sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O Homem e a Oração

O HOMEM E A ORAÇÃO
Depauperado, debilitado, jornadeia o homem por consultórios
médicos,  na ânsia de encontrar apoio para seus males nos recursos materiais oferecidos pela medicina humana.
E considerando o progresso e o avanço tecnológico da época atual, reconhecemos que são oferecidos à Humanidade muitos recursos que amenizam dores e sofrimentos. Mas esquece o indivíduo que algo o diferencia a receber uma assistência de amor que transcende a capacidade de auxilio que a instrumentação da matéria pode lhe proporcionar.
A prece sincera, aquela que acontece no imo da alma na direção do Pai moroso, é a grande sustentação em todo processo de recuperação das enfermidades que assolam multidões. Recolher-se em sua intimidade para o trabalho real de modificação enseja não só a cura do instrumento físico que lhe serve para a transformação das pendencias do espirito como também, o reajustamento dos sentimentos às linhas do amor, como tão bem apresentado pelos emissários do Senhor.
O homem ainda mantém com Deus uma ligação muito superficial e, assim, busca o Pai apenas com o sentido de ter seus interesses atendidos no seu tempo, à sua maneira. É preciso estabelecer com o Alto uma sintonia constante, por meio de uma vibração condizente com a misericordiosa intercessão divina que os homens recebem incessantemente. É dever de cada um para com o Pai Maior considerar com gratidão as bênçãos recebidas, haja vista o quanto os missionários da luz trabalham exaustivamente com o objetivo de proporcionar alivio e bem-estar a todos.
Se as aflições da vida afiguram-se como insolúveis, ore a Jesus.
Se as dores do mundo parecem sufoca-lo, ore a Jesus.
Se a família que o acolhe não reconhece seu esforço renovador, ore a Jesus.
Se os amigos de ontem se desfazem do seu trabalho no bem, ore a Jesus.
Se palavras depreciativas abalam sua estrutura moral, ore a Jesus.
Se as adversidades do mundo parecem intransponíveis, ore a Jesus.
Se seu empenho em servir com amor não é apreciado pelo irmão do caminho, ore a Jesus.
Se a malicia dos companheiros fere seu coração, ore a Jesus.
Se a solidão visita a sua jornada reencarnatória, ore a Jesus.
Se o desanimo tolda seus passos na disposição do bem, ore a Jesus.
Se a tarefa realizada com amoré cercada por dificuldades sem conta, ore a Jesus.
Se o mundo o constrange devido a seu ideal de seguir o Cristo, ore a Jesus.
Sempre que se encontrar cercado de problemas e dificuldades, dores e enfermidades, ore ao Mestre Jesus, e o alimento divido, renovador de suas forças, lhe será servido abundantemente através dos laboriosos operários dos Céus, que o cercarão de bênçãos sem conta, para que seu equilíbrio seja restaurado e possa prosseguir com sua tarefa regeneradora.

Lições de Luz – André Luiz / Alda Maria

Kardec e a Espiritualidade


KARDEC  E  A  ESPIRITUALIDADE
Emmanuel
(Francisco Cândido Xavier)
Todas as missões dignificadoras dos grandes vultos humanos são tarefas do Espírito. Precisamos compreender a santidade do esforço de um Edson, desenvolvendo as comodidades da civilização, o elevado alcance das experiências de um Marconi, estreitando os laços da fraternidade, através da radiotelefonia. Apreciando, porém, o labor da inteligência humano, é obrigados a reconhecer que nem todas essas missões têm naturalmente uma repercussão imediata e grandiosa no Mundo dos Espíritos.
Daí a razão de examinarmos o traço essencial do trabalho confiado a Allan Kardec. Suas atividades requisitaram a atenção do planeta e, simultaneamente, repercutiram nas esferas espirituais, onde formaram legiões de colaboradores, em seu favor.
Sua tarefa revelava ao homem um mundo diferente. A morte, o problema milenar das criaturas, perdia sua feição de esfinge. Outras vozes falavam da vida, além dos sepulcros. Seu esforço espalhava-se pelo orbe como a mais consoladora das filosofias; por isso mesmo, difundia-se, no plano invisível, como vasto movimento de interesses divinos.
Ninguém poderá afirmar que Kardec fosse o autor do Espiritismo. Este é de todos os tempos e situações da humanidade. Entretanto, é ele o missionário da renovação cristã. Com esse título, conquistado a peso de profundos sacrifícios, cooperou com Jesus para que o mundo não morresse desesperado. E, contribuindo com a sua coragem, desde o primeiro dia de labor, organizaram-se nos círculos da espiritualidade os mais largos movimentos de cooperação e de auxílio ao seu esforço superior.
Legiões de amigos generosos da humanidade alistaram-se sob a sua bandeira cooperando na causa imortal. Atrás de seus passos, movimentou-se um mundo mais elevado, abriram-se portas desconhecidas dos homens, para que a ciência e a fé iniciassem a marcha da suprema união, em Jesus Cristo.
Não somente o orbe terrestre foi beneficiado. Não apenas os homens ganharam esperanças. O mundo invisível alcançou, igualmente, consolo e compreensão.
Os vícios da educação religiosa prejudicaram as noções da criatura, relativamente ao problema da alma desencarnada. As idéias de um céu injustificável e de um inferno terrível formaram a concepção do espírito liberto, como sendo um ser esquecido da Terra, onde amou, lutou e sofreu.
Semelhante convicção contrariava o espírito de sequência da natureza. Quem atendeu as determinações da morte, naturalmente, continua, além, suas lutas e tarefas, no caminho evolutivo, infinito. Quem sonhou, esperou, combateu e torturou-se não foi a carne, reduzida à condição de vestido, mas a alma, senhora da Vida Imortal.
Essa realidade fornece uma expressão do grandioso alcance  “da missão de Allan Kardec”, considerada no Plano Espiritual.
É justo o reconhecimento dos homens e não menos justo o nosso agradecimento aos seus sacrifícios “de missionário”, ainda porque apreciamos a atividade de um apóstolo sempre vivo.
Que Deus o abençoe.
O Evangelho nos fala que os anjos se regozijam quando se arrepende um pecador. E a tarefa santificada de Allan Kardec tem consolado e convertido milhares de  pecadores, neste mundo e no outro.

Do livro "Doutrina de Luz", Emmanuel (Espírito), Francisco C. Xavier (psicografia)
NOTA: O link abaixo contém a relação de livros publicados por Chico Xavier e suas respectivas editoras:
http://www.institutoandreluiz.org/chicoxavier_rel_livros.html

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sinais de alarmes

SINAIS DE ALARME
E a família, como vai?
Você já deve ter ouvido essa pergunta e talvez tenha dado aquela resposta automática: Tudo bem, sem compromisso com a verdade.
No entanto, gostaríamos que refletisse um pouco antes de responder.
Fazendo uma avaliação superficial é possível ter a impressão de que está tudo bem, pois é mais fácil admitir isso do que constatar o contrário e ter que tomar providências sérias.
Como a base de sustentação do lar é o casal, vamos voltar sobre ele a nossa atenção, por alguns instantes.
A rotina diária muitas vezes nos arrasta tão depressa que nem nos damos conta de que algo não está bem, e vamos deixando para pensar nisso depois. E o depois nunca chega.
Infelizmente, muitos casais só se dão conta disso quando um dos dois pede o divórcio ou simplesmente abandona a família.
Para aqueles que desejam, sinceramente, levar adiante o bendito compromisso do casamento, há alguns sinais de alarme que podem informar a situação de dificuldade, antes que a união conjugal se desfaça:
silêncios injustificáveis quando os esposos estão juntos;
tédio inexplicável ante a presença do companheiro ou da companheira;
ira disfarçada quando o marido ou a esposa emite uma opinião;
saturação dos temas habituais tratados em casa, e fuga para leituras intermináveis de jornais ou inacabáveis novelas de televisão;
irritação gratuita sempre que se aproxima do lar;
desinteresse pelos problemas do outro;
falta de intercâmbio de opiniões, de diálogo constante;
atritos repetidos que desencadeiam discussões irritadiças, capazes de provocar agressões desta ou daquela maneira.
Esses e outros tantos sinais de alarme indicam que a relação está enferma e precisa de socorro urgente.
Portanto, antes que as dificuldades abram abismos intransponíveis e os espinhos da incompreensão produzam feridas de difícil cicatrização, é justo assumir atitudes nobres e tomar providências para sanar os males.
Assumir a honestidade, que manda abrir o coração um para o outro e permite corrigir as deficiências e reorganizar o campo da afeição.
É natural que surjam desacertos mas, ao invés da indiferença ou da separação, busquemos o reajustamento.
Não permitir que o cansaço, a acomodação, a apatia acabem destruindo os laços do afeto, necessários à manutenção do lar.
Um pouco de compreensão, tolerância, renúncia e amizade são antídotos eficazes para um matrimônio enfermo.
É importante considerar que a pessoa que escolhemos, para formar conosco um lar, é alguém que precisa da nossa ajuda, do nosso ombro amigo, do nosso mais puro afeto.
É preciso, tantas vezes, deixar o egoísmo de lado, o orgulho, o tolo ciúme, e pensar na felicidade real da família, para que possamos sentir que, de fato, a nossa família vai bem...
* * *
Para que o casamento dê certo não é preciso que o esposo e esposa olhem em demasia um para o outro, a fim de perceber e apontar defeitos e dificuldades.
Mas é necessário que ambos olhem na mesma direção e mantenham acesa a chama do mesmo ideal. O ideal de construir um mundo melhor a partir da própria família.
Redação do Momento Espírita

Autor desconhecido

Águia de asas partidas


A ÁGUIA DE ASAS PARTIDAS
Ele possuía muitas riquezas. Tinha as arcas abarrotadas de ouro e gemas preciosas.
A juventude lhe sorria e os amigos sempre se faziam presentes nos banquetes.
Habituara-se a dormir em seu leito de ébano e marfim. Dormir e sonhar.
Em seus sonhos, misturava-se a realidade das tantas vitórias que lhe enriqueciam os dias. E um desejo de paz que ainda não fruía.
Ele amava as corridas de bigas e quadrigas. Recentemente comprara cavalos árabes, fogosos. E escravos o haviam adestrado durante dias.
Tudo apontava para a vitória nas próximas corridas no porto de Cesareia.
Mas os momentos de tristeza se faziam constantes.
A felicidade não era total. Faltava algo. Ao mesmo tempo, ele temia perder a felicidade que desfrutava.
Por isso, ouvindo falar daquele Homem singular que andava pelas estradas da Galileia, o procurou.
Bom mestre, que bem devo praticar para alcançar a vida eterna?
Desejava saber. Como desejava. A resposta veio sonora e clara:
Por que me chamas bom? Bom somente o Pai o é. À tua pergunta, respondo: “Cumpre os mandamentos, isto é, não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honrarás teu pai e tua mãe.”
Tudo isso tenho observado em minha mocidade. No entanto, sinto que não me basta. Surdas inquietações me atormentam. Labaredas de ansiedade me consomem. Falta-me algo!
Então – propõe-lhe a Luz – vende tudo quanto tens, reparte-o entre os pobres. Vem, e segue-Me!
A ordem, a meiguice daquele Homem ecoava em seu Espírito. Ele era uma águia que desejava alcançar as alturas. E o Rabi lhe dizia como utilizar as asas para voar mais alto.
Pela mente em turbilhão do jovem, passam as cenas das glórias que conquistaria. Os amigos confiavam nele.
Tantos esperavam a sua vitória. Israel seria honrada com seu triunfo.
Sim, ele podia renunciar aos bens de família, mas ao tesouro da juventude, às riquezas da vaidade atendida, os caprichos sustentados...?
Seria necessário renunciar a tudo?
A águia desejava voar mas as asas estavam partidas...
Recorda-se o jovem que os amigos o esperam na cidade para um banquete previamente agendado. Num estremecimento, se ergue:
Não posso! – Murmura. Não posso agora. Perdoa-me.
E afastou-se a passos largos. Subindo a encosta, na curva do caminho, ele se deteve. Olhou para trás. Vacilou ainda uma vez.
A figura do Mestre se desenha na paisagem, aos raios do luar. A Luz parece chamá-lo uma vez mais.
Indecisa, a alma do moço parece um pêndulo oscilante. A águia ainda tenta alçar o voo. O peso do mundo a retém no solo.
Ele se decide. Com passos rápidos, quase a correr, desaparece na noite.
Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram o episódio e dizem de como o jovem se retirou triste e pesaroso.
Nem poderia ser diferente: fora-lhe dada a oportunidade de se precipitar no oceano do amor e ele preferira as areias vãs do mundo.
*   *   *
O Divino Amigo nos chama, diariamente, para a conquista do reino de paz.
Alguns ainda somos como o moço rico. Deixamos para mais tarde, presos que ainda estamos a muitas questões e vaidades pessoais.
É bom analisar o que vale mais: a alegria efêmera do mundo ou a felicidade perene que tanto anelamos. Depois, é só optar.
Redação do Momento Espírita com base no cap. O  mancebo rico, do livro Primícias do Reino, do Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Sabedoria.
Disponível no cd Momento Espírita, v. 12, ed. Fep.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Nosso Corpo

NOSSO CORPO
Um elegante homem de meia idade entrou calmamente em um café e se sentou. Antes de fazer seu pedido, ele pôde perceber que um grupo de rapazes, sentado a uma mesa próxima, estava rindo dele.
Logo deduziu que o motivo era uma pequena faixa rosa na lapela de seu terno. Incomodado com a situação, mostrou a faixa aos rapazes e perguntou:
É isto?
Todos gargalharam. Um deles disse:
Desculpe-me, mas estávamos comentando como essa pequena faixa fica bonita no seu terno azul.
O riso foi geral. O homem, tranquilamente, convidou o que falara para se sentar com ele.
Embora constrangido, ele concordou. Educadamente, o homem lhe explicou que estava usando a faixa para alertar as pessoas sobre o câncer de seio. E terminou:
Eu uso isto em honra da minha mãe.
Lamento muito, falou depressa o jovem. Ela morreu de câncer nos seios?
Não. Ela está viva e passa bem. Entretanto, seus seios alimentaram-me na infância e me confortaram quando estava assustado ou me sentia solitário. Sou muito grato pelos seios de minha mãe e por sua saúde.
O rapaz não estava entendendo e por isso só murmurou: Sei.
Mas o homem prosseguiu: E eu uso esta faixa em honra de minha esposa também.
Ela está ok? Logo questionou o jovem.
Claro, falou o homem. Ela está ótima. Ela nutriu e alimentou nossa filha há vinte e três anos. Sou agradecido por seus seios e por sua saúde.
Suponho, ousou dizer o rapaz, que você use isso em honra de sua filha também?
Não, respondeu. É muito tarde para honrar minha filha, usando isto agora. Minha filha morreu de câncer nos seios há um mês.
Ela pensou que era muito jovem para ter esta doença. Quando, acidentalmente, notou um pequeno inchaço nos seios, ela o ignorou. Pensou que estava tudo bem. Afinal, ela não sentia dores e acreditava que não tinha motivos para se preocupar.
É em memória de minha filha que uso esta faixa rosa. Por causa dela, tenho tido oportunidades de esclarecer muitas pessoas. Agora, vá para casa, converse com sua esposa, suas filhas, sua mãe e seus amigos.
Finalmente, o homem deu para o rapaz uma faixa rosa para que ele usasse. Erguendo a cabeça, lentamente, o rapaz perguntou:
Você me ajuda a colocá-la?
*   *   *
Você mora no seu corpo. Pense que as máquinas modernas dão ao homem muitas facilidades.
No entanto, valeriam muito pouco sem o concurso das mãos.
Os aviões podem elevar você às alturas. Contudo, no dia-a-dia, você se equilibra em seus pés.
Os grandes telescópios são maravilhas do mundo, mas não serviriam para nada sem os olhos.
A música é o cântico do Universo, entretanto, passaria despercebida sem os ouvidos.
Enfim, pense que o seu corpo é um engenho Divino que a vida empresta a você, para sua permanência na Terra.
Cuide do seu corpo com serenidade e bom senso. Pense que, embora a ciência consiga tratá-lo, e até mesmo substituir alguns dos seus órgãos, ninguém, na Terra, encontra corpo novo para comprar.


Redação do Momento Espírita, com base em artigo assinado por Heraldo Espozel e no cap. 54, do Livro da esperança, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.

O primeiro desafio

O PRIMEIRO DESAFIO
Disposto a esquecer o mal, dedicando-te ao bem, enfrentas o primeiro desafio.
Incidente doméstico ocorre envolvendo-te emocionalmente.
Tens a impressão que todo o planejamento para o dia se desfaz.
Sentes os nervos abalados e estás a ponto de aceitar a pugna.
Silencia, porém, e age.
O hábito da discussão perniciosa se te instalou no comportamento, e crês que não possuis forças para superar o acontecimento danoso.
*
Recorda que estás num clima de efeitos que vêm dos dias anteriores, quando te engajavas nas provocações, reagindo no mesmo tom.
Os familiares não sabem das tuas disposições novas e, porque estão acostumados às querelas e agressões, preservam o ambiente prejudicial.
*
Em teu procedimento de homem novo necessitas do autocontrole, reconquistando os familiares, que se surpreenderão com a tua nova filosofia de vida.
Contorna o primeiro desafio, dilui por antecipação e com sabedoria o mal-estar que ele podia gerar.
Este é o passo inicial para o teu dia feliz.

Divaldo P. Franco. Da obra: Episódios Diários. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 3. LEAL.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Fidelidade a Jesus

FIDELIDADE A JESUS
 Houve, em tempos passados, uma localidade denominada Sebastes.
 Situava-se entre a Judeia e a Síria. Foi ali que quarenta legionários da Décima Segunda legião romana deram sua vida por amor à verdade.
 Presos por professarem o Cristianismo, os quarenta jovens marcharam saindo da cidade, escoltados por outros tantos soldados.
 À frente se desenhava o lago de águas tristes e frias. O sol se afundava na direção do poente e o vento soprava gelado.
 Os tambores soavam, ditando o ritmo da marcha. E os prisioneiros foram entrando no lago. Um passo, dois, três, dez, vinte. Os pés foram agitando a água e eles entrando mais e mais. Só ficaram as cabeças descobertas fora d’água.
 Os superiores haviam lhes decretado uma terrível forma de morrer.
 Ali parados, impassíveis e silenciosos, iriam morrer enregelados.
As luzes do crepúsculo se envolveram num manto dourado e se retiraram, deixando que a noite se apresentasse com seu cortejo de estrelas.
 Ao redor do lago, nas margens, familiares e amigos oravam silenciosos. E silenciosos permaneciam os jovens dentro d’água.
 Então, em nome de César, falou um oficial. Eles eram jovens e, levando em conta a sua inexperiência, seriam perdoados se jurassem fidelidade aos deuses protetores do Império.
 Era tudo muito simples. Bastaria queimar algumas ervas, perante o improvisado altar a Júpiter Olímpico, na outra margem.
 Dentro do lago, nem um mínimo movimento. O ar foi se fazendo mais frio e uma névoa começou a se erguer das águas.
 Os guardas acendiam fogueiras nas margens, batiam as mãos, andavam para se aquecer. Mas os quarenta legionários permaneciam imóveis.
 Então, eles começaram a cantar e mais forte do que o vento, o hino se ergueu como um grito vitorioso.
 Era como uma cascata de esperanças feita de fé, ternura e renúncia.
 Um a um, no transcorrer das horas, aquelas chamas foram se apagando na Terra, para tremeluzirem na Espiritualidade.
 Quando nasceu o dia, somente um vivia. Um guarda se aproximou de uma mulher e lhe disse que seu filho vivia. Como ele vivera até então, teria sua vida poupada. Que ela o retirasse das águas e, em nome dele, oferecesse sacrifício aos deuses romanos.
 Nunca. Foi a resposta dela. Se ele consciente não o fez, como poderia me aproveitar da sua agonia para traí-lo?
 Firmemente, avançou para as águas e ali esteve com o filho até que o coração dele parasse de bater. Depois, apertando-o firmemente nos braços, tomou o seu corpo e o veio depositar aos pés do oficial da guarda.
*   *   *
 Há mais de dois mil anos, na Judeia, um homem amou e morreu por muito amar. A maravilhosa fé que soube despertar teve o poder de modificar vidas.
 A Sua voz convidava para viver a verdadeira vida, a vida que se desdobra para além da morte.
 Dentre os Seus ensinos, lembramos: Quem perseverar até o fim, este será salvo.
 Quem crer em mim, mesmo morto viverá.
 A Sua mensagem atravessou os séculos e permanece viva até hoje, estabelecendo diretrizes seguras aos Seus seguidores.
 A Sua é a mensagem do amor, da fé, da fidelidade até o fim.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVIII, do livro A esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O clarim.

Medicamento eficaz

MEDICAMENTO EFICAZ
 Quem visse aquele homem adquirindo tantos brinquedos, logo pensaria: Nossa! Ele deve ter muitos filhos e sobrinhos.
 Contudo, o cardiologista do Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, não tem filhos.
 Há mais de uma década, ele repete o mesmo ritual. Ao longo do ano, vai comprando centenas de brinquedos e os estoca num dos quartos do seu apartamento, em Copacabana. São bolas, petecas, carrinhos e bonecas.
 Na semana que antecede o Natal, ele retira todos os brinquedos do quarto, separa-os por sexo e faixa etária e os coloca em grandes sacos vermelhos.
 Então, com a ajuda de enfermeiras e residentes do hospital, ele distribui os presentes entre as crianças internadas.
 Não custa nada você tirar alguns dias do ano para distribuir alegria e calor humano entre os pacientes de um hospital, comenta ele.
 Naturalmente, dedicando-se a promover essas alegrias, há treze anos, ele tem histórias muito interessantes para contar.
 Histórias de vidas enriquecidas por seus gestos de desprendimento e dedicação, além do dever.
 Em uma de suas entregas, por exemplo, um menino, vítima de atropelamento, ao receber a visita do médico, muito bem disfarçado, disse que tinha um sonho.
 Desejava ganhar um carrinho de controle remoto. Por uma dessas coincidências que só Deus sabe e que nós costumamos dizer que sempre acontece em filmes natalinos, doutor Edy lembrou que tinha, entre tantos presentes, um carrinho de controle remoto.
 A alegria da criança foi tamanha que, conta o cardiologista, se ele não estivesse engessado, teria saído pulando pela enfermaria.
 Depois de tantos anos dedicados à medicina, doutor Edy se atreve a afirmar que os medicamentos respondem somente por vinte por cento do tratamento.
 Os outros oitenta por cento dependem do atendimento caloroso e humanizado que os médicos oferecem ao paciente.
*   *   *
 Um certo médico extraordinário, que andou pela Terra, há mais de dois mil anos, já recomendara o amor e a alegria como terapia de excelência para todos os seres humanos.
 Alegrai-vos, recomendava. Amai-vos, como Eu vos amei.
 Esse médico galileu, formado na universidade do amor, sabia que o ser humano necessita de amor e alegria.
 O amor lhe sustenta a vida e não há quem dele possa prescindir.
A alegria é nota harmônica, igualmente imprescindível para a sinfonia da vida.
 Por isso, espalhemos amor onde nos encontremos, sorrindo, abraçando, acolhendo os nossos amados, enquanto aprendemos a amar aos que nos cruzem o caminho.
 Também sejamos portadores de alegrias a quem lida com a tragédia e a dor, todos os dias: bombeiros, policiais, médicos, enfermeiros, atendentes.
 E, neste Natal, em nome de um Celeste Menino, espalhemos a alegria da nossa gratidão em suas vidas, em gratidão por nossas próprias vidas.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Espírito de caridade - médico das crianças, de Gary Sledge, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 2010.

A Luz da Paz

A LUZ DA PAZ
E andei pelo mundo, procurando a luz da paz.
Fui à Grécia, admirando o Partenon e lugares outros em que pontificaram sábios da antiguidade; dirigi-me a Roma, onde me acomodei nas escadas do Coliseu, refletindo nos cristãos perseguidos;
Viajei a Índia, onde partilhei as orações dos crentes que se banhavam nas águas do Ganges, em Benarés;
Segui para o Egito, maravilhando-me à frente das Pirâmides que imortalizam a pompa dos faraós;
Transitei pelas ruas de Meca e orei com os muçulmanos, entre as recordações do iluminado profeta do Islã;
Busquei Paris e conheci a Torre Eiffel, orgulho da França;
Visitei o Palácio de Versalhes, moradia de reis e fidalgos ilustres; encaminhei-me para Londres, encantando-me ali com a severa nobreza do Castelo da Torre;
Na Espanha, conheci o Escurial, nos arredores de Madri, cheguei a Granada e entrei no castelo do rei Broabdil que encerrou, naquele País, o domínio dos Árabes e voltei-me a Barcelona, onde admirei a fortaleza de Monjnich;
Apreciei a riqueza artística dos Jerôninos e usufrui as amenidades de Sintra, em Portugal;
Fui à Nova York onde expressei o meu respeito pela inteligência humana, diante dos arranha-céus que lhe assinalam a grandeza;
Caminhei através de todas as grandes cidades das Três Américas, mas não encontrei a luz da paz.
Saudoso do lar regressei a nossa casa em Vila Nova Conceição, em São Paulo.
Era noite e minha mãe lia o Evangelho. Abracei-a emocionado e li o texto exposto. Era a parábola do Bom Samaritano.
As palavras falavam em letras que me ficaram na memória:
- Então, um doutor da lei, perguntou abeirando-se do Divino Mestre?
- Senhor, que deverei fazer para possuir a vida eterna?
O Cristo sorriu e considerou:
- O que está escrito na Lei, o que lês nela?
O homem acentuou:
- Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, com as tuas forças de espírito e ao teu próximo como a ti mesmo.
Entretanto o Doutor da lei ainda inquiriu pra o tentar:
- Senhor, e quem é o meu próximo?
Jesus, explicou, usando brandura e paciência:
- Um homem que se dirigia de Jerusalém para Jericó saiu em poder dos salteadores que o despojaram, cobriam-no de ferimentos, deixaram-no semimorto.
Um sacerdote, que passou perto da vitima, estugou o passo e seguiu para frente, negando-lhe atenção.
Logo após, um levita passou pelo mesmo lugar, mas não se interessou pelo ferido, seguindo adiante.
Mas um samaritano, que viajava, comoveu-se ao ver o homem caído, desceu do animal e, aproximando-se do desconhecido, dirigiu-lhe palavras de conforto, balsamizou-lhe as feridas e colocando-o sobre o animal, levou-o à hospedaria onde lhe ofereceu abrigo e segurança.
Jesus fez a pequena pausa e interrogou:
- A seu ver, qual dos três era o próximo do infeliz?
O doutor respondeu:
- Aquele que usou de misericórdia para com ele.
Num gesto simples, o Cristo lhe observou:
- Então, vai e faze tu o mesmo.?
Chegados ao término da leitura, um telefone tilintou.
Minha mãe foi atender e compreendi para logo o que se passava.
Uma senhora jazia em estado grave e a amiga que suscitara a chamada pelo fio comunicou que o doente pedia o socorro de uma prece.
Minha mãe não teve duvidas.
Chamando o Papai Raul e dando-lhe ciência do problema, ambos, logo após, tomaram o carro na direção indicada.
Segui junto deles e pude ver a doente que se aproximava da agonia
Minha mãe e outras senhoras pediram a Misericórdia de Deus para a enferma e, embora se afastassem, entendi que o meu dever era permanecer ali na tarefa do auxilio.
Junto de Benfeitores que ali se mantinham, trabalhei todo à noite no aposento simples.
O dia amanheceu com melhoras positivas para a doente e, conquanto me sentisse cansado, reconheci que uma alegria diferente me nascia no coração.
Chorando de felicidade, reconhecia, por fim, que eu, que me decidira a transitar pela terra, procurando o dom sublime, encontrara-o ali, no gesto de minha mãe ao lado de meu pai Raul, compreendendo que o amor ao próximo que Jesus nos legou, sentido e praticado devidamente, é a única força que realmente nos concede a luz da paz por dentro do coração.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Presença de Luz. Ditado pelo Espírito Augusto Cezar.