
A inveja é definida nos
léxicos como "desgosto, mortificação, pesar causado pela vista da alegria,
propriedade ou êxito de outrem, acompanhado do desejo violento de possuir os
mesmos bens”.
Dela se originam as
rivalidades, as maledicências, os juízos temerários e quejandos, de tão más
consequências.
Eis alguns exemplos da
malignidade da inveja:
Duas moças, colegas de
estudo, dão-se às mil maravilhas. Uma delas começa a ser cortejada por um
rapaz, corresponde-lhe e se tornam noivos. É quanto basta para que a outra, por
não ter tido a mesma ventura da "amiga", passe a destratá-la, mal
suportando sua presença.
Determinado cidadão vai
levando sua vida em paz, satisfeito, preocupação nenhuma. Um belo dia,
entretanto, assiste à entrega de soberba geladeira na casa do vizinho. A partir
desse momento, perde o sossego, considerando-se um desgraçado, só porque suas
posses não lhe permitem adquirir também um refrigerador, sem o qual sempre passou
muito bem.
Fulano e Beltrano
trabalham na mesma empresa, onde desempenham idênticas
funçôes. Fulano é
pontual, tem iniciativa, absorve-se no serviço, põe nele toda a alma, esforçando-se
constantemente para aperfeiçoar sua qualificação profissional; além disso é
educado, cooperador e alegre, qualidades essas que o credenciam a sucessivas
promoções. Beltrano é o reverso da medalha e por isso fica para trás, mas, ao invés
de reconhecer a superioridade de Fulano e imitá-lo, procura criar-lhe
embaraços, incompatibilizá-lo com os demais companheiros, etc, fazendo-se,
enfim, desafeto gratuito dele.
Por essas coisas é que se
diz, com muita graça, que o invejoso emagrece com a
engorda dos outros.
Espíritos assaz imperfeitos que somos, acontece-nos, às
vezes, vertermos algumas
lágrimas sentidas, compartilhando da dor ou da tristeza de outrem; mui
raramente, porém, seremos Capazes de regozijar-nos, sinceramente, com a
prosperidade alheia. O mais comum é sermos tomados de inveja e, subestimando ou
deturpando o merecimento do próximo, atribuirmos, em comentários venenosos, a melhoria
deste a uma proteção vergonhosa,
o enriquecimento daquele
ao uso de processos escusos, a glória daquele outro a
razões menos dignas.
Nem mesmo aqueles que
tiveram íntima ligação com Jesus, privando de seu salutar convívio, estavam
imunes dessa peçonha.
Haja visto o procedimento
de João com certo homem que vinha obtendo êxito na expulsão de demônios:
proibiu-o de continuar a fazê-lo, simplesmente porque não fazia parte do grupo
que seguia o Mestre (Luc., 9:49).
Lendo-se os apontamentos
de Marcos, percebe-se que cada um dos apóstolos
pretendia ser "o
maior”, dando assim ensejo a que a inveja, vez por outra, tornasse tensas as
relações entre eles. Tiago e João, um dia, chegaram a postular a Jesus que,
quando estabelecesse seu reino de glória, reservasse
ao primeiro assento à sua
direita, e “o segundo, à sua esquerda, petição essa que provocou a indignação
dos outros dez (9:33; 10:36-38).
O Espiritismo (e todas as
religiões) aponta a inveja como sentimento antagônico do amor, esclarecendo-nos
ser preciso bani-la de nossos corações, sem o que não conseguiremos ser
felizes. E o Evangelho, na Parábola do Filho Pródigo, nos oferece magnífica
ilustração dessa verdade. Nela se conta que um homem teve dois filhos, o mais
novo dos quais, pedindo ao pai a parte da fortuna que lhe
caberia por herança,
partiu para terras distantes, onde dissipou tudo, dissolutamente, vindo a ficar
na miséria. Começou então a padecer fome e resolveu voltar a penates, certo de
que seria perdoado. O pai, realmente, o acolheu de braços abertos, com efusão
de júbilo, ordenando até que se
preparasse uma festa para
comemorar sua volta. Já o irmão, ao saber que o estróina fora acolhido
carinhosamente e reintegrado na família com todos os direitos, devorado pela inveja,
revoltou-se contra o próprio pai e, apesar de instado por ele para que entrasse
em casa e participasse do banquete e das
danças, recusou-se a
fazê-lo. Como é fácil de entender-se, a casa paterna, aí, simboliza o Reino do
Céu, cujas portas estão sempre abertas para quantos queiram adentrá-lo.
Muitas e muitas vezes,
porém, a exemplo do primogênito da parábola, nos mantemos fora, privando-nos de
suas alegrias, porque em nós a inveja é ainda mais forte que o amor.
FONTE - Calligaris, Rodolfo em PÁGINAS DE ESPIRITISMO CRISTÃO,
ed. FEB
NÓS, O BEM E OS ESPÍRITOS
SUPERIORES
“O esforço de cada dia é o ascendente legítimo da coroa do êxito
no século.
Cada um de nós aproveitará os minutos, santificando-os com o
serviço renovador, se desejamos alcançar as obras que nos comprometemos
realizar”. Emmanuel
“Quando apresentamos, em qualquer serviço, o nosso título de
boa vontade, Jesus faz o texto em nosso favor”. Emmanuel
“Pranto, soledade, amargura, incompreensão nos que amamos, sede
espiritual, feridas, pesadelos, vigílias dolorosas, tempestades morais e golpes
da senda
representam o serviço do Divino buril sobre nós”. Isabel Cintra
”Não gastes somente com a tua vida o que poderia servir para
sustentar dez outras”. Emmanuel
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