Introdução
Vamos conhecer a partir de agora o estudo da Inquisição que tem como história o relato de todos os acontecimentos maléficos promovidos pela Igreja Católica, desde a captura dos "hereges" até a sua morte. Se pararmos para analisar, observaremos que a Inquisição ocorre até os dias de hoje. Observa-se que muitos países ainda possuem regimes totalitários, a prática da tortura em pessoas, a situação dos numerosos dissidentes políticos e sociais confinados em campos de concentração, o isolamento de milhares de criaturas humanas proibidas de conhecer a história de suas origens e cultura, a miséria espiritual de homens condenados ao silêncio e a incomunicabilidade, o recrudescimento do racismo mascarado em novas ideologias que, entre outras coisas, fazem parte da realidade do mundo de hoje, e podemos buscar na Inquisição o seu mais perfeito modelo.
Há algumas décadas, mais de trinta milhões de pessoas foram dizimadas em poucos anos durante a Segunda Guerra Mundial. O Japão foi destruído com a explosão da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, no Vietnã muitas pessoas também morreram durante o conflito desse país com os Estados Unidos.
A Inquisição teve início com o estabelecimento dos Tribunais do Santo Ofício da Inquisição nos países da Espanha e Portugal. Durante muitos séculos esta Instituição poderosa, procurou "hereges" nos reinos e nas colônias, homens e mulheres de diferentes classes sociais por não crerem, pensarem, ou se comportarem de forma diferente dos padrões e regras impostas pela Igreja Católica.
Há algumas décadas, mais de trinta milhões de pessoas foram dizimadas em poucos anos durante a Segunda Guerra Mundial. O Japão foi destruído com a explosão da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, no Vietnã muitas pessoas também morreram durante o conflito desse país com os Estados Unidos.
A Inquisição teve início com o estabelecimento dos Tribunais do Santo Ofício da Inquisição nos países da Espanha e Portugal. Durante muitos séculos esta Instituição poderosa, procurou "hereges" nos reinos e nas colônias, homens e mulheres de diferentes classes sociais por não crerem, pensarem, ou se comportarem de forma diferente dos padrões e regras impostas pela Igreja Católica.
Em fins do século XVIII, a Igreja Católica sentiu-se ameaçada por uma série de críticas feitas aos dogmas sobre os quais se apoiava a Doutrina Cristã. Essas críticas e dúvidas sobre a verdade absoluta da mensagem da Igreja aumentaram, e os indivíduos que partilhavam dessas ideias contestadoras da doutrina oficial do catolicismo eram chamados de hereges.
A palavra herege origina da palavra grega "hairesis" e do latim haeresis e significa doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja Católica em matéria de fé. No que diz respeito propriamente ao conceito de heresia, foi aceita a definição do teólogo medievalista M. D. Chenu, de que herege é "o que escolheu”, o que isolou de uma verdade global uma verdade parcial, e em seguida se obstinou na escolha. A heresia é uma ruptura com o dominante e ao mesmo tempo é uma adesão a outra mensagem. É contagiosa e em determinadas condições dissemina-se facilmente na sociedade. Daí o perigo que representa para a ordem estabelecida, sempre preocupada em preservar a estrutura social tradicional.
No fim do século XV, isto é, no início da época moderna, foi criada na Espanha uma instituição, que se inspirou nos moldes das que haviam funcionado na Europa durante a época medieval: O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. O caráter cruel e desumano de seu funcionamento talvez não tenha precedentes na história da civilização, até o surgimento do nazismo no século XX. Há, contudo um fato importante que deve ser cuidadosamente anotado para que possamos entender o complexo fenômeno da perseguição às heresias na Espanha e Portugal: a palavra "heresia" adquiriu com o tempo diversas conotações, e para os inquisidores portugueses tinha um sentido muito definido e específico, que estava registrado em seus regimentos. Diz textualmente o Regimento da Inquisição de 1640, no Livro III, p.151: "contra os hereges e apóstolos que, sendo cristãos batizadores, deixam de ter e confessar nossa fé católica". E também contra os indivíduos "que confessam nela" ( na Inquisição ) "as culpas de judaísmo, ou de qualquer outra heresia ou apostasia". E, pois o português batizado, descendente de judeus convertidos ao catolicismo e praticante secreto do judaísmo, um herege perante a Igreja Católica em Portugal.
A palavra herege origina da palavra grega "hairesis" e do latim haeresis e significa doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja Católica em matéria de fé. No que diz respeito propriamente ao conceito de heresia, foi aceita a definição do teólogo medievalista M. D. Chenu, de que herege é "o que escolheu”, o que isolou de uma verdade global uma verdade parcial, e em seguida se obstinou na escolha. A heresia é uma ruptura com o dominante e ao mesmo tempo é uma adesão a outra mensagem. É contagiosa e em determinadas condições dissemina-se facilmente na sociedade. Daí o perigo que representa para a ordem estabelecida, sempre preocupada em preservar a estrutura social tradicional.
No fim do século XV, isto é, no início da época moderna, foi criada na Espanha uma instituição, que se inspirou nos moldes das que haviam funcionado na Europa durante a época medieval: O Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. O caráter cruel e desumano de seu funcionamento talvez não tenha precedentes na história da civilização, até o surgimento do nazismo no século XX. Há, contudo um fato importante que deve ser cuidadosamente anotado para que possamos entender o complexo fenômeno da perseguição às heresias na Espanha e Portugal: a palavra "heresia" adquiriu com o tempo diversas conotações, e para os inquisidores portugueses tinha um sentido muito definido e específico, que estava registrado em seus regimentos. Diz textualmente o Regimento da Inquisição de 1640, no Livro III, p.151: "contra os hereges e apóstolos que, sendo cristãos batizadores, deixam de ter e confessar nossa fé católica". E também contra os indivíduos "que confessam nela" ( na Inquisição ) "as culpas de judaísmo, ou de qualquer outra heresia ou apostasia". E, pois o português batizado, descendente de judeus convertidos ao catolicismo e praticante secreto do judaísmo, um herege perante a Igreja Católica em Portugal.
O aumento das contestações aos dogmas da Igreja na Europa Ocidental levou o Concílio de Verona, em 1814 a nomear bispos para visitarem duas vezes por ano as paróquias suspeitas de heresia. Havia um Regimento especial que norteava o trabalho desses "fiscalizadores de ideias" e os bispos o título de Inquisidores Ordinários. A Inquisição medieval foi produto de uma longa evolução durante a qual a Igreja e o Papado sentiam-se ameaçados em seu poder. Mas para que a caça aos hereges surtisse efeito era necessário o apoio do Estado, dos soberanos temporais, o que mostra a implicação política dessas perseguições, principalmente numa época em que a Igreja e o Estado estavam unidos.
As heresias medievais pondo em dúvida aos dogmas do catolicismo e a infalibilidade da Igreja abalavam o poder e a força da Santa Sé. Além da cruzada religiosa empreendida contra os hereges nos séculos XII e XIII está também à luta contra a ameaça ao poder.
Apesar do controle da Igreja, não foi possível conter a difusão das heresias, principalmente dos cátaros ou albigenses, contestadores dos dogmas a Igreja e que no sul da França constituíram-se numa espécie de Igreja contra a Igreja de Roma. Medidas severíssimas foram tomadas pela Santa Sé, e os eclesiásticos especialmente enviados aos lugares "infectos" constituíram a chamada "Inquisição delegada". A "Inquisição delegada" foi criada pelo papa Gregório IX, que se se tornou governador e dirigente principal da luta contra os apóstatas. Domingos de Gusmão, criador da Ordem dos Dominicanos organizou em 1219 uma confraria chamada "milícia de Jesus Cristo". Os membros da milícia de São Domingos foram os primeiros a utilizar e aplicar técnicas de crueldade e violência, que foram copiadas nos séculos XVI, XVII e XVIII pela Inquisição moderna. A inquisição medieval exterminou comunidades inteiras, dizimou populações e queimou milhares de indivíduos.
Através da ideologia do catolicismo, a Igreja oferecia aos seus fiéis, na Idade Média como hoje, uma mensagem de salvação, de vida eterna, que poderia ser alcançada através da crença em Jesus Cristo. O ideal da Igreja era manter a unidade da doutrina, que nesse tempo ainda se encontrava fraca para manter as dissidências. O problema do bem e do mal, da natureza humana e da Igreja, sobre a própria conduta da vida e sobre o fim do homem.
A Inquisição medieval e a Inquisição moderna (principalmente Espanha e Portugal) apoiavam-se em bases comuns: a delação, a denúncia, os "rumores".
A Inquisição penetrou em muitos países, inclusive na Europa Oriental, mas teve mais força e eficácia na Europa Ocidental, principalmente no sudeste da França.
Em 12 de maio de 1314 dá-se o primeiro auto-de-fé e seis indivíduos acusados de heresia foram queimados. Já em Valência houve um auto que se tornou célebre, pois foram queimadas vinte pessoas que não quiseram arrepender-se, abjurar-se de suas crenças e confessar que a Igreja estava certa. À medida que as heresias alastravam-se, o herege passou a ser visto como uma perigosa ameaça e como um traidor de Deus. Então percebemos que a Igreja Católica funcionava como uma espécie de "empresa", com uma determinada ordem e hierarquia, estabelecendo sua organização, suas leis, suas regras punitivas e suas promessas de gratificação. Já os infratores das regras eram punidos com: a excomunhão, o confisco de todos os seus bens, o exílio, a prisão perpétua, os açoites e até a sua morte na fogueira.
Como no século XVIII a Espanha não estava unida politicamente, e com isso a Inquisição medieval atuou apenas em alguns bispados, sem penetrar no Reino de Castela até o final do século XV. Com a união das coroas de Aragão e Castela, os reis católicos Fernando e Isabel alegaram a necessidade de unificação religiosa, para eliminar os árabes e judeus.
As heresias medievais pondo em dúvida aos dogmas do catolicismo e a infalibilidade da Igreja abalavam o poder e a força da Santa Sé. Além da cruzada religiosa empreendida contra os hereges nos séculos XII e XIII está também à luta contra a ameaça ao poder.
Apesar do controle da Igreja, não foi possível conter a difusão das heresias, principalmente dos cátaros ou albigenses, contestadores dos dogmas a Igreja e que no sul da França constituíram-se numa espécie de Igreja contra a Igreja de Roma. Medidas severíssimas foram tomadas pela Santa Sé, e os eclesiásticos especialmente enviados aos lugares "infectos" constituíram a chamada "Inquisição delegada". A "Inquisição delegada" foi criada pelo papa Gregório IX, que se se tornou governador e dirigente principal da luta contra os apóstatas. Domingos de Gusmão, criador da Ordem dos Dominicanos organizou em 1219 uma confraria chamada "milícia de Jesus Cristo". Os membros da milícia de São Domingos foram os primeiros a utilizar e aplicar técnicas de crueldade e violência, que foram copiadas nos séculos XVI, XVII e XVIII pela Inquisição moderna. A inquisição medieval exterminou comunidades inteiras, dizimou populações e queimou milhares de indivíduos.
Através da ideologia do catolicismo, a Igreja oferecia aos seus fiéis, na Idade Média como hoje, uma mensagem de salvação, de vida eterna, que poderia ser alcançada através da crença em Jesus Cristo. O ideal da Igreja era manter a unidade da doutrina, que nesse tempo ainda se encontrava fraca para manter as dissidências. O problema do bem e do mal, da natureza humana e da Igreja, sobre a própria conduta da vida e sobre o fim do homem.
A Inquisição medieval e a Inquisição moderna (principalmente Espanha e Portugal) apoiavam-se em bases comuns: a delação, a denúncia, os "rumores".
A Inquisição penetrou em muitos países, inclusive na Europa Oriental, mas teve mais força e eficácia na Europa Ocidental, principalmente no sudeste da França.
Em 12 de maio de 1314 dá-se o primeiro auto-de-fé e seis indivíduos acusados de heresia foram queimados. Já em Valência houve um auto que se tornou célebre, pois foram queimadas vinte pessoas que não quiseram arrepender-se, abjurar-se de suas crenças e confessar que a Igreja estava certa. À medida que as heresias alastravam-se, o herege passou a ser visto como uma perigosa ameaça e como um traidor de Deus. Então percebemos que a Igreja Católica funcionava como uma espécie de "empresa", com uma determinada ordem e hierarquia, estabelecendo sua organização, suas leis, suas regras punitivas e suas promessas de gratificação. Já os infratores das regras eram punidos com: a excomunhão, o confisco de todos os seus bens, o exílio, a prisão perpétua, os açoites e até a sua morte na fogueira.
Como no século XVIII a Espanha não estava unida politicamente, e com isso a Inquisição medieval atuou apenas em alguns bispados, sem penetrar no Reino de Castela até o final do século XV. Com a união das coroas de Aragão e Castela, os reis católicos Fernando e Isabel alegaram a necessidade de unificação religiosa, para eliminar os árabes e judeus.
Foram na Espanha e Portugal, durante a época moderna, ou seja, nos séculos XVI, XVII e XVIII, que a Inquisição alcançou seu apogeu. Durante a Idade Média os mais tolerantes da Europa, países onde haviam coexistido durante séculos grupos étnicos e religiosos diferentes. Um fenômeno básico levou ao estabelecimento do Tribunal da Inquisição: a existência, no território ibérico, de três grandes comunidades, a cristã, a muçulmana e a judia.
Os judeus habitavam em bairros que eram chamados em Portugal de "judarias", e na Espanha de "aljamas," e que ficavam situados nas mais belas áreas das cidades, diferentes dos insulabres e sórdidos ''guetos''. A guerra de ''Reconquista'', na qual os cristãos lutaram durante séculos para expulsar os árabes, chamados de ''infiéis'', que ocupavam desde o ano de 711 vastas regiões da Península Ibérica, nunca teve o mesmo caráter que as Cruzadas.
Com a centralização do poder, no final do século XV, os judeus, apesar de numerosos e influentes, nunca tiveram o domínio político sobre a Espanha, como os mouros, e viviam no território hispânico muito, tempo antes destes. Suas origens remontavam ao período antes de Cristo e existem na Espanha lápides mortuárias com inscrições em hebraico datadas do século III d.C. A maneira diferente como judeus e árabes trajavam-se, suas leis dietéticas, suas ocupações sócios profissionais específicos, seus costumes nunca foram considerados ou mencionados como delitos, nem as diferenças culturais vistas com desconfiança. Os judeus frequentavam as festas religiosas e os batismos dos seus cristãos, e estes eram convidados para as cerimônias das crianças judias. Já os cristãos convidavam judeus para entoarem suas ladainhas durante o sepultamento de seus familiares, e os casamentos mistos também não eram raros.
O IV Concílio de Latrão, reunido em 1215, determinou que todos os judeus usassem obrigatoriamente um distintivo, para que não fossem confundidos com os cristãos. Nem em Portugal, nem na Espanha esta ordem foi cumprida. A liberdade e tolerância que desfrutaram durante tão longo período sob a bandeira árabe permitiu o desenvolvimento amplo de suas potencialidades, e os judeus alcançaram posições de grande prestígio, tanto na área política como na econômico-financeira. Seu estilo de vida comparava-se ao das classes aristocráticas.
O avanço dos conhecimentos de arte náutica, a expansão marítima e o desenvolvimento do comércio foram fatores que, levaram ao amadurecimento de uma classe média, ansiosa de participar nos lucros e de ascender socialmente. O confronto desta burguesia cristã com a já sedimentada e tradicional burguesia judaica foi explorado pelas facções do poder, principalmente a Igreja, que procurava liderar uma intensiva propaganda antijudaica, responsabilizando os judeus por todos os males que afligiam a nação. No decorrer do século XIV, gradativamente, aumentaram os pedidos de restrições às atividades aos judeus. Para escaparem da morte os judeus procuravam voluntariamente o batismo.
A partir disso, dá-se início a uma política racista que procurava justificativas acusando todos os conversos de serem falsos cristãos, mas que na verdade nasceu do conflito entre a burguesia cristã-velha e a burguesia cristã-nova.
Essa política disseminou contra os conversos, dando origem aos "estatutos de pureza de sangue", segundo o qual nenhum descendente de judeu e mouro, até a sexta ou sétima geração, podia pertencer às corporações profissionais, cursar nas universidades, ingressar nas ordens religiosas ou militares ou ocupar qualquer posto oficial. O fato de terem sido as corporações profissionais as primeiras instituições a adotar os estatutos de pureza de sangue, e não a Igreja mostra claramente que se tratava de um problema social, mesmo que tivesse envolvimento religioso.
O Tribunal da Inquisição na Espanha foi criado com o objetivo extirpar a heresia judaica e eliminar os conversos suspeitos de a praticarem, acusados de estarem contagiando a sociedade espanhola. O Tribunal da Inquisição espalhou-se por todas as cidades da Espanha dentre elas podemos citar Granada, Castela, Aragão, Sevilha, Catalunha e Valência. Tudo isso foi feito pela ordem do inquisidor geral Tomás de Torquemada, chefe do mosteiro dominicano de Santa Cruz em Segóvia.
Os judeus habitavam em bairros que eram chamados em Portugal de "judarias", e na Espanha de "aljamas," e que ficavam situados nas mais belas áreas das cidades, diferentes dos insulabres e sórdidos ''guetos''. A guerra de ''Reconquista'', na qual os cristãos lutaram durante séculos para expulsar os árabes, chamados de ''infiéis'', que ocupavam desde o ano de 711 vastas regiões da Península Ibérica, nunca teve o mesmo caráter que as Cruzadas.
Com a centralização do poder, no final do século XV, os judeus, apesar de numerosos e influentes, nunca tiveram o domínio político sobre a Espanha, como os mouros, e viviam no território hispânico muito, tempo antes destes. Suas origens remontavam ao período antes de Cristo e existem na Espanha lápides mortuárias com inscrições em hebraico datadas do século III d.C. A maneira diferente como judeus e árabes trajavam-se, suas leis dietéticas, suas ocupações sócios profissionais específicos, seus costumes nunca foram considerados ou mencionados como delitos, nem as diferenças culturais vistas com desconfiança. Os judeus frequentavam as festas religiosas e os batismos dos seus cristãos, e estes eram convidados para as cerimônias das crianças judias. Já os cristãos convidavam judeus para entoarem suas ladainhas durante o sepultamento de seus familiares, e os casamentos mistos também não eram raros.
O IV Concílio de Latrão, reunido em 1215, determinou que todos os judeus usassem obrigatoriamente um distintivo, para que não fossem confundidos com os cristãos. Nem em Portugal, nem na Espanha esta ordem foi cumprida. A liberdade e tolerância que desfrutaram durante tão longo período sob a bandeira árabe permitiu o desenvolvimento amplo de suas potencialidades, e os judeus alcançaram posições de grande prestígio, tanto na área política como na econômico-financeira. Seu estilo de vida comparava-se ao das classes aristocráticas.
O avanço dos conhecimentos de arte náutica, a expansão marítima e o desenvolvimento do comércio foram fatores que, levaram ao amadurecimento de uma classe média, ansiosa de participar nos lucros e de ascender socialmente. O confronto desta burguesia cristã com a já sedimentada e tradicional burguesia judaica foi explorado pelas facções do poder, principalmente a Igreja, que procurava liderar uma intensiva propaganda antijudaica, responsabilizando os judeus por todos os males que afligiam a nação. No decorrer do século XIV, gradativamente, aumentaram os pedidos de restrições às atividades aos judeus. Para escaparem da morte os judeus procuravam voluntariamente o batismo.
A partir disso, dá-se início a uma política racista que procurava justificativas acusando todos os conversos de serem falsos cristãos, mas que na verdade nasceu do conflito entre a burguesia cristã-velha e a burguesia cristã-nova.
Essa política disseminou contra os conversos, dando origem aos "estatutos de pureza de sangue", segundo o qual nenhum descendente de judeu e mouro, até a sexta ou sétima geração, podia pertencer às corporações profissionais, cursar nas universidades, ingressar nas ordens religiosas ou militares ou ocupar qualquer posto oficial. O fato de terem sido as corporações profissionais as primeiras instituições a adotar os estatutos de pureza de sangue, e não a Igreja mostra claramente que se tratava de um problema social, mesmo que tivesse envolvimento religioso.
O Tribunal da Inquisição na Espanha foi criado com o objetivo extirpar a heresia judaica e eliminar os conversos suspeitos de a praticarem, acusados de estarem contagiando a sociedade espanhola. O Tribunal da Inquisição espalhou-se por todas as cidades da Espanha dentre elas podemos citar Granada, Castela, Aragão, Sevilha, Catalunha e Valência. Tudo isso foi feito pela ordem do inquisidor geral Tomás de Torquemada, chefe do mosteiro dominicano de Santa Cruz em Segóvia.
O sucessor de Dom Manuel no trono, Dom João III, influenciado pela Espanha e sob a alegação de que os judeus batizados a força e seus descendentes não eram cristãos verdadeiros, solicita ao papa autorização para instalar em Portugal um tribunal que funcionasse nos moldes do espanhol. Toda a negociação mantida entre Roma e Portugal para se estabelecer o tribunal tiveram por base o poder do dinheiro. Os papas sabiam que os monarcas portugueses, possuindo o domínio sobre a inquisição, enfraqueceriam politicamente Roma. A inquisição foi "comprada" por Dom João III, no começo com algumas restrições, mas com o tempo estas foram abolidas e o rei passou a ter o controle absoluto sobre a instituição.
Os portugueses de origem judaica perseguidos pela Inquisição espalharam-se pelos quatro cantos do mundo, levando seus costumes, religião, língua, alimentação, folclore, literatura, que preservaram durante séculos.
Apesar de todo o aparato religioso e da auréola divina com que o tribunal da Inquisição se revestiu apesar das funções "santas" que alegou, foi uma instituição vinculada ao Estado. Respondeu dos interesses das facções do poder: coroa nobreza e clero. Infelizmente, depois da metade do século XVII, não temos monografias nem pesquisas suficientes sobre suas atividades comerciais em outras regiões, para podermos precisar a medida de sua importância no mundo financeiro europeu e internacional.
A Inquisição sempre esteve na pista dos homens de negócio. Para isto contava com um séquito de funcionários que atuavam como espiões, trazendo informações e denúncias de portugueses residentes nas colônias, na Holanda, em Hamburgo, na Itália, na França, em Londres, etc.
A limitação dos direitos dos descendentes de convertidos através da aplicação dos estatutos de pureza de sangue também foi uma tentativa da nobreza feudal de eliminar uma parte da burguesia os cristãos-novos que tinham criado força e aspiravam ao domínio sobre o Estado. A Inquisição era uma ameaça permanente e servia-se de todos os pretextos para confiscar e perseguir os homens de negócios cristãos-novos. Durante a união com a Espanha a burguesia portuguesa enriqueceu e os cristãos-novos tiveram atuação importante como financistas da coroa espanhola. Depois de 1640 sofreu um declínio, e os estrangeiros ingleses, holandeses, alemães, franceses, estabelecidos em Lisboa e protegidos por diversos tratados, deram golpe mortal nos comerciantes nacionais.
Nesta época dois fatos interferiram no funcionamento da Inquisição portuguesa que levaram ao pronunciamento do Papa; um texto divulgado clandestinamente, e intitulado Notícias Recônditas, escrito por um notário da Inquisição, que delata os métodos, as injustiças, os crimes praticados pela Inquisição em Portugal, e a interferência de um jesuíta, o Padre Antônio Vieira, que, quando em Roma, ajudou a desmascarar a dita "cristianíssima e santa Inquisição".
Pressionado politicamente, o sumo pontífice deixou-se convencer, e em 22 de agosto de 1681 o tribunal português reiniciou suas atividades. Desde então se intensificaram as perseguições e se realizaram autos-de-fé praticamente todos os anos.
Na revolução da Catalunha, em 1640 o próprio inquisidor sugeriu que o tribunal iniciasse um processo contra os rebeldes, e na guerra de Sucessão 1702 - 1714 a Inquisição ameaçou de censuras eclesiásticas os culpados de opiniões contrárias.
No que diz respeito à Inquisição portuguesa, sua implantação política também se revelou bem clara desde o seu estabelecimento. Quando o tribunal da Inquisição portuguesa entrou em funcionamento regular, as forças políticas e espirituais da nação estavam unidas: rei e inquisidor era a mesma pessoa.
Os portugueses de origem judaica perseguidos pela Inquisição espalharam-se pelos quatro cantos do mundo, levando seus costumes, religião, língua, alimentação, folclore, literatura, que preservaram durante séculos.
Apesar de todo o aparato religioso e da auréola divina com que o tribunal da Inquisição se revestiu apesar das funções "santas" que alegou, foi uma instituição vinculada ao Estado. Respondeu dos interesses das facções do poder: coroa nobreza e clero. Infelizmente, depois da metade do século XVII, não temos monografias nem pesquisas suficientes sobre suas atividades comerciais em outras regiões, para podermos precisar a medida de sua importância no mundo financeiro europeu e internacional.
A Inquisição sempre esteve na pista dos homens de negócio. Para isto contava com um séquito de funcionários que atuavam como espiões, trazendo informações e denúncias de portugueses residentes nas colônias, na Holanda, em Hamburgo, na Itália, na França, em Londres, etc.
A limitação dos direitos dos descendentes de convertidos através da aplicação dos estatutos de pureza de sangue também foi uma tentativa da nobreza feudal de eliminar uma parte da burguesia os cristãos-novos que tinham criado força e aspiravam ao domínio sobre o Estado. A Inquisição era uma ameaça permanente e servia-se de todos os pretextos para confiscar e perseguir os homens de negócios cristãos-novos. Durante a união com a Espanha a burguesia portuguesa enriqueceu e os cristãos-novos tiveram atuação importante como financistas da coroa espanhola. Depois de 1640 sofreu um declínio, e os estrangeiros ingleses, holandeses, alemães, franceses, estabelecidos em Lisboa e protegidos por diversos tratados, deram golpe mortal nos comerciantes nacionais.
Nesta época dois fatos interferiram no funcionamento da Inquisição portuguesa que levaram ao pronunciamento do Papa; um texto divulgado clandestinamente, e intitulado Notícias Recônditas, escrito por um notário da Inquisição, que delata os métodos, as injustiças, os crimes praticados pela Inquisição em Portugal, e a interferência de um jesuíta, o Padre Antônio Vieira, que, quando em Roma, ajudou a desmascarar a dita "cristianíssima e santa Inquisição".
Pressionado politicamente, o sumo pontífice deixou-se convencer, e em 22 de agosto de 1681 o tribunal português reiniciou suas atividades. Desde então se intensificaram as perseguições e se realizaram autos-de-fé praticamente todos os anos.
Na revolução da Catalunha, em 1640 o próprio inquisidor sugeriu que o tribunal iniciasse um processo contra os rebeldes, e na guerra de Sucessão 1702 - 1714 a Inquisição ameaçou de censuras eclesiásticas os culpados de opiniões contrárias.
No que diz respeito à Inquisição portuguesa, sua implantação política também se revelou bem clara desde o seu estabelecimento. Quando o tribunal da Inquisição portuguesa entrou em funcionamento regular, as forças políticas e espirituais da nação estavam unidas: rei e inquisidor era a mesma pessoa.
O Tribunal da Inquisição orientava-se, como já dissemos, por um Regimento Interno, onde estavam sistematizados as leis, jurisprudência, ordens e prazos a serem seguidos.
Os crimes julgados pelo Tribunal eram de duas naturezas: contra a fé, como judaísmo, protestantismo, luteranismo, deísmo, libertiníssimo, molinismo, maometismo, blasfêmias, desacatos, críticas aos dogmas; e contra a moral e os costumes, como bigamia, sodomia, feitiçaria etc, com toda sua série de modalidades, e que se misturavam com o campo religioso.
Os crimes contra a fé eram considerados mais graves do que os crimes contra os costumes e a moral, e as suas penas eram muito mais severas. Os réus acusados de crime contra a fé tinham quase sempre seus bens confiscados, enquanto os infratores dos costumes recebiam sentenças leves e raramente pena de morte.
A base sob a qual se apoiava a Inquisição era a denúncia. Aceitavam-se denúncias de qualquer categoria de pessoas e mesmo cartas anônimas. O crédito das testemunhas dependia exclusivamente do arbítrio dos inquisidores. "Ouvir dizer" e "suposições" também eram considerados provas.
Quando um indivíduo era denunciado, um funcionário da Inquisição ia a sua casa, acompanhado pelo juiz do fisco, que sequestrava tudo que o suspeito possuía, antes mesmo de ter provas de sua culpa. Depois de prendê-lo, passava ferros e trancas nas portas da casa e ninguém mais podia entrar a não ser os funcionários da Inquisição. A família ficava na rua, sem abrigo, as crianças à mercê da caridade dos vizinhos, esperando que alguém as socorresse. Muitas vezes os filhos jamais reviam seus pais e famílias ficavam para sempre separadas, como aconteceu tantas vezes com os presos no Brasil. Outras vezes, a Inquisição mandava que se arrasasse a casa em que haviam morado o herege e sua família, para que não ficasse dele um sinal sobre a terra. Os descendentes de um penitenciado pela Inquisição eram considerados infames por várias gerações e impedidos de qualquer participação na sociedade.
Um suspeito podia ser preso a qualquer momento, sem saber o que se queria dele. Nunca ficava conhecendo o nome de quem o acusou, nem lhe era comunicado o motivo da prisão, nem o lugar em que havia cometido o crime de que era acusado, nem com que havia pecado. Com o tempo a Inquisição introduziu uma farsa, um advogado de defesa, mas este não podia examinar o processo, era escolhido pelos Inquisidores, sendo um funcionário do Tribunal.
Todo réu, para salvar-se, tinha de confessar-se culpado, e acusar as pessoas de sua intimidade: pais, irmãos, parentes, amigos. Se não denunciasse a família era considerado diminuto, isto é, estava escondendo culpados. Caso não mencionasse todos os nomes, a confissão era considerada incompleta. Nesse caso, mandavam-no para a câmara de tortura. Confuso, no desespero de querer salvar-se, o réu prometia denunciar mais, e acusava todas as pessoas que conhecia: amigos de infância, pais, filhos, irmãos, parentes etc. Uma testemunha era suficiente para justificar o envio para câmara do tormento. Quanto mais débil a evidência do crime, mais severa era a tortura. Em Lisboa se retalhavam, as plantas dos pés dos réus, untavam-se de manteiga e em seguida os submetiam ao calor de braseiro. O Regimento de 1640 estabeleceu dois tipos de tortura: o potro, uma espécie de cama de ripas onde o réu era amarrado pelos pulsos e pernas e, ao aperta-se um arrocho, cortavam-se lhe as carnes; e, a polé, quando o réu era suspenso no teto pelos pés, deixando-o cair em seguida, sem tocar o chão. No potro, graduava-se o tormento, apertando um após outro os membros. Na polé levantava-se o condenado a alturas diferentes, até a roldana, repetindo-se as quedas. Esse tormento, muitas vezes, deixava os réus aleijados, e para maior hipocrisia perante a sociedade, os inquisidores mandavam que não fosse aplicado nos últimos quinze dias antes de o réu sair no auto-de-fé para que o povo não visse às marcas deixadas pela tortura.
A pena de morte pela fogueira recebiam os réus que recusavam confessarem-se culpados. Eram chamados contumazes, pois, negando, continuavam persistindo no crime. E também os relapsos, que, já tendo sido condenados, tornavam a pecar. Se no último momento, antes de se aplicar a pena de morte, o réu se dizia arrependido, e pedia para morrer na Lei de Cristo, era primeiramente estrangulado e depois atirado na fogueira. Se, porém, persistia em dizer que queria morrer na lei de Moisés, era queimado vivo. Os que fugiam eram queimados "em efígie", isto é, simbolicamente.
A flagelação era um castigo dos mais comuns. O indivíduo era açoitado através das ruas da cidade, despido até a cintura, muitas vezes montado num burro, enquanto as pessoas lhe atiravam pedras e detritos.
Os crimes julgados pelo Tribunal eram de duas naturezas: contra a fé, como judaísmo, protestantismo, luteranismo, deísmo, libertiníssimo, molinismo, maometismo, blasfêmias, desacatos, críticas aos dogmas; e contra a moral e os costumes, como bigamia, sodomia, feitiçaria etc, com toda sua série de modalidades, e que se misturavam com o campo religioso.
Os crimes contra a fé eram considerados mais graves do que os crimes contra os costumes e a moral, e as suas penas eram muito mais severas. Os réus acusados de crime contra a fé tinham quase sempre seus bens confiscados, enquanto os infratores dos costumes recebiam sentenças leves e raramente pena de morte.
A base sob a qual se apoiava a Inquisição era a denúncia. Aceitavam-se denúncias de qualquer categoria de pessoas e mesmo cartas anônimas. O crédito das testemunhas dependia exclusivamente do arbítrio dos inquisidores. "Ouvir dizer" e "suposições" também eram considerados provas.
Quando um indivíduo era denunciado, um funcionário da Inquisição ia a sua casa, acompanhado pelo juiz do fisco, que sequestrava tudo que o suspeito possuía, antes mesmo de ter provas de sua culpa. Depois de prendê-lo, passava ferros e trancas nas portas da casa e ninguém mais podia entrar a não ser os funcionários da Inquisição. A família ficava na rua, sem abrigo, as crianças à mercê da caridade dos vizinhos, esperando que alguém as socorresse. Muitas vezes os filhos jamais reviam seus pais e famílias ficavam para sempre separadas, como aconteceu tantas vezes com os presos no Brasil. Outras vezes, a Inquisição mandava que se arrasasse a casa em que haviam morado o herege e sua família, para que não ficasse dele um sinal sobre a terra. Os descendentes de um penitenciado pela Inquisição eram considerados infames por várias gerações e impedidos de qualquer participação na sociedade.
Um suspeito podia ser preso a qualquer momento, sem saber o que se queria dele. Nunca ficava conhecendo o nome de quem o acusou, nem lhe era comunicado o motivo da prisão, nem o lugar em que havia cometido o crime de que era acusado, nem com que havia pecado. Com o tempo a Inquisição introduziu uma farsa, um advogado de defesa, mas este não podia examinar o processo, era escolhido pelos Inquisidores, sendo um funcionário do Tribunal.
Todo réu, para salvar-se, tinha de confessar-se culpado, e acusar as pessoas de sua intimidade: pais, irmãos, parentes, amigos. Se não denunciasse a família era considerado diminuto, isto é, estava escondendo culpados. Caso não mencionasse todos os nomes, a confissão era considerada incompleta. Nesse caso, mandavam-no para a câmara de tortura. Confuso, no desespero de querer salvar-se, o réu prometia denunciar mais, e acusava todas as pessoas que conhecia: amigos de infância, pais, filhos, irmãos, parentes etc. Uma testemunha era suficiente para justificar o envio para câmara do tormento. Quanto mais débil a evidência do crime, mais severa era a tortura. Em Lisboa se retalhavam, as plantas dos pés dos réus, untavam-se de manteiga e em seguida os submetiam ao calor de braseiro. O Regimento de 1640 estabeleceu dois tipos de tortura: o potro, uma espécie de cama de ripas onde o réu era amarrado pelos pulsos e pernas e, ao aperta-se um arrocho, cortavam-se lhe as carnes; e, a polé, quando o réu era suspenso no teto pelos pés, deixando-o cair em seguida, sem tocar o chão. No potro, graduava-se o tormento, apertando um após outro os membros. Na polé levantava-se o condenado a alturas diferentes, até a roldana, repetindo-se as quedas. Esse tormento, muitas vezes, deixava os réus aleijados, e para maior hipocrisia perante a sociedade, os inquisidores mandavam que não fosse aplicado nos últimos quinze dias antes de o réu sair no auto-de-fé para que o povo não visse às marcas deixadas pela tortura.
A pena de morte pela fogueira recebiam os réus que recusavam confessarem-se culpados. Eram chamados contumazes, pois, negando, continuavam persistindo no crime. E também os relapsos, que, já tendo sido condenados, tornavam a pecar. Se no último momento, antes de se aplicar a pena de morte, o réu se dizia arrependido, e pedia para morrer na Lei de Cristo, era primeiramente estrangulado e depois atirado na fogueira. Se, porém, persistia em dizer que queria morrer na lei de Moisés, era queimado vivo. Os que fugiam eram queimados "em efígie", isto é, simbolicamente.
A flagelação era um castigo dos mais comuns. O indivíduo era açoitado através das ruas da cidade, despido até a cintura, muitas vezes montado num burro, enquanto as pessoas lhe atiravam pedras e detritos.
Durante o auto-de-fé, os réus ouviam suas sentenças. Os condenados a morrer na fogueira, depois da cerimônia eram transportados para o lugar onde se erguia o queimadeiro.
O auto-de-fé começava com a procissão seguida de uma missa. O sermão tinha uma importância toda especial, e o pregador era sempre escolhido entre os mais distinguidos membros do clero.
O auto-de-fé era celebrado com enorme pampa. Comparava-se a participação do povo com a promessa de que quem assistisse ao auto-de-fé ganhava quarenta dias de indulgência. O povo era avisado com um mês de antecedência.
Em Portugal e na Espanha a Inquisição converteu-se em um poderosíssimo Estado dentro do Estado. Houve tempos em que sua ação foi mais branda e houve períodos de enorme ferocidade. Avaliar com precisão quantas pessoas foi penitenciadas e condenadas pela Inquisição moderna na Espanha e em Portugal e suas colônias de ultramar é tarefa praticamente impossível. O número de autos-de-fé em Portugal ainda não era conhecido. Oliveira Marques dá alguns que são também suposições. De 1543 a 1684 a Inquisição de Portugal queimou em autos-de-fé pelo menos 1379 pessoas, numa média de cento e trinta e seis por ano. De 1684 a 1747 foram sentenciadas 4672 pessoas e 146 foram queimadas. Na década de 1704 foram sentenciadas 1392 pessoas (cento e trinta e nove por ano) e 17 executadas. De 1724 a 1733 morreram 22 pessoas e 1070 foram condenadas. De 1734 a 1743 o número de execuções subiu a 51 e de 1750 a 1759, já no tempo do Marquês de Pombal, 18 foram queimadas e mais de mil foram penitenciadas. Segundo Cecil Roth, a Inquisição portuguesa processou quarenta mil pessoas, queimou mil oitocentos e oito (633 em efígie), condenou 29.590. A Inquisição de Goa processou 3800 pessoas em 82 autos-de-fé.
Desde o estabelecimento do tribunal da Espanha em 1480, até 1808, foram queimados 31.912 hereges (em efígie 17.659). Foram penitenciadas 291.450 pessoas, num total de 341.021. De 1780 até 1820 houve cerca de 5.000 processados.
Todos esses dados são aproximados e com o avanço das pesquisas devem ser renovados. Autores que procuram justificar a Inquisição referem-se aos números relativamente baixos de condenados, e dizem que os tribunais civis eram tão ou mais severos, e mataram mais gente.
O auto-de-fé começava com a procissão seguida de uma missa. O sermão tinha uma importância toda especial, e o pregador era sempre escolhido entre os mais distinguidos membros do clero.
O auto-de-fé era celebrado com enorme pampa. Comparava-se a participação do povo com a promessa de que quem assistisse ao auto-de-fé ganhava quarenta dias de indulgência. O povo era avisado com um mês de antecedência.
Em Portugal e na Espanha a Inquisição converteu-se em um poderosíssimo Estado dentro do Estado. Houve tempos em que sua ação foi mais branda e houve períodos de enorme ferocidade. Avaliar com precisão quantas pessoas foi penitenciadas e condenadas pela Inquisição moderna na Espanha e em Portugal e suas colônias de ultramar é tarefa praticamente impossível. O número de autos-de-fé em Portugal ainda não era conhecido. Oliveira Marques dá alguns que são também suposições. De 1543 a 1684 a Inquisição de Portugal queimou em autos-de-fé pelo menos 1379 pessoas, numa média de cento e trinta e seis por ano. De 1684 a 1747 foram sentenciadas 4672 pessoas e 146 foram queimadas. Na década de 1704 foram sentenciadas 1392 pessoas (cento e trinta e nove por ano) e 17 executadas. De 1724 a 1733 morreram 22 pessoas e 1070 foram condenadas. De 1734 a 1743 o número de execuções subiu a 51 e de 1750 a 1759, já no tempo do Marquês de Pombal, 18 foram queimadas e mais de mil foram penitenciadas. Segundo Cecil Roth, a Inquisição portuguesa processou quarenta mil pessoas, queimou mil oitocentos e oito (633 em efígie), condenou 29.590. A Inquisição de Goa processou 3800 pessoas em 82 autos-de-fé.
Desde o estabelecimento do tribunal da Espanha em 1480, até 1808, foram queimados 31.912 hereges (em efígie 17.659). Foram penitenciadas 291.450 pessoas, num total de 341.021. De 1780 até 1820 houve cerca de 5.000 processados.
Todos esses dados são aproximados e com o avanço das pesquisas devem ser renovados. Autores que procuram justificar a Inquisição referem-se aos números relativamente baixos de condenados, e dizem que os tribunais civis eram tão ou mais severos, e mataram mais gente.
A história do Brasil, como a de outras nações está cheia de mitos e mentiras. Um desses mitos, no qual os brasileiros acreditaram durante gerações, foi de que não houve ação inquisitorial nem política racista no Brasil. Hoje sabemos que a Inquisição interferiu profundamente na vida colonial durante mais de dois séculos, atingiu as regiões mais distantes e perseguiu portugueses residentes no Brasil e brasileiros natos, do Amazonas até a colônia do Sacramento, e as leis racistas estão textualmente registradas na legislação portuguesas.
Inicialmente o trabalho árduo, com poucas recompensas imediatas, o perigo das viagens, a hostilidade dos índios, as doenças foram fatores que não estimularam a vinda de portugueses. Dom Manuel não sabendo o quê fazer com o Brasil, arrendou-o a um grupo de mercadores cristãos-novos, que foram os primeiros a explorar o país economicamente.
O regimento trazido por Tomé de Souza era bastante maleável e a vida familiar na colônia decorria sem interferência das autoridades nos comportamentos nem nos credos religiosos. Temos notícias de cristãos-novos que praticavam livremente o judaísmo em São Vicente na Primeira metade do século XVI.
Quando Felipe segundo da Espanha incluiu Portugal entre seus domínios, em 1850, reforçou por razões políticas o tribunal da Inquisição, e a perseguição às heresias também se intensificou. As denúncias sobre as infrações religiosas na colônia chegavam ininterruptamente aos ouvidos dos inquisidores, assim como as notícias sobre a riqueza dos colonos. Agentes inquisitoriais foram enviados para o Brasil, visitadores, comissários e familiares, para investigar, prender os suspeitos de heresias. Perante o visitador são apresentadas as mais variadas heresias, feitiçarias, bruxarias, sodomia, bigamia, blasfêmias, desacatos, e os crimes de religião: judaísmo, luteranismo.
Em 1593, terminando o seu trabalho na Bahia, o visitador passou para Pernambuco, onde recebeu as confissões e denunciações dos moradores. Aparecem mencionadas 62 pessoas, das quais 51 homens e 11 mulheres. Confessaram as seguintes culpas: blasfêmia 40, sodomia 6, bigamia 3, práticas judaizantes 4 e práticas luteranas 8.
Em 1618, a Inquisição mandou novamente um visitador para a Bahia. Compareceram perante ele no tempo da Graça 55 confidentes, a maioria era nascida em Portugal e tinham as mais diversas profissões. Confessaram: culpa de adultério 2, blasfêmia 12, comer carne na quaresma 2, comer antes da confissão 1, concordar com a prostituição 1, desacatar a missa 1, não fazer a comunhão 6, feitiçaria 5, heresia 2, judaísmo 5, ler livros proibidos 1, não deixar a mulher confessar 1, sodomia 13, culpa não declarada 1, e testemunhas de heresia 2. Em 1620 no segundo tempo da Graça, compareceram 7 confidentes, 6 homens e 1 mulher, cinco cristãos-velhos e dois cristãos-novos. Confessaram sodomia 3, feitiçaria 1, quebrar o juramento 1, blasfêmia 1, negar a validade de auto-de-fé 1. Trinta e sete denunciantes apresentaram-se nesse mesmo período na Bahia, 36 homens e 1 mulher. Os crimes denunciados foram: blasfêmia 6, adultérios 2, heresia 5, judaísmo 19, ler livros proibidos 3, sodomia 6, falar mal do Santo Ofício 1.
O provincial da Companhia de Jesus foi responsabilizado por uma Inquirição, mas se encontrando ausente foi auxiliado pelo clero local, que inquiriu 120 testemunhas, que denunciaram 85 judaizantes, 18 feiticeiros (4 homens e 14 mulheres) e 16 sometigos. Dos denunciados nessas visitações e inquirições, muitos foram presos. Alguns foram queimados, os judaizantes receberam principalmente a sentença de cárcere e hábito penitencial perpétuo, e os restantes, penas mais leves. A maior parte dos hereges brasileiros penitenciados no século XVII era da Bahia, então capital da colônia.
O auge de perseguições inquisitoriais no Brasil deu-se na primeira metade do século XVIII, quando a produção do ouro, dominava a economia colonial.
Na Paraíba, por exemplo, havia uma importante comunidade cristo-judia, constituída principalmente de haviadores de cana. Entre 1729 e 1736 a Inquisição prendeu 48 pessoas, que foram processadas em Lisboa, sendo uma das mulheres, Guiomar Nunes, queimada.
Interessante que praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros critãos-novos no século XVIII era de mulheres, que representaram um importante papel na transmissão da heresia.
Investidas contínuas foram feitas pela Inquisição no correr do século, também em outras regiões menos prósperas. Como no Maranhão, em 1731 e no Pará, em 1763, houve uma visitação em que também sobressaíram as feitiçarias, blasfemos, curandeiros, sodomitas, bígamos, sendo ao todo implicadas 485 pessoas.
Fenômeno curioso no Brasil foi o elevado número de membros do clero presos pela Inquisição. Podemos dizer que há uma longa tradição herética entre o clero brasileiro, que remonta aos tempos coloniais.
Inicialmente o trabalho árduo, com poucas recompensas imediatas, o perigo das viagens, a hostilidade dos índios, as doenças foram fatores que não estimularam a vinda de portugueses. Dom Manuel não sabendo o quê fazer com o Brasil, arrendou-o a um grupo de mercadores cristãos-novos, que foram os primeiros a explorar o país economicamente.
O regimento trazido por Tomé de Souza era bastante maleável e a vida familiar na colônia decorria sem interferência das autoridades nos comportamentos nem nos credos religiosos. Temos notícias de cristãos-novos que praticavam livremente o judaísmo em São Vicente na Primeira metade do século XVI.
Quando Felipe segundo da Espanha incluiu Portugal entre seus domínios, em 1850, reforçou por razões políticas o tribunal da Inquisição, e a perseguição às heresias também se intensificou. As denúncias sobre as infrações religiosas na colônia chegavam ininterruptamente aos ouvidos dos inquisidores, assim como as notícias sobre a riqueza dos colonos. Agentes inquisitoriais foram enviados para o Brasil, visitadores, comissários e familiares, para investigar, prender os suspeitos de heresias. Perante o visitador são apresentadas as mais variadas heresias, feitiçarias, bruxarias, sodomia, bigamia, blasfêmias, desacatos, e os crimes de religião: judaísmo, luteranismo.
Em 1593, terminando o seu trabalho na Bahia, o visitador passou para Pernambuco, onde recebeu as confissões e denunciações dos moradores. Aparecem mencionadas 62 pessoas, das quais 51 homens e 11 mulheres. Confessaram as seguintes culpas: blasfêmia 40, sodomia 6, bigamia 3, práticas judaizantes 4 e práticas luteranas 8.
Em 1618, a Inquisição mandou novamente um visitador para a Bahia. Compareceram perante ele no tempo da Graça 55 confidentes, a maioria era nascida em Portugal e tinham as mais diversas profissões. Confessaram: culpa de adultério 2, blasfêmia 12, comer carne na quaresma 2, comer antes da confissão 1, concordar com a prostituição 1, desacatar a missa 1, não fazer a comunhão 6, feitiçaria 5, heresia 2, judaísmo 5, ler livros proibidos 1, não deixar a mulher confessar 1, sodomia 13, culpa não declarada 1, e testemunhas de heresia 2. Em 1620 no segundo tempo da Graça, compareceram 7 confidentes, 6 homens e 1 mulher, cinco cristãos-velhos e dois cristãos-novos. Confessaram sodomia 3, feitiçaria 1, quebrar o juramento 1, blasfêmia 1, negar a validade de auto-de-fé 1. Trinta e sete denunciantes apresentaram-se nesse mesmo período na Bahia, 36 homens e 1 mulher. Os crimes denunciados foram: blasfêmia 6, adultérios 2, heresia 5, judaísmo 19, ler livros proibidos 3, sodomia 6, falar mal do Santo Ofício 1.
O provincial da Companhia de Jesus foi responsabilizado por uma Inquirição, mas se encontrando ausente foi auxiliado pelo clero local, que inquiriu 120 testemunhas, que denunciaram 85 judaizantes, 18 feiticeiros (4 homens e 14 mulheres) e 16 sometigos. Dos denunciados nessas visitações e inquirições, muitos foram presos. Alguns foram queimados, os judaizantes receberam principalmente a sentença de cárcere e hábito penitencial perpétuo, e os restantes, penas mais leves. A maior parte dos hereges brasileiros penitenciados no século XVII era da Bahia, então capital da colônia.
O auge de perseguições inquisitoriais no Brasil deu-se na primeira metade do século XVIII, quando a produção do ouro, dominava a economia colonial.
Na Paraíba, por exemplo, havia uma importante comunidade cristo-judia, constituída principalmente de haviadores de cana. Entre 1729 e 1736 a Inquisição prendeu 48 pessoas, que foram processadas em Lisboa, sendo uma das mulheres, Guiomar Nunes, queimada.
Interessante que praticamente a metade dos prisioneiros brasileiros critãos-novos no século XVIII era de mulheres, que representaram um importante papel na transmissão da heresia.
Investidas contínuas foram feitas pela Inquisição no correr do século, também em outras regiões menos prósperas. Como no Maranhão, em 1731 e no Pará, em 1763, houve uma visitação em que também sobressaíram as feitiçarias, blasfemos, curandeiros, sodomitas, bígamos, sendo ao todo implicadas 485 pessoas.
Fenômeno curioso no Brasil foi o elevado número de membros do clero presos pela Inquisição. Podemos dizer que há uma longa tradição herética entre o clero brasileiro, que remonta aos tempos coloniais.
O Santo Ofício da Inquisição, que queimou Giordano Bruno e perseguiu Galil, denomina-se, hoje Sagrada Congregação para a doutrina da fé. Esta congregação tem acusado como hereges, advertido e punido numerosos teólogos contemporâneos, que têm questionado diferentes aspectos da doutrina católica e a infalibilidade da Igreja.
Os princípios teólogos ultimamente acusados de heresia foram: Edward Schillebeeckx, professor de teologia da Universidade Católica Nijmaegen, Holanda, e Hans Kung, professor de Dogma e Teologia Ecumênica da Universidade do Estado, Tubigen, Alemanha Ocidental.
Desde 1957 Hans Kung está em choque com o Vaticano, por ter posto em dúvida a infabilidade da Igreja e criticado a debilidade da doutrina papal sobre o controle da natalidade. Chamado a Roma em 1971, para justificar as suas ideias, respondeu que só iria se pudesse ver todo o seu processo e escolher seus próprios advogados. A congregação recusou-se. Nessa atitude vemos a repetição do procedimento da Inquisição ibérica, onde os réus não tinham conhecimento do seu processo e os únicos advogados admitidos eram homens internos da Inquisição. Kung também foi punido por dizer que a ressurreição não podia ser um acontecimento histórico, a virgindade de Maria era uma lenda, que não se devia identificar Jesus com Deus e que Jesus nunca se intitulou Messias. O próprio papa João Paulo II, em 18 de dezembro de 1979, declarou que Hans Kung, nos seus escritos, afastou-se da verdade integral da fé católica e, portanto não podia mais ser considerado um teólogo católico, nem atuar como tal num papel de professor.
Os pensadores religiosos estão divididos hoje, como estiveram divididos durante a Inquisição Ibérica.
Os princípios teólogos ultimamente acusados de heresia foram: Edward Schillebeeckx, professor de teologia da Universidade Católica Nijmaegen, Holanda, e Hans Kung, professor de Dogma e Teologia Ecumênica da Universidade do Estado, Tubigen, Alemanha Ocidental.
Desde 1957 Hans Kung está em choque com o Vaticano, por ter posto em dúvida a infabilidade da Igreja e criticado a debilidade da doutrina papal sobre o controle da natalidade. Chamado a Roma em 1971, para justificar as suas ideias, respondeu que só iria se pudesse ver todo o seu processo e escolher seus próprios advogados. A congregação recusou-se. Nessa atitude vemos a repetição do procedimento da Inquisição ibérica, onde os réus não tinham conhecimento do seu processo e os únicos advogados admitidos eram homens internos da Inquisição. Kung também foi punido por dizer que a ressurreição não podia ser um acontecimento histórico, a virgindade de Maria era uma lenda, que não se devia identificar Jesus com Deus e que Jesus nunca se intitulou Messias. O próprio papa João Paulo II, em 18 de dezembro de 1979, declarou que Hans Kung, nos seus escritos, afastou-se da verdade integral da fé católica e, portanto não podia mais ser considerado um teólogo católico, nem atuar como tal num papel de professor.
Os pensadores religiosos estão divididos hoje, como estiveram divididos durante a Inquisição Ibérica.
Por tudo que foi visto, podemos verificar as maldades feitas pela Inquisição. Como exemplo dessas maldades podemos citar as caças aos hereges (principalmente judeus, árabes, muçulmanos, negros), não podia ter outra religião que não fosse o catolicismo, eram presos, torturados, flagelados e principalmente queimados vivos em praça. Mas, a pior dor deixada pela Inquisição foi o empobrecimento cultural e econômico, que foram absorvidas por Portugal e Espanha, pois não puderam praticar estudos sobre física, biologia, medicina, agricultura, matemática. Já economicamente a burguesia, estava muito bem, por causa do desenvolvimento do capitalismo comercial que crescia cheio de dinamismo e criatividade, foi castrada pela Inquisição e pelo Estado. Consequentemente, isso também afetou o Brasil, pois naquele tempo o mesmo era colônia de Portugal e seguia todas as normas estabelecidas pela Inquisição.
A Inquisição durante muitos séculos conseguiu manter com a união da política e da religião, através de meios burocráticos o poder sobre as pessoas para não o livre arbítrio do pensamento na forma de estudos, críticas, descobertas, questionamento e religião.
A Ordem DeMolay é bela, grandiosa e abraça todo o mundo porque nela não existe distinção de cor, religião, política, classe social e nela também existe o respeito cultural e de pensamento.
A Inquisição durante muitos séculos conseguiu manter com a união da política e da religião, através de meios burocráticos o poder sobre as pessoas para não o livre arbítrio do pensamento na forma de estudos, críticas, descobertas, questionamento e religião.
A Ordem DeMolay é bela, grandiosa e abraça todo o mundo porque nela não existe distinção de cor, religião, política, classe social e nela também existe o respeito cultural e de pensamento.
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