A capacidade de servir
como intermediário na comunicação dos seres desencarnados com os encarnados –
conhecida como mediunidade – não é privilégio, doença ou dom sobrenatural. Nada
disso. Trata-se mesmo de capacidade humana, pois que não exclusiva do espírita,
nem tampouco restrita às atividades orientadas pelo Espiritismo, que também não
a inventou.
Allan Kardec foi o
responsável pelo O Livro dos Médiuns, um dos maiores tratados sobre
mediunidade já publicados. Obra importantíssima no estudo e compreensão exata
do tema – indispensável, mesmo – foi lançada em 1861 e apresenta em sua página
de rosto: “Guia dos médiuns e dos evocadores, contendo o ensino especial dos
Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de
comunicação com o Mundo Invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as
dificuldades e os escolhos que se podem encontrar na prática do Espiritismo.”
Notem os leitores que só
a página de rosto já fornece material para muitos estudos e pesquisas. Até na
compreensão das palavras, no estudo dos gêneros de manifestações, nesse
processo de comunicação, na educação da faculdade e mesmo nas dificuldades
próprias de sua prática. Afinal, são muito variáveis os níveis de percepção,
entendimento e prática mediúnica, sempre como resultado das bagagens morais e
intelectuais de cada médium. Cada médium percebe de uma forma, interpreta
conforme a bagagem intelecto-moral própria que possui e o próprio fenômeno em
si ainda sofre grande influência do meio e, principalmente, decisiva influência
moral do seu portador.
A importante obra tem seu
primeiro capítulo com o instigante título “Há Espíritos?” e apresenta seus
capítulos de forma didática, que oferecem profundo entendimento dessa
extraordinária faculdade humana, presente em todas as criaturas – embora em
variáveis expressões de apresentação – e que constitui meio de comunicação que
deve ser conhecido através do estudo, para ser respeitado devidamente.
Convite ao estudo
Sugiro ao leitor estudar
a obra, pesquisar seu índice, maravilhar-se com a clareza do codificador e,
principalmente, surpreender-se com temas tão atuais e repletos de ensinamentos
que orientam. Identidade dos espíritos, perguntas que a eles se podem fazer,
influência do meio e moral do médium, evocações, entre outros, estão nos temas
apresentados pelo livro. E será muito oportuno refletir sobre o papel do médium
nas comunicações para entendimento correto da prática e vivência mediúnica.
O estudo e divulgação da
obra evita e previne dos dissabores próprios oriundos do fanatismo, tão próprio
daqueles que se iludem com os fenômenos, encarando supostas comunicações como
detentoras de verdades absolutas, julgando-se escolhidos ou missionários e
mesmo portadores de revelações bombásticas ou de capacidades que o mínimo de
bom senso e lógica rejeitam.
E como a mentalidade
humana está amadurecendo bastante, até pelas próprias experiências evolutivas
do planeta – o que também desenvolve a sensibilidade – tornamo-nos todos mais
acessíveis às influências mútuas que estabelecemos com outras mentes, que podem
ser habitantes de outro plano, os espíritos. Conhecer o processo de sintonia,
aprimorar o padrão moral, disciplinar as emoções e conhecer o assunto é, pois,
investimento que resulta em equilíbrio e serenidade de uma capacidade
intrínseca de nossa condição humana. E O Livro dos Médiuns aí está
para orientar tudo isso.
O Livros dos Médiuns-
...Qualquer que seja a ideia que se faça dos Espíritos, essa
crença está necessariamente fundada na existência de um princípio inteligente
fora da matéria; ela é incompatível com a negação absoluta desse princípio.
Tomamos como ponto de partida a existência, a sobrevivência e a
individualidade da alma, da qual o Espiritualismo, é a demonstração teórica e
dogmática e o Espiritismo, a demonstração experimental.-
Escrito por Orson Peter Carrara
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