quinta-feira, 31 de julho de 2014

Em plena Nova Era

  Há criaturas que deixaram, na Terra, como único rastro da vida robusta que usufruíam na carne, o mausoléu esquecido num canto ermo de cemitério.
 Nenhuma lembrança útil.
 Nenhuma reminiscência em bases de fraternidade.
 Nenhum ato que lhes recorde atitudes com padrões de fé.
 Nenhum exemplo edificante nos currículos da existência.
 Nenhuma ideia que vencesse a barreira da mediocridade.
 Nenhum gesto de amor que lhes granjeasse sobre o nome o orvalho da gratidão.
 A terra conservou-lhes, à força, apenas o cadáver – retalho de matéria gasta que lhes vestira o espírito e que passa a ajudar, sem querer, no adubo às ervas bravas.
Usaram os empréstimos do Pai Magnânimo exclusivamente para si mesmos, olvidando estendê-los aos companheiros de evolução e ignorando que a verdadeira alegria não vive isolada numa só alma, pois que somente viceja com reciprocidade de vibrações entre vários grupos de seres amigos.
 Espíritas, muitos de nós já vivemos assim!
 Entretanto, agora, os tempos são outros e as responsabilidades surgem maiores.
 O Espiritismo, a rasgar-nos nas mentes acanhadas e entorpecidas largos horizontes de ideal superior, nos impele para frente, rumo aos Cimos da Perfectibilidade.
 A Humanidade ativa e necessitada, a construir seu porvir de triunfos, nos conclama ao trabalho.
 O espírito é um monumento vivo de Deus – o Criador Amorável.
 Honremos a nossa origem divina, criando o bem como chuva de bênçãos ao longo de nossas próprias pegadas.
 Irmãos, sede vencedores da rotina escravizante.
 Em cada dia renasce a luz de uma nova vida e com a morte somente morrem as ilusões.
 O espírito deve ser conhecido por suas obras.
 É necessário viver e servir.
 É necessário viver, meus irmãos, e ser mais do que pó!
Pelo Espírito Eurípedes Barsanulfo - Do livro: O Espírito da Verdade, Médium: Francisco Cândido Xavier.

O Escudo

"Embraçando, sobretudo, o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno." - Paulo. (EFÉSIOS, 6:16.)
Ninguém se decide à luta sem aparelhamento necessário.
Não nos referimos aqui aos choques sanguinolentos.
Tomemos, para exemplificar, as realizações econômicas. Quem garantirá êxito à produção, sem articular elementos básicos, imprescindíveis à indústria? A agricultura requisita instrumentos do campo, a fábrica pede maquinaria adequada.
Na batalha de cada um, é também indispensável a preparação de sentimentos. Requere-se intenso trabalho de semeadura, de cuidado, esforço próprio e disciplina.
Paulo de Tarso, que conheceu tão profundamente os assédios do mal, que lhe suportou as investidas permanentes, dentro e fora dele mesmo, recomendou usemos o escudo da fé, acima de todos os elementos da defensiva.
Somente a confiança no Poder Maior, na Justiça Vitoriosa, na Sabedoria Divina consegue anular os dardos invisíveis, inflamados no veneno que intoxica os corações. Todo trabalhador sincero do Cristo movimenta-se na frente de longa e porfiada luta na Terra. Golpes da sombra e estiletes da incompreensão cercam-no em todos os lugares. E, se a bondade conforta e a esperança ameniza, é imprescindível não esquecer que só a fé representa escudo bastante forte para conservar o coração imune das trevas.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 141.

* * * Estude Kardec * * *

Evolução

Se devassássemos os labirintos
 Dos eternos princípios embrionários,
 A cadeia de impulsos e de instintos,
 Rudimentos dos seres planetários;

Tudo o que a poeira cósmica elabora
 Em sua atividade interminável,
 O anseio da vida, a onda sonora,
 Que percorrem o espaço imensurável;

Veríamos o evolver dos elementos,
 Das origens às súbitas asceses,
 Transformando-se em luz, em sentimentos,
 No assombroso prodígio das esteses;

No profundo silêncio dos inermes,
 Inferiores e rudimentares,
 Nos rochedos, nas plantas e nos vermes,
 A mesma luz dos corpos estelares!

É que, dos invisíveis microcosmos,
 Ao monólito enorme das idades,
 Tudo é clarão da evolução do cosmos,
 Imensidade nas imensidades!

Nós já fomos os germes doutras eras,
 Enjaulados no cárcere das lutas;
 Viemos do princípio das moneras,
 Buscando as perfeições absolutas.

Pelo Espírito Augusto dos Anjos

XAVIER, Francisco Cândido. Parnaso de Além-Túmulo. Espíritos Diversos. FEB.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Pensar e querer

 O homem foi capaz de desenvolver sofisticados radares para detectar presença estranha a longa distância, mas ainda não conseguiu estabelecer um sistema de vigilância em torno da própria mente.
 Todo pensamento estabelece uma sintonia. Pensando a criatura interage sobre seus semelhantes, estabelecendo ligações, conforme o campo mental que a envolve. Se a situação é gerada por pensamentos infelizes, estabelecem-se as presenças indesejáveis, oriundas do plano extrafísico, consolidando, assim, o início de processos obsessivos que poderão aprisionar a pessoa em dolorosos processos de subjugação.
 Entretanto cabe ressaltar que, entre a abordagem do pensamento infeliz e a sua aceitação em nosso campo mental, há uma distância a ser percorrida.
 No mundo, pensamentos infelizes nos ocorrem a todos. Cabe-nos, porém, a devida vigilância, para rebatê-los com o escudo do bom senso, a fim de que nossa vida interior se desenvolva em base de equilíbrio desejável.
 Pensa com amor, e a luz do teu pensamento te iluminará por dentro.
Autor: Scheilla (espírito)
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Do livro: A Mensagem do Dia

Serenidade sempre

Todo homem sábio é sereno.
 A serenidade é conquista que se consegue com  esforço pessoal e passo a passo.
 Pequenos desafios que são superados; irritação  que se faz controlada; desafios emocionais  corrigidos; vontade bem direcionada; ambição  freada, são experiências para a aquisição da  serenidade.
 Um Espírito sereno já se encontrou consigo  próprio, sabendo exatamente o que deseja da  vida.
 A serenidade harmoniza, exteriorizando-se de  forma agradável para os circunstantes. Inspira  confiança, acalma e propõe afeição.
 O homem sereno já venceu grande parte da luta.
 Que nenhuma agressão exterior te perturbe,  levando-te à irritação, ao desequilíbrio.
 Mantém-te sereno em todas as realizações.
 A tua paz é moeda arduamente conquistada, que  não deves atirar fora por motivos irrelevantes.
 Os tesouros reais, de alto valor, são aqueles de  ordem íntima, que ninguém toma, jamais se  perdem e sempre seguem com a pessoa.
 Tua serenidade, tua gema preciosa.
 Diante de quem te enganou, traindo a tua  confiança, o teu ideal, ou envolvendo-te em  malquerença, mantém-te sereno.
 O enganador é quem deve estar inquieto, e não a  sua vítima.
 Nunca te permitas demonstrar que foste atingido  pelo petardo da maldade alheia. No teu círculo  familiar ou social sempre defrontarás com  pessoas perturbadoras, confusas e agressivas.
 Não te desgastes com elas, competindo nas faixas de desequilíbrio em que se  fixam. Constituem teste à tua paciência e  serenidade. Assim exercita-te com essas situações para, mais seguro, enfrentares os grandes testemunhos e provações do processo  evolutivo, sempre, porém, com serenidade.
Joanna de Ângelis (espírito), psicografia de Divaldo Franco.
Livro: Dimensões da Verdade
O Espiritismo

domingo, 27 de julho de 2014

A Última Pergunta

          Os livros da Codificação Espírita constituem fonte permanente para estudos e reflexões. Sempre encontramos em suas páginas fecundas oportunidades de análise para qualquer tema do cotidiano da vida humana. Isto sem falar nas questões transcedentais…
        Assuntos admiráveis ou polêmicos encontram no pensamento do Codificador ou na revelação dos Espíritos, roteiros e argumentações, orientações e material para manter concentrado qualquer pesquisador que venha procurar na Doutrina Espírita respostas às suas indagações. Trata-se de vasto campo cultural alicerçado na mais alta moral que o planeta pode conhecer: a moral de Jesus. Incrível como qualquer assunto possa ser analisado sob a ótica espírita.
         Trazemos essas considerações pensando em convidar o leitor a pensar conosco sobre a última questão de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, a de número 1.018. É que o tema dessa questão está diretamente relacionada com uma preocupação coletiva.
         Vive-se no planeta um período de grandes dificuldades, agravadas por inúmeros problemas sociais, todos conhecidos graças ao poder da mídia. Problemas que têm gerado grandes aflições coletivas. Aí estão presentes no dia-a-dia do cidadão do planeta a violência, a miséria, o desemprego e pior, a indiferença, o desamor.
         Ao lado de um tanto de criaturas que lutam pelo bem, que se esforçam pelo aprimoramento individual e coletivo, boa parcela da população se perde ainda nos excessos, na incompreensão, na intolerância, fechando-se no egoísmo que tantos males tem gerado.
         E vem a última pergunta do livro referido:
  "1.018 - Jamais o reino do bem poderá ter lugar sobre a Terra ?
  - O bem reinará sobre a Terra quando, entre os Espíritos que vêm habitá-la, os bons vencerem sobre os maus. Então, farão nela reinar o amor e a justiça que são a fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá sobre a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Mas os maus não a deixarão senão quando dela forem banidos o orgulho e o egoísmo. A transformação da Humanidade foi predita e atingis esse momento, que apressam todos os homens que ajudam o progresso. Ela se cumprirá pela encarnação de Espíritos melhores, que constituirão sobre a Terra uma nova geração (...)".
         Notem que a transformação virá pela atração de Espíritos melhores, através da transformação moral dos próprios homens e da prática das leis de Deus.
         O amadurecimento humano, pelo progresso inevitável, fará isso, cedo ou tarde. Porém, nada nos impede de antecipar o notável acontecimento, através de esforços individuais e coletivos que melhorem o padrão moral do planeta.
         Felizmente, há muita gente boa trabalhando para isso, em todo o mundo. Iniciativas brilhantes nas áreas de pesquisas científicas (para as conquistas tecnológicas que beneficiem o homem em todos os sentidos), ou esforços de solidariedade que despertem o coração humano para a importância da afabilidade, estão levando o homem para o caminho da tão sonhada paz e felicidade.
         Vou citar um exemplo muito simples, pequenino mesmo, mas muito ilustrativo. Em nossa pequena cidade, há um cidadão espírita, atualmente cego, que solicita para seu funcionário escrever diariamente uma frase motivadora ou de teor cristão, em pequena lousa localizada em seu estabelecimento comercial. Trata-se um hábito muito antigo, já conhecido da cidade. Pois, com a prática já transformada em hábito, hoje em dia é comum pessoas pararem para ler a frase e outras copiarem a dita frase para reflexão posterior. Até uma professora solicita a uma de suas alunas passar por lá diariamente para copiar a frase...
         O comerciante teve uma ideia simples, mas gerou simpatia e ajuda às criaturas que por ali passam e já buscam até com certa ansiedade a frase do dia, inclusive para anotações. A iniciativa criou um clima melhor naquele ambiente, atraindo forças positivas e irradiando amor para muitos.
         O exemplo simples pode ser usado para dimensões mais abrangentes que gerem modificações positivas em ambientes perturbados ou perturbadores.
         Desejamos atingir o fato, destacando para o leitor, de que a implantação do reino do bem e por extensão natural da paz e da felicidade tão procurada, está principalmente nas iniciativas que tenhamos para criar oportunidades do bem aparecer, fazendo-o presente em nossas vidas. Se a ação generalizar-se, em breve tempo, teremos o bem implantado sobre o planeta. E isto propiciará a encarnação de Espíritos melhores…
Orson Peter Carrara

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Guerras: Como o Espiritismo explica?

Uma vez mais a humanidade se vê sob a tensão de um novo conflito mundial. Ameaças proliferam a toda hora. O fio da racionalidade se estica a cada dia e pode se  romper  a  qualquer  momento. A tensão aumenta, fazendo com que muitos,  à essa altura, cheguem a duvidar de uma solução obtida por meios diplomáticos. Um novo conflito de proporções e conseqüências imprevisíveis se desenha no cenário sombrio do Planeta, atemorizando a todos. E o Espiritismo, o que pode nos dizer a respeito? Como Doutrina filosófica, de bases científicas e conseqüências morais, o Espiritismo se relaciona com tudo o que diz respeito ao nosso processo existencial, pois objetiva contribuir para o progresso da humanidade, tornando-a melhor.
Allan Kardec tratou do tema na parte terceira do Livro dos Espíritos, que reservou para o ensinamento dos Espíritos a respeito das Leis Morais. No capítulo referente à Lei de Destruição, a guerra foi arrolada pelos Espíritos como um de seus agentes. Indagados sobre a sua causa, os orientadores espirituais afirmaram que é conseqüência da predominância da natureza animal do homem sobre a espiritual e do transbordamento de suas paixões. Esclarecem, ainda, que Deus permite que assim aconteça para propiciar ao homem a oportunidade de uma evolução mais rápida, no sentido de atingir a liberdade e o progresso.
Temos aí, portanto, pelo ensinamento da Espiritualidade, um diagnóstico das causas desse mal. Ensinam, também, os benfeitores espirituais que, no estado de barbaria, os povos somente conhecem o direito dos mais fortes, daí vivenciarem um estado de guerra permanente, que vai se modificando à medida que o homem progride. Fica-nos, então, um questionamento: da época da revelação dos Espíritos até os dias de hoje, decorridos quase cento e cinquenta anos, não  terá a humanidade progredido o suficiente para evitá-la?
A explicação vamos encontrar mais adiante, no capítulo que estuda a Lei do Progresso. Lá encontramos que o progresso possui duas vertentes: a moral e a intelectual. Vemos mais: que o progresso moral decorre do intelectual, que faz o homem compreender a diferença entre o bem e o mal. Enquanto não desenvolve o senso moral, o progresso intelectual é utilizado para a prática do mal, servindo-lhe de instrumento.
Não há como deixar de reconhecer o quanto a humanidade progrediu em termos científicos e tecnológicos, trazendo condições de vida mais seguras e confortáveis a muitos. Todavia, o progresso moral, como disseram os Espíritos, é sempre mais demorado e não consegue acompanhar o avanço da inteligência. Se compararmos com a situação vivenciada há alguns milênios, é claro que a humanidade progrediu também moralmente. Naquelas priscas eras, uma verdadeira selva reinava na face do planeta. O estado de barbaria então vigente é testemunhado em várias obras psicografadas pelos que o viveram, dentre quais podemos destacar as que compõem a chamada “série histórica” de Emmanuel. Naquela época, o direito à vida não era minimamente respeitado e matava-se por tudo e por qualquer coisa.
Hoje, a sociedade se humanizou um pouco mais, embora em diferentes graus, que variam conforme a evolução já alcançada pelos diversos povos que a compõem. Mas ainda nos encontramos moralmente atrasados em comparação com a evolução intelectual alcançada. Assim, a predominância do mal, que caracteriza um mundo de provas e de expiações, impele os mais desenvolvidos intelectualmente e, em conseqüência mais fortes, a buscarem, cada vez mais, ampliar seus poderes em detrimento dos mais fracos.
As conseqüências de uma guerra somente são avaliadas em termos materiais. Estima-se o seu custo econômico e quantas vidas físicas serão ceifadas. Mas as  conseqüências espirituais sequer são mencionadas, permanecendo ignoradas pela imensa maioria. O Espiritismo esclarece o quanto os danos materiais, que são passageiros, são ínfimos, se comparados ao custo espiritual que o indesejado acontecimento acarreta. Os seus responsáveis terão de suportar, no mundo espiritual e em encarnações futuras, os efeitos da lei de ação e reação que rege o Universo. Na questão 745 do Livro dos Espíritos, respondendo a Kardec sobre a responsabilidade daquele que suscita a guerra para proveito seu, os Espíritos ensinam que “grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição“.
No livro “Nosso Lar“, André Luiz relata a repercussão, na Colônia do mesmo nome, dos momentos que antecederam a eclosão da segunda guerra mundial. Toda a Colônia se mobilizou em preparativos para receber os espíritos que deixariam a carne em conseqüência do conflito, que, certamente, seriam em grande número, como de fato aconteceu.
África e dor do plano espiritual nos vem também a notícia de que muitos dos protagonistas daquele episódio, responsáveis por tantos sofrimentos, expiam suas faltas em regiões da África de absoluta miséria, onde têm de suportar uma existência penosa, sem nenhum tipo de facilidade, como forma de se reequilibrarem perante a Lei.
Portanto, segundo o Espiritismo, a guerra, longe de ser uma situação irreversível, é resultado de um estado passageiro da humanidade. À medida que o homem progride moralmente, ainda que de maneira lenta, pois a Natureza não dá saltos, as guerras tendem a se tornar menos freqüentes, porque ele passa a evitar as suas causas. Dia virá, certamente, em que ela estará totalmente banida do nosso meio, pois a humanidade se elevará e aprenderá a conviver com seus semelhantes, respeitando a Lei de Igualdade.
O ensinamento do Cristo, revivido e esclarecido pelo Espiritismo, é a bússula que nos levará a esse porto seguro. Quando todos conhecerem a imortalidade do espírito, a realidade da vida futura, o processo da reencarnação e a justiça da lei de causa e efeito, o homem não mais provocará a guerra. Se os governantes já estivessem de posse do conhecimento dessas verdades, por certo agiriam de maneira diferente, pois temeriam as conseqüências de seus atos. Enquanto isso não acontece, continuemos fazendo a nossa parte, orando e trabalhando pela paz, rogando todos os dias à Espiritualidade Superior para que ilumine e apascente os homens, fazendo-os moderar suas ambições.
Escrito por Por Sérgio dos Santos Rodrigues/Equipe CVDEE
http://cecal.centronocaminhodaluz.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=252:guerras-como-o-espiritismo-explica&catid=60:artigos&Itemid=81 

Nossos Sonhos

O que fazemos quando dormimos? Pergunta muito comum, e para a qual muitos de nós não temos resposta.
Há tantas teorias a respeito do sono e dos sonhos que até confundem as criaturas.
Perguntado aos Benfeitores Espirituais, em O Livro dos Espíritos, sobre o assunto, estes responderam que o "Sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono."
O sono liberta, parcialmente, a alma do corpo permitindo-lhe entrar em relação com o Mundo dos Espíritos.
Através dos sonhos, poderemos visitar entes queridos já desencarnados, ir a países distantes, entrar em contato com pessoas vivas.
A alma, independente durante o sono, procura sempre seus interesses. Busca as orgias junto aos espíritos inferiores ou vai em busca de luz e esclarecimento em companhia de espíritos elevados.
Mesmo quando dorme, a alma mantém seu livre-arbítrio, sua livre vontade.
Mas, por que nem sempre nos lembramos dos sonhos? Será porque não sonhamos?
Sendo o corpo físico constituído de matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.
Em outras palavras, as vibrações do Espírito parcialmente liberto pelo sono são distintas das vibrações do Espírito revestido do corpo físico.
Isso explica porque, muitas vezes, o sonho é lúcido, repleto de cores, sons, imagens, e quando acordamos perdemos totalmente a lembrança. Ficamos apenas com as sensações no fundo da alma.
O cérebro, que é o instrumento pelo qual a mente se expressa em nível físico, é ainda muito grosseiro para registrar as impressões sutis que a mente liberta é capaz de registrar. É como se o cérebro não conseguisse decodificar as informações que lhe chegam durante o desprendimento pelo sono.
Por esse motivo é que alguns sonhos nos parecem truncados, sem nexo, ou com grandes lacunas.
É por isso também, que misturamos coisas e fatos do dia-a-dia com outras que não dizem respeito ao nosso mundo físico.
Pessoas há, que sonham com determinada situação e essa situação se concretiza no decorrer dos dias. São os chamados sonhos premonitórios. O Espírito antevê, durante o sonho, o que irá ocorrer no dia seguinte, nos próximos dias, ou em futuro distante.
Como disse um Santo, nós morremos todas as noites através do sono.
Quando, pelo processo de desencarnação, se romperem em definitivo os laços que unem o corpo à alma, esta estará liberta.
* * *
É no sonho que muitos gênios vão buscar inspiração para suas invenções. Isso explica porque é que uma idéia, não raro, surge em diversos pontos do Planeta.
Também durante o sono, homens perversos entram em contato com Espíritos que ainda se comprazem no mal, e buscam idéias para seus crimes.
Dessa forma, antes de nos entregarmos ao sono, é conveniente que façamos uma prece, rogando a Deus Sua proteção para que possamos ter sonhos instrutivos e saudáveis.

Texto da Redação do Momento Espírita com base na perg. 400 e seguintes do cap. VIII, da 2ª. parte de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

A imensa alegria de servir

Toda natureza é um desejo de serviço.
Serve a nuvem, serve o vento, serve o sulco.
Onde houver uma árvore para plantar, planta-a tu.
Onde houver um erro para corrigir, corrige-o tu.
Onde houver uma tarefa que todos recusem, aceita-a tu.

Sê quem tira:
a pedra do caminho,
o ódio dos corações
e as dificuldades dos problemas.

Há a alegria de ser sincero e de ser justo.
Há, porém, mais do que isso,
a imensa alegria de servir.

Como seria triste o mundo
se tudo já estivesse feito,
se não houvesse uma roseira para plantar,
uma iniciativa para lutar!
Não te seduzam as obras fáceis.
É belo fazer tudo que os outros se recusam a executar.
Não cometas, porém, o erro
de pensar que só tem merecimento executar as grandes obras.
Há pequenos préstimos que são bons serviços:
enfeitar uma mesa.
Arrumar uns livros.
Pentear uma criança.

Aquele é quem critica,
este é quem destrói;
sê tu quem serve.

Servir não é próprio dos seres inferiores:
Deus, que nos dá fruto e luz, serve.
Poderia chamar-se: O Servidor.
E tem os Seus olhos fixos nas nossas mãos
e pergunta-nos todos os dias:
Serviste hoje?
*   *   *
Gabriela Mistral, poetisa chilena, em seu belíssimo poema nos emociona com uma proposta de vida maravilhosa.
O Poeta dos poetas, certa vez também afirmou que quem desejasse ser o primeiro, fosse o servo de todos.
Servir é a receita infalível da felicidade presente e futura.
Presente, pois quem serve, quem se doa, quem ajuda, já recebe no coração a paz que tal ato propicia. Uma paz sem igual: a paz da consciência tranquila.
Futura, pois quem serve semeia concórdia, fraternidade – merecendo colher o mesmo nos passos seguintes da existência imortal do Espírito.
Todo dia nos apresenta diversas oportunidades de servir. Que possamos estar atentos a elas, e não desperdiçar nenhuma chance, nenhuma dessas experiências enriquecedoras.
Parafraseando a poetisa, perguntamos: Você já serviu hoje?

Redação do Momento Espírita com base no poema A imensa alegria de servir, de Gabriela Mistral.

Ação - Bondade

A cobrança da gratidão diminui o valor da dádiva.
O bem não tem preço, pois que, à semelhança do amor, igualmente não tem limite.
Quando se faz algo meritório em favor do próximo aguardando recompensa, eis que se apaga a qualidade da ação, em favor do interesse pessoal grandemente pernicioso.
O Sol aquece e mantém o planeta sem qualquer exigência.
A chuva abençoa o solo e o preserva rico, em nome do Criador, sustentando os seres e se repete em períodos ritmados, não pedindo nada.
O ar, que é a razão da vida, existe em tão harmonioso equilíbrio e discrição, que raramente as criaturas se dão conta da sua imprescindibilidade.
*
Faze o bem com alegria e, no ato de realizá-lo, fruirás a sua recompensa.
Ajuda a todos com naturalidade, como dever que te impões, a favor de ti mesmo, e te aureolarás de paz.
Se estabeleces qualquer condição para ajudar, desmereces a tua ação, empalidecendo-lhe o valor.
Une-te ao exército anônimo dos heróis e apóstolos da bondade. Ninguém te saberá o nome, no entanto, o pensamento dos beneficiados sintonizará com a tua generosidade estabelecendo elos de ligação e segurança para a harmonia no mundo.
Os que se destacam na ação comunitária e são aplaudidos, homenageados, sabem que, sem as mãos desconhecidas que os ajudam, coisa alguma poderiam produzir.
Assim, os benfeitores verdadeiros são os da retaguarda e não os que brilham nos veículos da Comunicação.
Aproveita o teu dia e vai semeando auxílios, esparzindo bondade de que esteja rica a tua vida, e provarás o licor da alegria na taça da felicidade de servir.
Divaldo P. Franco. Da obra: Episódios Diários. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 9. LEAL.

* * * Estude Kardec * * *

Aprender e Recomeçar

Dizes que não tens condições para as obras da fé porque erraste.  
Erraste e sofreste.
Sofreste e temes a crítica.  
É possível que ainda lutes contigo mesmo.
Entretanto, não recuses o convite do bem que te chama a servir.
Esquece-te e caminha.
O trabalho em auxílio aos outros te fará profunda e bela renovação.
A benção do Senhor te sustentará.
Se não crês no Amparo do Alto, observa a lição do sol.
O astro do dia, vestido em luz pura e imensa está sempre reiniciando o próprio trabalho, em cada hemisfério da Terra.
Pensa nisso e aprende a recomeçar.
Espírito Emmanuel, Do Livro: Tempo e Nós, Médium: Francisco Cândido Xavier.

domingo, 20 de julho de 2014

Sabedoria do Amor

Considerando-se as glórias incomparáveis da Ciência e da Tecnologia contemporâneas que devassaram o Cosmo e penetraram nas micropartículas, revelando a grandeza universal e o milagre da energia, seria de se esperar que os desafios existenciais se encontrariam solucionados.
Certamente incontáveis problemas foram equacionados, enigmas terríveis se tornaram decifrados, o conforto e as comodidades multiplicaram-se favorecendo benefícios que, na evolução, tornaram a Terra quase um paraíso...
Nada obstante, se alteraram a face do sofrimento humano, proporcionando modificações profundas no mapeamento das aflições, não conseguiram eliminá-los como seria de desejar-se.
Pandemias terríveis foram eliminadas do planeta, enquanto outras, não menos dilaceradoras, vieram tomar-lhes o lugar.
A abundância de víveres em grãos e os processos tecnológicos de produção em massa de animais e aves tornou-se surpreendente, mas não foi possível diminuir a fome no mundo, que continua irreversível, ceifando centenas de milhões de vidas.
Substituíram os mecanismos das guerras perversas de corpo-a-corpo pela crueldade das criaturas bomba, portadoras de insanidade de ódio inigualável.
As angústias emocionais, defluentes dos fatores diversos, especialmente dos eventos de vida, são mais temíveis do que o pavor da ignorância medieval.
O crime continua assolando em formas variadas e o medo domina a sociedade, que já não sabe como proceder.
Horrores dificilmente catalogados dominam as multidões.
Excessos de poder, de fortuna, de êxtases mundanos são olhados pela miséria extrema dos excluídos.
As mansões de luxo iluminadas confraternizam com as cracolândias e os depósitos de lixo ameaçadores.
Para onde ruma a humanidade?
Pergunta-se por qual razão há tantos paradoxos, assim como por que existem tantos humanos contrastes?
Jesus ofereceu as respostas conforme inseridas no Sermão da Montanha, no cântico mais profundo e espetacular que a humanidade teve ocasião de escutar. O Seu brado sobre o amor radical ainda não foi ouvido e, perdendo-se nos desvãos do prazer, a criatura humana é responsável pela grandeza das conquistas anotadas, assim como pelos prejuízos éticos e morais.
Tem semeado trigo e cardos simultaneamente, no entanto, o escalracho predomina, com a natural colheita de dores.
Quase ninguém que não esteja experimentando o convite da aflição e sem rumo, assim fugindo de maneira vergonhosa do enfrentamento com a consciência. Renova-se a mensagem do Mestre na Doutrina que os Espíritos trouxeram, a fim de repetir-lhe os enunciados, apresentando as soluções para os aziagos dias do presente.
Reflexiona: a fortuna de hoje nas tuas mãos, se não souberes bem administrá-la, será carência e compromisso negativos no futuro.
A comodidade de agora pode ser véspera da escassez de logo mais.
Semeia luz no caminho bem traçado e confortável ou naquele coberto de abrolhos por onde sigas.
Não te canses de servir, de ser útil, de fazer a parte que te cabe na economia coletiva e espiritual da existência.
Dá-te conta que os desastres de todo tipo, que ora tomam conta das manchetes da mídia escandalosa, são efeitos da conduta de cada indivíduo no seu passado atual.
Sem dúvida, muitos males que ora são enfrentados defluem das ações infelizes desta existência, da negligência, dos desacertos, das animosidades, da insensatez.
Outros, porém, transcendem a presente jornada e ressurgem como heranças nefárias de existências anteriores.
Não desanimes, porém, insistindo na ação edificante, fruto de pensamentos retos e dignificadores.
A sociedade será melhor e mais feliz na razão direta em que cada um dos seus membros assuma a responsabilidade de alterar o comportamento, elegendo diferente proceder.
Não será necessária uma severa mudança para uma conduta mística, alienada, mas para atitudes consentâneas com as lições sublimes das bem-aventuranças.
É sublime que te permitas instalar nos sentimentos as diretrizes da afetividade do bem fazer.
Não estás isento de experienciares sofrimentos inesperados e bem-estares agora, da mesma forma que a segurança econômica e social podem, sem aviso prévio, alterar-se para pior.
De igual maneira, a carência, a solidão, a dor selvagem, podem modificar-se, como ocorre amiúde.
Precata-te interiormente, agradecendo a Deus tudo que te ocorre e acende a sublime luz da alegria de amar no país do teu coração.
Frui as bênçãos do conhecimento, espalhando-as com os esfaimados de misericórdia, de oportunidade e de paz.
A jornada terrestre é caracterizada pelos acontecimentos inesperados.
Quem poderia imaginar que a multidão que recepcionou Jesus na entrada de Jerusalém seria a mesma que, em poucos dias, o apuparia e o levaria à cruz?
Resguarda-te na confiança em Deus e avança, crucificado ou liberto, vivenciando a sabedoria do amor para seres sempre livre.
Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na noite de 12 de dezembro de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.  http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=357

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Palavras de amigo

... Na fase terminal da nossa reunião, na noite de 16 de setembro de 1954, os recursos psicofônicos do médium foram ocupados pelo nosso amigo Queiroz, que foi abnegado médico em Belo Horizonte e cuja personalidade não podemos identificar, de todo, por motivos justos.
Conhecemo-lo pessoalmente.
Homem probo e digno, fizera da Medicina verdadeiro sacerdócio. Dedicava-se aos clientes e partilhava-lhes as dificuldades e sofrimentos, qual se lhe fossem irmãos na ordem familiar.
Apenas 28 dias depois de desencarnado, com o amparo de Amigos Espirituais viera pela primeira vez ao nosso Grupo. Parecia despertar de longo sono e sentia-se ainda no corpo de carne.
Reconhecia-se consciencialmente, mas julgava-se ainda em estado comatoso e, por isso, orava com encantadora fé e em voz alta pelos enfermos que lhe recebiam cuidados, confiando-os a Deus.
Passando a conversar conosco e assistido magneticamente pelos Benfeitores Espirituais de nosso templo, despertou para a verdade em comovente transporte de alegria.
 Lembramo-nos, perfeitamente, de ouvi-lo dizer, tão logo se observou redivivo:
“Então, a morte é Isto? uma porta que se fecha ao passado e outra que se abre ao futuro?”
Passou, de imediato, a ver junto de si antigos clientes desencarnados que lhe vinham demonstrar gratidão e, com inesquecíveis expressões de amor a Jesus, despediu-se, contente, deixando-nos agradecidos e emocionados.
Voltando ao nosso círculo de ação, felicitou-nos com a presente mensagem que bem lhe caracteriza o elevado grau de entendimento evangélico.
Sou daqueles que precisaram morrer para enxergar com mais segurança.
A experiência terrestre é comparável a espessa cortina de sombra, restringindo-nos a visão.
E, em mim, o dever do médico eclipsava a liberdade do homem, limitando observações e digressões.
Contudo, vivi no meu círculo de trabalho com bastante discernimento para identificar os profundos antagonismos de nossa época.
Insulado nas reflexões dos derradeiros dias no corpo, anotava as vicissitudes e conflitos do espírito humano, entre avançadas conquistas científico-sociais e os impositivos da própria recuperação.
Empavesado na hiperestrutura da inteligência, nosso século sofre aflitiva sede de valores morais para não descer a extremos desequilíbrios, e a existência do homem de hoje assemelha-se a luxuoso transatlântico, navegando sem bússola.
Por toda parte, a fome de lucros ilusórios, a indústria do prazer, a desgovernada ambição, o apetite insaciável de emoções inferiores e a fuga da responsabilidade exibem tristes espetáculos de perturbação, obrigando-nos a reconhecer a necessitade de fé renovadora para o cérebro das elites e para o coração das massas sem rumo.
Daqui, portanto, é fácil para nós confirmar agora que o mundo moderno está doente. E o clínico menos atilado perceberá sem esforço que o diagnóstico deve ser interpretado como sendo carência de Deus no pensamento da Humanidade, estabelecendo crises de caráter e confiança.
Apagando o personalismo que eu trouxe da Terra, descobri, estudando em vossa companhia, que somente o Cristo é o médico adequado à cura do grande enfermo e que só o Espiritismo, revivendo-lhe as lições divinas, é-lhe a medicação providencial.
Segundo vedes, sou apenas modesto aprendiz da grande transformação. Entretanto, quanto mais se me consolidam as energias, mais vivo é o meu deslumbramento, diante da verdade.
A luz que o Senhor vos deu e que destes a mim alterou-me visceralmente a feição pessoal.
Sou, presentemente, um médico tentando curar a si mesmo.
Minhas aquisições culturais estão reduzidas a chama bruxuleante que me compete reavivar.
Meus préstimos, por agora, são nulos.
Mas, revive-se-me a esperança e, abraçando-vos, reconhecido, entrego-me ao trabalho do recomeço...
Glória ao Senhor que nos ilumina o caminho espiritual!
É assim, reanimado e fortalecido, que aceito, agora, o serviço e a solidariedade sob novo prisma, rogando a Jesus nos abençoe e caminhando convosco na antevisão do glorioso futuro.
Espírito Queiroz - Do livro: Instruções Psicofônicas, Médium: Francisco Cândido Xavier.

O sábio juiz

 - Salomão, o sábio rei dos israelitas, desde a célebre decisão, entre as duas mães que disputavam o mesmo filho, no princípio de seu reinado, tornara-se famoso juiz, além de soberano generoso e magnificente. Reverenciavam-no todas as tribos judaicas, abençoando-lhe o nome e respeitando-lhe o poder. Em razão disso, além de suas pesadas atribuições administrativas, era obrigado a atender a mil e uma questões dos súditos, que se aproveitavam de sua sabedoria, nos casos da vida particular.
Assim começou a história o simpático ancião do plano superior, que nos visitava, a propósito de certas preocupações que nos prendiam à Terra. Finda a longa pausa, durante a qual conservou sobre os nossos o seu olhar muito lúcido, o velhinho prosseguiu:
- Foi assim que apareceu no reino uma questão estranha. A família de Natan, filho de Belazel, morto desde muito tempo, recebeu alguns papiros, onde se liam mensagens amigas, assinadas por ele, por intermédio de uma pitonisa de Jope, especializada em relações com os espíritos dos mortos. Natan, que não mais pertencia ao mundo dos homens de carne, tinha o cuidado de não interferir em qualquer assunto propriamente humano, para não invadir a esfera de ação dos velhos amigos que deviam caminhar por si, aprendendo com a própria experiência. Comentava as realidades espirituais, referindo-se, de maneira velada, às situações e coisas do novo país a que fora chamado a viver. Entretanto, antigos companheiros seus manifestaram-se absolutamente hostis. Impossível que Natan, patriarca respeitável e amante da lei, voltasse do outro mundo escrevendo aos afeiçoados. Iniciaram-se discussões em tom discreto. Negociantes de cabras e carneiros transportaram o assunto de Jerusalém para a Arábia e da Arábia para a Fenícia.
Em vista das grandes dúvidas surgidas, encaminhou-se o problema ao esclarecido critério de Salomão. Os descendentes de Natan exigiam o pronunciamento da Justiça, em sentença insofismável.
O rei examinou o caso e esclareceu que precisava tempo para decidir. Sentia-se espantado. Resolvera já muitos processos de herança e partilha, onde os mortos compareciam como ausentes em definitivo e sem representantes legais, mas nunca lhe surgira um problema em cuja solução devesse considerar direitos e obrigações daqueles que haviam atravessado o horizonte sombrio da morte. Por isso, estudou e meditou dias e noites, ponderando sobre a reclamação havida. Poderia, de fato, emitir um laudo declaratório? Como decidir uma pendência em que havia partes interessadas no outro mundo? Seria razoável considerar apenas o direito dos súditos vivos? E os súditos que haviam partido para a morte, confiantes na Justiça do reino? O morto, certamente, havia dado o conteúdo dos papiros à pitonisa de Jope, sem qualquer constrangimento, e por sua espontânea vontade. Seria crime obsequiar alguém? Como impedir no mundo o sagrado direito de dar? Extinguir o intercâmbio da amizade entre as almas seria o mesmo que interromper o curso das bênçãos divinas. Jeová, o Magnânimo Senhor, não dava ao seu povo misericórdia e saúde, fortaleza e esperança todos os dias?
Muitos áulicos do palácio exigiram-lhe perseguições à pitonisa, porque essa cometera a falta de receber as dádivas de um amigo morto. Outros vieram rogar para que o rei poderoso e sábio, ao invés de uma declaração, emitisse sentença condenatória. As supostas mensagens, segundo a lei do Povo Escolhido, não passariam de miserável embuste.
Salomão, porém, sabia que, apesar da severa proibição do Deuteronômio, que vedava o comércio com os mortos, Saul, antecessor de Davi, seu pai, fora consultar uma pitonisa em Endor, antes da batalha de Gelboé, junto da qual recebera preciosas verdades do Espírito de Samuel. Em são juízo, portanto, a ninguém podia condenar.
Corria o tempo sobre o assunto, quando o povo, sabendo que a Justiça abriria tribunais para ouvir os mortos em suas decisões, começou a pedir audiências ao rei, suplicando-lhe a interferência em seus casos privados. A viúva de Caleb, filho de Jefté, rogava que o esposo falecido viesse renovar o testamento, expulsando os sobrinhos da velha propriedade. Eliezer, filho de Josué, o coxo, queria que o Espírito de seu pai repartisse de novo os camelos, de que o seu irmão Natanael se havia apropriado indebitamente. Jeroboão, velho patriarca da tribo de Issacar, pediu que o grande juiz ouvisse sua mulher já falecida, relativamente aos legados que pretendia deixar para os seus oito filhos. Efraim, filho de Matatias, o mercador de jumentos, desejava que a alma de seu avô regressasse do Além para esclarecer a situação do seu genitor deserdado pela cupidez dos parentes. E até Zarifa, mulher de Jeremias, filho de Heber, veio suplicar uma informação do outro mundo, sobre quem seria o pai de Ruth, a pequenina enjeitada à sua porta.
Salomão, por mais de trinta dias, concedeu audiências incessantes e recebeu as mais estranhas rogativas, acabando por compreender que a Justiça Humana era organizada para pessoas humanas e que, de modo algum, deveria invadir os extensos e misteriosos domínios da Morte, sob pena de complicar todos os assuntos da vida, incentivando angústias e tormentos da Humanidade.
Em razão disso, com grande surpresa para os súditos irrequietos, devolveu os papiros aos descendentes de Natan, esclarecendo que a Justiça era um templo sagrado e não podia constituir-se em órgão de consultas sem interesse fundamental para a vida dos homens.
Calara-se o ancião, mas nós outros, que lhe escutáramos a história, atentos à sua palavra cheia de luz, indagamos, involuntariamente:
- Afinal, que disse o rei aos sábios de seu reino? No fundo, qual era, de fato, a sua opinião?
O velhinho sorriu com inteligência e acentuou:
- Salomão esclareceu aos áulicos e aduladores de seu palácio que respeitava Jeová e fazia o culto da reta consciência; que a sua sabedoria não dava para descortinar o mistério do país dos mortos; que se algum Espírito voltasse do túmulo a comunicar-se com as pessoas terrestres, ninguém deveria preocupar-se com o seu nome e sim com a substância de suas palavras, e que se o comunicante ensinava o bem devia ser considerado emissário dos Céus e ouvido com atenção, e se transmitia o mal deveria ser interpretado como mensageiro do Inferno e esquecido para sempre.
Espírito Irmão X, Do Livro: Lázaro Redivivo, Médium: Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Causas atuais das aflições

De duas espécies são as vicissitudes da vida, ou, se o preferirem, promanam de duas fontes bem diferentes, que importa distinguir. Umas têm sua causa na vida presente; outras, fora desta vida.
Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.
Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantos se arruinam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!
Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!
Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!
Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles.
Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.
A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.
Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.
A lei humana atinge certas faltas e as pune. Pode, então, o condenado reconhecer que sofre a conseqüência do que fez. Mas a lei não atinge, nem pode atingir todas as faltas; incide especialmente sobre as que trazem prejuízo â sociedade e não sobre as que só prejudicam os que as cometem, Deus, porém, quer que todas as suas criaturas progridam e, portanto, não deixa impune qualquer desvio do caminho reto, Não há falta alguma, por mais leve que seja, nenhuma infração da sua lei, que não acarrete forçosas e inevitáveis conseqüências, mais ou menos deploráveis. Daí se segue que, nas pequenas coisas, como nas grandes, o homem é sempre punido por aquilo em que pecou. os sofrimentos que decorrem do pecado são-lhe uma advertência de que procedeu mal. Dão-lhe experiência, fazem-lhe sentir a diferença existente entre o bem e o mal e a necessidade de se melhorar para, de futuro, evitar o que lhe originou uma fonte de amarguras; sem o que, motivo não haveria para que se emendasse. Confiante na impunidade, retardaria seu avanço e, conseqüentemente, a sua felicidade futura.
Entretanto, a experiência, algumas vezes, chega um pouco tarde: quando a vida já foi desperdiçada e turbada; quando as forças já estão gastas e sem remédio o mal, Põe-se então o homem a dizer: "Se no começo dos meus dias eu soubera o que sei hoje, quantos passos em falso teria evitado! Se houvesse de recomeçar, conduzir-me-ia de outra maneira. No entanto, já não há mais tempo!" Como o obreiro preguiçoso, que diz: "Perdi o meu dia", também ele diz: "Perdi a minha vida". Contudo, assim como para o obreiro o Sol se levanta no dia seguinte, permitindo-lhe neste reparar o tempo perdido, também para o homem, após a noite do túmulo, brilhará o Sol de uma nova vida, em que lhe será possível aproveitar a experiência do passado e suas boas resoluções para o futuro.

O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. V – Causas Atuais das Aflições

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A neutralidade dos meios

Há alguns séculos, a Humanidade temia o progresso por pensar que com o avanço poderiam surgir situações incontroláveis.
Pensava-se, por exemplo, que os homens seriam subjugados pelas próprias invenções, e por esse motivo a ficção fez sucesso nas telas do cinema.
Robôs fora de controle, criaturas monstruosas criadas pelos homens e que contra eles se voltavam, entre outras ficções não menos assustadoras, fizeram com que muitas pessoas abominassem o avanço tecnológico.
Como o progresso é lei natural e todos estamos a ela submetidos, não podemos impedir sua marcha, sob pena de sermos triturados por suas rodas gigantescas que não podemos deter.
Hoje, como o progresso está presente em quase todas as áreas do conhecimento humano, podemos perceber claramente que as invenções e avanços tecnológicos não são problemas em si mesmo, por serem neutros.
O problema é ético, porque os seres que fazem uso da tecnologia não estão moralmente aptos a utilizá-los com bom senso e discernimento.
As pesquisas que permitiram a confecção da bomba atômica, certamente não visavam a destruição de vidas humanas. As pessoas que a utilizaram para tal fim é que o fizeram de forma equivocada.
Os vários meios de comunicação conquistados com o progresso são neutros, tanto servem para salvar vidas como para aniquilá-las, dependendo da moralidade de quem os utilize.
As possibilidades que a Internet propicia, nos dias atuais, são neutras. Todavia, o uso que se lhe dá é que causa danos.
Enquanto pessoas de bom senso a utilizam para encurtar as distâncias na troca de informações úteis visando o bem geral, outros fazem uso desse meio para difundir as misérias que guardam na própria alma.
Enquanto uns disponibilizam conhecimentos edificantes e mensagens de conforto e esperança, outros ensinam a fazer bombas, terrorismo, corrupção e outros tantos lixos morais nos quais se comprazem.
As possibilidades pessoais também são utilizadas de acordo com a moralidade de cada indivíduo. Enquanto homens nobres fazem uso da sua inteligência para edificar a vida, outros a utilizam para matar, corromper, aniquilar.
Como podemos perceber, não são os meios que causam prejuízos à sociedade, mas a maneira por que são empregados pelos homens.
Quando a Humanidade aliar a moral aos conhecimentos, esses efeitos negativos sumirão juntamente com as causas que os produziram.
Deus, que a tudo coordena com Suas leis perfeitas e imutáveis, fará com que nos ajustemos ao progresso, percebendo, ainda que devagar, que toda árvore que Ele não plantou será arrancada.
O progresso é árvore boa e frutificará. A maldade que se utiliza do progresso para disseminar-se, será arrancada, pois não foi plantada por Deus.
É assim que se dará. Mesmo que leve tempo tudo será conforme o planejamento maior da Divindade.
* * *
Tudo o que fazemos e pensamos está sendo contabilizado nas Leis Divinas.
Responderemos por todas as ações que praticamos, mais cedo ou mais tarde.
Assim entendemos porque existe a idiotia, por exemplo. O mau uso da inteligência, lesa regiões nobres do cérebro psicossomático, que em outra existência formará o corpo físico com essas sequelas.

Redação do Momento Espírita