quinta-feira, 13 de julho de 2017

Obsedados e subjugados

OBSEDADOS E SUBJUGADOS
(...)Quem quer que se dê ao trabalho de estudar a ciência espírita jamais se deixará seduzir por esses belos sonhos. Sabe do que se deve abster a respeito do poder dos Espíritos, de sua natureza e do objetivo das relações que com os mesmos o homem pode estabelecer. Recordemos, para começar, em poucas palavras, os pontos principais que nunca devem ser perdidos de vista, porque são como a pedra angular do edifício.
1.º Os Espíritos não são iguais nem em poder, nem em conhecimento, nem em sabedoria. Como não passam de almas humanas desembaraçadas de seu envoltório corporal, apresentam uma variedade ainda maior do que encontramos entre os homens na Terra, porque eles vêm de todos os mundos e, entre os mundos, a Terra não é nem o mais atrasado nem o mais adiantado. Há, pois, Espíritos muito superiores, como os há muito inferiores; muito bons e muito maus; muito sábios e muito ignorantes; há os levianos, malévolos, mentirosos, astutos, hipócritas, facetos, espirituosos, trocistas, etc.
2.º Estamos incessantemente cercados por uma nuvem de Espíritos que, pelo fato de serem invisíveis aos nossos olhos materiais, não deixam de estar no espaço, em redor de nós, ao nosso lado, espiando os nossos atos, lendo os nossos pensamentos, uns para nos fazer bem, outros para nos fazer mal, conforme sejam eles bons ou maus.
3.º Pela inferioridade física e moral de nosso globo na hierarquia dos mundos, os Espíritos inferiores aqui são mais numerosos do que os superiores.
4.º Entre os Espíritos que nos cercam, há os que se ligam a nós; que agem mais particularmente sobre o nosso pensamento, aconselhando-nos, e cuja influência seguimos, sem nos apercebermos. Melhor para nós se escutarmos apenas a voz dos bons.
5.º Ligam-se os Espíritos inferiores apenas àqueles que os ouvem, junto aos quais têm acesso e aos quais se agarram. Se conseguirem estabelecer domínio sobre alguém, identificam-se com o seu próprio Espírito, fascinam-no, obsidiam-no, subjugam-no e o conduzem como se fosse uma criança.
6.º A obsessão jamais se dá senão por Espíritos inferiores. Os bons Espíritos não produzem nenhum constrangimento: aconselham, combatem a influência dos maus e afastam-se, desde que não sejam ouvidos.
7º. O grau de constrangimento e a natureza dos efeitos que ele produz marcam a diferença entre a obsessão, a subjugação e a fascinação.
A obsessão é a ação quase permanente de um Espírito estranho, que leva a pessoa a ser solicitada por uma necessidade incessante de agir desta ou daquela maneira e de fazer isto ou aquilo.
A subjugação é uma ligação moral que paralisa a vontade de quem a sofre e que impele a pessoa às mais desarrazoadas atitudes, frequentemente as mais contrárias ao seu próprio interesse.
A fascinação é uma espécie de ilusão produzida pela ação direta de um Espírito estranho ou por seus raciocínios capciosos. Essa ilusão produz alteração na compreensão das coisas morais, falseia o julgamento e leva a tomar-se o mal pelo bem.
8.º Por sua vontade pode sempre o homem desembaraçar-se do jugo dos Espíritos imperfeitos, porque em virtude de seu livre-arbítrio, há escolha entre o bem e o mal. Se o constrangimento chegou ao ponto de paralisar a vontade e se a fascinação é tão grande que oblitera a razão, então a vontade de uma terceira pessoa pode substituí-la. (...) - Allan Kardec
Revista Espírita, Outubro 1858

Nenhum comentário:

Postar um comentário