
ANTE O PRÓXIMO
Quando as
circunstancias nos ofereçam incompreensões ou acusações, em torno do próximo,
busquemos examinar acontecimentos e pessoas com os olhos do Cristo.
Imaginemo-nos de posse do senso divino, sem perder a noção de nossa reconhecida
pequenez e a incomensurável grandeza daquele a quem nomeamos por nosso Mestre e
Senhor.
*
Como teria
visto Jesus a estreita espiritualidade do seu tempo, senão por gleba inculta que
lhe cabia arrotear e semear? Como teria apreciado as criticas que lhe
acompanharam a obra a não ser por tumulto necessário de opiniões, a fim de que
a verdade prevalecesse? Fossem quais fossem as crises, jamais pedia o mais alto
padrão de serenidade, aproveitando o tempo para construir e situando no futuro
a concretização dos seus luminosos objetivos.
*
Muitos viam em
Zaqueu o avarento incorrigível; ele, no entanto, nele identificou o homem rico
de nobre coração, capaz de transfigurar a riqueza em trabalho e beneficência.
Em Bartolomeu, a multidão enxergava o infortúnio de um cego; ele anotou os
obstáculos de um doente, suscetível de ser curado para glorificar a Bondade de
Deus. Em Maria de Magdala, cuja personalidade apresentava a mulher obsidiada
por sete Espíritos infelizes, reconheceu a criatura decidida a renovar-se e que
lhe seria, mais tarde, a mensageira da própria ressurreição. Em Pedro, que o
povo definia pó discípulo frágil, a ponto de negá-lo três vezes, descobriu o
amigo sincero que, convenientemente amadurecido na fé, lhe presidiria o
apostolado em formação.
*
Múltiplos os
óbices que se agigantam no caminho da fé, mas não permitas que eles te venham
conduzir ao desanimo ou à negação. Procura enumerá-los por fora, com as pupilas
de Jesus, e encontrarás sublime compreensão e balsamizar-te por dentro. Feito
isso, registraremos dificuldades e aflições, desgostos e contratempos, não ao
modo de barreiras intransponíveis na senda de elevação espiritual e sim
reconhecê-los-emos por necessidades justas e inevitáveis do campo de serviço em
que fomos chamados a produzir, no bem da Humanidade e de nós mesmos, aí
trabalhando e abençoando como Jesus abençoou e trabalhou.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade. Ditado pelo
Espírito Emmanuel. Capítulo 10. IDE.
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