domingo, 28 de junho de 2015

A Pregação fundamental

Um aprendiz de Nosso Senhor Jesus-Cristo entusiasmou-se com os ensinamentos do Evangelho e decidiu propagá-los, enquanto vivesse. Leu, atencioso, as lições do Mestre e começou a comentá-las por toda parte, gastando dias e noites nesse mister.
Chegou, porém, o momento em que precisou pagar as próprias despesas e foi compelido a trabalhar.
Empregou-se sob as ordens de um orientador que lhe não agradou. Esse diretor de serviço achava-se muito distante da fé e, por isto, contrariava-lhe as tendências religiosas. Controlava-lhe as horas com rigor e observava-o com apontamentos acrimoniosos e rudes.
O pregador do Crucificado não mais se movimentava com a liberdade de outro tempo. Era obrigado a consagrar largos dias a trabalhos difíceis que lhe consumiam todas as forças. Prosseguia, ensinando a boa doutrina, quanto lhe era possível; porém, não mais podia agir e falar, como queria ou quando pretendia. Tinha os minutos contados, as oportunidades divididas, as semanas tabeladas e, porque se julgasse vítima das ordenações de sua chefia, procurou o diretor do serviço e despediu-se.
O proprietário que o empregara indagou do motivo que o levava a semelhante resolução.
Um tanto irônico, o rapaz explicou-se:
— Quero ser livre para melhor servir a Jesus. Não posso, pois, aceitar o cativeiro de sua casa.
Nesse dia de folga absoluta, sentiu-se tão independente e tão satisfeito que discorreu, animadamente, sobre a doutrina cristã, até depois de meia-noite, em várias casas religiosas.
Repousando, feliz, alta madrugada sonhou que o Mestre vinha encontrá-lo.
Reparou-lhe a beleza celeste e ajoelhou-se para beijar-lhe a túnica resplandecente.
Jesus, porém, estampava na fisionomia dolorosa e indisfarçável tristeza.
O discípulo inquietou-se e interrogou:
- Senhor, porque te sentes amargurado?
O Cristo, respondeu, melancolicamente:
— Porque desprezaste, meu filho, a pregação que te confiei?
— Como assim, Senhor? — replicou o jovem — ainda hoje abandonei um homem tirânico para melhor ensinar a tua palavra. Tenho discursado em vários templos e comentado a Boa-Nova por onde passo.
— Sim — exclamou o Mestre —, esta é a pregação que me ofereces e que desejo continues fervorosamente; todavia, confiei ao teu espírito a pregação fundamental da verdade a um homem que administra os meus interesses na Terra e não soubeste executá-la. Classificaste-o de ignorante e cruel; entretanto, olvidas que ele ignora o que sabes. E pretendes, acaso, desconhecer que o orientador humano que te dei somente poderia abordar-me os ensinos, nesta hora, através de teu exemplo? Tua humildade construtiva, no espírito de serviço, modificar-lhe-ia o coração... Se lhe desses cinco anos consecutivos de demonstrações evangélicas, estaria preparado a caminhar, por si mesmo, na direção do Reino Divino!... E ele, que determina sobre o tempo de duzentos homens, se faria melhor, mais humano e mais nobre, sem prejuízo da energia e da eficiência... Poderás ensinar o caminho celestial a cem mil ouvidos, mas a pregação do exemplo, que converta um só coração ao Infinito Bem, estabelece com mais presteza a redenção do mundo!...
O aprendiz desejou perguntar alguma coisa; entretanto, o Cristo afastou-se num turbilhão de luminosa neblina.
Acordou, sobressaltado, e não mais dormiu naquela noite.
De manhã, pôs-se a caminho do estabelecimento em que trabalhara, procurou o diretor de quem se despedira e pediu humildemente:
— Senhor, rogo-lhe desculpas pelo meu gesto impensado e, caso seja possível, readmita-me nesta casa! aceitarei qualquer gênero de tarefa.
O chefe, admirado, indagou:
— Quem te induziu a esta modificação?
— Foi Jesus — respondeu o rapaz —; não podemos servi-lo por intermédio da indisciplina ou do orgulho pessoal.
O diretor concordou sem vacilação, exclamando:
— Entre! Estamos ao seu dispor.
Anotou a boa vontade e o sincero desejo de servir de que o empregado dava agora vivo testemunho e passou a refletir na grandeza da doutrina que assim orientava os passos de um homem no aperfeiçoamento moral. E o aprendiz do Evangelho que retomou o trabalho comum, intensamente feliz, compreendeu, afinal, que poderia prosseguir na propaganda verbal que desejava e na pregação básica do exemplo que Jesus esperava dele.

Pelo Espírito Neio Lúcio - Do livro: Alvorada Cristã, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Padrão

“Porque era homem de bem e cheio do Espirito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.” – (ATOS, 11:24.)

Alcançar o título de sacerdote, em obediência a meros preceitos do mundo, não representa esforço essencialmente difícil. Bastará a ilustração da inteligência na ordenação convencional.
Ser teólogo ou exegeta não relaciona obstáculos de vulto. Requere-se apenas a cultura intelectual com o estudo acurado dos números e das letras.
Pregar a doutrina não apresenta óbices de relevo. Pede-se tão-só a ênfase ligada à correta expressão verbalista.
Receber mensagens do Além e transmiti-las a outrem pode ser a cópia do serviço postal do mundo.
Aconselhar os que sofrem e fornecer elementos exteriores de iluminação constituem serviços peculiares a qualquer homem que use sensatamente a palavra.
Sondagens e pesquisas, indagações e à análises são velhos trabalhos da curiosidade humana.
Unir almas ao Senhor, porém, é atividade para a qual não se prescinde do apóstolo.
Barnabé, o grande cooperador do Mestre, em Jerusalém, apresenta as linhas fundamentais do padrão justo.
Vejamos a aplicação do ensinamento à nossa tarefa cristã.
Todos podem transmitir recados espirituais, doutrinar irmãos e investigar a fenomenologia, mas para imantar corações em Jesus Cristo é indispensável sejamos fiéis servidores do bem, trazendo o cérebro repleto de inspiração superior e o coração inflamado na fé viva.
Barnabé iluminou a muitos companheiros “porque era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé”.
Jamais olvidemos semelhante lição dos Atos. Trata-se de padrão que não poderemos esquecer.

Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Vinha de Luz, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Festival de Amor

"Reina lá a verdadeira fraternidade, porque não há egoísmo; a verdadeira igualdade, porque não há orgulho, e a verdadeira liberdade por não haver desordens a reprimir, nem ambiciosos que procurem oprimir o fraco." O CÉU E O INFERNO - 1ª parte - Capítulo 3º - Item 11.
Canta, alma, as bênçãos da fé viva na ação edificante do bem sem limite.
Não indagues qual a técnica perfeita da arte de ajudar.
Não esperes um curso especializado para o apostolado do melhor servir.
Abre os braços e agasalha a luz do dia no coração. Sai, depois, a dilatar claridade em festa incessante de alegria.
Se te perguntarem porque, embora a dor que te oprime, sorris, responde, que apesar do lodo junto à raiz, e por isso mesmo, o lírio esplendente de imaculada alvura esparze aroma.
Se te interrogarem quanto à utilidade do teu mister, reflete no mecanismo da vida, que transforma a abelha diligente em serva da tua mesa, e reparte a grandeza do serviço beneficente.
Ama, e coroarás as horas de luz; serve, e adornarás o coração de intérmina ventura.
No turbilhão do vozeiro moderno ausculta a pulsação do progresso e ouvirás a rés-do-chão um débil gemido ou um choro cansado que não cessa; vasculhando a noite com intensa expectativa identificarás homens fracos que o cansaço venceu; flamando pelas rotas do abandono tropeçarás em retalhos de gente, emaranhados na sarjeta do esquecimento, em trapos lodosos e despedaçados; vagueando nos lagos onde a dor se agasalha verás o azeite da vida se acabando nos vasos ressequidos, em que se transformaram organismos estiolados pela fome e pela enfermidade.
Muitos desses, ainda crianças, seriam os homens do amanhã que o presente tudo faz por negar a oportunidade de avançarem na rota da jornada evolutiva. A destinação histórica do futuro vai esmagada no frenesi teimoso do "agora".
Escuta-os sem as palavras que não ousam articular e recebe-os no coração sem exigências punitivas. Dês que os não podes levar para o lar que te agasalha, sorri e ajuda-os como puderes, considerando que sempre podes fazer algo por eles.
Se, todavia, te for possível recebê-los, ama-os como se fossem enflorescências da tua carne.
Pouco te importe sejam grandes ou pequenos, os sofredores.
O amor verdadeiro não escolhe dimensão nem seleciona aparências. É santificante concessão de Deus para enriquecimento da vida.
Urge fazeres algo por eles, os teimosamente abandonados do caminho: órfãos dos teus olhos não os vias; aflitos, que em soluços junto à tua companhia, não tinham ninguém...
Quando alguém ama realmente uma criança que recebe e lhe não pertence pela carne, a humanidade consegue um crédito da vida.
Quando um espírito valoroso derrama a taça da afeição e do socorro legítimo no gral de quem sofre, o mundo se engrandece com ele.
É graças a esses, os irmãos pequeninos e sofredores, que a esperança se envolve de bênçãos e permanece entre as criaturas.
Faze da tua comunhão com o Cristo, a Quem dizes amar, um ato de abnegação junto aos que necessitam de carinho, produzindo o teu nobre esforço ao lado deles um excelente festival de amor.
Olhos marejados de pranto, além-da-sepultura fitam os filhos que ficaram ou afetos que permaneceram na retaguarda e corações que não cessam de pulsar embora a desencarnação, latejam em apressado ritmo, quando te acercas desses filhos desses quereres...
Não justifiques enfermidade, se pretendes disfarçar a indiferença em que te comprazes discretamente, nem te apegues aos sofrimentos da leviandade se queres desculpar a impiedade que te cerceia os passos.
Os que hoje são pequenos amanhã crescerão. Evita avinagrares a água da misericórdia que lhes ofereces, sem o azedume da infelicidade que dizes sofrer. Talvez eles sejam o sorriso dos teus lábios, mais tarde, se souberes o que fazer.
Os que já viveram, sofrem e podem compreender.
Sai da tua enfermidade imaginária para a ação curadora e faze uma doação de ternura, saudando neles, os amargurados que Jesus te apresenta, o sol formoso do dia sem fim da tua Imortalidade.
Quem O contemplasse entre as palhas ressequidas do berço improvisado não suporia que ali estava o Rei do Orbe, e quem se detivesse a contemplá-Lo coroado de espinhos, em extremo ridículo, silencioso e triste, não acreditaria que era o Excelso Filho de Deus. No entanto, foi entre aqueles dois polos, o berço e a cruz, que ele traçou a ponte de libertação, instaurando, de logo, o primado do espírito, com o próprio exemplo de renúncia total e total amor à humanidade de todos os tempos, de modo a conduzir-te ainda hoje, na direção dos Cimos da Vida.
FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 41.
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sábado, 27 de junho de 2015

O Carneiro Revoltado

Certo carneiro muito inteligente, mas indis­ciplinado, reparou os benefícios que a lã espa­lhava em toda parte, e, desde então, julgou-se melhor que os outros seres da Criação, passando a revoltar-se contra a tosquia.
- Se era tão precioso - pensava -, por­que aceitar a humilhação daquela tesoura enorme? Experimentava intenso frio, de tempos a tempos, e, despreocupado das ricas rações que recebia no redil, detinha-se apenas no exame dos prejuízos que supunha sofrer.
Muito amargurado, dirigiu-se ao Criador, exclamando:
- Meu Pai, não estou satisfeito com a minha pelagem. A tosquia é um tormento... Modifica-me, Senhor!...
O Todo-Poderoso indagou, com bondade:
- Que desejas que eu faça?
Vaidosamente, o carneiro respondeu:
- Quero que a minha lã seja toda de ouro.
A rogativa foi satisfeita. Contudo, assim que o orgulhoso ovino se mostrou cheio de pêlos preciosos, várias pessoas ambiciosas atacaram-no sem piedade. Arrancaram-lhe, violentamente, to­dos os fios, deixando-o em chagas.
O infeliz, a lastimar-se, correu para o Altís­simo e implorou:
- Meu Pai, muda-me novamente! não posso exibir lã dourada.., encontraria sempre salteadores sem compaixão.
O Sábio dos Sábios perguntou:
- Que queres que eu faça?
O animal, tocado pela mania de grandeza, suplicou:
- Quero que a minha lã seja lavrada em porcelana primorosa.
Assim foi feito. Entretanto, logo que tornou ao vale, apareceu no céu enorme ventania, que lhe quebrou todos os fios, dilacerando-lhe a carne.
Regressou, aflito, ao Todo-Misericordioso e queixou-se:
- Pai, renova-me!... A porcelana não re­siste ao vento... estou exausto...
Disse-lhe o Senhor:
- Que desejas que eu faça?
- A fim de não provocar os ladrões e nem ferir-me com porcelana quebrada, quero que a minha lã seja feita de mel.
O Criador satisfez o pedido. Todavia, logo que o pobre se achou no redil, bandos de moscas asquerosas cobriram-no em cheio e, por mais corresse campo afora, não evitou que elas lhe sugassem os fios adocicados.
O mísero voltou ao Altíssimo e implorou:
- Pai, modifica-me... as moscas deixa­ram-me em sangue!
O Senhor indagou, de novo, com inexaurível paciência:
- Que queres que eu faça?
Dessa vez, o carneiro pensou mais tempo e considerou:
- Suponho que seria mais feliz se tivesse minha lã semelhante às folhas de alface.
O Todo-Bondoso atendeu-lhe mais uma vez a vontade e o carneiro voltou à planície, na caprichosa alegria de parecer diferente. No entan­to, quando alguns cavalos lhe puseram os olhos, não conseguiu melhor sorte, Os eqüinos prende­ram-no com os dentes e, depois de lhe comerem a lã, abocanharam-lhe o corpo.
O carneiro correu na direção do Juiz Su­premo, gotejando sangue das chagas profundas, e, em lágrimas, gemeu, humilde:
- Meu Pai, não suporto mais!...
Como soluçasse longamente, o Todo-Com­passivo, vendo que ele se arrependera com sin­ceridade, observou:
- Reanima-te, meu filho! que pedes agora?
O infeliz replicou, em pranto:
- Pai, quero voltar a ser um carneiro co­mum, como sempre fui. Não pretendo a supe­rioridade sobre meus irmãos. Hoje sei que os meus tosquiadores de outro tempo são meus verdadeiros amigos. Nunca me deixaram em fe­ridas e sempre me deram de comer e beber, carinhosamente... Quero ser simples e útil, qual me fizeste, Senhor!...
O Pai sorriu, bondoso, abençoou-o com ter­nura e falou:
- Volta e segue teu caminho em paz. Com­preendeste, enfim, que meus desígnios são justos. Cada criatura está colocada, por minha Lei, no lugar que lhe compete e, se pretendes receber, aprende a dar.
Então o carneiro, envergonhado, mas satis­feito, voltou para o vale, misturou-se com os outros e daí por diante foi muito feliz.
XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB.

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domingo, 14 de junho de 2015

A lenda do Poder

A assembléia familiar comentava a difícil situação dos Espíritos revoltados que se habituam ao azedume crônico por vasta fieira de encarnações sucessivas, quando João de Kotchana, experimentado instrutor de cristãos desencarnados, nas regiões da Bulgária, contou-nos, entre sensato e otimista:

- Temos nós antiga lenda que adaptarei ao nosso assunto para a devida meditação...

Dizem que Deus, quando começou a repartir os dons da vida, entre os primeiros homens dos primeiros grandes agrupamentos humanos constituídos na Terra, decretou fôsse concedido aos Bons o Poder Soberano.

Informados de que o Supremo Senhor estava fazendo concessões, os Corajosos acudiram apressados à Divina Presença, solicitando o quinhão que lhes seria adjudicado.

- Que desejais, filhos meus? – indagou o Eterno.

- Senhor, queremos o Poder Supremo.

- Essa atribuição – explicou o Todo-Misericordioso – já concedi aos Bons; eles unicamente conseguirão governar o reino dos corações, o território vivo do espírito, onde se exerce o poder verdadeiro.

- Ah! Senhor, e nós? Que será de nós, os que dispomos de suficiente ousadia para comandar os distritos da existência e transformá-los?

- Não posso revogar uma ordem que expedi – observou o Onipotente -, entretanto, se não vos posso confiar o Poder Soberano, concedo-vos um encargo dos mais importantes, a Autoridade. Ide em paz.

Espalhou-se a notícia e vieram os Intelectuais ao Trono Excelso.

O Todo-Poderoso inquiriu quanto ao propósito dos visitantes e a resposta não se fêz esperar:

- Senhor, aspiramos à posse do Poder Soberano.

- Impossível. Essa prerrogativa foi concedida ao Bons. Só eles lograrão renovar as outras criaturas em meu nome.

E porque os Intelectuais perguntassem respeitosamente com que recurso lhes seria lícito operar. Deus entregou-lhes o domínio da Ciência.

Veio, então, a vez dos Habilidosos. Com vasta representação, surgiram diante do Pai e, como fôssem questionados quanto ao que pretendiam, responderam veementemente:

- Senhor, suplicamos para nós o Poder Soberano.

O Todo-Bondoso relacionou a impossibilidade de atender, mas deu-lhes o Engenho.

Depois, acorreram os Imaginosos ao Sagrado Recinto e esclareceram que contavam para eles com a mesma cobiçada atribuição.

O Todo-Amoroso respondeu pela negativa afetuosa; no entanto, brindou-os com a luz da Arte.

Logo após, os Devotados chegaram ao Augusto Cenáculo e rogaram igualmente se lhes conferisse a faculdade do mando, e recolheram a mesma recusa, em termos de extremado carinho; contudo, o Todo-Misericordioso outorgou-lhes o talento bendito do Trabalho.

Em seguida, os Revoltados, que não procuravam senão defeitos e problemas transitórios na obra da Vida – os problemas e defeitos que Deus sanaria com o apoio do Tempo, de modo a não ferir os interesses dos filhos mais ignorantes e mais fracos - compareceram perante o Supremo Doador de Todas as Bênçãos e, em vista de se mostrarem com agressiva atitude, a voz do Pai se fêz mais doce ao perguntar-lhes:

- Que desejais, filhos meus?

Os Revoltados retrucaram duramente:

- Senhor, exigimos para nós o Poder Soberano.

- Isso pertence aos Bons – disse o Todo-Sábio -, pois somente aqueles que dispõem de suficiente abnegação para esquecer os agravos que se lhes façam, prosseguindo infatigáveis no cultivo do bem aos semelhantes, guardarão consigo o poder de governar os corações... No entanto, meus filhos, tenho outros dons para conceder-vos...

Antes, porém, que o Supremo Senhor terminasse, os ouvintes gritaram intempestivamente:

- Não aceitamos outra coisa que não seja o Poder soberano. Queremos dominar, dominar... Fora do poder, o resto é miséria...

O Onipotente fitou cada um dos circunstantes, tomado de compaixão, e declarou, sem alterar-se:

- Então, meus filhos, em todo o tempo que estiverdes na condição de Revoltados, tereis convosco a miséria...

E, desde essa ocasião, rematou Kotchana, todo espírito, enquanto rebelado, não tem para si mesmo senão o azedume da queixa e a penúria do coração.

Ouvi a lenda, retiro o ensinamento que me toca e ofereço a peça aos companheiros reencarnados na Terra, que porventura sejam ainda inutilmente revoltados quanto tenho sido e já não quero mais ser.
pelo Espírito Irmão X - Do livro: Estante da Vida, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Ofereça a outra face

Quando falou que se alguém nos batesse numa face, deveríamos oferecer a outra, expressou um grandioso ensinamento que, se levado em conta, teríamos a solução para todas as situações desagradáveis que surgissem em nossa vida.
Oferecer a outra face não quer dizer dar o rosto para bater. É uma metáfora que sugere que se a situação nos chega de forma desagradável, devemos mostrar a face oposta.
Dar a outra face é mudar a paisagem, é uma ação positiva diante de uma negativa.
Assim, quando todos atiram pedras, ofereça uma flor.
Quando todos caminham para o lado errado, mostre o passo certo.
Se tudo estiver escuro, se nada puder ser visto, acenda você uma luz, ilumine as trevas com uma pequena lâmpada.
Quando todos estiverem chorando, dê o primeiro sorriso; não com lábios sorridentes, mas com um coração que compreenda, com braços que confortem.
Quando ninguém souber coisa alguma, e você souber um pouquinho, ensine, começando por aprender, corrigindo-se a si mesmo.
Quando alguém estiver angustiado, mostre-lhe a face do conforto.
Se encontrar alguém em desespero, acene com a esperança, mesmo que isso seja um desafio para você mesmo.
Quando a terra dos corações estiver seca, que sua mão possa regá-las.
Quando a flor do afeto estiver sufocada pelos espinhos da incompreensão, que sua mão saiba arrancar a praga, afagar a pétala, acariciar a flor.
Onde haja portas fechadas para o entendimento, leve a chave da concórdia e da compreensão.
Onde o vento sopra, frio, enregelando corações, que o calor de sua alma seja proteção e abrigo.
Se alguém caminha sem rumo, mostre-lhe as pegadas que conduzem a um porto seguro.
Onde a crítica azeda for o assunto principal, ofereça uma palavra de otimismo, um raio de esperança, uma luz que rompe as trevas e clareia o ambiente mental.
Quando todos parecerem perdidos, mostre o caminho de volta.
Quando a face da solidão se mostrar como única alternativa na vida de alguém, seja uma presença que conforta, ainda que uma presença silenciosa.
Onde o manto escuro da morte se apresenta como um beco sem saída, fale da vida exuberante que aguarda os seres que fazem a passagem pela porta estreita do túmulo.
Seja você a oferecer a face sorridente e otimista da vida, onde a tristeza e o pessimismo marcam presença.
Pense nisso!
Num dia, que não vai muito distante, um homem especial nasceu na região da úmbria, na Itália.
Ele ficou conhecido como Francisco de Assis, pois foi em Assis que ele nasceu.
Aquele homem singular sabia o que Jesus pretendeu dizer quando falou sobre oferecer a outra face.
Sua vida foi um hino de paz, e sua oração ficou imortalizada nas páginas da história, como a oração de Francisco de Assis.
Ele pede ao senhor: “faze de mim um instrumento da tua paz.”
Onde houver ódio, faze que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erros, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Eis um homem que foi um verdadeiro instrumento da paz.
Equipe de Redação do Momento Espírita. Com base em mensagem de autoria ignorada.

* * * Estude Kardec * * *

VIDA

Não é necessário que a morte abra as portas de tribunais supremos para que o homem seja julgado em definitivo.
A vida faz a análise todos os dias e a luta é o grande movimento seletivo, através do qual observamos diversas sentenças a se evidenciarem nos variados setores da atividade humana.
A moléstia julga os excessos;
A exaustão corrige o abuso;
A dúvida retifica a leviandade;
A aflição reajusta os desvios;
O tédio pune a licença;
O remorso castiga as culpas;
A sombra domina os que fogem à luz;
O isolamento fere o orgulho;
A desilusão golpeia o egoísmo;
As chagas selecionam as células do corpo.
Cada sofrimento humano é aresto do Juízo Divino em função na vida contingente da Terra.
Cada criatura padece determinadas sanções em seu campo de experiência.
Compreendendo, a justiça imanente do Senhor, em todas as circunstâncias e em todas as coisas, atendamos à sementeira do bem, aqui e agora, na certeza de que, segundo a palavra do Mestre, cada Espírito receberá os bens e os males do Patrimônio Infinito da Vida, de conformidade com as próprias obras.

Emmanuel (espírito), psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Taça de Luz
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O Espiritismo

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Conduta Espírita

"No conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis". Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, cap. I.
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CONDUTA ESPÍRITA
Usar com prudência ou substituir toda expressão verbal que indique costumes, práticas, ideias políticas, sociais ou religiosas, contrárias ao pensamento espírita, quais sejam sorte, acaso, sobrenatural, milagre e outras, preferindo-se, em qualquer circunstância, o uso da terminologia doutrinária pura.

Libertar-se das cadeias mentais oriundas do uso de talismãs e votos, pactos e apostas, artifícios e jogos de qualquer natureza, enganosos e prescindíveis.

“Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.” — Paulo.
(II CORÍNTIOS, 13:5.)
O Espiritismo

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domingo, 7 de junho de 2015

Crença Religiosa

Muita falta faz à criatura humana uma saudável crença religiosa trabalhada em experiências pessoais, que lhe facultem uma visão global da vida, seus objetivos essenciais e secundários, fixada no futuro que cada qual elege para si mesmo através do comportamento que se permite.
Raiará, porém, oportunamente, nova aurora de fé, consubstanciada na vivência da realidade espiritual, quando a mediunidade dignificada e colocada a serviço do intercâmbio entre as duas faixas vibratórias da vida ensejará a compreensão da existência terrena dentro dos parâmetros enobrecedores e não mediante as ilusões dos sentidos sempre arbitrárias, dando a ideia falsa de uma perenidade que não existe, em razão da consumpção que ocorre com o organismo físico.
Quando o ser humano conscientizar-se de que é essencialmente Espírito e não invólucro material, tomará a decisão de viver conforme os padrões elevados da justiça e da eqüidade, do amor e da caridade, desenovelando-se das paixões primevas para vivenciar as experiências iluminativas e libertadoras que lhe estão reservadas, em favor da sua incessante ascensão moral.
Ao Espiritismo cabe essa gloriosa tarefa, que vem sendo adiada em razão da indecisão de muitos dos seus adeptos que não introjetaram na conduta, conforme seria de desejar, os postulados libertadores de que a Doutrina se constitui.
pelo Espírito Victor Hugo, Do Livro: Os Diamantes Fatídicos, Médium: Divaldo Franco.

Algo Mais

Um crente sincero na Bondade do Céu, desejando aprender como colaborar na construção do Reino de Deus, pediu, certo dia, ao Senhor a graça de compreender os Propósitos Divinos e saiu para o campo.
De início, encontrou-se com o Vento que cantava e o Vento lhe disse:
— Deus mandou que eu ajudasse as sementeiras e varresse os caminhos, mas eu gosto também de cantar, embalando os doentes e as criancinhas.
Em seguida, o devoto surpreendeu uma Flor que inundava o ar de perfume, e a Flor lhe contou:
— Minha missão é preparar o fruto; entretanto, produzo também o aroma que perfuma até mesmo os lugares mais impuros.
Logo após, o homem estacou ao pé de grande Árvore, que protegia um poço d’água, cheio de rãs, e a Árvore lhe falou:
- Confiou-me o Senhor a tarefa de auxiliar o homem; contudo, creio que devo amparar igualmente as fontes, os pássaros e os animais.
O visitante fixou os feios batráquios e fez um gesto de repulsa, mas a Árvore continuou:
— Estas rãs são boas amigas. Hoje posso ajudá-las, mas depois serei ajudada por elas, na defesa de minhas próprias raízes, contra os vermes da destruição e da morte.
O devoto compreendeu o ensinamento e seguiu adiante, atingindo uma grande cerâmica.
Acariciou o barro que estava sobre a mesa e o Barro lhe disse:
- Meu trabalho é o de garantir o solo firme, mas obedeço ao oleiro e procuro ajudar na residência do homem, dando forma a tijolos, telhas e vasos.
Então, o devoto regressou ao lar e compreendeu que para servir na edificação do Reino de Deus é preciso ajudar aos outros, sempre mais, e realizar, cada dia, algo mais do que seja justo fazer.
pelo Espírito Meimei, Do Livro: Paz e Renovação, Médium: Francisco Cândido Xavier.

sábado, 6 de junho de 2015

Momento Decisivo

Filhas e filhos da alma!
Abençoe-nos o Senhor com a Sua paz.
Estes são dias de turbulência.
A sociedade terrestre, com a inteligência iluminada, traz o coração despedaçado pela angústia do ser existencial. Momento grave na historiografia do processo evolutivo, quando se operam as grandes mudanças para que se alcance a plenitude na Terra, anunciada pelos Espíritos nobres e prometida por Jesus.
Nosso amado planeta, ainda envolto em sombras, permanece na sua categoria de inferioridade, porque nós, aqueles que a ele nos vinculamos, ainda somos inferiores, e à medida que se opera nossa transformação moral para melhor, sob a égide de Jesus, nosso Modelo e Guia, as sombras densas vão sendo desbastadas para que as alvíssaras de luz e de paz atinjam o clímax em período não muito distante.
Quando Jesus veio ter conosco, a Humanidade experimentava a grande crise de sujeição ao Império Romano, às suas paixões totalitárias e aos interesses mesquinhos de governantes arbitrários.
O Espiritismo, a seu turno, instalando-se no planeta, enfrenta clima equivalente em que o totalitarismo do poder arbitrário de políticas perversas esmaga as aspirações de enobrecimento das criaturas humanas e, por consequência, o ser, que se agita na busca da plenitude, aturde-se e, confundindo-se, não sabe como vivenciar as claridades libertadoras do Evangelho.
Com a conquista do conhecimento científico e o vazio existencial, surgem as distrações de vário porte para poder diminuir a ansiedade e o desespero. Naturalmente, essa manifestação de fuga da realidade interfere no comportamento geral dos seareiros da Verdade que, nada obstante, considerando serem servidores da última hora, permitem-se os desvios que lhes diminuem a carga aflitiva.
Tende, porém, bom ânimo, filhas e filhos do coração!
É um momento de siso, de decisões, para a paz no período do porvir.
Recordai-vos de que o Cristianismo nascente experimentou também inúmeras dificuldades. A palavra revolucionária do apóstolo Paulo, a ruptura com as tradições judaicas ainda vigentes na igreja de Jerusalém geraram a necessidade do grande encontro, que seria o primeiro debate entre os trabalhadores de Jesus que se espalhavam pelo mundo conhecido de então.
No momento grave, quando uma ruptura se desenhava a prejuízo do Bem, a humildade de Simão Pedro, ajoelhando-se diante da voz que clamava em toda parte a Verdade, pacificou os corações e o posteriormente denominado Concílio de Jerusalém se tornou um marco histórico da união dos discípulos do Evangelho.
Neste momento de desafio e de conflitos de todo porte, é natural que surjam divergências, opiniões variadas, procurando a melhor metodologia para o serviço da Luz. O direito de discordar, de discrepar, é inerente a toda consciência livre. Mas, que tenhamos cuidado para não dissentir, para não dividir, para não gerar fossos profundos ou abismos aparentemente intransponíveis.
Que o espírito de união, de fraternidade, leve-nos todos, desencarnados e encarnados, à pacificação, trabalhando essas anfractuosidades para que haja ordem em nome do progresso.
O amor é o instrumento hábil para todas as decisões. Desarmados os corações, formaremos o grupo dos seres amados do ideal da Era Nova.
Nunca olvideis que o mundo espiritual inferior vigia as nascentes do coração dos trabalhadores do Bem e, ante a impossibilidade de os levar a derrocadas morais, porque vigilantes na oração e no trabalho, pode infiltrar-se, gerando desequilíbrio e inarmonias a benefício das suas sutilezas perversas e a prejuízo da implantação da Era Nova sob o comando do Senhor.
Nunca olvidemos, em nossas preocupações, que a Barca terrestre tem um Nauta que a conduz com segurança ao porto da paz.
Prossegui, lidadores do Bem, com o devotamento que se vos exige de fazerdes o melhor que esteja ao vosso alcance, em perfeita identificação com os benfeitores da Humanidade, especialmente no Brasil, sob a égide de Ismael, representando o Mestre inolvidável.
Venceremos lutando juntos, esquecendo caprichos pessoais, de imposições egotistas, pensando em todos aqueles que sofrem e que choram, que confiam em nossa fragilidade e aguardam o melhor exemplo da nossa renúncia em favor do Bem, do nosso devotamento em favor da caridade, da nossa entrega em novo holocausto.
Já não existem as fogueiras, nem os empalamentos. Os circos derrubaram as suas muralhas e agora expandem as suas fronteiras por toda a Terra, mas o holocausto ainda se faz necessário.
Sacrificai as próprias imperfeições, particularmente neste sesquicentenário de evocação da chegada do Evangelho à Terra, decodificado pelos Imortais.
Recordai também, almas queridas, que o Espiritismo é, sem qualquer contradita, o Cristianismo que não pôde ser consolidado e que esteve na sua mais bela floração nos trezentos primeiros anos, antes das adulterações nefastas, e que foi Jesus quem o denominou Consolador.
Este Consolador sobreviverá a todas as crises e quando, por alguma circunstância, não formos capazes de dignificá-lo, a irmã morte arrebatará aqueles que não correspondem à expectativa do Senhor da Vinha, substituindo-os por outros melhormente habilitados, mais instrumentalizados para os grandes enfrentamentos que já ocorrem na face do planeta.
Todos sabemos que a transformação moral de cada indivíduo é penosa, de longo curso, por efeito do atavismo ancestral, e que a Lei dispõe do recurso dos exílios coletivos para apressar a chegada da Era Nova.
Abençoados servidores!
Abençoadas servidoras da Causa! Amai! Amai com abnegação e espírito de serviço a Doutrina de santificação, para que os vossos nomes sejam escritos no livro do reino dos Céus e possais fruir de alegrias, concluindo a etapa como o apóstolo das gentes, após haverdes lutado no bom combate.
Os mentores da brasilidade, neste momento grave por que também passa o nosso país, assim como o planeta, estão vigilantes.
Permiti-vos ser por eles inspirados e saí entoando o hino do otimismo e da esperança, diluindo a treva, não fixando o medo nem a sombra, que por momento domina muitas consciências. Não divulgando o mal, somente expondo o bem, para que a vitória não seja postergada.
E ide de volta, seareiros da luz! O mundo necessita de Jesus, hoje mais do que ontem, muito mais do que no passado, porque estamos a caminho da intuição, após a conquista da razão, para mantermos sintonia plena com Aquele que é o nosso Guia de todos os dias e de todas as horas.
Muita paz, filhas e filhos do coração!
São os votos do servidor humílimo e paternal, em nome dos obreiros da seara de todos os tempos, alguns dos quais aqui conosco nesta hora.
Muita paz!...
Bezerra de Menezes

Psicofonia pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da
Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional, em Brasília, DF,
na manhã de domingo, em 9 de novembro de 2014.
Em 8.12.2014.

A Glândula Pineal na ....

Mestre Chen_5
A GLÂNDULA PINEAL NA CONFLUÊNCIA ENTRE ORIENTE E OCIDENTE
Mestre Yun Xiang Tseng, conhecido como Mestre Chen, renomado mestre da tradicional linhagem Taoísta chinesa de Wu Dang – que prioriza a meditação e os exercícios de Qi Gong (controle da energia interna) – e se preserva intacta ao longo de seus 700 anos de história – encontrou-se com Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, no Pineal Mind Instituto de Saúde, na 5ª feira, dia 28 de maio de 2015.
Em sua terceira visita ao Brasil, Mestre Chen veio ministrar palestras e cursos de Tai Chi Chuan, Qi Gong e Meditação da linhagem de Wu Dang, entre outras atividades. O encontro no Pineal Mind foi promovido por uma de suas discípulas, Kátia Massuda, que também freqüenta os cursos ministrados pelo  Dr. Sérgio Felipe, e que vislumbrou haver uma confluência e uma sincronia muito grande entre os ensinamentos do mestre chinês e do médico brasileiro.
A história do Mestre Chen é bastante curiosa. Descendente direto da linhagem Wu Dang de mestres taoístas, em tenra idade fora escolhido para estudar na tradicional montanha chinesa Wu Dang com a Mestre Li Cheng Yu. Após intensos estudos com a Mestre Li, ela o enviou para os Estados Unidos da América para que ele ensinasse e compartilhasse, de forma ampliada, esta antiga sabedoria e arte da cura. Mestre Chen tornou-se conhecido pelo seu profundo conhecimento da tradição Wu Dang e por sua habilidade em envolver seus alunos de forma intensa e bem humorada. Milhares de aprendizes, de todo o mundo, já foram inspirados a procurar o “seu mestre interior” pelos ensinamentos obtidos com Mestre Chen.
Durante o encontro, Dr. Sérgio Felipe apresentou os seus estudos de décadas sobre a glândula pineal, enquanto Mestre Chen descreveu uma série de aspectos de sua tradição taoísta e de suas meditações que, coincidentemente, abordam centralmente a glândula pineal na sua importância para a saúde. Conforme a tradição Wudang, nas palavras de Mestre Chen, o “Tai Chi Chuan não é só forma: Tai Chi Chuan é fundamentalmente ‘Chí’, a energia vital. Sem o cultivo do ‘Chí’, do Tai Chi Chuan resta apenas o corpo”.
Segundo ele, de acordo com o que pôde vislumbrar e apreender através de inúmeras meditações, o fortalecimento do “Chí” está muito ligado à glândula pineal (uma espécie de portal para o “Chí”), que propicia o cultivo e a abertura desta energia vital para novas potencialidades do corpo (para além da materialidade), da saúde e da espiritualidade. “Entre os simples opostos ‘sim’ e ‘não’ há um potente ‘pode ser’ (may-be) representado pelo ‘Chí’, a energia vital representada pela glândula pineal”, descreveu Mestre Chen, certamente remetendo à  dinâmica teoria do yin yang, conforme os ensinamentos do I Ching e da filosofia taoísta fundamentada em Lao Zi, desenvolvida por ele em suas meditações. 
As coincidências nas conclusões éticas, medicinais e filosóficas chegadas por ambos, Dr. Sérgio Felipe e Mestre Chen, por meio de caminhos bastante distintos (uma abordagem ocidental e outra oriental sobre a glândula pineal e os seus desdobramentos para o corpo, a saúde e a espiritualidade), foram bastante ressaltadas durante todo o encontro. Houve uma grande empatia, confluência e afinidade entre os dois, que combinaram trocar mais experiências num futuro breve, e programar eventos em conjunto, de intercâmbio entre as respectivas tradições oriental e ocidental, na busca pelo conhecimento comum e pelo desenvolvimento humano.
2 de junho de 2015 | Publicado por funiespirito

A Vida Continua


Hoje, de algum lugar longe dessas terras
Há um doce olhar só para você...
Um olhar especial
De alguém especial, de distantes origens
Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida...
Que sorri porque ama plenamente
Sem julgamentos, preconceitos nem prisões
Hoje, como ontem, longe desses Céus
Há um encantado olhar só pra você
Nesse olhar vai para você a magia da luz
A simplicidade do perdão
A força para comungar com a vida
A esperança de dias mais radiantes de paz
Hoje, de algum lugar dentro de você,
Alguém que já o amou muito e ainda o ama
Diz para você que valeu a pena ter estado nessas Terras...
Sob estes Céus...
Falando de união, paz, amor e perdão
Poder sentir a força que faz você sorrir
E continuar o caminho
Que um dia aquele doce olhar iniciou pra você
Tudo isso, só para você saber,
que A VIDA CONTINUA...
E A MORTE É UMA VIAGEM.

Paulo Kronemberger
Mensagem do último capítulo da novela A Viagem, da Rede Globo, exibida em 1994 e reprisada em 1997 e em 2006.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Mãos Mirradas*

Enquanto a balada do Evangelho derramava alegrias nas mentes ingênuas e nos corações sofridos das massas, as multidões se acotovelavam e se empurravam para vê-lO, tocá-lO, estarem perto d’Ele.

Todos aqueles que tinham dificuldades e problemas viam em Jesus o seu libertador, e n’Ele depositavam sua confiança, sua ansiedade.

Ele passeava o olhar compassivo, e em todos infundia ânimo e esperança, confortando-os com ou sem palavras através da irradiação do Seu psiquismo e da Sua ternura incomparáveis.

Simultaneamente porém, a noite que predominava nos corações dos opressores e governantes impiedosos, dos dominadores de um dia, dos religiosos presunçosos e ricos de inveja, dos cobiçosos, de todos aqueles que somente desfrutavam de primazias e honras, temendo perdê-las, preparava o caldo de cultura do ódio, para infamá-lO, para O pegarem em alguma contradição, cujas armadilhas estabeleciam com cinismo e sofismas bem urdidos. Mas Jesus os conhecia e se fazia inalcançável às suas tricas farisaicas hediondas e venais. Aumentava o número daqueles que se beneficiavam com o Seu socorro e crescia a onda que se propunha afogá-lO nas suas águas torvas e iníquas.
* * *
A sinagoga era lugar de orações e recitativos da Lei, de unção, de companheirismo... mas também de encontros para a sordidez e a vingança, para a sedição e a perversidade. Ali se refugiavam o orgulho e a presunção, que a governavam, ditando regras de bom proceder para o povo necessitado.
Entre eles, os que se permitiam todos os privilégios, tornavam-se conhecidos pelas suas mesquinharias e fraquezas, os seus comportamentos vis e perturbadores, que sabiam di sfarçar diante daqueles que os ouviam e respeitavam, embora eles não se respeitassem a si mesmos, pois que se isso ocorresse, impor-se-iam outra conduta moral.

Assim sendo, como sempre que Lhe era possível O fazia, Jesus entrou de novo numa sinagoga. Havia ali um homem que tinha a mão paralisada.
* * *
A multidão que ora O seguia já não era somente de galileus e de sírios, mas também de judeus, de Jerusalém, de Tiro, de muitas partes, atraída pelo Seu verbo e pela Sua força de libertação. Lá fora, na paisagem irisada de luz, as anêmonas balouçavam nas hastes frágeis e violetas miúdas derramavam perfume nos rios do vento que o conduz por toda parte.

A astúcia dos Seus adversários esperava que Ele se propusesse a curar no sábado, a fim de terem motivo para prendê-lO por desacato à Lei que estabelecia o repouso nesse dia. O Mestre conhecia-lhes a intimidade dos sentimentos ultrizes e a vileza moral em que se debatiam. Por isso mesmo, não os temia, antes compadecia-Se da sua miséria espiritual. Jesus disse ao homem que tinha a mão mirrada: - Levanta-te! Vem para o meio.

Convidar para o centro é dignificar o ser humano, que vive atirado na margem, ignorado, desrespeitado e esquecido. Essa é uma forma de restituir a identidade de criatura que merece respeito e carinho. Ante o espanto natural e a possibilidade de Ele ferir os costumes legais, ouviram-nO interrogar:

- Que é permitido no dia de Sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar um ser vivo ou matá-lo?

Mas eles ficaram calados. A pusilanimidade deles não corria risco de perder-se, tomando uma definição. Esses cruéis perseguidores são de sentimentos elevados mortos, quais sonâmbulos com ideias fixas no ódio e na incúria. Ficar calado é assentir sem comprometer-se, tendo chance de assumir outra posição, aquela que seja mais conveniente. Passando à volta de si um olhar de cólera sobre eles, entristecido pelo endurecimento de seus corações, disse ao homem: - Estende a mão. Ele a estendeu e a mão ficou curada.

Nesse episódio a paranormalidade do Mestre é novamente evidente. Ele tem o poder de restaurar os tecidos, influenciando o campo modelador da forma física, trabalhando nas células com a Sua mente extraordinária. A mão mirrada é também símbolo que encontra respaldo nas pessoas que nunca abrem o coração para ajudar, dando-lhe movimento de fraternidade. Ela fica mirrada por falta de ação dignificante e operosa, perdendo a finalidade para a qual foi elaborada pelo Pensamento Divino.

O encontro real com Jesus permite que retome a sua forma, tornando-se igual à outra, àquela que não foi atingida pela circunstância punitiva. Depois de se retirarem - deixando-os boquiabertos e invejosos - os fariseus deliberaram com os herodianos contra Jesus acerca dos meios de matá-lO.

Os pigmeus morais, impossibilitados de crescer espiritualmente para alcançar os missionários do bem e do amor, arquitetam planos para destruí-los, ignorando que não se destroem valores humanos com artimanhas que jamais alcançam a realidade dos seres.

Esses perseguidores são almas mirradas, sem ideais nem nobreza, perdidos no tempo e que naufragaram no egoísmo, debatendo-se nas suas malhas, sem conseguir libertação. Pertencem a todos os tempos e caminham ao lado dos construtores da dignidade humana, a fim de prová-los, de os submeter ao seu cadinho purificador. Transformam-se em testes de resistência para os homens e mulheres que anelam pelo mundo melhor e se doam a essa causa.

São duros de coração, que não se enternece, nem se comove. O órgão vibra e impulsiona o sangue, mas nada tem a ver com a emotividade, com os sentimentos de beleza e de fraternidade. Terminam por tornar-se carcereiros de si mesmos, enjaulando-se nas celas da indiferença que os entorpece e mata.

Jesus os defrontará com mais assiduidade, porém, sem atribuir-lhes qualquer significado ou considerar-lhes a distinção que se permitem, aumentando neles o ódio e a perseguição. Eles passam e a vida os esquece, mas não se olvidam de como agiram, de como são e do quanto necessitam para a reedificação.

Há muitas mãos mirradas na sociedade dos dias atuais. Perderam a função superior e estiolaram as fibras que as constituem no jogo apetitoso dos interesses inferiores. Encontram-se no centro dos grupos, experimentam destaque, mas não são atuantes no bem nem na compaixão para receber os que eles mesmos expulsaram do seu convívio e ficaram na marginalidade.

Agora constituem o grupo dos antigos fariseus e herodianos, que sempre a usavam para perseguir e matar. Trouxeram-na internamente mirrada, embora o exterior seja normal e atraente. Estão imobilizadas no cimento em que se encarceraram, aguardando Jesus, para chamá-los ao meio e curá-los.
Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no dia 18 de julho de 200 0, em Paramirim, Bahia.
Publicada no Jornal Mundo Espírita de janeiro de 2001.
Em 16.01.2012.
(*) Marcos-3:1-6.
Nota da Autora espiritual