terça-feira, 25 de maio de 2010

POR QUE AS PESSOAS SOFREM?

- Vó, por que as pessoas sofrem?
- Como é, minha neta? - Por que as pessoas grandes vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com alguma coisa? - Bem, minha filha, muitas vezes porque elas foram ensinadas a viver assim. - Vó... - Oi... - Como é que as pessoas podem ser ensinadas a viver mal? Não consigo entender. Na minha escola a professora só me ensina coisas boas. - É que elas não percebem que foram convencidas a ser infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim. Você não está entendendo, não é, meu amor? - Não, Vovó. - Você lembra da estorinha do Patinho Feio? - Lembro. - Então... o Patinho se considerava feio porque era diferente. Isso o deixava muito infeliz e perturbado. Tão infeliz, que um dia resolveu ir embora e viver sozinho. Só que o lago que ele procurou para nadar havia congelado e estava muito frio. Quando ele olhou para o seu reflexo no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso cisne. E, assim, se juntou aos seus iguais e viveu feliz para sempre. - O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas? - Bem, quando nascemos, somos separados de nossa Natureza-cisne. Ficamos, como patinhos, tentando aceitar o que os outros dizem que está certo. Então, passamos muito tempo tentando virar patos. - É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas? - É por isso! Viu como você é esperta? - Então, é só a gente perceber que é cisne que tudo dará certo? - Na verdade, minha filha, encontrar o nosso verdadeiro espelho não é tão fácil assim. Você lembra o que o cisnezinho precisava fazer para poder se enxergar? - O que? - Ele primeiro precisou parar de tentar ser um pato. Isso significa parar de tentar ser quem a gente não é. Depois, ele aceitou ficar um tempo sozinho para se encontrar. - Por isso ele passou muito frio, não é, vovó? - Passou frio, fome e ficou sozinho no inverno. - É por isso que o papai anda tão sozinho e bravo? - Não entendi, minha filha? - Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão dele. Outro dia ele estava chorando no banheiro... - Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato? - Todos nós somos, querida. Em parte. - Ele vai descobrir quem ele é de verdade? - Vai, minha filha, vai. Mas, quando estamos no inverno, não podemos desistir, nem esperar que o espelho venha até nós. Temos que exercer a humildade e procurar ajuda até encontrarmos. - E aí viramos cisnes? - Nós já somos cisnes. Apenas temos que deixar que o cisne venha para fora e tenha espaço para viver e para se manifestar.
- Aonde você vai?
- Vou contar para o papai o cisne bonito que ele é! A boa vovó apenas sorriu!

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