sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Amigos invisíveis!

Nós nos sentamos, encaramos nossas telas e digitamos.
Todos nós desejamos  saber tudo o que for possível.
Com nossos mouses  vagamos pelos sites e chats,
procurando algo ou alguém  que tenha a nossa vibração.
Entre nós conversamos  e digitamos nossas aflições,
formamos um pequeno grupo, acima de qualquer inimigo.
Esperamos que alguém digite nosso nome, queremos o reconhecimento.
Mandamos beijos e abraços e às vezes até nos paqueramos !!!
Vamos ao nosso íntimo e nos revelamos.
É verdade, somos amigos !!!
Por que na tela somos corajosos?
Por que contamos segredos que nunca foram contados?
Por que compartilhamos pensamentos com pessoas que não podemos ver?
A resposta é simples, límpida como cristal.
Todos nós temos problemas e precisamos compartilhar com alguém.
Não podemos falar para as pessoas reais,
eles nos julgariam...
Assim, vamos ao computador, neles nós confiamos.
Embora pareça louco, a verdade permanece, eles são nossos
"AMIGOS INVISÍVEIS, ESTRANHOS SEM NOME, VIRTUAIS" !!!

No momento exato

Como é impossível ao corpo manter-se sem o sangue, também a alma não viverá em paz sem o combustível da fé.
A fé constitui o elemento basilar para a sustentação da vida digna e realizadora.
Da mesma forma que o corpo não pode subsistir sem o alimento, o Espírito não consegue manter-se em equilíbrio sem a força da oração.
O alimento é secundário ao organismo, que o prescinde, momentaneamente, a fim de reequilibrar-se e manter a saúde, enquanto que, sem a prece, o ser espiritual se aturde e entorpece.
O homem está predestinado a dominar os instintos, vencendo as paixões que o agrilhoam à infelicidade, colocando-se a serviço do bem que lhe corresponde. Para consegui-lo, faz-se-lhe indispensável a coragem da fé, porquanto a covardia que o impede de tomar as decisões enobrecedoras é mais perigosa e violenta do que outras imperfeições que o assinalam, de certo modo, conseqüências dela.
A oração constitui a força mais eficaz para vencer tal impedimento - o medo - e atirar-se com valor na conquista dos objetivos para os quais se encontra no mundo.
Os grandes homens atingiram as metas a que se propunham, impulsionados pela fé que resultava da sua identificação com o bem. E a comunhão pela prece sempre lhes foi o alimento para sustentá-los nos momentos mais graves e cruciais da existência.
Certamente, outros tantos se arremeteram nas batalhas do crime e da destruição, guindados pelo egoísmo e pelo medo às situações de agressividade e loucura em que se exauriram.
Atormentados, odiaram e foram odiados; perseguiram e terminaram vencidos.
Os homens de fé em Deus sofreram, é certo, porém não impuseram sofrimentos a ninguém; amaram e deixaram rastros luminosos, clareando o roteiro daqueles que também amam e lhes seguem os exemplos e os passos.
*
E inadiável se eleja, entre o bem e o mal, o que é de melhor para a vida: mais profícuo, salutar, aprazível e pacificador.
Através da oração, será fácil discernir, escolher e adotar qual o caminho mais seguro e feliz.
A prece autêntica, aquela que brota do coração buscando Deus, a Ele se entregando, torna-se um escudo de segurança, de defesa, uma proteção contra os elementos perniciosos que vigem interiormente no homem ou que vêm de fora, tentando agredi-lo.
*
Só aparentemente se pode vencer um homem de fé, um homem que ora. Nunca, porém, se conseguirá dominá-lo. Ele é sempre livre e está sempre em paz. Nada o perturba, porque não teme a nada, a nada ambiciona, somente anelando por alcançar a perfeição.
*
A prece é a salvação da vida. Sem ela o homem enlouquece.
*
Quando estejas cercado de dificuldades e agressões, não vendo possibilidade alguma de chegar-te o socorro a tempo, ora, entregando-te a Deus, e a salvação te alcançará de Cima, no momento exato.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Coragem. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

* * * Estude Kardec * * *

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Justiça

O quadro era muito triste. Olhamos aquela mulher outra vez. E a mente rapidamente calculou os meses intermináveis que a detém ao leito de dores.
Contemplando-lhe o corpo minado pela enfermidade, o cansaço estampado na face, a memória que a trai a cada instante, com imensos lapsos de esquecimento do passado distante, quanto do ontem ainda presente, sentimos compaixão.
Imaginamos a sua vida de trabalho e operosidade. Mulher dinâmica, valorosa, criou cinco filhos quase a sós. A profissão do esposo o mantinha semanas a fio, longe do lar.
Sempre foi ela quem decidiu, opinou, escolheu. Disciplina lhe foi nota constante. Valor que passou aos cinco filhos. Disciplina de horários, na palavra, na conduta.
Dinâmica e corajosa, enfrentou enfermidades dos filhos, dificuldades financeiras imensuráveis.
Os anos se somaram. Os filhos cresceram. Casaram e constituíram a própria família.
Vieram os netos e a soma de trabalhos não cessou, pois que agora os pequeninos lhe eram deixados à guarda, por horas, sim, desde que as forças já não eram as mesmas da juventude ativa e sadia.
E então, quando o inverno dos anos lhe cobriu de neve os cabelos, intensificaram-se as dores.
Morreram-lhe em curto espaço de anos o esposo e três filhos, em circunstâncias trágicas.
Enfraqueceram-lhe ainda mais as forças e o coração ferido se deixou desfalecer.
Acresceram-lhe as inquietudes e a doença se instalou, vigorosa.
Olhando-a agora, sobre a cama, semi-desfalecida, recordamos-lhe os esforços para a preservação da vida dos filhos, pela sua educação.
Lembrando-lhe os anos de atividade e labuta, perguntamo-nos o porquê de tanto sofrimento.
As pessoas dizem que é o ciclo natural da vida. Nascer, crescer, enfermar, morrer.
Mas a pergunta não cala em nós. Desejamos resposta mais convincente.
Afinal, dói-nos na alma observar a debilidade e a dependência da mulher mãe, esposa, avó.
Enquanto oramos por ela, soam-nos aos ouvidos as exortações do evangelho de Jesus: A cada um segundo as suas obras.
É como se pudéssemos, no recesso do Espírito, escutar a voz do Sublime Cantor Galileu, em plena natureza.
Tornamos a olhar para o corpo da enferma e agradecemos a Divindade. Podemos agora entender a sua serenidade na dor.
Ela sabe que é a justiça de Deus que a alcança, permitindo-lhe o resgate de faltas cometidas em dias passados, de vidas anteriores.
Por isso ela sorri. E ora. E espera. Aguarda os dias do reencontro com os seus amores, afirmando convicta: Quando Deus quiser, hei de partir. E estou me esforçando para seguir viagem vitoriosa.
* * *
Ninguém sofre de forma injusta.
Se assim não fosse, não poderíamos conceber que Deus, nosso Pai, fosse infinitamente justo e bom, pois puniria a bel prazer uns e outros, concedendo felicidade a outros tantos.
Dessa forma, cabe-nos cultivar a resignação ante os problemas que nos atingem e não podem ter seu curso alterado, por nossa vontade.
Contudo, é sempre bom lembrar que cada um de nós, sobre a Terra, pode se tornar instrumento da Divindade, para aliviar a carga do seu irmão, socorrendo. Eis porque a fraternidade é dever.

Redação do Momento Espírita

sábado, 25 de janeiro de 2014

Em torno da Paz

O relógio tilintou, marcando oito horas, quando Anacleto Silva acordou na manhã clara. Lá fora, o Sol prometia calor mais intenso e a criançada disputava bagatelas como vaga chilreante de passarinhos.

Anacleto estirou-se no leito, relaxando os nervos, e, porque iniciaria o trabalho às nove, antes de erguer-se tomou o Evangelho e leu nos apontamentos do Apóstolo João, capítulo catorze, versículo vinte e sete, as sublimes palavras do Celeste Amigo:
A paz vos deixo, a minha paz vos dou. Não vo-la dou à maneira do mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

- “Alegro-me na certeza de que a paz do Senhor envolve o mundo inteiro. Onde estiver, receberei o amor do Cristo, que assegura a tranquilidade, em torno do meu caminho. Sei que a presença de Jesus abrange toda a Terra e que a sua influência nos governa os destinos. Desfrutarei, assim, a paz entre as criaturas.
O Eterno Benfeitor está canalizando todas as mentes para a vitória da paz. Por isso, ainda mesmo que os homens me ofendam, neles procurarei enxergar meus irmãos que o Divino Poder está transformando para a harmonia geral. Regozijo-me na convicção de que o Príncipe da Paz orienta as nações e que, desse modo, me garantirá o bem-estar. Recolherei do Céu a bênção da calma e permanecerei nos alicerces do entendimento e da retidão, junto da Humanidade. Louvo o Senhor pela paz que me envia hoje, esperando que Ele me sustente em sua paz, agora em todos os dias de minha vida.”

Após monologar, fervoroso, levantou-se feliz, mas, findo o banho rápido, verificou que a fina calça com que lhe cabia comparecer no escritório sofrera longo corte de faca.

Subitamente transtornado, chamou pela esposa, em voz berrante.

Dona Horacina veio, aflita, guardando nos braços uma pequerrucha doente. Viu a peça maltratada e alegou, triste: - Que pena! Os meninos estão à solta, e eu ocupada com a pneumonia da Sônia.

Longe de refletir na grave enfermidade da filhinha de meses, Anacleto vociferou:
- Que pena? é tudo o que você encontra para dizer? Ignora, porventura, que esta roupa me custou os olhos da cara?

A senhora, sem revidar, dirigiu-se a velho armário e trouxe-lhe um costume semelhante ao que fora dilacerado.

Pouco depois, ao café, notando a ausência do leite, Anacleto reclamou, irritadiço.

- Sim, sim – explicou a dona da casa -, não pude enfrentar a fila... Era preciso resguardar a pequena...

Silva engoliu alguns palavrões que lhe assomavam à boca e, quando abriu a porta, na expectativa do lotação, eis que o sogro, velhinho, lhe aparece, de chapéu à destra encarquilhada, rogando, humildemente:

- Anacleto, perdoe-me a intromissão; contudo, é tão grande a nossa dificuldade hoje em casa que venho pedir-lhe quinhentos cruzeiros por empréstimo...

- Ora, ora... – respondeu o genro, evidenciando cólera injusta – onde tem o senhor a cabeça? Se eu tivesse quinhentos cruzeiros no bolso, não sairia agora para encarar a onça da vida.

Nisso um carro buzinou à reduzida distância, passando, porém, de largo, sem atender-lhe ao sinal.

- Malditos! como seguirei para a repartição? Malditos! malditos!...

Outro carro, no entanto, surgiu rápido, e Silva acomodou-se, enfim.

Mas, enquanto o veículo deslizava no asfalto, confrontou a própria conduta com as afirmações que fizera ao despertar, e só então reconheceu que ele, tão seguro em exaltar a harmonia do mundo, não suportara sem guerra uma calça rasgada; tão convicto em prometer a si mesmo o equilíbrio no Senhor, não se conformara ante a refeição incompleta; tão pronto em proclamar o seu prévio perdão às ofensas humanas, não soubera acolher com gentileza a solicitação de um parente infeliz, e tão solene em asseverar-se nos alicerces do entendimento, não hesitara em descer da linguagem nobre para a que condiz com a gíria que amaldiçoa... E, envergonhado por haver caído tão apressadamente da serenidade à perturbação, começou a perceber que, entre ele e a Humanidade, surgia o lar, reclamando-lhe assistência e carinho, e que jamais receberia a paz do Cristo por fora, sem se dispor a recolhê-la por dentro.
pelo Espírito Irmão X, Do Livro: Cartas e Crônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Não Cesses de Auxiliar

Não atires as jóias cintilantes da sabedoria ao ignorante, mas não te esqueças de oferecer-lhe a bênção do alfabeto, minorando a miséria espiritual do mundo desde hoje.
*
Não te percas em longos discursos sobre o poder do bem, ao lado do irmão infeliz que se fez malfeitor contumaz, entretanto, não negues a semelhante desventurado o braço fraterno, a fim de que ele possa livrar-se das profundezas do abismo.
*
Não te alongues em considerações excessivas sobre a virtude, junto daqueles que resvalaram nos grandes infortúnios da alma, todavia, não lhes subtraias o incentivo para o retorno à vida útil e digna a que todos nos achamos destinados.
*
Não arrojes o tesouro das revelações divinas ao transeunte que passa, cujo íntimo ainda não conheces, no entanto, não olvides a necessidade de simpatia e carinho, com que nos compete auxiliar ao forasteiro, de vez que, um dia, seremos igualmente estrangeiros em outras regiões e em outros climas.
*
Não te precipites no pântano, mas socorre-o a fim de que se faça menos amargo, habilitando-o a receber valiosas sementeiras nas oportunidades do futuro.
*
Não confies plantas selecionadas à esterilidade dos espinheiros, entretanto, ampara o solo, removendo-os, convenientemente, a fim de que o chão hoje infeliz possa, amanhã, surgir renovado ao toque de teu esforço.
*
Não cesses de agir, construindo e elevando para o bem infinito.
*
"Não atires pérolas aos porcos" - proclamou o Divino Mestre, todavia, essa afirmativa não nos induz a esquecer o alimento que devemos a esses pobres animais.
*
A leviandade, a ignorância, a perturbação, a desordem, a incompreensão e a ingratidão constituem paisagens de trabalho espiritual, reclamando-nos atuação regeneradora.
*
Não olvidemos a palavra do Senhor, quando nos asseverou, convincente: - "Meu Pai trabalha até hoje e eu trabalho também".
XAVIER, Francisco Cândido. Assim Vencerás. Pelo Espírito Emmanuel. IDEAL.

* * * Estude Kardec * * *

Tempo e nós

O tempo lembra a terra... A existência é a lavoura...
Cada espírito em si é um lavrador volante.
Ah! não percas na vida a grandeza do instante
De preparar, servindo, a messe porvindoura!...

Sempre surja nos céus a coma fluida e loura
Do Sol varando o Azul em giro deslumbrante,
Renova-te, trabalha, e segue o dia avante
Na jornada do bem, onde o bem se entesoura.

Enquanto a força vela, enquanto a luz te aclara,
Não te detenhas!... Ama, ensina, ajuda, ampara,
Faze jardim do lodo e paz no campo adverso!...

A sementeira é livre ante as terras alheias,
Mas depois colherás tudo quanto semeias, –
Esta é a lei soberana e augusta do Universo.

pelo Espírito Constâncio Alves, Do Livro: Poetas Redivivos, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Sobre a Sombra: o que sabemos?

“[...] Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico.” - Paulo de Tarso (Romanos 7:14-20)
Vamos conversar a respeito do que pertence a nós, mas que, muitas vezes, ignoramos, porque desconhecemos ou não lhe damos a devida importância.
Para além do revestimento do corpo carnal da espécie humana, em nós existem instâncias desconhecidas, que fazem parte da nossa condição espiritual. Assim, sabemos que somos Espíritos antigos, fartos de experiências e vivências, que tanto influenciam o nosso modo de ser.  
Para viver uma nova experiência na Terra, a alma experimenta o esquecimento, o que lhe faculta a oportunidade de sempre recomeçar. Entretanto, esquecer não é apagar. Todas as vivências se encontram descritas na alma, que é multimilenar e eterna. 
Tais conteúdos se alojam em nosso porão consciencial, definido pelas ciências psicológicas como inconsciente. Freud foi quem primeiro trouxe a lume essa dimensão da interioridade.  
Algumas lembranças atravessam as barreiras desses porões e visitam o ser durante a sua estadia terrena. Assim, temos conteúdos esclarecedores, por intermédio dos sonhos, das ligações, diante das escolhas, das projeções nas relações interpessoais. Esses conteúdos passeiam cotidianamente pela realidade da consciência, interferindo no modo de ser e de viver humanos.
Outra possibilidade de interferência na percepção vivencial acontece por meio das ideias e condicionamentos que a alma se sujeita na estadia terrena. A criança, quando nasce, não tem consciência de sua condição humano-espiritual. À medida que cresce, desenvolve-se e convive com seus pares, oportunidade em que se forma o Eu (Ego), uma dimensão identitária, gestada à luz dos seus espelhos humanos (pais, cuidadores, ambientes socializadores).  
Ao chegar à Terra a mochila infantil veio vazia. Não há lembranças, visto que o véu do esquecimento as cobriu. Não há experiências, não há sentimentos, não há crenças nem valores. É justamente a Terra, em sua condição de mundo que circunda a alma, que fornece todo o arcabouço cultural, social e moral. Embora alguns conteúdos sejam de grande relevância ao desenvolvimento do pequeno ente, nem tudo que se coloca na pequenina bolsa terá serventia ao seu crescimento e desenvolvimento. Logo, um montante dos valores e crenças se transforma em uma carga obscura, em uma parte pertencente ao ser, porém por ele desconhecida, a que chamaremos de sombra.  
A sombra é o lado obscuro, o lado oculto e sombrio da nossa personalidade. Segundo Jung, ela abriga os instintos animais que herdamos das espécies primitivas, ao longo de eras. Acolhe ideias, desejos, tendências, memórias e experiências reprimidas ou ocultadas, por serem incompatíveis com os padrões sociais ou os porões que impomos a nós mesmos. Ela contém o que consideramos inferior, aquilo que negligenciamos e aquilo que queremos ocultar ou negar.   
Embora não aceita, a sombra é parte intrínseca do reencarnante. Uma miscelânea de experiências, adormecidas no inconsciente, a refletir os compostos materiais frutos das experiências e aquisições valorativas. Conteúdos nem sempre aceitos socialmente, mas necessários ao entendimento do Ser integral.  
Assim, não se separa o que é bom do que é considerado mal. A dualidade humana é contraditória. É preciso compreender a lama, integralmente, isto é, com toda a sua bagagem existencial, sem o julgamento valorativo, mas dando a oportunidade para que, em potência, tudo possa ser visto, compreendido e sentido. 
Uma das recomendações de Jesus era: “Conhecereis a verdade e a verdade o libertará”. Conhecer quem é, o que pensa, quais são suas atitudes e o que fazer com tudo isso é o primeiro passo para aqueles que pretendem, amigavelmente, direcionar suas potencialidades para o crescimento e a evolução.  
Siga você. Ande de mãos dadas com as suas construções. Direcione-as a seu favor e daqueles que coabitam com você. A sombra não foi feita para ser eliminada. Na realidade, ela só existe em virtude da presença da luz. Não há sombra na escuridão. Somente quando o clarão acende, é possível ver por detrás da imagem. 
Olhe no espelho. O que vê? – Você-sombra-luz, coexistindo!
                      Fernanda Leite Bião
 
Para conhecer mais:
JUNG, Carl Gustav et al. O homem e seus símbolos. Tradução de Maria Lúcia Pinho. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.
OLIVEIRA, Wanderley S. Laços de afeto: ditado pelo Espírito de Ermance Dufaux. Belo Horizonte: Dufaux, 2001.
SPITZNER, Ana Paula et al. Iluminando o lado sombra com recursos transpessoais. 2011. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Humanitatis de Formação em Transpessoal, Curso de Formação em Psicologia Transpessoal Aplicada, Campinas. Disponível em: . Acesso em: 13 dez. 2013.

Compaixão e Perseverança amenizam Dores

“Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Jesus (Mateus, 11:29-30.)
Início dos anos cinquenta do século passado. Mediana cidade do Triângulo Mineiro. Ruas de ladeiras variadas, calçadas de paralelepípedos. Uma carroça transporta pesadas vigotas, rua acima. Sobre a carga, já de si enorme, ia o condutor a fustigar o cavalo, que fraquejava no aclive acentuado e escorregadio.

Após ingentes esforços, o pobre animal para, a bufar, incapaz de prosseguir a marcha, embora os gritos e reiterados açoites do carroceiro, jovem ignorante e impiedoso. Furioso, desceu da carroça, redobrando xingamentos e chicotadas vigorosas! Também ele uma alimária, embora de outra espécie (racional?), mas, na verdade, cruel, inclemente!

Por sorte, passava por ali outro jovem. Só que este sensato. E – inspirado em Francisco de Assis, pleno de compaixão –, usou de misericórdia para com ambos, cavalo e condutor.

Com humildade, propôs ao carroceiro:

– Posso ajudá-lo? Empurro a carroça e você puxa o cavalo.

– Esse desgraçado ‘tá’ com moleza! Não levanta porque é manhoso!

– Ele está cansado. Vamos ajudá-lo, que ele dá conta de subir.

– ‘Tá’ certo. Pode empurrar.

Mas o cavalo não aceitou nem a presença do condutor, recusando-se a segui-lo, seja pelo cansaço, seja por antipatia.

– Espera um pouco, uns cinco minutos. Está muito cansado. E vamos inverter as posições: você empurra a carroça e eu guio o cavalo.

Proposta aceita a contragosto, nosso personagem pôs-se a conversar com o animal, ainda muito assustado. Com serenidade e palavras amorosas ganhou-lhe a confiança, acariciando-lhe a crina, enquanto, aos poucos, descansava. Disse-lhe, em tom de voz amigável: – São Francisco vai te ajudar, meu amigo!

Impaciente, o outro propunha retomar a caminhada. Nosso amigo, sob o amparo de Francisco de Assis, e a força moral que a humildade e a paciência lhe favoreciam, respondeu-lhe: – Espera mais um pouco, um minutinho só! Ele subirá com a carga.

Passado tempo razoável, o companheiro convidou o cavalo a se levantar, dizendo-lhe com carinho: – Nós vamos ajudá-lo. Vem comigo!

O bichinho atendeu ao chamado, trôpego a princípio, mas, firmando-se, venceu a íngreme ladeira até a esquina próxima, onde a rua transversal amenizava a subida, em busca do destino visado.

 Neste ponto, nosso amigo despediu-se de ambos, com palavras amistosas para um e de bons conselhos para o outro, para que experimentasse a paciência sempre com seu companheiro de trabalho, que o ajudava a ganhar o pão de cada dia. 
*
O fato singelo, mas real, leva-nos a refletir sobre o convite de Jesus com a promessa do jugo leve!

Perdemos todos os esforços se desanimamos, quando o fim da prova poderia estar à vista (quem sabe, na próxima esquina?). Ao seguir, encorajados pelo auxílio invisível, que não falta, vencemos os aclives do caminho que nos cabe percorrer, ainda que a passos trôpegos!

Quando nos surgem sofrimentos, ao invés de nos desesperarmos, indaguemos ao Mestre quais lições devemos aprender com a Dor, essa Sublime Mensageira!

Amigos espirituais, em nome dEle, acorrem aos nossos apelos, quando aprendemos a buscá-lO nas asas da prece, revestida de humildade e confiança!

Agostinho, Espírito – Cap. XXVII, item 23 de O Evangelho segundo o Espiritismo –, afirma-nos:

“(...) A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus”.

Os bons Espíritos, quais samaritanos, não eliminam nossas provas, mas encorajam-nos, inspiram-nos, quando a eles recorremos.

Ainda que distantes da fé ardente, se cultivamos a prece sincera, buscando compreender as mensagens que as dores nos trazem, ela cresce, a pouco e pouco, em nosso íntimo, pelas respostas que nos oferece.

Se recorremos à oração sinceramente, cumprindo nossos pequeninos deveres, e buscamos vivenciar as lições do Evangelho, as respostas sempre nos vêm.

E assim nosso jugo vai se tornando leve, suportável. Indispensável, para isso, aviar as receitas de amor do Divino Mestre, buscando, por nossa vez, suavizar provas de outros irmãos de caminhada!

Com paciência e resignação ativas, reduzimos nossas dores, sem aflição e desespero dispensáveis, que as reações desequilibradas favorecem.

A dor fustiga, inclemente, mas o “orvalho divino” nos conduz ao jugo leve, prometido por Jesus.

         Gebaldo José de Sousa

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Visão de Euripedes

Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação. Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia... Subia sempre.

Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. Respirava outro ambiente.

Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda... Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante. Reparava na formosa paisagem, quando não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz.

Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se...

Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo.

Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais...

E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.

Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.

Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem dEle a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos...

Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar...

Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.

Viu, porém, que Jesus também chorava...

Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime... Afagar-lhe as mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés...

Mas estava como que chumbado ao solo estranho...
Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo...

Nessa linha de pensamento, não se conteve.

Abriu a boca e falou suplicante:

- Senhor, por que choras?

O interpelado não respondeu.

Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou:

- Choras pelos descrentes do mundo?

Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar.

E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima:

- Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam...

Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.

Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu...

E acordou no corpo de carne.

Era madrugada.

Levantou-se e não mais dormiu.

E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até a morte.
pelo Espírito Hilário Silva, Do Livro: A Vida Escreve, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

Aprendendo com a Vida...

Existem muitas oportunidades na vida que perdemos por estarmos olhando na direção oposta. Ou, por estarmos distraídos, e só nos darmos conta quando a brisa da sua passagem nos atinge, ou seja, tarde demais.

Existem criaturas infelizes, no mundo, porque não pronunciaram certas palavras, não tomaram determinadas atitudes, enfim, não fizeram algo que lhes teria sido muito importante.

Foi certamente pensando em tudo isso, que William Shakespeare escreveu o poema Eu aprendi e que, numa tradução livre, diz mais ou menos assim:

Eu aprendi que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha.

Eu aprendi que basta uma pessoa nos dizer: "Você fez meu dia", para ele se iluminar.

Eu aprendi que ter uma criança adormecida nos braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo.

Eu aprendi que ser gentil é mais importante do que estar certo . Eu aprendi que sempre podemos orar por alguém quando não temos a força para ajudá-lo de alguma outra forma.

Eu aprendi que não importa quanta seriedade a vida nos exija, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto.

Eu aprendi que, algumas vezes, tudo de que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender.

Eu aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos.

Eu aprendi que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular.

Eu aprendi que ignorar os fatos não os altera.

Eu aprendi que cada pessoa que conhecemos deve ser saudada com um sorriso.

Eu aprendi que devemos sempre ter palavras doces e gentis, pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las.

Eu aprendi que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar nossa aparência.

Eu aprendi que não podemos escolher como nos sentir, mas podemos escolher o que fazer a respeito.

Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre enquanto estamos escalando a montanha.

E, finalmente, eu aprendi que quanto menos tempo temos, mais coisas conseguimos fazer. 
* * * 
Se temos avós no lar, aproveitemos para lhes ouvir as histórias das suas vidas. Aproveitemos a sua sabedoria antes que eles partam para as terras espirituais e fiquemos amargando a saudade.

Se temos crianças no lar, aproveitemos para lhes observar o sono, povoado de sonhos doces e ainda frescos dos orvalhos das manhãs.

Aprendamos com elas a nos entregar ao sono em tranquilidade e paz, usufruindo de cada momento para uma verdadeira recomposição das forças da alma.

Se temos conosco mãe, pai, um amor, digamos hoje, enquanto o sol brilha e as nuvens espalham manchas brancas no céu azul, digamos o quanto eles são importantes para a nossa vida, o quanto os amamos, o quanto os queremos bem.

Façamos isso hoje, já, agora, antes que o dia passe, a noite venha e as palavras morram, estranguladas, em nossa garganta, pela oportunidade desperdiçada, outra vez. 
Redação do Momento Espírita, com base em
tradução livre do texto I have learned, de
William Shakespeare.
Em 11.1.2014.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Em Regime de Fé

O Universo vive em regime de fé.

        Em semelhante sistema, a Terra gira sobre si mesma e avança a pleno Espaço Cósmico, através de ciclos perfeitos de movimento e vida.

        Automaticamente, os átomos efetuam as transformações que lhes são peculiares, sustentando a economia da natureza.

        De maneira mecânica, a planta se desenvolve na direção do Sol.

        O animal promove a formação do próprio ninho, valendo-se de princípios da inteligência.

        Claramente possível classificar a gravitação como sendo confiança sabiamente orientada; a atração definindo a confiança magneticamente dirigida; o heliotropismo expressando a confiança no impulso, e a inteligência rudimentar exprimindo-se em grau determinado da confiança instintiva.
*
        Paradoxalmente, apenas o homem por vezes se declara sem fé; no entanto, mesmo sem fé, , ele pensa, confiando nos implementos do cérebro; fala, confiando nas cordas vocais; pratica o artesanato, confiando nas mãos; alimenta-se, confiando no engenho gastrintestinal; caminha, confiando nos pés; viaja, confiando naqueles que lhe orientam as máquinas; estuda, confiando nos professores; traça programas de ação, confiando em horários.

        Tudo na vida se harmoniza em recursos de confiança.
*
Atualmente, porém, a Doutrina Espírita vem acordar as criaturas para a fé raciocinada, que não dispensa a lógica e o discernimento precisos, a fim de que a consciência humana se eduque suficientemente, sem a ingenuidade que a tudo se submete e sem a violência que a tudo aspira dominar.

(De “RUMO CERTO’, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel).

Sabedoria do Mestre

Ele era um sábio. Muito adiante de todos os de Seu tempo, em conhecimentos e experiência, deixou lições imorredouras.

Falava por parábolas, tecendo um colar de pérolas, que deveria ser desfiado, no transcorrer do tempo.

Quão pouco ainda O conhecemos!

Narram as tradições espirituais que, quando se desprendeu a nebulosa terrestre do núcleo central do sistema, Jesus a recebeu em Suas mãos.

E, com zelo, dispôs todos os detalhes, a fim de que, transcorridos milênios, o homem pudesse aportar, com segurança, no planeta que lhe deveria servir de lar e escola.

Deliberou também a formação do seu satélite. A lua seria a âncora do equilíbrio terrestre nos movimentos de translação que o globo efetuaria em torno do sol.

Seria ainda o manancial de forças ordenadoras da estabilidade planetária. O planeta nascente necessitaria da sua luz polarizada, cujo suave magnetismo atua na criação e reprodução de todas as espécies, nos variados reinos da natureza.

Ele dispôs as camadas de ozônio a quarenta e a sessenta metros de altitude da crosta, a fim de que pudessem filtrar devidamente os raios solares.

Definiu as linhas de progresso da Humanidade futura, estabelecendo a harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias.

Ninguém lhe viu as mãos augustas em todo o processo de preparação do futuro lar dos homens. Por isso, no transcorrer dos milênios, substituíram a Sua providência pela palavra natureza.

Contudo, foi Ele, em nome do Pai Criador, o Divino escultor das formas de vida e das belezas que, até hoje, extasiam o homem.

O homem, que estuda a biodiversidade marinha e descobre sempre novas e surpreendentes formas de vida. Seres estranhos, portadores de luminosidade própria, por viverem em zonas abissais, por exemplo.

O homem, que se dedica ao estudo da botânica e da zoologia, verificando a perfeição de todo o processo da criação, reprodução e manutenção das espécies.

O homem, que pesquisa e descobre, paulatinamente, os benefícios infindáveis oferecidos pela flora. Além da beleza dos matizes, da manutenção da cadeia reprodutora e alimentar, a extraordinária e benéfica ação farmacêutica.

Sim, foi Jesus, o Divino escultor, o Governador do planeta Terra quem, com os operários da espiritualidade, tudo planificou e tudo elaborou.

Ele, que fez a pressão atmosférica adequada ao homem, também estabeleceu os grandes centros de força da ionosfera e da estratosfera.

Pastor de todas as almas que lhe foram confiadas pelo Divino Pai, antecipou em milênios as providências para o estabelecimento da vida física na Terra.

Servindo-nos de tudo que Ele nos dispôs, a nós, homens, cabe o indeclinável dever de zelar pela nossa casa terrestre, não malbaratando os tesouros da vida que Jesus nos ofereceu, desde o princípio.

Especialmente, preservando o meio ambiente em que nos movemos e do qual nos servimos, para a jornada de progresso na presente e nas futuras encarnações.

E, mais do que tudo, ante as convulsões que observamos nos dias presentes, ter a certeza de que Ele, o Excelso Mestre e Condutor dos nossos destinos, vela de forma incansável.

Lembremos: Jesus está no leme da grande nau chamada Terra.



por Redação do Momento Espírita,com base no cap. 1, do livro A caminho da Luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Do site
: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3996&stat=0

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Espíritas no Evangelho

Comenta o Evangelho, nas tarefas doutrinárias do Espiritismo, entretanto, diligencia exumar as sementes divinas da verdade, encerradas no cárcere das teologias humanas, para que produzam os frutos da vida eterna no solo da alma.

Exalta a gloria de Cristo, mas elucida que ele não transitou, nos caminhos humanos, usufruindo facilidades e sim atendendo aos desígnios de Deus, nas disciplinas de humilde servidor.

Refere-te, mas explica que o céu é o espaço infinito, em suja vastidão milhões de mudos obedecem às leis que lhes foram traçadas, a fim de que se erijam em lares e escolas das criaturas mergulhadas na evolução.

Menciona os anjos, mas esclarece que eles não são inteligências privilegiadas no Universo e sem espíritos que adquiriram a sabedoria e a sublimação, à custa de suor e preço de lágrimas.

Reporta-te à redenção, mas observa que a bondade não exclui a justiça e que o espírito culpado é constrangido ao resgate de si próprio, através da reencarnação, tantas vezes quantas sejam necessárias, porquanto, à frente da Lei, cada consciência deve a si mesma a sombra da derrota ou o clarão do triunfo.

Cita profetas e profecias, fenômenos e influências, mas analisa os temas da mediunidade, auxiliando o entendimento comum, no intercâmbio entre encarnados e desencarnados, e ofertando adequados remédios aos problemas da obsessão.

Salienta os benefícios da fé, mas demonstra que a oração sem as boas obras assemelha-se à dolosa atitude nos negócios da alma, de vez que se a prece nos clareia o lugar de trabalho, é preciso apagar o mal para que o mal nos esqueça e fazer o bem para que o bem nos procure.

Define a excelência da virtude, mas informa que o crédito moral não é obtido em deserção da luta que nos cabe travar com as tentações acalentadas por nós mesmos, a fim de que a nossa confiança nas Esferas Superiores não seja pura ingenuidade, à distância da experiência.

Expõe o Evangelho, mas não faças dele instrumento de hipnose destrutiva das energias espirituais daqueles que te escutem.

Mostra que Jesus não lhe plasmou a grandeza operando sem amor e sem dor, e nem distraias a atenção dos semelhantes, encobrindo-lhes a responsabilidade de pensar e servir, que a Boa Nova nos traça a todos, de maneira indistinta. O Espiritismo te apóia o raciocínio para que lhe reveles a luz criadora e a alegria contagiante, auxiliando-te a despertar os ouvintes da verdade na compreensão do sofrimento e na felicidade do dever, nos tesouros do bem e nas vitórias da educação.
pelo Espírito Emmanuel, Do Livro: Opinião Espírita, Médiuns: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O Espiritismo e a definição de Kardec

Dentro da definição que lhe deu Allan Kardec, o Espiritismo tem, ao mesmo tempo, um aspecto geral, como filosofia espiritualista, e os aspectos particulares, que são inerentes a seu caráter e sua organização. Quem o diz é o próprio Allan Kardec na introdução de O Livro dos Espíritos, ao ensinar que “todo espírita é espiritualista, mas nem todo espiritualista é espírita”. Realmente, há muitos espiritualistas que, embora admitam o fenômeno de além-túmulo, não aceitam os postulados do Espiritismo. São espiritualistas, mas, na realidade, não são espíritas.
Estas noções iniciais são muito conhecidas dos adeptos do Espiritismo, mas a verdade é que muitas pessoas julgam mal o Espiritismo, exatamente porque não conhecem as noções elementares da Doutrina. Daí, portanto, a necessidade, não mais para os espíritas, mas para o elemento leigo, de certos rudimentos indispensáveis a respeito do Espiritismo, sua definição, seu caráter, seus métodos, suas consequências.
O fenômeno, como se sabe, é o ponto de partida, tanto do Espiritismo, como de todas as escolas e correntes que se preocupam com o além-túmulo. É de notar-se, porém, que nem todos os que se dedicam à experimentação mediúnica entram nas indagações de ordem filosófica. Sob esse ponto de vista, é claro que o Espiritismo ultrapasse a experimentação pura e simples, porque, além de tratar, também, da origem do fenômeno, tira consequências morais de grande influência, tanto na vida particular, como na vida social. Justamente por isso foi que Allan Kardec definiu o Espiritismo como uma ciência que trata da origem e do destino dos espíritos, assim como de suas relações com o mundo terreno.
Aí então, implicitamente, os três pontos básicos:
1. A origem e destino dos espíritos são questões transcendentais de alta filosofia;
2. A relação dos espíritos com o mundo terreno é assunto da ciência experimental, porque são os fenômenos que provam essas relações;
3. O aspecto moral, porém, é fundamental para o Espiritismo.
De que serve a experimentação apenas como assunto de curiosidade? De que serve entrar em comunicações com os espíritos ou provocar fenômenos, sem tirar desses fenômenos o que é essencial para o refinamento dos costumes, para a reforma interior do homem?
Para muita gente, Espiritismo é apenas fenômeno, mas quem conhece um pouco da Doutrina sabe muito bem que não é assim. Para certas escolas, por exemplo, o fenômeno é o fim, ao passo que para o Espiritismo o fenômeno é o meio. Mas, meio de quê? Meio de aperfeiçoamento, elemento de convicção para a aceitação da vida futura e, consequentemente, caminho para a crença em Deus.
Enquanto certos experimentadores levam anos e anos observando e provocando fenômenos, sem tirar conclusão alguma acerca dos altos e importantes problemas da vida futura e do destino humano, o experimentador espírita, quando bem orientado pela Doutrina Espírita, parte do fenômeno, sobe à indagação dos porquês, que é o terreno da filosofia, e, depois, faz as necessárias aplicações à vida prática, isto é, ao comportamento do homem, às atitudes privadas e públicas, aos padrões de moralidade que a condição de espírita exige em qualquer situação. A não ser assim, a experimentação, por si só, é assunto simplesmente de curiosidade.
Autor (a): Deolindo Amorim
Revista Cultura Espírita – Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB) –
Ano: IV – Edição nº 36- Página: 09 – Rio de Janeiro – Março/2012.
Revista Internacional de Espiritismo – Edição nº 05 – Junho/1954.
JORGE, José – Relembrando Deolindo II – Editora CELD –
Páginas: 20 e 21 – Rio de Janeiro/1994.

Razão e Sofrimento

Dentre as leis morais a que as criaturas inevitavelmente estão sujeitas, destacaremos, para apoio de nosso raciocínio, a Lei do Progresso. Em cumprimento a seus impositivos, o determinismo Divino nos impulsiona, obrigando-nos a progredir.
Como todas as demais, também esta lei possui, entre seus atributos, o automatismo. A ninguém a Divina Sabedoria outorga prerrogativas de cobrança do esforço evolutivo, porque a evolução será sempre inevitável. Assim, a involução é apenas uma palavra sem sentido porque, em realidade, jamais o Espírito retrocede em seu caminho ascensional. A velocidade com que cada criatura progride é infinitamente variável, já que ela estará sujeita também a um número igualmente infinito de fatores e circunstâncias.
Se é verdade que ninguém “involui”, não é menos verdade que a estagnação pode ocorrer quando alguém, acomodado ao estágio em que se encontra, se negue ao esforço de conquista e prática dos atributos libertadores colocados à sua disposição.
Referindo-nos aos seres humanos em geral, será necessário reconhecer que somos situados na vida, conforme o estágio em que nos encontramos, na posição determinada pelas necessidades que trazemos, implícitas em a natureza espiritual que nos caracterize.
Claro que o estado de inatividade evolutiva não será indefinido, pois o determinismo Divino nos aponta o rumo da perfeição como meta a alcançar; entretanto, quando nos confiamos ao ócio, à negligência, à indiferença ou à rebeldia, repetindo erros e crimes, entra em ação o automatismo da lei com a terapia de choque. É o remédio amargo representado pelo sofrimento e a dor a que nos condicionamos ao rejeitar todos os argumentos da lógica, do direito, do bom senso e da razão. Deus não pune nem castiga ninguém; entretanto, deu-nos a consciência para podermos diferenciar o bem do mal, o certo do errado. Deste modo, ninguém é culpado por nossos padecimentos, senão nós próprios, quando violamos as leis inflexíveis que governam a vida. Os fatos que ocorrem, trazendo-nos padecimentos de variada natureza, na realidade são recursos utilizados pela Lei de Justiça a fim de repararmos os desequilíbrios criados em nossa existência, visando restabelecer o equilíbrio perdido. Para que não paire dúvida quando à conduta a adotar na vida de relação com os semelhantes, Jesus estabeleceu o princípio acessível a todo e qualquer entendimento, sentenciando: Não façais aos outros o que não quiserdes que vos façam [...]”.
Autor (a): Mauro Paiva Fonseca
Reformador (Revista de Espiritismo Cristão) – Editora FEB (Federação
Espírita Brasileira) – Ano: 127 – Edição nº: 2.163 – Página: 13 -
Rio de Janeiro – Junho/2009.
KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Editora FEB (Federação Espírita Brasileira) – Edição nº 127 – Capítulo nº II – Item nº 9 – Rio de Janeiro/2007.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Afinidade

O homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em grande proporção.

Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência.

Em forma de impulsos e estímulos, a alma recolhe, nos pensamentos que atrai, as forças de sustentação que lhe garantem as tarefas no lugar em que se coloca.

O homem poderá estender muito longe o raio de suas próprias realizações, na ordem material do mundo, mas, sem a energia mental na base de suas manifestações, efetivamente nada conseguirá.

Sem os raios vivos e diferenciados dessa força, os valores evolutivos dormiriam latentes, em todas as direções.

A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir.

Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente.

De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.

Por isso, quem não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não exercite a vontade para sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a imposição do meio em que se localiza.

Somos afetados pelas vibrações de paisagens, pessoas e coisas que cercam.

Se nos confiamos às impressões alheias de enfermidade e amargura, apressadamente se nos altera o “tônus mental”, inclinando-nos à franca receptividade de moléstias indefiníveis.

Se nos devotamos ao convívio com pessoas operosas e dinâmicas, encontramos valioso sustentáculo aos nossos propósitos de trabalho e realização.

Princípios idênticos regem as nossas relações uns com os outros, encarnados e desencarnados.

Conversações alimentam conversações.
Pensamentos ampliam pensamentos.
Demoramo-nos com que se afina conosco.
Falamos sempre ou sempre agimos pelo grupo de espíritos a que nos ligamos.
Nossa inspiração está filiada ao conjunto dos que sentem como nós, tanto quanto a fonte está comandada pela nascente.

Somos obsidiados por amigos desencarnados ou não e auxiliados por benfeitores, em qualquer plano da vida, de conformidade com a nossa condição mental.

Daí, o imperativo de nossa constante renovação para o bem infinito.

Trabalhar incessantemente é dever.
Servir é elevar-se.
Aprender é conquistar novos horizontes.
Amar é engrandecer-se.

Trabalhando e servindo, aprendendo e amando, a nossa vida íntima se ilumina e se aperfeiçoa, entrando gradativamente em contacto com os grandes gênios da imortalidade gloriosa.
pelo Espírito Emmanuel, Do Livro: Roteiro, Médium: Francisco Cândido Xavier

Receita Espírita

 Pensamento sombrio?
Alguns instantes de prece. 

Irritação?
Silêncio de meia hora pelo menos. 

Tristeza?
Ampliação voluntária da quota de trabalho habitual. 

Impulso a critica destrutiva?
Observemos as nossas próprias fraquezas. 

Desejo de censurar o próximo?
Um olhar para dentro de nós mesmos. 

Solidão?
Auxiliar a alguém que, em relação a nós, talvez se encontre mais sozinho. 

Tédio?
Visita a um hospital para que se possa medir as próprias vantagens. 

Ofensa?
Perdoar e servir mais amplamente. 

Ressentimento?
Olvido de todo mal. 

Fracasso?
Voltar às boas obras e começar outra vez.

pelo Espírito Albino Teixeira - Do livro: Caminho Espírita, Médium: Francisco Cândido Xavier.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

A Beleza de cada um

No momento em que a mídia enfatiza a beleza como questão de êxito para o sucesso e condição para se enriquecer de forma muito rápida;
no momento em que se observa que muitos dos nossos jovens estão mais preocupados em mostrar e explorar o corpo, do que em conquistar valores reais;
cabe-nos proceder a uma pequena pausa para meditação a respeito dos caminhos que temos buscado trilhar e daqueles que estamos apontando para os nossos filhos.
Conta-se que um homem acabrunhado entrou em um templo para fazer as suas orações. Em determinado momento, confidenciou a Deus:
Senhor, eu estou aqui porque em templos não há espelhos, pois nunca me senti satisfeito com minha aparência.
Então, na intimidade da consciência, ele começou a ouvir uma voz que lhe dizia, com entonação paternal:
Meu filho, nenhuma das minhas obras surgiu ou ficou sem beleza, pois, lembre-se, que tudo criei com amor.
A aparente feiura é resultado da miopia dos homens, que não sabem, por vezes, descobrir a beleza oculta.
De toda forma, lembre que não importa se o seu corpo é gordo ou magro. O que tem capital importância é que ele é o templo do Espírito imortal. Merece toda a consideração, pois, graças a ele, o Espírito atua no mundo para seu próprio crescimento.
Não importa se seus braços são longos ou curtos. O que tem valor é o desempenho do trabalho honesto que executam.
Não importa se as suas mãos são delicadas ou grosseiras. Sua função é distribuir o bem às outras criaturas. É acarinhá-las e lhes transmitir bem-estar.
Não importa a aparência dos pés. Sua função é tomar o rumo do amor e da humildade.
Não importa o tipo de cabelo, cor, comprimento e se existe ou não numa cabeça. O que importa são os pensamentos que por ela passam e que ela transmite, como criação sua, beneficiando ou destruindo seus irmãos.
Não importa a forma ou a cor dos olhos. O que importa é que eles vejam o valor da vida e, assim ilustrados, colaborem para demonstrar esse valor a outros tantos seres que não gozam da mesma facilidade.
Não importa o formato do nariz. O que importa é inspirar e expirar bom ânimo, entusiasmo, fé.
Não importa se a boca é graciosa ou sem atrativos. O que importa são as palavras que dela saem, edificando vidas ou destruindo pessoas.
Se você não está feliz com a sua aparência física, medite a respeito. Olhe-se no espelho, outra vez, e descubra o brilho dos seus olhos graças ao amor que lhe vai na alma.
Agradeça a possibilidade de um corpo para viver sobre a Terra, nosso lar e nossa escola.
Finalmente, recorde de grandes vultos da Humanidade, que não ganharam prêmios ou foram admirados pela sua beleza física, mas transformaram as comunidades, influenciaram o mundo com seus gestos extraordinários.
Lembre da pequenina irmã Dulce, da Bahia, da também pequena em estatura Madre Teresa de Calcutá.
Por fim, de nosso Francisco Cândido Xavier que, de sua casa, em Uberaba, portador de variadas complicações físicas, espalhava luz para o mundo, através das suas mãos envelhecidas pelo tempo.
Pense nisso.
por Redação do Momento Espírita, com variações a partir do texto O espelho, de autoria desconhecida. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3953&stat=0