
BRASIL,
CORAÇÃO DO MUNDO E PÁTRIA DO EVANGELHO
Pergunta - Chico, com tanta violência e corrupção em nosso país, os Benfeitores acreditam que o Brasil seja o "Coração do Mundo e Pátria do Evangelho?"
Resposta
de Chico Xavier
Extraído de O Triângulo Espírita - de Abril/Maio de 1993
Extraído de O Triângulo Espírita - de Abril/Maio de 1993
Resposta - Essa pergunta tem sido assunto em muitos diálogos com os companheiros de nossa casa. O nosso Emmanuel é de opinião que dentro do mundo turbulento, com a incompreensão comandando tantos corações, tantos milhões de pessoas, não pode ser motivo de dúvida para nós que o Brasil é o coração do mundo.
A
violência que existe no Brasil é a que existe no mundo, mas como povo nós temos
sabido honrar a destinação a que fomos chamados. Como povo temos sofrido a
reviravoltas enormes, inconformações, dilapidações, faltas graves daqueles que
foram chamados a dirigir nossos destinos. Mas as nossas mãos não se sujaram com
sangue fraterno. Quantos povos, por muito menos, acharam na rebelião e na
indisciplina a porta falsa a que eles se atiraram para encontrarem dificuldades
muito maiores. (acreditem ou não, aceitem ou não, a reencarnação vem aí! - o
adendo é nosso).
Somos,
sim, uma grandeza da Terra em que nós renascemos. Somos filhos do coração do
mundo. E o Senhor nos fortalecerá para sermos filhos também da Pátria do
Evangelho, quando soar a hora em que formos chamados para a grande renovação.
****
OS
ESPÍRITAS E A POLÍTICA
A
década de 1930 foi especialmente agitada na política brasileira, conforme
abordamos no capítulo anterior. A revolta de São Paulo em 1932; a nova
Constituição promulgada em 1934; o Estado Novo em 1937, reflexo da situação
internacional que favorecia governos totalitários de direita; o contragolpe
fracassado e a extinção da Constituição foram alguns dos graves acontecimentos
vividos naqueles anos, isso para não se falar da Segunda Grande Guerra,
deflagrada em 1938. A toda essa ebulição política não podiam ficar indiferentes
os espíritas. Independente de sua convicção religiosa, o espírita não pode se
afastar de suas obrigações cívicas e nem deixar de exercer sua cidadania, tendo
a obrigação de ser um formador de opinião, já que tem uma bagagem espiritual
que deve ser exercida em sua plenitude, em face da responsabilidade que se
impõe àquele que recebe essa dádiva do Criador.
Atento
às necessidades de dar uma diretriz a essa importante questão, a FEB lançou, em
1934, o opúsculo “Espiritismo e Política — Modos de ver da Federação Espírita
Brasileira”, no qual expõe sua opinião sobre a matéria e oferece sugestões ao
movimento espírita de como proceder diante do problema.
Da
mesma maneira, Chico Xavier também é instado a submeter aos Espíritos a
matéria, e em várias ocasiões estes se manifestam, sendo mais conhecidas as
mensagens contidas em “Palavra do Infinito”. Outras manifestações da
Espiritualidade através do Chico podem ter ficado desconhecidas do grande
público, como esta mensagem que aqui reproduzimos e que permanece atualíssima e
atemporal. Destacamos um pequeno trecho para ilustrar nossa afirmativa: “Que os
nossos irmãos, portanto, consultando a própria consciência, evitem a queda sob
o chicote de novas ditaduras implacáveis, que constituiriam retrocesso da
mentalidade humana; acima de todas as cogitações, convém que saibam que lhes
compete defender, não as moedas dos bancos, as prerrogativas das classes e as
falsidades de certos princípios sociais, mas a luz do santuário, a claridade
divina que lhes foram confiadas, a fim de que o mundo não as perdesse, nestes
tempos de desenfreado utilitarismo.”
A psicografia de Chico aconteceu em
30 de junho de 1937.
Chico Xavier inédito — Autores
diversos — F. C. Xavier / E. C. Monteiro
***
1 Dentro dos quadros do
Espiritismo Evangélico no Brasil, algumas coletividades se levantam, buscando
colaborar nos arraiais políticos, objetivando, com os seus nobres intentos
conduzir as claridades do Evangelho às casas legislativas na Nação, a fim de
norteá-las nos caminho reto.
2 Esse propósito dos
nossos irmãos espíritas é realizável. Como outros homens possuem também o
direito de admissão a essas atividades, salientando-se que, em razão do seu
esclarecimento espiritual, muito se lhes deverá pedir, em matéria de caridade,
no seio da política administrativa.
3 Todavia, é
preciso considerar que, se é lícito aos espíritas içarem bandeiras, em meio
desses campo inimigos de sua sinceridade, da sua ânsia fraterna e da sua boa
fé, não será ocioso chamar-lhes a atenção para os perigos da caminhada em
perspectivas, a fim de afastarem dos desfiladeiros íngremes e escabrosos, onde
perderão, fatalmente, a flâmula sagrada de seu idealismo.
4 Requer-se todo o zelo
de suas preferências pessoais, nos quadros do partidarismo, procurando
discernir a situação com clareza devida, evitando as ilusões perigosas que
percorrem todos os departamentos das atividades do homem moderno.
5 O grande problema, por
enquanto, ainda não é o de espalharem nossos irmãos pelos arraiais políticos
desejando transformá-los sem o concurso do tempo, mas resume-se na questão
simples e básica da necessidade de levar, cada um deles, através de exemplos e
ensinos aos nossos semelhantes, os conhecimentos evangélicos para que os homens
transformem a si mesmos para o bem.
6 Essa solução
conduzir-nos-á à equação de todos os problemas da felicidade humana, porque
todos os esforços dos pedagogos modernos, para serem construtivos, têm de ser
efetuados no sentido de melhorar o homem.
7 Esclarecido esse,
estará a sociedade reformada, pois bem sabemos que quase todas as tentativas de
renovação exterior redundam sempre em tentativas inúteis, quando não
constituem, em si mesmas, aquele “túmulo caiado”, (Mt)
que não é símbolo morto.
8 Os espíritas podem
perfeitamente integrar as fileiras do mundo político, mas que não desconheçam
em todas as circunstâncias a magnitude dos seus deveres, em face mesmo dos
princípios de fraternidade e de amor da doutrina que representam.
9 As místicas
nacionalistas têm a sua beleza estrutural, como teorias de igualdade, mas,
ficará no plano mitológico se continuarem desconhecendo os grandes princípios
da solidariedade universal e da fraternidade humana, diante dos quais todos os
homens são filhos de Deus e candidatos às mais elevadas posições na única vida
verdadeira, que é a vida espiritual.
10 Que
os nossos irmãos, portanto, consultando a própria consciência, evitem a queda,
sob o chicote de novas ditaduras implacáveis, que constituiriam retrocesso da
mentalidade humana; 11 acima de todas as cogitações, convém que saibam que
lhes compete defender, não as moedas dos bancos, as prerrogativas das classes e
as falsidades de certos princípios sociais, mas a luz do santuário, a claridade
divina que lhes foi confiada, a fim de que o mundo não a perdesse, nestes
tempos de desenfreado utilitarismo.
12 Que
os nossos amigos ponderem sobre a necessidade de esclarecimento do homem. Desse
esclarecimento advirá a regeneração compulsória das coletividades, porque Deus
não poderia criar linhas divisoras na Terra, que é patrimônio da humanidade.
13 Franceses
e hotentotes são seus filhos bem amados, e o que caracteriza a diversidade de
posições dos homens sobre o mundo é a aplicação da justiça divina que se
processa segundo os méritos de cada qual.
14 Os
espíritas, pois, podem colaborar na política, mas entendendo sempre que a sua
missão evangelizadora é muito mais delicada e muito mais nobre.
15 Concentrando
possibilidades nesse labor, que aprendam com os padres católicos, os quais, se
hoje não mais são os apóstolos humildes e desprotegidos do mundo, como viviam
outrora e vivem na atualidade, cheios de poderes temporais e de expressões financeiras,
não podem mais dizer ao paralítico, em nome do Senhor — “levanta-te e anda” (At) —
porque, voluntariamente, desejaram trocar as posições celestes pelas posições
terrestres e não souberam colher na árvore da Vida o fruto maravilhoso do mundo
espiritual.
Emmanuel
Nenhum comentário:
Postar um comentário