auxilia-nos!... Deste-nos a autonomia; contudo, de que modo manejá-la com segurança? Instituíste-nos códigos de amparo mutuo; no entanto, ai de nós!... Caímos, a cada passo, pelos abusos de nossas prerrogativas!...
- Santo dos Santos, socorre-nos por piedade!... Concedeste-nos a paz e hostilizamo-nos uns aos outros. Reuniste-nos debaixo do mesmo Sol!... Nós, porém, desastrosamente, em nossos desvaneios, na conquista de domínio, inventamos a guerra... Ferimo-nos e ensanguentamo-nos, à maneira de feras no campo, como se não tivéssemos, dada por ti, a luz da razão!...
- Pai Amantíssimo, enriqueceste-nos com os preceitos da Justiça: todavia, na disputa de posições indébitas, estudamos os melhores meios de nos enganarmos reciprocamente, e, muitas vezes, convertemos as nossas relações em armadilhas nas quais os mais astuciosos transfiguram os mais simples em vitimas de alucinantes paixões.... Ajude-nos a libertar-nos do mal!...
- Ó Deus de Infinita Bondade, intervém a nosso favor! Inflamaste-nos os corações com a chama do gênio, mas habitualmente resvalamos para os despenhadeiros do vicio... Em muitas ocasiões, valemo-nos do raciocínio e da emoção para sugerir a delinquência ou envenenar-nos do desperdício de forças, escorregando para as trevas da enfermidade e da morte!...
Conta-se que o Todo-Misericordioso contemplou os habitantes da Terra, com imensa tristeza, e exclamou, amorosamente:
- Ah! Meus filhos!... meus filhos!... Apesar de tudo, eu vos criei livres e livres sereis para sempre, porque, em nenhum lugar do Universo, aprovarei princípios de escravidão!...
- Oh! Senhor – soluçaram os homens – compadece-te então de nós e renova-nos o futuro!... Queremos acertar, queremos ser bons!...
O Todo-Sábio meditou, meditou...
Depois de alguns minutos, falou comovido:
- Não posso modificar as Leis Eternas. Dei-vos o Orbe Terrestre e sois independentes para estabelecer nele a base de vossa ascensão aos Planos Superiores. Tereis, constantemente e seja onde for, o que quiserdes, em função de vosso próprio livre arbítrio!... Conceder-vos-ei, porém, um tesouro de vida e renovação, no qual, se quiserdes, conseguireis engrandecer o progresso e abrilhantar o Planeta...
Nesse escrínio de inteligência e de amor, disporeis de todos os recursos para solidificar a fraternidade, dignificar a ciência, edificar o bem comum e elevar o direito... De um modo ou de outro, todos tereis, doravante, esse tesouro vivo, ao vosso lado, em qualquer parte da Terra, a fim de que possais aperfeiçoar o mundo e santificar o porvir!...
Dito isso, o Senhor Supremo entrou nos Tabernáculos Eternos e voltou de lá trazendo um ser pequenino nos braços paternais...
Nesse augusto momento, os atormentados filhos da Terra receberam de Deus a primeira criança.
Luz no Lar – Francisco Cândido Xavier / Irmão X

domingo, 29 de abril de 2012

Pais e filhos, estrelas e estrelinhas


Um choro de criança anuncia nova vida que chega.
Brotando da natureza humana, ela suscitará novas emoções, alertando aos corações adultos que ainda há sentimento neles.
Cada criança que nasce é a certeza de que Deus não abandonou seu sonho cósmico de Evolução.
Cada criança é embaixadora desse sonho e os adultos deveriam saber disso.
No projeto da criação, o Criador transforma espíritos em bebês e os manda em uma missão vital: enternecer o mundo com sua graça.
É por isso que, quando uma criança nasce, o próprio Cosmo emociona-se.
Ele sabe que há um sorriso brotando na Terra.
E, muito além do entendimento humano, em dimensões invisíveis ao olhar físico, há seres espirituais em comunhão, torcendo para que aquela alma reencarnada cumpra seu papel e renove a vida.
Há crianças, crianças e crianças... Mas, para o Criador elas são todas iguais. São estrelinhas divinas, pedacinhos da existência, tentando irradiar Luz na carne.
São os seus filhos, espíritos-estrelas. Ele os disfarçou em corpos de bebês, pois sabe que os adultos esquecem-se fácil da Luz.
Porém, perante aquele ser pequenino, o brilho renasce em seus olhos e o coração acende com novas esperanças.
A cada dia, novas estrelinhas descem à Terra...
Primeiro, elas iluminam o útero da mulher, que torna-se mais bela do que nunca. Em seguida, já disfarçadas de bebês, elas iluminam o olhar de quem as vê.
A partir daí, elas vão crescendo e iluminam o mundo com suas brincadeiras.
Porém, chega um momento em que elas esquecem-se da Grande Estrela que as gerou. Elas se tornam adultas e o mundo as entorpece. Passam a comportar-se como carne e não como estrelinhas de Deus.
Esquecem-se da própria natureza estelar e entranham-se firmemente na carne amortecedora. Cristalizam o próprio pensamento, estratificam o próprio sentimento e choram, sem perspectiva luminosa.
É quando o Criador lhes dá uma mãozinha e manda em socorro o brilho de uma estrela, para relembrá-las da Alegria e do Amor.
E logo elas “aparecem grávidas”.
Assim, saberão da verdade que esqueceram: “um filho é uma estrelinha emprestada por Deus, para renovar, em nome da alegria, o brilho das ex-crianças que, agora, são adultas, e chamam-se pais.”
Pais e filhos, estrelas e estrelinhas, pedacinhos de luz a brilhar, realizando o grande sonho evolutivo: ser criança-adulto-espírito no coração-estrela de Deus.
 (Que todos os pais saibam disso e recuperem o próprio brilho, amando as estrelinhas-crianças de Deus como estrelas suas também.)
- Rama -
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges – Texto extraído do livro “Viagem Espiritual – Vol. I – Editora Zennex – 1993.)

Cheiro de feijão, estrelas e sonhos...


Aquele cheiro de feijão cozinhando foi demais para Eduardo. Depois de muito tempo nas ruas, comendo os restos do que conseguia, ele se deixou levar pelo aroma daquele feijão e, quando viu, estava batendo palmas naquela casa de onde provinha o aroma tão marcante. Uma senhora de cabelos brancos e com um avental na cintura, também branco, atendeu e não se assustou com a roupa dele, já muito gasta, nem pelos seus cabelos enormes, que há muito não via um corte.
- "Que foi meu jovem, em que posso ajudá-lo?".
 

Eduardo ficou mudo diante daquele rosto tão bondoso. Sua voz não saía, e ele gaguejou:
- "Bom...bom...bom dia. Sabe, é que eu senti o cheiro do feijão cozinhando e lembrei me da minha mãe, lembrei-me da fome e resolvi pedir um pouco, se a senhora puder. Pode ser num copo plástico mesmo, só para eu poder matar a vontade de comer esse feijão tão cheiroso.
Dona Benedita ficou surpresa com o desejo daquele menino. Sim, apesar das roupas velhas e sujas, do rosto marcado pela sujeira, aquele rapazote não deveria ter mais do que 15 ou 16 anos. Até hoje ela não sabe o por quê daquele gesto tão incomum nos tempos atuais, onde a violência está em cada esquina. O fato é que ela se comoveu com aquele menino e pediu para que entrasse.

Eduardo não sabia o que fazer. Nunca alguém o convidara para entrar em uma casa. O máximo que faziam era dar uma comida misturada em latas de goiabada ou em embalagem plástica de sorvete, que normalmente as pessoas nem queriam de volta, como se ele tivesse alguma doença contagiosa.
Timidamente ele entrou naquele quintal enorme e, seguindo aquela senhora tão amável, entrou em uma cozinha muito bonita, simples, com azulejos azuis claros nas paredes, piso vermelho brilhando, uma mesa e 4 cadeiras brancas. Na mesa, uma toalha muito branca e já sobre ela, arroz em uma travessa, água fresca, pratos e copos."Ah, meu Deus, o paraíso deve ser assim!", pensou Eduardo.
Sem saber o que fazer, ficou ali, na porta, em pé, observando aquele ambiente que lhe deu uma paz indescritível. Ele já estava andando pelas ruas há mais de 4 anos, desde que sua mãe morreu, lá naquele Estado distante, Sem nenhum parente, Eduardo lembrava-se apenas da mãe dizendo que teve um paizinho muito querido, que morava em São Paulo, lá pelas bandas da Vila Maria, que ela amava muito e queria tanto ver.
Lembrava da mãe chorando todas as noites, falando baixinho para ele não acordar, da saudade do pai e da mãe tão amada, que morreu de uma doença nos pulmões, sem rever os parentes.
Dona Benedita, voltou de um dos cômodos trazendo uma toalha e algumas roupas usadas mas muito limpas, e foi falando para ele tomar um bom banho e se trocar, enquanto ela acabava o feijão. Sem saber muito o que fazer, Eduardo entrou naquele banheiro e tomou o banho mais gostoso da sua vida. Ele também nunca viu tanta água encardida sair de uma pessoa...
Aos poucos, aquela marca e aquela casca impregnada das ruas foram saindo. Junto iam as dores, as mágoas, e ele se pegou cantando. Quando saiu do banheiro, Dona Benedita ficou parada olhando para aquele rosto, os cabelos ligeiramente alourados, cheios de cachos...

Dona Benedita imediatamente lembrou-se da sua filha, que saíra de casa numa briga com o pai. Ela engravidara de um rapaz que não quis assumir a criança. Seu Vicente, homem das antigas, não soube entender a filha caçula, grávida e sem marido, e, num gesto impensado, a mandou embora. Os dois discutiram e moça falou que ela não era mais a sua filha. Ela saiu naquela noite de setembro e nunca mais deu notícias.
Aquilo foi demais para o velho pai, que, apesar do modo grosseiro de tratar os filhos,  rude, acostumado somente ao trabalho, amava como louco a sua filha, e todos os dias, depois que ela partiu, saia às ruas atrás de notícias, de alguma pista que o levasse até ela. Arrependido, seu Vicente foi definhando, definhando e morreu 4 meses depois, sem nunca mais a ver.
E ali estava aquele rapazote, com o rosto parecido com o da filha. Mas, Dona Benedita voltou à realidade do feijão na mesa, e o mandou sentar. Quando o rapaz colocou a primeira garfada na boca, grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Dona Benedita, percebendo a situação, perguntou: "Que foi filho? O feijão tá tão ruim assim que te fez chorar?".
Eduardo sorriu timidamente e disse que não. Era apenas a lembrança da mãe que ele amava tanto...
Em silêncio eles comeram e, notando o apetite do rapaz, ela mesma o serviu mais duas vezes. Depois, ela passou um café; perguntou o seu nome; quis saber um pouco da sua história. Ele só falou o nome e saiu agradecendo a sua melhor refeição dos últimos tempos.
Meia hora depois, com roupas limpas, banho tomado e barriga forrada, Eduardo acabou descobrindo que já estava na Vila Maria e isso acendeu a sua esperança. Mas, quando a noite chegou, ele viu, pelas luzes que se acendiam, que aquele lugar era muito grande, e sem maiores detalhes do avô e da avó que nunca tinha visto, imaginou que seria impossível encontrar os parentes.

Enquanto isso, Dona Benedita, estava no seu quintal, observando a noite. Tem sido assim desde que a filha sumiu no mundo. Sempre olhando para o céu, ela sempre nota que uma estrela se destaca das outras, É para essa estrela que ela se dirige há muitos anos, como se fosse para a própria filha. Nessa noite, seu coração estava inquieto. Aquele rapaz na cozinha mexeu com ela. Ao olhar para a sua estrela favorita, notou que ela parecia girar, brilhando mais forte. Dona Benedita imediatamente reviu a imagem do Eduardo e ficou pensando...
No dia seguinte, Dona Benedita sai cedo, sem destino. Passou pelas ruas perguntando se alguém tinha visto um andarilho, descrevendo-o. Ela precisava tirar uma dúvida e não podia perder a chance.
Encontrou-o numa praça, sendo abordado por dois policiais, que o agarravam com ares de poucos amigos. Dona Benedita chamou-o pelo nome e, ao olhar para ela, os policiais o soltaram e perguntaram se ela o conhecia. Ela respondeu afirmativamente, o que fez com que o menino fosse liberado.
Assustado, Eduardo agradeceu pela gentileza e Dona Benedita o fez sentar no banco e contar a sua história. Conforme ele ia contando, a mulher percebia os pontos em comum com a história da sua filha: o tempo decorrido e a sua idade, os cabelos cacheados e aqueles olhos, que agora ela parecia ver como um espelho, que refletiam os olhos do seu amado marido. Quando ele falou o nome da sua mãe, Dona Benedita começou a chorar. Chorou tanto e abraçava tanto Eduardo que ele ficou com medo de ela morrer: "Mas, dona, o que foi que eu fiz?... Por favor, me fale... Pare de chorar.
Dona Benedita secou as lágrimas e contou a história da filha. Então, Eduardo percebeu que a sua busca tinha acabado. Ela acabou de encontrar a sua família e foi a vez de ele se entregar naquele colo e chorar.


O tempo passou...
Mais de 12 anos já se passaram desde aquele "reencontro". Eduardo é arquiteto de muito prestígio na construtora onde trabalha. Casou-se e tem dois filhos e, mesmo podendo morar no seu elegante apartamento, preferiu ficar naquela casa que o abrigou, ao lado da sua avó, que sempre faz aquele feijão cheiroso que o conquistou.
Toda noite Dona Benedita ainda sai para o quintal, olha para o céu e fala com a filha, olhando para aquela mesma estrela, que agora, desde o dia em que Eduardo apareceu, tem outra estrela ao lado. Dona  Benedita tem certeza que pai e filha se reencontraram no céu, no lugar onde o amor venceu e sempre vencerá.

E, se essa história te parece impossível, talvez seja por isso que você ainda sofra com algumas decepções e deixe de lutar pelos seus sonhos. Talvez você tenha esquecido de amar um pouco mais, de dar mais dois passos em direção à sua estrela e descobrir que, apesar da noite escura e chuvosa, ela jamais deixou de brilhar.
"QUE JESUS E MARIA
ABENÇÕEM O LAR DE
TODAS AS PESSOAS POR
ONDE ESTA MENSAGEM PASSAR”
Recebi esta mensagem por e-mail e desconheço a autoria.

sábado, 28 de abril de 2012

Espetáculo Divino


A madrugada despede a noite e se instala. Mas, a escuridão ainda predomina.
Os homens usam a luz artificial para espancar as trevas. São faróis de carros, para os que se deslocam a distâncias. Nas casas, são lâmpadas, velas, lampiões.
Lâmpadas nos postes auxiliam a mostrar o caminho que a cara redonda da lua, com sua luz prateada, não se mostra suficiente.
Faróis em pontos estratégicos apontam o rumo aos que navegam nas águas mansas ou agitadas dos mares.
Logo mais, os braços da madrugada se espreguiçam e pequenos raios de luminosidade tocam a manhã, para que desperte.
Finalmente, é manhã plena e, enquanto os homens correm, de um lado para outro, em função de seus estudos, de seus negócios, de suas vidas, Deus instala Seu extraordinário aparelho multimídia para a projeção do novo dia.
Em trabalho sem igual, que a cada dia não se repete da mesma forma, o Arquiteto sem par projeta na tela do Universo, os Seus slides.
Há luz, som, animação.
Os braços do salgueiro balançam, agitados pelo vento que se veste de brisa ligeira.
Jardins, montanhas, campinas. Áreas verdejantes, rios cantantes, fontes generosas se multiplicam.
A projeção é tão magnífica que o espetáculo permite se sentir o perfume da terra, das flores, dos veios da madeira aberta em sulcos.
Os raios do sol aqui lançam sombra, além se estendem, espancando nuvens.
As pequenas elevações parecem ondular na paisagem. As folhas multicoloridas do outono se misturam em um quadro, enquanto noutro as delícias da primavera explodem em botões.
Paisagens desérticas, quase intermináveis em um ponto. Dunas, oásis, palmeiras.
Paredes altas, montanhosas, de outro.
Gelo aqui, calor acolá.
Pássaros cantam, ovos são chocados, a vida se multiplica em toda parte.
E assim, durante as horas do dia, os slides irão se sucedendo um a um.
O homem passa apressado, muito poucos se dando conta dos quadros que se alternam, sucedem, de contínuo.
Quando morre a tarde e a noite retorna, como hábil artista, Deus estende um negro manto, a fim de que os astros que percorrem o Infinito, possam melhor ser percebidos.
Assim é, a cada dia, a cada noite.
Se o homem contemplasse mais a natureza, estudasse melhor as suas leis, compreendesse a harmonia que ela leciona, viveria melhor.
Quando o cansaço o tomasse, nas horas de trabalho, pararia um pouco e olharia o jardim.
Se estiver cercado por paredes de concreto de vários edifícios, poderia olhar o céu, acompanhar o passeio das nuvens e permitir-se despentear pelo vento.
Bastará colocar a cabeça para fora de uma das janelas em que esteja.
Tudo isso o revigoraria. E o faria lembrar de Quem o criou por amor e por amor o sustenta.
Dar-se-ia conta de que acima das leis humanas, uma maior, imutável e justa vigora.
Lembraria que é filho de Deus, que a vida é um tesouro muito precioso para ser desperdiçada.
E, então, aprenderia que o dia foi feito para o homem e não o homem para o dia. O que quer dizer que dosaria trabalho, lazer, meditação.
Horário para alimentar o corpo. Horário para alimentar a alma.
Sobretudo amaria intensamente aos que com ele convivem neste lar abençoado que se chama planeta Terra.
Redação do Momento Espírita.
http://www.mensagemespirita.com.br/mensagem-em-video/155/espetaculo-divino

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Verdadeira compaixão


 Quando resolveu contar histórias para crianças em hospitais, como voluntário da associação Viva e deixe viver, aquele desembargador teve de superar a si mesmo.
No dia escolhido para seu turno, na ala de queimados de um grande hospital de São Paulo, ele colocou seu nariz de palhaço, ajeitou seu avental colorido e enfrentou a forte visão das crianças com queimaduras.
Foi um grande choque. Porém, em poucos minutos, ele já estava solto.
Sabia que sua maneira de exercitar a compaixão ali era dar alegria a quem estava mergulhado no sofrimento.
O que ele não podia, naquele momento, era sentir dó, piedade, peninha. Por isso riu e arrancou muitos sorrisos, com as histórias que contou.
Foi um verdadeiro sucesso. Quando estava quase saindo, sentiu um puxão no seu avental. Era um menino de uns cinco anos, com o rosto quase totalmente envolto por bandagens e esparadrapos.
O garoto fez um sinal para o desembargador se inclinar e disse bem baixinho no seu ouvido: Tio, pode não parecer, mas eu estou rindo...
Aí não teve jeito, algo se desmanchouem seu coração. Percebeu que ele se tornou mais terno, mais terno, e perdeu um pouco sua carapaça habitual de dureza.
Como não preenchê-lo de amor por aquela criança vivendo condições tão difíceis?
*   *   *
O sentimento da compaixão é mesmo um transbordamento amoroso. Como as lágrimas, que rolam dos olhos por causa da emoção, ela transborda diretamente do coração, só que em direção ao mundo.
Quando sentimos pena, olhamos de cima para baixo, evitando o envolvimento com a situação ou com o outro.
Quando vivemos a compaixão, olhamos de lado, de dentro e nos sentimos responsáveis, comprometidos com o outro.
A verdadeira compaixão tem por base o raciocínio de que todo ser humano tem o desejo inato de ser feliz e de superar o sofrimento, exatamente como nós.                    
E, exatamente como nós, o outro tem o direito de realizar essa aspiração fundamental.
O filósofo André Comte Sponville esclarece que compartilhar o sofrimento do outro não é aprová-lo nem compartilhar suas razões, boas ou más, para sofrer.
É recusar-se a considerar um sofrimento, qualquer que seja, como um fato indiferente. E um ser vivo, qualquer que seja, como coisa.
Os grandes missionários da Terra, aqueles que se dedicaram ao próximo de forma intensa, foram grandes exemplos dessa compaixão, pois não cederam à indiferença.
Não suportaram ver o sofrimento alheio sem fazer nada a respeito e se atiraram a tarefas grandiosas de abnegação e coragem pelo mundo.
A compaixão é dinâmica, atuante e vibrante.
Eis mais uma virtude que podemos aprender. Mais um tesouro escondido na alma que precisa ser descoberto.
*   *   *
Deixai que o vosso coração se enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes.
Vossas lágrimas são um bálsamo que lhes derramais nas feridas e, quando, por bondosa simpatia, chegais a lhes proporcionar a esperança e a resignação, que encanto não experimentais!
    Redação do Momento Espírita, com base em matéria de autoria de Liane Alves, da revista Vida simples, de novembro de 2007 e no cap. Compaixão, do livro Pequeno tratado das grandes virtudes, de André Comte Sponville, ed. Martins Fontes

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O serviço da Perfeição


Um velho oleiro, muito dedicado ao trabalho, certa feita adoeceu gravemente e entrou a passar enormes dificuldades.
Os parentes, aos quais ele mais servira, moravam em regiões distantes e pareciam haver perdido a memória...
Sem ninguém que o auxiliasse, passou a viver da caridade pública, mas, quando esmolava, caiu na via pública e quebrou uma das pernas, sendo obrigado a recolher-se à cama por longo tempo.
Chorando, amargurado, fez uma prece e rogou a Deus alguma consolação para os seus males.
Então, dormiu e sonhou que um anjo lhe apareceu, trazendo a resposta pedida.
O mensageiro do Céu conduziu-o até o antigo forno em que trabalhava, e, mostrando-lhe alguns formosos vasos de sua produção, perguntou:
- Como é que você conseguiu realizar trabalhos assim tão perfeitos?
O oleiro, orgulhoso de sua obra, informou:
- Usando o fogo com muito cuidado e com muito carinho, no serviço da perfeição. Alguns vasos voltaram ao calor intenso duas ou três vezes.
- E sem fogo você realizaria a sua tarefa? - indagou, ainda, o emissário.
- Nunca! - respondeu o velho, certo do que afirmava.
- Assim também - esclareceu o anjo, bondoso -, o sofrimento e a luta são as chamas invisíveis que Nosso Pai Celestial criou para o embelezamento de nossas almas que, um dia, serão vasos sublimes e perfeitos para o serviço do Céu.
Nesse instante, o doente acordou, compreendeu a Vontade Divina e rendeu graças a Deus.
XAVIER, Francisco Cândido. Pai Nosso. Pelo Espírito Meimei. FEB.
* * * Estude Kardec * * *

terça-feira, 24 de abril de 2012

Caridade, doce irmã


- Por que choras, meu anjinho,
esfarrapado e sozinho,
vagando de déu em déu?

- Choro de dor e saudade,
Pois sou filho da orfandade...
Minha mãe foi para o Céu.

- Que tens?
- Sinto frio e fome,
A angústia que me consome
Parece nunca ter fim...
A Ventura me escorraça,
O Orgulho olha-me e passa
Sem compaixão para mim!

Minha mãe já não existe
E, desde o momento triste
Em que o Senhor ma levou,
Não tenho a mão de um amigo;
Pequeno e pobre mendigo -
Eis agora o que hoje sou.

- Vem comigo!
- Oh! Quem me dera!...
- Vem! Terás a primavera
De doce e eterna manhã!...
- Teu nome? Sonho ou verdade?
- Eu me chamo Caridade.
- Quem és tu?
- Sou tua irmã.
XAVIER, Francisco Cândido. Jardim de Infância. Pelo Espírito João de Deus. FEB. Capítulo 14.