terça-feira, 30 de julho de 2013

A Visão Médico-Espírita do Aborto

Devido à complexidade do tema aborto, é fundamental aliar a abordagem científica a espiritual. Para tanto, entrevistamos a dra. Marlene Nobre, médica ginecologista, presidente do Grupo Espírita Cairbar Schutel e da AME (Associação Médico-Espírita) do Brasil e Internacional. É também autora dos livros: Lições de Sabedoria, A Obsessão e Suas Máscaras, Nossa Vida no Além, A Alma da Matéria e O Clamor da Vida. Este último foi escrito com o propósito de ressaltar os argumentos científicos contra o aborto e propiciar ao público uma compreensão de que a vida se expande muito mais além do que a formação de um feto.

Como a medicina aliada à espiritualidade vê a questão do aborto?

Como é lógico, os fundamentos da medicina espírita são os mesmos do espiritismo, sendo assim, a questão 358 de O Livro dos Espíritos deixa clara a questão do aborto: é um crime.

Esse foi um dos temas abordados no MEDINESP 2003, inclusive com uma carta publicada. O que dizia essa carta?

A Carta de São Paulo exprime compromissos bioéticos dos membros das Associações Médico-Espíritas do Brasil e foi elaborada pelos participantes da Assembléia Geral, realizada durante o MEDINESP. Entre os vários compromissos nela exarados, os médicos das AMEs comprometem-se a lutar não apenas contra a eutanásia e o aborto, mas também, contra a administração da chamada “pílula do dia seguinte”, que é abortiva. Por exemplo, quando forçado a receitar a “pílula do dia seguinte”, nos ambulatórios públicos, o médico espírita não o faz, para isso, lança mão de um direito legítimo, reconhecido pelo Código de Ética Médica, que é o de ser fiel à sua própria consciência. Do mesmo modo, o anestesista espírita lança mão desse mesmo direito para não participar das equipes de abortamento legal já existentes em alguns hospitais do país.
Existem campanhas contra o aborto promovidas pela AME?
A AME-Paraná, sob a presidência fraterna e idealista do dr. Laércio Furlan, tem uma campanha permanente: Vida, sim! Nela, todos os membros estão envolvidos e visa, principalmente, o esclarecimento de adolescentes e jovens, o apoio para que a gestante leve a gravidez até o fim e o aconselhamento sempre disponível, baseado na fraternidade. A AME-São Paulo participou ativamente de campanha contra o aborto, em 1994, juntamente com a União das Sociedades Espíritas e Federação Espírita do Estado de S.Paulo, quando o Congresso Nacional se movimentava em favor da aprovação do aborto, o que felizmente não se concretizou. Enfim, todas as AMEs estão engajadas nessa luta, que tem características próprias em cada Estado.

Quais são os países que mais se preocupam com o aborto e os países onde se comete o maior número de abortos?

Há muito poucos países no mundo onde o aborto ainda não é legal. Estados Unidos e Rússia são os que fazem o maior número de abortos no mundo.

Em relação ao Brasil, há algum número estatístico sobre os abortos cometidos?

Nenhuma estatística brasileira, a esse respeito, é confiável. O que se faz aqui no Brasil é manipular esses números duvidosos com a finalidade de se legalizar o aborto, alegando-se que a mulher tem o direito de fazê-lo em condições técnicas adequadas. Os que assim agem pretendem que o Estado esteja devidamente aparelhado para institucionalizar a pena de morte para inocentes.

Explique em linhas gerais quais são as conseqüências do aborto?

O aborto traz conseqüências orgânicas, psicológicas e espirituais, nesta existência e na outra, para a mulher que o provoca, para o companheiro que não a apóia na gravidez e para a equipe de saúde que o executa. Não há como negar, porém, que as conseqüências são mais graves para a mulher, porque, desde tempos imemoriais, ela traz no seu psiquismo o compromisso com os entezinhos que necessitam vir ao mundo para progredir. Essas conseqüências tomam o nome de obsessão, depressão, disfunções e doenças orgânicas do aparelho genital, etc.

Por que resolveu publicar um livro sobre o aborto?

A luta contra o aborto está intimamente ligada a minha convicção como espírito imortal e a minha tarefa como médica.

Enquanto escrevia o livro, tive confirmação de que estava absolutamente certa, quando me deparei com a estatística de um dos maiores geneticistas do mundo, Steve Jones, são 90 milhões de recém-nascidos, por ano, no mundo, contra 60 milhões de abortos, no mesmo período, ou seja, em cinco anos, o número de mortos por aborto é maior do que o morticínio ocorrido nos seis anos da Segunda Guerra Mundial.

O que aborda o livro?

O Clamor da Vida é um livro de conceitos. Com ele, visamos, sobretudo, discutir os fundamentos da Bioética Espírita. Ao emitirmos, por exemplo, o conceito e o significado da própria vida, procuramos lançar luzes acerca do que é lícito e do que não é lícito na atitude bioética. Com isso, evidenciamos o valor da pessoa humana e a tentativa sub-reptícia dos que desejam reduzi-la ao estado de coisa, com a conseqüente perda de sua dignidade. Com esses conceitos, chegamos facilmente à conclusão de que a vida é um bem outorgado e que nem a mulher, nem o homem, nem o Estado, tem o direito de dispor dela.

Na sua opinião o movimento espírita deveria enfatizar mais a questão do aborto, ou seja, promover uma campanha forte e maciça?

Creio que essa campanha forte e maciça deverá ocorrer toda vez que houver real ameaça de legalização do aborto em nosso país. Enquanto isso não ocorre, e esperamos em Deus não venha a ocorrer, deve-se continuar a falar contra o aborto, como temos feito em nossas atividades normais, conforme se faça necessário, sobretudo, como ação preventiva.

Gostaria de deixar alguma mensagem de reflexão sobre o assunto?

Cremos, firmemente, que os seres humanos vão eliminar, de forma definitiva, o infanticídio e o aborto da face da Terra, porque a evolução espiritual é inapelável. Sob os ares benfazejos do progresso, os seres humanos vão elevar o padrão do seu comportamento moral, de modo a banir toda forma de violência, inclusive essa, que é uma das mais cruéis - a do aborto - para viverem, em toda plenitude, o sentimento sublime do Amor, em todas as latitudes do Planeta.

Por Érika Silveira
Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 26, páginas 8-9.

* * * Estude Kardec * * *

Missão do Espiritismo

Em vossos dias, o Espiritismo, que representa o Consolador prometido pelo Cristo aos séculos posteriores à sua vinda ao mundo, é uma extraordinária mensagem do Céu à Terra, e faz-se necessário aquilatar-lhe o valor.
Inda existem multidões de Espíritos rebeldes, porém, a consciência terrena, em suas características gerais, está agora apta a receber, depois de tantos anos de lutas, o conhecimento espiritual que lhe fará desprezar os últimos resquícios da materialidade inconsciente, aprendendo a discernir os seus erros. Espalhando a boa nova da imortalidade, a doutrina de amor abrirá novos horizontes à esperança dos homens, conduzindo-os à aquisição do tesouro espiritual, reservado por Deus a todas as suas criaturas.
Quando todos os homens compreenderem o sentido de suas magníficas lições, o vosso planeta terá atingido uma nova fase evolutiva e o Espiritismo terá concluído, entre vós, a sua sagrada e gloriosa missão.

“Emmanuel” – Chico Xavier / Emmanuel

domingo, 28 de julho de 2013

Estava escrito

Meu Deus, quando renasci nesta vida trouxe comigo todas as minhas misérias passadas, dívidas pendentes que Tu, em silêncio, pedia que eu saldasse em nome de minha própria paz!...

Assim, vim ao mundo com inclinações que me diziam ao coração de todos os riscos a que estava submetido, pois que a carne é teia hipnótica a enredar a alma em ilusões e enganos e que só tarde demais revela os danos causados ao espírito invigilante...

Mas, ao lado da minha fragilidade perante as provas, e da desanimadora certeza de queda, estava a Tua força e o Teu amor, qual redoma de insuspeitável energia a me amparar a caminhada!

Foi assim que ao deparar-me com as primeiras lágrimas, estava escrito que eu desanimaria... Mas, entre o véu que encobriu minha face eu vi Teu sorriso e o meu pranto amainou suavemente. Aprendi a sorrir contigo para enfrentar a dor e a dor tornou-se lição suportável e passageira...

Quando os instintos violentos que falam do animal que ainda sou ergueram-se em ímpetos homicidas contra aqueles que me aborreciam a caminhada, estava escrito que eu me submeteria... Mas então vi sobre minha raiva o Teu olhar de cordeiro imolado e minhas mãos envergonharam-se de si mesmas e desde então oferecem vida ao derredor, auxiliando, acarinhando e protegendo!...

Quando o corpo pediu-me a saciedade dos brutos através do prazer sem responsabilidade, estava escrito eu eu me deixaria seduzir... Mas então Teu coração pulsou junto ao meu peito a falar de um amor que ainda não havia experimentado, e nunca mais o visco dos maus hábitos teve sobre a minha emoção o mesmo fascínio de antes!...

Quando tive a oportunidade de apropriar-me de bens e riquezas, beneficiando-me indevidamente em detrimento da lei, Tua e dos homens, estava escrito que eu me deixaria arrastar... Porém, vi Tua preocupação sobre meus movimentos e devolvi, incontinenti, o que não me pertencia e aprendi no trabalho honesto a cuidar de mim e a bastar-me com desvelo e probidade!...

Quando os compromissos assumindos tornaram-se incômodo obstáculo ao que supunha ser felicidade, estava escrito que eu desertaria... Mas, antes que eu abadonasse os meus deveres, complicando-me o próprio destino, Tu me mostrou a tua inalterável paciência para comigo, não obstante todos os meus erros e defeitos, e eu voltei atrás, reconsiderando votos e promessas, para amar um pouco mais e entregar em Tuas mãos o término da minha provação!...

Quando adoeci e a dor chegou-me dizimando as forças, quando meu corpo maltratado enfraqueceu minha alma de toda fé e toda coragem, estava escrito que eu não sobreviveria... Mas então vi os padecimentos que suportastes em nome do amor imenso que nos devotas, e silenciosamente trabalhei minha recuperação para prosseguir vivendo, produzindo e auxliando, com muito mais alegria e disposição que antes!...

Quando o abismo abriu-se aos meus pés e a idéia da morte afigurou-se-me com única saída, estava escrito que eu me deixaria cair... Mas entre as vibrações do desespero insano em que me arrojava, eu senti Teu abraço a proteger-me a vida e desde então procuro amar-me com Tu me amou naquela hora triste, reconhecendo na existência humana precioso estágio de superação de medos, fugas e fraquezas!...

Em minha vida toda, meu Deus, estava escrito que tropeçaria nas deficiências e dificuldades que trago comigo... Estava escrito, não por Tuas amorosas mãos, mas pela minha própria fragilidade humana, que eu não seria capaz de vencer a mim mesmo, que entre todas as tentações, vícios, covardias e más tendências, eu me enredaria mais uma vez e fracassaria... Mas, e como o meu coração se alegra hoje ante esta constatação, está escrito também que Tu modificas todos os dias o nosso destino com a força do amor que nunca nos abandona, e permaneces ao nosso lado, caminhando conosco, passo a passo, até nos saber capazes e seguros para seguirmos com nossas próprias forças, rumo à glória que nos está destinada em Teu reino eterno de Amor, Paz e Justiça, para todo o sempre!

Assim seja!

Sinfonia da Eternidade

A conquista dos Cimos da Espiritualidade está
franqueada a todos nós

“(...) Deus concede recursos iguais para todos, e nós facilitamos ou complicamos os processos de execução dos propósitos divinos a nosso respeito.” -   Bartolomeu dos Mártires [1]
No âmbito de atuação das Leis Divinas não existe privilégio ou regime de exceção para quem quer que seja... O posicionamento de qualquer Espírito dentro da hierarquia espiritual será logrado exclusivamente por honra e mérito de seus próprios esforços, lutas e conquistas.
Assim, os Espíritos alocados no topo da hierarquia espiritual são exatamente aqueles que obtiveram sucesso em suas experiências palingenésicas, enquanto que os que se situam nos baixios evolutivos são os detentores de bagagem espiritual incipiente, ou, com certeza, os fracassados de todo matiz...   Sem embargo, a porta da oportunidade, isto é, a senda da reversão de sua situação de miséria moral e consequente pobreza evolutiva em que jazem está sempre aberta e à disposição, como muito bem o demonstra a inolvidável “Parábola do Filho Pródigo”.
Ensina Bartolomeu dos Mártires1: “(...) Realizemos quanto nos cabe no tempo, ou voltaremos à lide com o tempo, a fim de criar, refazer ou reaprender...
À custa do calor na forja, converte-se o ferro bruto em utilidade; sofrendo a chuva e o vento, entreabre-se a flor numa festa de cor e de perfume; o óleo na candeia se transforma em luz, consumindo-se; o brilhante é o co­ração da pedra que se deixou lapidar. Cada criatura observa a Criação de acordo com as experiências que já acumulou.  
‘Conquista-te! Aprende! Cresce! Ilumina-te!’ — eis as sugestões da Natureza, em toda parte.  Portanto, quando o homem adquirir ‘olhos de ver’ e ‘ouvidos de ouvir’, perceberá a beleza da Espiritualidade vitoriosa e distinguirá a Sinfonia da Eternidade. Tudo depende de nós: A sombra e a claridade, a cegueira ou a visão, a fraqueza e o fortalecimento surgem em nosso caminho, segundo a direção que impusermos às sagradas correntes da Vida.
Deus é Amor, é Criação, é Vida, é Movimento, é Alegria, é triunfo... 
Dirijamos nosso sentimento para a Vontade do Senhor e o Senhor naturalmente nos responderá, santificando-nos os desejos”.
A Vida Imperecível é a perene Sinfonia da Eternidade, e a conquista dos alcandorados Cimos da Espiritualidade está franqueada a todos indistintamente.
Em emocionante depoimento, desabafa Sílvia Serafim[2]: “(...) Como não enxergar as mãos de Deus, nos menores trilhos do mundo, amparando-nos a alma frágil e desafiando-nos, com doçura, a escalar os íngremes e empedrados caminhos que conduzem à perfeição?!...
Formei-me nas fileiras dos que se pavoneiam de fortes, sendo fracos, e que se presumem justos quando não passam de instrumentos da injustiça, e rolei no vale fundo e sombrio do sofrimento, presa de meus próprios conflitos interiores.
(...) Só agora, do ponto de vista do Mundo Espiritual, compreendo a imposição fatal da lágrima no mundo: o sofrimento é criação nossa, fogueira constante em que buscamos consumir os resíduos de nossas imperfeições...
Ó Deus, socorre o entendimento das criaturas, favorecendo-lhes a penetração na realidade! Ao toque de Teu Amor, o homem reconhecerá, enfim, a grandeza da Lei!...  A estrada luminosa da evolução e da redenção está aberta.   Bem-aventurados os que a percorrerem, aceitando o obstáculo por lição e a dor por mestra, porque no dia que se despedirem da carne terão encontrado, em verdade, a grande libertação!...”.
Entendemos tal “grande libertação” como a situação dos Espíritos que lograram conquistar, a duras penas, sua alforria espiritual, domiciliados agora nas muitas felizes Moradas da Casa do Pai, que, segundo Allan Kardec, são:

“(...) os mundos que chegaram a um grau superior, onde as condições da vida moral e material são muitíssimo diversas das da vida na Terra. Como por toda parte, a forma corpórea aí é sempre a humana, mas embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada. O corpo nada tem da materialidade terrestre e não está, conseguintemente, sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que a predominância da matéria provoca. Mais apurados, os sentidos são aptos a percepções a que neste mundo a grosseria da matéria obsta. A leveza específica do corpo permite locomoção rápida e fácil: em vez de se arrastar penosamente pelo solo, desliza, a bem dizer, pela superfície, ou plana na atmosfera, sem qualquer outro esforço além do da vontade. Os homens conservam, a seu grado, os traços de suas passadas migrações e se mostram a seus amigos tais quais estes os conheceram, porém, irradiando uma luz divina, transfigurados pelas impressões interiores, então sempre elevadas. Em lugar de semblantes descorados, abatidos pelos sofrimentos e paixões, a inteligência e a vida cintilam com o fulgor que os pintores hão figurado no nimbo ou auréola dos santos. A pouca resistência que a matéria oferece a Espíritos já muito adiantados torna rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância. Isenta de cuidados e angústias, a vida é proporcionalmente muito mais longa do que na Terra. Em princípio, a longevidade guarda proporção com o grau de adiantamento dos mundos. A morte de modo algum acarreta os horrores da decomposição; longe de causar pavor, é considerada uma transformação feliz, por isso que lá não existe a dúvida sobre o porvir. Durante a vida, a alma, já não tendo a constringi-la a matéria compacta, expande-se e goza de uma lucidez que a coloca em estado quase permanente de emancipação e lhe consente a livre transmissão do pensamento.

Nesses mundos venturosos, as relações, sempre amistosas entre os povos, jamais são perturbadas pela ambição, da parte de qualquer deles, de escravizar o seu vizinho, nem pela guerra que daí decorre. Não há senhores, nem escravos, nem privilegiados pelo nascimento; só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia. A autoridade merece o respeito de todos, porque somente ao mérito é conferida e se exerce sempre com justiça. O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si mesmo, aperfeiçoando-se. Seu objetivo é galgar a categoria dos Espíritos puros, não lhe constituindo um tormento esse desejo, porém, uma ambição nobre, que o induz a estudar com ardor para os igualar. Lá, todos os sentimentos delicados e elevados da natureza humana se acham engrandecidos e purificados; desconhecem-se os ódios, os mesquinhos ciúmes, as baixas cobiças da inveja; um laço de amor e fraternidade prende uns aos outros todos os homens, ajudando os mais fortes aos mais fracos. Possuem bens, em maior ou menor quantidade, conforme os tenham adquirido, mais ou menos por meio da inteligência; ninguém, todavia, sofre por lhe faltar o necessário, uma vez que ninguém se acha em expiação. Numa palavra: o mal, nesses mundos, não existe.

(...) Entretanto, os mundos felizes não são orbes privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer de seus filhos: a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarem a tais mundos. Fá-los partir todos do mesmo ponto e a nenhum dota melhor do que aos outros; a todos são acessíveis as mais altas categorias: apenas lhes cumpre a eles conquistá-las pelo seu trabalho, alcançá-las mais depressa, ou permanecer inativos por séculos de séculos no lodaçal da Humanidade”.

[1] - Xavier, F. Cândido. Falando à Terra. 3. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1974, p.p. 155-156.
[2] - Idem, ibidem, p.p. 157-158.
          Rogério Coelho

Mensagem de Joanna de Angelis

Inclina tua mente para o mais saudável. 

Não te faças fiscal do lixo moral da sociedade, nem te permitas coletar os detritos do pessimismo como da vulgaridade. 

De maneira nenhuma censures o teu próximo, especialmente quando este se encontre ausente.

Busca os valores positivos que existem nos outros e aprimora aqueles em ti existentes.

Sê equânime no teu foro íntimo e nas tuas expressões exteriores. 

Fala menos e reflexiona mais em torno do amor. 

Insiste nas idéias que estimulam a vontade a tornar-se forte quão disciplinada. 
Planeja a ascensão e pensa sobre ela, raciocinando a respeito da perda de tempo com as ilusões e futilidades. 

Supera o temor de qualquer natureza com a confiança de que nenhum mal de fora poderá fazer-te mal se estiveres bem interiormente, e que somente te sucederá o que venha a contribuir para a tua paz e progresso espiritual.

Joanna de Angelis

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Caridade e Desenvolvimento

Num grupo de inquietas senhoras, após a reunião em que se haviam comunicado diversos Espíritos amigos, estalavam ruidosos comentários.
A palestra não interessava à vida alheia, segundo antiga acusação lançada às filhas de Eva; contudo, a nota dominante era a leviandade.
Falava-se entusiasticamente a respeito da prática e propaganda dos postulados espiritistas. Umas alegavam perseguições do Invisível, outras aludiam às aventuras dos maridos inconstantes, atribuindo as penas domésticas à influência dos maus Espíritos. Dentre todas, destacava-se a senhora Laurentina Cardoso pelo fervor sincero que lhe brilhava nos olhos. Divergindo da maioria, seus pareceres demonstravam singular interesse no assunto.
– Sinto-me transportada a região desconhecida – dirigia-se, impressionada, à diretora da feminil assembléia –, o mundo invisível nos arrebata à compreensão nova. Quão enorme é o serviço do bem a realizar!
E cruzando as mãos no peito, gesto que lhe era característico em instantes de profunda impressão, continuava, bondosa:
– Que fazer para cooperar no trabalho sublime?
Quanto desejava ser útil aos infelizes da esfera espiritual!...
– Sim, minha filha – explicava a presidente –, é preciso desenvolver-se, aproveitar suas faculdades no esclarecimento de nossos irmãos atrasados. Seja atenta ao dever e alcançará os mais nobres valores.
– Não poderia a senhora consultar os instrutores espirituais nesse sentido? – indagou dona Laurentina, ansiosa.
– Perfeitamente.
E, decorridos alguns dias, escrevia-lhe solícito o orientador da reunião:
– Minha irmã, Deus te abençoe o propósito de fraternidade e confiança. Continua devotada ao bem do próximo. A caridade é luminoso caminho de redenção. Não a esqueças na experiência humana e, a fim de estenderes a divina virtude, não desprezes o desenvolvimento próprio. Companheiros abnegados, no plano invisível, seguirão teus passos na edificação de ti mesma. Ora, vigia, trabalha, espera e sobretudo confia em Deus.
A Srª. Cardoso estava radiante. Figurou-se-lhe a pequenina mensagem verdadeiro bilhete de luz, habilitando-a a conviver com os gênios celestiais. Leu, releu, dobrou a folha minúscula, guardando-a na bolsa de passeio; enxugou as lágrimas que a emotividade lhe trouxera aos olhos e agradeceu a dádiva jubilosamente.
Desde esse dia, transformou-se o lar de Joaquim Oliveira Cardoso. O marido de dona Laurentina, homem de negócios ativos nos círculos industriais e financeiros, notou a mudança, assaz surpreendido. A esposa dedicada e carinhosa multiplicava os pedidos de licença para comparecer às reuniões variadas e múltiplas, destinadas a experimentação mediúnica. Avolumando-se dessarte os pedidos, Joaquim lhe fez ampla concessão a tal respeito. A companheira nunca o desgostara em qualquer circunstância. Humilde e abnegada, auxiliara-o na construção da fortuna sólida. Jamais demonstrara a vaidade ridícula dos novos ricos. Sempre se conduzira à altura da sua expectativa de homem consagrado à cultura intelectual e às boas maneiras. Desinteressada de exibições sociais, distante do convencionalismo balofo, dividia a existência com ele e os quatro filhinhos. Por que lhe impor restrições ingratas? Não compreendia aquele Espiritismo que se instalara na mente da esposa, mas não encontrava razão para proibir-lhe manifestações de fé. Além disso, Laurentina se entregava a semelhante movimento em companhia de relações respeitáveis. Esses raciocínios o tranquilizavam, mas, no entanto, os dias se incumbiram de lhe carrear ao cérebro novas preocupações.
Laurentina parecia obcecada. Não lhe interessava a mudança de cortinas, a limpeza dos quadros, a proteção dos livros prediletos. Aranhas andavam à solta, os espanadores pareciam aposentados. O chefe da casa duplicou o número de criadas, temendo situações mais difíceis.
Decorreram um, dois, três anos. Preocupava-se agora o capitalista, não só com a indiferença da esposa, no tocante ao ambiente doméstico, como também com a conduta maternal. É que, ao nascer o quinto filho, Laurentina requisitou o concurso da ama de leite. Alegando falta de tempo, o petiz foi entregue aos cuidados de uma pobre senhora que se prontificou ao serviço, mediante remuneração adequada. O marido, todavia, atendeu ao problema, fundamente amargurado. Servidores a mais ou a menos não lhe alteravam o programa econômico, mas a disposição da companheira desgostava-o. Suportou, contudo, a situação, sem queixas que a pudessem magoar.
O panorama caseiro prosseguia sem modificações, quando o sexto filhinho alegrou o casal. Decorridos dois meses em que a ama regressara ao serviço ativo, Joaquim valeu-se de momento íntimo, na hora da refeição, e falou à esposa, delicadamente: 
Tens observado a saúde do pequenino? Não te parece disposto a anemia profunda?
Dona Laurentina não pôde disfarçar o desapontamento ante a observação inesperada, e explicou:
– Ainda ontem ponderei a conveniência de levá-lo ao médico.
Cardoso fez o gesto de quem não deve adiar soluções justas e acrescentou.
– Creio, Laurentina, que o caso não se prende a consultório, mas propriamente ao lar.
Ela empalideceu e o marido prosseguiu:
– Sinto ferir-te a sensibilidade, mas hás de concordar que o leite materno, sempre que possível, não deve ser negado à criança. Reconheço, todavia, que multiplicaste talvez excessivamente as obrigações sociais.
Tão ligada aos filhinhos, noutro tempo, não hesitas agora em voltar sempre tarde, confiando-os quase absolutamente às criadas. Não firo o assunto no propósito de repreender; tuas companheiras são respeitabilíssimas; entretanto...
– É que desconheces o serviço da caridade, Joaquim – atalhou melindrada com a delicada repreensão diante dos filhos –, minha ausência de casa obedece a trabalhos importantes, com que procuro atender aos bons Espíritos.
A pequena Luísa, filhinha do casal, com a gracilidade espontânea dos seis anos, obtemperou com interesse e vivacidade :
– Papai, esses Espíritos devem ser maus, porque não deixam a mamãe voltar cedo. Sinto tanta falta dela!
O chefe da família sorriu significativamente e retrucou :
– Talvez tenhas razão, minha filha. Esses Espíritos podem ser bons para toda gente, menos para nós. 
Dona Laurentina esforçou-se para que as lágrimas não caíssem dos olhos, ali mesmo, e retirou-se desolada ao seu aposento. A pobre senhora se desfez em pranto amargo. Sentia-se vítima de angustiosa incompreensão. Não atendia a serviços de caridade? Não tentava desenvolver faculdades mediúnicas por consagrá-las ao alívio dos sofredores? Nessa noite, porém, esquivou-se à sessão costumeira. Precisava orar, meditar, ensimesmar-se. Rogou fervorosamente a Jesus lhe permitisse receber inspirações da Verdade. E, com efeito, sonhou que se aproximava de amplo e luminoso recinto, onde pontificava generosa entidade a serviço do bem. Guardava, por isso, a impressão de haver encontrado um anjo de Deus. Ajoelhou-se aflita e confiou-lhe as mágoas da alma sensível e afetuosa. Não acusava o marido nem se queixava dos filhinhos, mas pedia socorro para que lhe compreendessem o intuito. Ao fim de confidências angustiosas, o amigo afagou-lhe a fronte e explicou :
– Volta ao trabalho, Laurentina, e não te percas em lágrimas injustas. O companheiro é digno e bom, os filhinhos são flores do coração. Atende ao dever, minha amiga.
A interpelada quedara perplexa. Pedia socorro e recebia conselhos? Sentindo-se incompreendida, voltou a dizer :
– Rogo, por amor de Deus, auxiliardes meu esposo, no concernente às obrigações doutrinárias.
– Joaquim não as tem esquecido – esclareceu o orientador. – De há muitos anos se vem ele revelando mordomo fiel. Responsável por numerosas famílias de empregados que o estimam, trata os interesses de todos com justiça e honestidade. Não o deixes sem amparo afetivo, em tarefa tão grave. Porque não atenda diariamente a problemas de ordem religiosa, no que toca a letras e cerimônias, não quer dizer que permaneça desamparado de Deus. Entende-se ele com o Pai, no altar da consciência reta, quando organiza os serviços de cada dia, proporcionando trabalho e remuneração aos operários do seu círculo, segundo os méritos e necessidades de cada um. 
– Não estou eu, porém, ao serviço da caridade? pergunta Dona Laurentina, extremamente surpreendida.
– Sem dúvida, e por isso Jesus não te desampara a alma sincera. Entretanto, existem problemas que não deveriam passar despercebidos. Já observaste que, antes da caridade, permanece a primeira caridade?
Dona Laurentina esboçou o gesto de quem interroga sem palavras.
– A primeira caridade da dona de casa – continuou o mentor delicadamente – é atender ao lar; a da esposa é ajudar o companheiro; a da mãe é amamentar e nortear os filhos. Sem isso, o trabalho do bem não seria completo.
Fundamente admirada e sem ocultar o desapontamento que lhe ia nalma, a senhora Cardoso objetou:
– Mas o próprio orientador de nossas reuniões me aconselhou o desenvolvimento, sempre desejei atender a benefício dos que sofrem nas trevas e, por isso, tenho tentado o desabrochar de minhas faculdades mediúnicas...
– Quando o amigo espiritual te aconselhou desenvolvimento, procedeu sabiamente. Todos precisamos desenvolver sentimentos nobres, compreensões justas, noções santificantes. Quanto a faculdades psíquicas, é indispensável considerar que toda criatura as possui, em maior ou menor grau. Há, sim, trabalhadores com tarefas definidas, nesse particular; no entanto, não podem fugir à espontaneidade, como não escapaste à missão de mãe. E olvidaste, porventura, que ser mãe é ser médium da vida? Ignoras que o lar constitui sessão permanente, onde a doutrinação e a caridade com os filhos pedem, às vezes, sacrifício secular? Não abandones a cooperação de amor junto às amigas do mundo, prossegue servindo aos semelhantes, dentro das possibilidades justas, alivia o sofrimento dos que choram no plano invisível, mas não esqueças a reunião permanente da família, onde tens evangelizações e testemunhos, a todos os minutos do dia e da noite. Para poder cooperar nos campos imensos da esfera visível e invisível é preciso saber cultivar o canteiro da obrigação própria. Volta, minha amiga, e que Deus te abençoe.
Dona Laurentina acordou assombrada. Radiosa alegria estampara-se-lhe no semblante. Num transporte de júbilo contou ao marido a curiosa ocorrência.
Ele abraçou-a contente e exclamou :
– Agora, interessa-me de fato essa nobre doutrina. Nunca julguei que pudessem existir Espíritos tão sábios e tão bons.
pelo Espírito Humberto de Campos, Do Livro: Reportagens e Além Túmulo, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Fundamentos Espíritas

Durante muitos séculos o homem vem tentando comprovar a existência da alma.
Muitos séculos atrás se acreditava que a alma se encontrava dentro do corpo. Pesquisadores passaram a abrir cadáveres buscando, sem sucesso, encontrar a alma.
Como não a encontraram, disseram que no corpo morto não haveria alma, pois tinha ido embora.
Passaram a abrir corpos de pessoas vivas, geralmente prisioneiros de guerra e escravos.
Se não podemos ver a alma, como podemos comprovar sua existência e saber para onde ela irá após o fenômeno chamado de morte?
A doutrina foi codificada por Allan Kardec, com o lançamento de O Livro dos Espíritos, em 18 de abril de 1857, em Paris, França. Este foi o pseudônimo assumido pelo conhecido educador Hippolite Leon Denizard Rivail, que se dedicava ao estudo dos fenômenos espíritas sob a ótica científica.
Foi o próprio Kardec quem definiu o Espiritismo como sendo a ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como suas relações com o mundo material.
A codificação espírita, assentada em tríplice aspecto – científico, filosófico e religioso – está estabelecida em princípios fundamentais que constituem o seu alicerce e lhe dão autoridade.
Embora não haja um número específico dos princípios básicos da doutrina espírita (uns falam em 5 pontos, outros em 7 e outros ainda falam em10) citaremos aqueles que, em nosso entender, são os mais importantes.
Fundamentos espíritas
Existência de Deus: É o princípio e o “fim” de tudo. É o criador, causa primária de todas as coisas. Deus é a Suprema Perfeição, com todos os atributos que possamos imaginar e ainda muito mais.
Imortalidade do espírito: Antes de sermos seres humanos, filhos de nossos pais, somos, na verdade, filhos de Deus. O espírito é o princípio inteligente, criado por Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços. Como espíritos, já existíamos antes de nascer e continuaremos a existir depois da nossa morte física. A morte não existe e isto é demonstrado pelas manifestações mediúnicas, fenômenos de quase-morte, terapia de vidas passadas, lembranças de encarnações anteriores, manifestações extracorpóreas, etc.
Reencarnação: É o mecanismo natural de evolução dos espíritos. O espírito é quem decide e cria seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, que é a capacidade de escolher; assim, ele tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se...tornar-se cada vez mais consciente de sua realidade transcendental. Isto requer um aprendizado que o espírito só consegue encarnando no mundo e reencarnando quantas vezes forem necessárias. O progresso adquirido pelo espírito através das múltiplas experiências de vida, nas inúmeras existências, não é tão somente intelectual, mas também, o progresso moral, que vai aproximá-lo cada vez mais de Deus. Os espíritas não creem na metempsicose, ou seja, a volta do espírito no corpo de animal.
Comunicabilidade entre os espíritos: O Espiritismo demonstra a possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados (vivos) e os espíritos desencarnados (mortos) através da mediunidade. Os espíritos agem sobre nós, os encarnados, mas essa ação é quase restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais; essas pessoas são chamadas de médiuns. Pelo médium, o espírito desencarnado pode se comunicar, se puder e quiser. Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou faculdade do médium, que pode ser feita pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), por batidas (tiptologia), etc.
Lei da causa e efeito: A lei da causa e efeito é o mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual, nossa condição atual é resultado de nossos atos passados. A escolha nos pertence, logo, as consequências boas ou más são resultados de nossas próprias decisões. Se agora estamos sofrendo, podemos concluir que a causa do sofrimento advém das nossas atitudes, desta ou de outra encarnação. Nós construímos a nossa evolução e escolhemos o caminho a percorrer.
Pluralidade dos mundos habitados: A Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo. A matéria existe em variados graus, desde a mais até a menos densa e isso indica a possibilidade de mundos em variados graus de densidade, e que neles podem existir seres inteligentes com corpos mais ou menos sutis. A doutrina espírita ainda classifica os mundos segundo seu grau de evolução, como por exemplo, mundos primitivos, mundo de expiação e provas, mundos de regeneração, etc. A Terra ocupa o segundo grau na evolução, como mundo de expiação e provas, destinada a espíritos ainda iniciantes no uso da razão e do sentimento.
Evolução da doutrina
São estes princípios que constituem os alicerces da codificação espírita. Sobre estas bases se assentam o Espiritismo. Ele não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-los e a submeter seus ensinamentos ao crivo da razão. Cada espírita é livre para concordar ou não com estes conceitos. Kardec, inclusive, nos adverte para que, caso a Ciência comprove que alguns pontos doutrinários estejam equivocados, fiquemos com a Ciência. Com certeza não podemos alterar a codificação kardequiana, mas, o Espiritismo, acima de tudo, é uma doutrina evolucionista e não pode ficar estagnada em dogmas.
Tadeu José Laurenti
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 100

10 Mandamentos para viver bem os outros

I - Tenha controle de sua língua. Sempre diga menos do que pensa. Cultive uma voz baixa e suave; a maneira de falar, muitas vezes, impressiona mais do que aquilo que se fala. 
II - Pense antes de fazer uma promessa e depois não dê importância do quanto lhe custa. 
III – Nunca deixe passar uma oportunidade para dizer uma palavra meiga e animadora a uma pessoa, ou a respeito dela. 
IV - Tenha interesse nos outros, em suas ocupações, seu bem-estar, seus lares e famílias. Seja alegre com os que riem e lamente com os que choram. Deixe cada pessoa com quem encontrar sentir que você lhe dispensa importância e atenção. 
V - Seja alegre. Conserve para cima os cantos da boca. Esconda as suas dores, seus desapontamentos e inquietações sob um sorriso. Ria de histórias boas e aprenda a contá-las. 
VI - Conserve a mente aberta para todas as questões da discussão. Investigue, mas não argumente. É marca de ser superior... discordar e ainda conservar a amizade. 
VII - Deixe as suas virtudes falarem por si mesmas e recuse falar das faltas e fraquezas dos outros. Desencoraje murmúrios. Fale coisas boas aos outros. 
VIII - Tenha cuidado com os sentimentos dos outros. Gracejos e humor não valem a pena e freqüentemente magoam quando menos se espera. 
IX - Não faça caso das observações más a seu respeito. Só viva de modo que ninguém acredite nelas. Nervosismo e indignação são causas comuns para maledicência. 
X - Não seja tão ansioso a respeito de seus direitos. Trabalhe, tenha paciência, conserve seu temperamento calmo, esqueça de si mesmo e receberá a sua recompensa.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Moradas

Certa estranheza invade muitos leitores e pessoas desinformados a respeito da vida espiritual, quando tomam conhecimento da estrutura e constituição do mundo parafísico, bem como da sociedade onde se movimentam os sobreviventes ao túmulo.

Acostumados às notícias da teologia ortodoxa apresentada pelas religiões que estabeleceram regiões estanques para os Espíritos, quando vencida e superada essa crença armaram-se de cepticismo, às vezes inconscientemente, em tomo da organização e do modus vivendi dos que se libertaram do corpo, mas não saíram da Vida.

Um pouco de reflexão bastada para contribuir de maneira positiva em favor do entendimento da vida e sua continuidade um passo além do túmulo.

Na Terra mesma, interpenetram-se vibrações e movimentam-se incontáveis expressões de vida, sem que o homem disso se dê conta.

Ondas de freqüência variada cortam os espaços terrestres, carregadas de mensagens somente percebidas quando necessariamente transformadas em som e imagem por aparelhos especiais.

Raios de constituição diferente rompem os campos vibratórios em tomo do planeta, auxiliando, estimulando e transformando os fenômenos biológicos sem que se possa percebê-los, senão através dos seus efeitos ou quando captados por equipamentos próprios.

A Vida espiritual não é, conforme alguns pensam, semelhante à física ou cópia dela. Ocorre exatamente o contrário, sendo a terrena um símile imperfeito daquela que é causal, preexistente e sobrevivente.

Liberada da matéria densa, a alma não se transfere para regiões excelsas de imediato.
Há toda uma escala de valores a conquistar.

Os Espíritos vivem fora do corpo em conglomerados próprios, em sociedade mais harmônica ou mais atormentada, de acordo com o grau da evolução que os reúne por automatismo da afinidade vibratória, que decorre da identidade moral que os retém em campos de igual densidade de onda.

Sendo o pensamento a força criadora, é natural que este construa os recintos para habitação e instale, em nome do Pai, programas de ação que facultam os meios de crescimento para o Espírito, na direção dos mundos felizes, cuja constituição superior a nós nos escapa.

Nas faixas mais próximas da Terra, a vida se apresenta semelhante ao que se conhece no planeta, facilitando a adaptação para os recém-chegados e propiciando mais fácil intercâmbio com aqueles que estão instalados na matéria densa.

Conforme sucede no mundo objetivo, há uma escala de progresso cultura e moral cujos valores partem das manifestações mais primárias até os índices mais elevados.

Conseqüentemente,  há núcleos que refletem as condições sócio-morais, sócio-econômicas, sócio-culturais dos seus habitantes, desde choças e fiarias até habitações saudáveis, belas e confortáveis...

As moradas do Além igualmente variam em densidade vibratória correspondente àqueles que as vêm habitar, felizes e liberados, ou noutras onde se demoram a dor, as misérias morais e as condições de insalubridade, todas elas em caráter sempre transitórios.

Em todo lugar, todavia, apresenta-se a misericórdia e o socorro do Pai, ao alcance de quem deseja progredir e ser ditoso, na faixa vibratória em que estacione.

Igualmente, convém considerar que urbanistas e engenheiros, cientistas e legisladores levam para a Terra as lembranças dos planos onde residiam e a eles retomam, periodicamente, através do parcial desdobramento pelo sono, acentuando lembranças que depois materializam em projetos e edificações avançados.

A ascensão dos seres somente ocorre mediante conquistas intransferíveis através do trabalho, método seguro para a aquisição da plenitude.

Movimentando, portanto, as energias cósmicas presentes no Universo, os Espíritos plasmam os seus Círculos de realização, nos quais estagiam entre uma e outra reencarnação, galgando Esferas que se apresentam em graus de evolução quase infinita. '
"Na Casa do Pai - disse Jesus - há muitas mondas", não somente nos astros luminíferos que gravitam nos espaços siderais, mas também, em torno deles, como estações intermediárias entre uns e outros mundos que pulsam nas galáxias, glorificando a Criação.


Manoel Philomeno de Miranda (espírito)
Retirado de Temas da Vida e da Morte, psicografado por Divaldo Franco

Viveremos sempre

Se chorares a perda de entes queridos que te precedera, na Grande Mudança; se te sentes à margem do desespero, perdendo a alegria de viver; se mergulhas o próprio coração no poço da amargura; se te acreditas de alma atirada a um rio de lágrimas; se a ausência das pessoas amadas te ensombra os horizontes do futuro; se te admites sem coragem para facear as dificuldades e provações do presente; se te acreditas sem força para suportar as obrigações que te ficaram nos lances da existência; se julgas que a vida termina em cinza e poeira...

Levanta o próprio espírito para a fé em Deus, abraça os deveres que te foram entregues pelos seres amados que partiram para o Grande Além, honrando-lhes a memória e continua trabalhando e servindo na certeza de que todos nós viveremos sempre...


Emmanuel (espírito)
Uberaba, 12 de março de 1993.
Da Obra Viveremos Sempre
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 23 de julho de 2013

Amar é uma decisão

 Um homem foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe que estava passando por muitas dificuldades em seu casamento. Falou-lhe que já não amava sua mulher e que pensava em separação...

O sábio o escutou, olhou-o nos olhos e disse-lhe: Ame-a!

Mas já não sinto nada por ela! Retrucou o homem.

Ame-a! Disse-lhe novamente o sábio.

Diante do desconcerto do homem, depois de um breve silêncio, o sábio lhe disse o seguinte:

Amar é uma decisão. É dedicação e entrega. É ação...

Portanto, para amar é preciso apenas tomar uma decisão.

Quando você se decide a cultivar um jardim, você sabe que é necessário preparar o terreno, semear, regar, esperar a germinação e a floração.

Você sabe que haverá pragas, ervas daninhas, tempos de seca ou de excesso de chuva, mas se você está decidido a ter um belo jardim, jamais desistirá, por maiores sejam as dificuldades.

Assim também acontece no campo do amor. É preciso dedicação, cuidado, espera.

Assim, se quiser cultivar as flores da afeição, dedique-se. Ame seu par, aceite-o, valorize-o, respeite-o, dê afeto e ternura, admire-o e compreenda-o..

Isso é tudo...

Apenas ame!

O amor é lei da vida. Se não houvesse amor, nada faria sentido.

Busquemos, então, meditar sobre o que temos e o que não temos, sobre quem somos e sobre quem não somos, a respeito do que fazemos e do que não fazemos, guardando a convicção de que, sem a presença do amor naquilo que temos, no que fazemos e no que somos, estaremos imensamente pobres, profundamente carentes, desvitalizados.
A inteligência sem amor nos faz perversos.
A justiça sem amor nos faz insensíveis e vingativos.
A diplomacia sem amor nos faz hipócritas.
O êxito sem amor nos faz arrogantes.
A riqueza sem amor nos faz avaros.
A pobreza sem amor nos faz orgulhosos.
A beleza sem amor nos faz ridículos.
A autoridade sem amor nos faz tiranos.
O trabalho sem amor nos faz escravos.
A simplicidade sem amor nos deprecia.
A oração sem amor nos faz calculistas.
A lei sem amor nos escraviza.
A política sem amor nos faz egoístas.
A fé sem amor nos torna fanáticos.
A cruz sem amor se converte em tortura.
A vida sem amor... bem, sem amor a vida não tem sentido...

As flores que espalham aromas nos canteiros são mensageiras do amor de Deus falando nos jardins...

Os passarinhos que pipilam nos prados e cantam nos ramos são a presença do amor de Deus transparecendo nos ninhos...

As ondas gigantescas, que se arrebentam nas praias, mostram o amor de Deus engrandecendo-Se no mar, tanto quanto o filete transparente de águas cantantes, que beija a face da rocha, canta o amor de Deus, jorrando suave pela fenda singela.

A fera que ruge na selva, quanto os astros que giram na amplidão enaltecem o amor Divino, enquanto falam dessa cadeia que une os seres e as coisas da Casa de Deus.

A criança que sorri, feliz, quanto aquela que chora, no regaço materno ou num leito hospitalar, igualmente, reflete o amor distendendo esperança, conferindo oportunidades aos Espíritos, como dádivas de Deus.

O homem sábio, pelos conhecimentos que lhe robustecem o cérebro, e aquele que se enobrece no trabalho do bem, pela luz que lhe emana do íntimo, apresentam o amor de Deus, alevantando a vida.

Essas e outras facetas do amor é que fazem com que a vida tenha sentido...
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada e no cap. 22 do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no livro Momento Espírita, v. 3 e no CD Momento Espírita, v. 7, ed. Fep. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=699&stat=0.