domingo, 31 de março de 2013

Esclarecendo dúvidas


O Espiritismo, conforme reconhece o Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, é a Revelação prometida pelo Cristo de Deus para os séculos em que a Humanidade alcançasse um grau de assimilação mais elevado.
Os fenômenos psíquicos, tão velhos quanto o mundo, só atraíram a atenção dos intelectuais, quando surgiram os ocorridos em Hydesville, em 1848.
Em 1857, após observá-los e catalogá-los com o mais meticuloso rigor científico, Allan Kardec lançou ao mundo o primeiro livro da codificação dessa nova Revelação - ?O Livro dos Espíritos?, criando o vocábulo Espiritismo para designar essa Revelação, então chamada e ainda conhecida em outros países pelo nome de Neo-Espiritualismo.
Difere o Espiritismo de todas as religiões conhecidas por demonstrar a lógica dos seus ensinos através de experiências científicas e por apresentar uma filosofia também baseada em experimentos e observações e documentada por uma legião de sábios de renome universal.
Religião científico-filosófica, confirmando os ensinamentos básicos de todas as religiões, não pretende demolir as que a precederam, antes reconhece a necessidade da existência delas para grande parte da humanidade, cuja evolução se processará lenta e inevitavelmente.
Doutrina religiosa, sem dogmas propriamente ditos, sem liturgia, sem símbolos, sem sacerdócio organizado, ao contrário de quase todas as demais religiões, não adota em suas reuniões e em suas práticas:
a) paramentos, ou quaisquer vestes especiais;
b) vinho ou qualquer bebida alcoólica;
c) incenso, mirra, fumo ou substâncias outras que produzam fumaça;
d) altares, imagens, andores, velas e quaisquer objetos materiais como auxiliares de atração do público;
e) hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas, só os admitindo, na língua do país, exclusivamente em reuniões festivas realizadas pela infância e pela juventude e em sessões ditas de efeitos físicos;
f) danças, procissões e atos análogos;
g) atender a interesses materiais terra-a-terra, rasteiros ou mundanos;
h) pagamento por toda e qualquer graça conseguida para o próximo;
i) talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos, escapulários ou quaisquer objetos e coisas semelhantes;
j) administração de sacramentos, concessão de indulgências, distribuição de títulos nobiliárquicos;
k) confeccionar horóscopos, exercer a cartomancia, a quiromancia, a astromancia e outras mancias?;
l) rituais e encenações extravagantes de modo a impressionar o público;
m) termos exóticos ou heteróclitos para a designação de seres e coisas;
n) fazer promessas e despachos, riscar cruzes e pontos, praticar, enfim, a longa série de atos materiais oriundos das velhas e primitivas concepções religiosas.
O fenômeno psíquico pode surgir em qualquer meio religioso ou irreligioso e seu aparecimento pode conduzir a criatura ao Espiritismo, mas a consolidação da crença, o conhecimento das leis que presidem os destinos do homem e a perfeita assimilação da Doutrina Espírita só se conseguem através do estudo das obras de Allan Kardec e das que lhe são subsidiárias.
MISSÃO E DEVER
Renascido entre os ventos outonais do Rhone e do Saone, nas terras de Lion, chega com pujante dever a cumprir e nobre missão a desempenhar.
Quando menino, estuda e avança.
Na juventude, burila-se e cresce mais.
Na fase adulta, faz-se mestre-escola e trabalha no ensino, amando e avançando na própria profissão.
Como cidadão, observa, aprende, constrói imagens de um mundo novo de coerência com as leis do Altíssimo.
Aproximado dos fenômenos da Vida Imortal, contata os mortos da Terra e descobre um campo novo de aprendizado eloqüente.
Compreende o chamado e ajusta-se ao que tomou por dever.
Estuda, analisa, pergunta, escreve... e desatam-se os pensamentos estelares no intelecto humano.
Colige os ditos das Alturas e verifica a sanha do lado infeliz do Mundo Além.
Não se deixa engodar pelos trapaceiros, tampouco se empolga com os primeiros êxitos.
Toma os elogios à guisa de incentivo, dedicando-os ao Grande Guia, e recebe calúnias e outras agressões por combustível necessário a sua marcha.
Apresenta ao mundo a Doutrina dos Sempre Vivos, e incendeia os corações com amor e as mentes com sabedoria, vertidos dos campos do Infinito.
Enquanto os ventos do progresso a Doutrina Nova espargem, ele deixa o corpo carnal, que tomba insultado pela perda das forças mais básicas e torna-se um Astro a brilhar nos céus da cultura humana, tendo contribuído, eficazmente, para que a Terra se mostrasse melhor.
Allan Kardec, missionário grandioso de Jesus, além do legado esplendoroso que a Codificação Espírita representa, ensina a todos, por meio de uma vida sóbria e profunda, a cumprir deveres e atender a missão que, em verdade, o Criador confere a cada um dos Seus filhos.
Raul Teixeira. Pelo Espírito Francisco de Paula Vítor - fonte: www.feparana.com.br
* * * Estude Kardec * * *

sábado, 30 de março de 2013

O Espírita e a Páscoa



Páscoa é uma palavra hebraica que significa "libertação". Com o êxodo, a Páscoa hebraica será a lembrança perpétua da libertação do povo hebreu da escravidão do Egito, através de Moisés.Assumida pelos cristãos, a Páscoa Cristã será a lembrança permanente de que Deus libera seu povo de seus "pecados" (erros), através de Jesus Cristo, novo cordeiro pascal. 
O ritual da Páscoa mantém viva a memória da libertação, ao longo de todas as gerações. "Cristo é a nossa Páscoa (libertação), pois Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" - (João, 1:29). 
João usou o termo Cordeiro, porque usava-se na época de Moisés, sacrificar um cordeiro para agradar á Deus. Portanto, dá-se a idéia de que, Deus sacrificou Jesus para nos libertar dos pecados. Mas para nos libertarmos dos "pecados", ou seja, dos erros, devemos estar dispostos a contribuir, utilizando os ensinamentos do Cristo como nosso guia.
Porque Jesus não morreu para nos salvar; Jesus viveu para nos mostrar o caminho da salvação.
Esta palavra "salvação", segundo Emmanuel, vale por "reparação", "restauração", "refazimento". 
Portanto, "salvação" não é ganhar o reino dos céus; não é o encontro com o paraíso após a morte; salvação é "libertação" de compromisso; é regularização de débitos. E, fora da prática do amor (caridade) de uns pelos outros, não seremos salvos das complicações criados por nós mesmos, através de brigas, violência, exploração, desequilíbrios, frustrações e muitos outros problemas que fazem a nossa infelicidade.
Portanto, aproveitemos mais esta data, para revermos os pedidos do Cristo, para "renovarmos" nossas atitudes. Como disse Celso Martins, no livro "Em busca do homem novo" : "Que surja o homem NOVO a partir do homem VELHO. Que do homem velho, coberto de egoísmo, de orgulho, de vaidade, de preconceito, ou seja, coberto de ignorância e inobservância com relação às leis Morais, possa surgir, para ventura de todos nós, o homem novo, gerado sob o influxo revitalizante das palavras e dos exemplos de Jesus Cristo, o grande esquecido por muitos de nós, que se agitam na presente sociedade tecnológica, na atual civilização dita e havida como cristã.
Que este homem novo seja um soldado da Paz neste mundo em guerras. Um lavrador do Bem neste planeta de indiferença e insensibilidade. Um paladino da Justiça neste orbe de injustiças sociais e de tiranias econômicas, políticas e/ou militares. Um defensor da Verdade num plano onde imperam a mentira e o preconceito tantas e tantas vezes em conluios sinistros com as superstições, as crendices e o fanatismo irracional. 
Que este homem novo, anseio de todos nós, seja um operário da Caridade, como entendia Jesus: Benevolência para com todos, perdão das ofensas, indulgência para com as imperfeições alheias." 
Por isso, nós Espíritas, podemos dizer que, comemoramos a páscoa todos os dias. A busca desta "libertação" e/ou "renovação" é diário, e não somente no dia e mês pré determinado. Queremos nos livrar deste homem velho. Que ainda dá maior importância para o coelhinho, o chocolate, o bacalhau, etc., do que renovar-se. Que acha desrespeito comer carne vermelha no dia em que o Cristo é lembrado na cruz. Sem se dar conta que o desrespeito está em esquecer-se Dele, nos outros 364 dias do ano, quando odiamos, não perdoamos, lesamos o corpo físico com bebidas alcoólicas, cigarro, comidas em excesso, drogas, sexo desregrado, enganamos o próximo, maltratamos o animal, a natureza, quando abortamos, etc. Aliás, fazemos na páscoa o que fazemos no Natal. Duas datas para reflexão. Mas que confundimos, infelizmente, com presentes, festas, comidas, etc. 
Portanto, quando uma instituição espírita se propõe a distribuir ovos de páscoa aos carentes não significa que esteja comemorando esse dia, apenas está cumprindo o preceito de caridade, distribuindo um pouco de alegria aos necessitados.

sexta-feira, 29 de março de 2013

A reencarnação dissolveria a família?


 Segundo aqueles que nos exercitam o raciocínio e, ás vezes, a paciência, questionando acerca da lógica da doutrina reencarnacionista, eis mais uma interrogação a que nos submetem com relativa freqüência.
 Se admitirmos a continuidade da vida além do mundo físico, fatalmente nos encontraremos após a morte com nossos parentes. Considerando a pluraridade das experiências teremos a esdrúxula situação de depararmo-nos no Mundo Espiritual com a presença de dezenas de esposas, mães, pais e centenas de filhos. Em última análise, perder-se-ia o sentido de família.
 Sosseguem os preocupados e não se entusiasmem os polígamos: tal fato não ocorre.
Inicialmente, cumpre chamar a atenção para o fato de que as ligações a nível reprodutivo são adequadas ao mundo físico, onde a máxima “crescei e multiplicai-vos” depende fundamentalmente da diferença de sexos e do intercambio sexual entre criaturas encarnadas.
A conceituação da família a nível espiritual não se prende ao convencionalismo civil, nem tampouco à reprodução das espécies, mesmo porque os Espíritos não baseiam suas afeições em moldes e necessidades idênticas às dos terrestres. O infundado temor de que a parentela aumente indefinidamente, em virtude dos renascimentos sucessivos, tem também um fundo egoístico inconsciente.
Demonstra naquele que sente, insuficiência de amor amplo para conter um número elevado de pessoas. Quem tem oportunidade de educar muitos filhos, não os ama menos pelo fato de serem em maior número; ao contrário, cada vez mais desenvolve o amor.
No Mundo Espiritual temos notícia que a vivência acontece por similaridade de nível evolutivo. Não estaremos próximos àqueles que não sintonizam com nossa faixa vibratória, sejam parentes ou não. Se os diferentes gostos e preferências até aqui no Planeta afastam as criaturas, o mesmo ocorre no Plano Extrafísico, e com maior intensidade. O rótulo do parentesco nada significa quando não há semelhança energética. Há Espíritos que, embora tenham sido parentes na vida física, situam-se em planos muito diversos em função de sua natureza íntima lhes ser completamente distinta.
Façamos uma comparação entre tese reencarnacionista e a doutrina antireencarnacionista, no sentido de valorização da família.
As ligações familiares não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como nossos inquisidores possam supor. Ao contrário, verificamos que as mesmas tornam-se mais autênticas e duradouras.
No mundo extrafísico, os Espíritos constituem famílias interligadas pelo amor e pela simpatia.
Felizes por se acharem juntos, esses se buscam uns aos outros. A encarnação apenas temporariamente os afasta do convívio com seus entes queridos, uma vez que ao retornarem à Pátria Espiritual, novamente se associam tal qual parentes que regressam de uma viagem.Freqüentemente, reencarnam no mesmo seio familiar auxiliando-se mutuamente. Aqueles que permanecem no Plano Espiritual, continuam a manter sua união pelo veículo do pensamento de amparo e afeição. Vida após vida, os laços afetivos ficam mais estritos pois se reencontram ora no mundo físico ora no Plano Espiritual, burilando cada vez mais a qualidade dos vínculos que os unem.
Naturalmente, os raciocínios aqui estabelecidos dizem respeito à afeição verdadeira, de Espírito a Espírito, aquela que se conserva mesmo após a desintegração biológica do corpo. Com relação às uniões baseadas exclusivamente nos interesses sensoriais ou materiais, nada há que preserve sua permanência, cessando o móvel das mesmas.
Parentes que se estimam realmente, atestam inclusive ligações pretéritas, que os agrupam novamente na vida atual. Comum é escutar a referência popular daquelas pessoas que “parecem não ser da família”, tão expressiva a diversidade ética ou de caráter que demonstram com relação aos demais membros do mesmo núcleo familiar. Na realidade, muitos dos que convivem sob o mesmo teto o fazem para a superação de incompatibilidades sérias e necessitam perdão mútuo. A presença de Espíritos antipáticos aquele núcleo familiar tem por objetivo o progresso de todos os envolvidos.
Não eram parentes espiritualmente falando, mas poderão vir a ser ao desenvolverem entre si laços de amor genuíno.
Segundos os conceitos tradicionais de família única, a sorte pós-túmulo dos membros da família estaria definitivamente selada com o desenlace físico. O sofrimento eterno ou as  bem-aventuranças permaneceriam asseguradas em função das atitudes comportamentais durante a vida. Desta forma, a doutrina não-reencarnacionista separa definitivamente pais e filhos, maridos e esposas, que permanecem “condenados” ou sem esperanças de se reaverem. É a destruição total dos laços de família.
A filosofia reencarnacionista oferece uma visão menos sombria informando que todos os que se amam voltam a se reencontrar e, sobretudo, como foi dito, “nenhuma das ovelhas se perderá”.
As reencarnações nos ensejam a certeza não só do reencontro com nossos afetos, mas a segurança de que a felicidade futura será o destino de todas as criaturas. Há a solidificação e a ampliação dos laços de amor.
FONTE: Píres, J. Herculeno, “O HOMEM NOVO”, ed. Correio Fraterno
RECOMENDAÇÕES OPORTUNAS
“A prece é um caminho de luz, garantindo o intercâmbio do Céu com a Terra”.
Aura Celeste
“A prece é a força do Céu, ao nosso dispor, ajudando-nos a própria recuperação, com vistas à paz”.
Nina Arueira

quinta-feira, 28 de março de 2013

A Páscoa


Reunidos os discípulos em companhia de Jesus. o Messias afirmou:

– Não vos perturbeis com as minhas afirmativas, porque, em verdade, um de vós outros me há de trair!....As mãos, que eu acariciei, voltam-se agora contra mim. Todavia, minha alma está pronta para a execução dos desígnios de meu Pai.
A pequena assembléia fez-se lívida. Com exceção de Judas, que entabulara negociações particulares com os doutores do Templo, faltando apenas o ato do beijo, afim de consumar-se a sua defecção, ninguém poderia contar com as palavras amargas do Messias. Penosa sensação de mal-estar se estabelecera entre todos. O filho de Iscariotes fazia o possível por dissimular as suas angustiosas impressões, guardado os companheiros se dirigiam ao Cristo com perguntas angustiadas. – Quem serão o traidor? – Disse Felipe, com estranho fulgor nos olhos.
– Serei eu? – Exclamou André, ingenuamente.
– Mas, afinal – objetou Tiago, filho de Alfeu, em voz alta – onde está Deus que não conjura semelhante perigo?
Jesus, que se mantivera em silêncio ante as primeiras interrogações, ergueu o olhar para o filho de Cléofas e advertiu:
– Tiago, faze calar a voz de tua pouca confiança na sabedoria que nos rege os destinos. Uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de estar sempre pronto ao chamado da Providência Divina. Não importa onde e como seja o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa união com Deus, em tôdas as circunstâncias, É indispensável não esquecer a nossa condição de servos de Deus, para bem lhe atendermos ao chamado, nas horas de tranqüilidade ou de sofrimento.
Mais tarde Jesus se retirou em companhia de Simão Pedro e dos dois filhos de Zebedeu para o Monte das Oliveiras, onde costumava meditar. Os demais companheiros se dispersaram, impressionados, enquanto Judas, afastando-se com passos vacilantes, não conseguia aplacar a tempestade de sentimentos que lhe devastava o coração.
O Crepúsculo Começava a cair sobre o céu claro. Apesar do sol radioso da tarde a iluminar a paisagem soprava o vento em rajadas muito frias.
Dai a alguns instantes, O Mestre e os três companheiros alcançavam o monte, povoado de árvores frondosas, que convidavam ao pensamento contemplativo.
Acomodando os discípulos em bancos naturais que as ervas do caminho se incumbiam de adornar, falou-lhes o Mestre, em tom sereno e resoluto:
– Esta é a minha derradeira hora convosco! Orai e vigiai comigo, para que eu tenha a glorificação de Deus no supremo testemunho!
Assim dizendo, afastou-se à pequena distância onde permaneceu em prece, cuja sublimidade os apóstolos não podiam observar. Pedro, João e Tiago estavam profundamente tocados pelo que viam e ouviam. Nunca o Mestre lhes parecera tão solene, tão convicto, como naquele instante de penosas recomendações. Rompendo o silêncio que se fizera, João ponderou :
Oremos e vigiemos, de acordo com a recomendação do Mestre, pois, se ele aqui nos trouxe, apenas nós três, em sua companhia, isso deve significar para o nosso espírito a grandeza da sua confiança em nosso auxílio.
Puseram-se a meditar silenciosamente. Entretanto, sem que lograssem explicar o motivo, adormeceram no recurso da oração.
Passados alguns minutos, acordavam, ouvindo o Mestre que lhe observava:
– Despertai! Não vos recomendei que vigiásseis? Não podereis velar comigo, um minuto?
João e os companheiros esfregaram os olhos, reconhecendo a própria falta. Então, Jesus, cujo olhar parecia iluminado por estranho fulgor, lhes contou que fora visitado, por um anjo de Deus que o confortara para o martírio supremo. Mais uma vez lhes pediu que orassem com o coração e novamente se afastou. Contudo, os discípulos, insensivelmente, cedendo aos imperativos do corpo e olvidando as necessidades do espírito, de novo adormeceram era meio da meditação.
Despertaram com o Mestre a lhes repetir :
– Não conseguistes, então, orar comigo?
Os três discípulos acordaram estremunhados. A paisagem desolada de Jerusalém mergulhava na sombra.
Antes, porém, que pudessem justificar de novo a sua falta, um grupo de soldados e populares aproximou-se, vindo Judas à frente.
O filho de Iscariotes avançou e depôs na fronte do Mestre o beijo combinado, ao passo que Jesus, sem denotar nenhuma fraqueza e deixando a lição de sua coragem e de seu afeto aos companheiros, perguntou :
– Amigo, a que vieste?
Sua interrogação, todavia, não recebeu qualquer resposta. Os mensageiros dos sacerdotes prenderam-no e lhe manietara as mãos, como se o fizessem a um salteador vulgar.
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial ao palácio de Antipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria, até ao instante derradeiro, todos os que integravam O reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição, alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais, seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor.
O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado, na hora última.
E o Mestre desencarnou...
Dois dias eram passados sobre o doloroso drama do Calvário, em cuja cruz de inominável martírio se sacrificara o Mestre, pelo bem de todos os homens. Penosa situação de dúvida reinava dentro da pequena comunidade dos discípulos. Quase todos haviam vacilado na hora extrema.
O Messias redivivo, porém, observava a incompreensão de seus discípulos, como o pastor que contempla o seu rebanho desarvorado. Desejava fazer ouvida a sua palavra divina, dentro dos corações atormentados; mas, só a fé ardente e o ardente amor conseguem vencer os abismos de sombra entre a Terra e o Céu. E todos os companheiros se deixavam abater pelas idéias negativas.
Foi então, quando, na manhã do terceiro dia, a ex-pecadora de Magdala se acercou do sepulcro com perfumes e flores. Queria, ainda uma vez, aromatizar aquelas mãos inertes e frias; queria, uma vez mais, contemplar o Mestre adorado, para cobri-lo com o pranto do seu amor purificado e ardoroso. No seu coração estava aquela fé radiosa e pura que o Senhor lhe ensinara e, sobretudo, aquela dedicação divina, com que pudera renunciar a todas as paixões que a seduziam no mundo. Maria Madalena ia ao túmulo com amor e só o amor pode realizar os cometimentos supremos.
Estupefata, por não encontrar o corpo, já se retirava entristecida, para dar ciência do que verificara aos companheiros, quando uma voz carinhosa e meiga exclamou brandamente aos seus ouvidos:
— Maria!...
Ela se supôs admoestada pelo jardineiro; mas, em breves instantes reconhecia a voz inesquecível do Mestre e lhe contemplava o inolvidável sorriso. Quis atirar-se-lhe aos pés, beijar-lhe as mãos num suave transporte de afetos, como faziam nas pregações do Tiberíades; porém, com um gesto de soberana ternura, Jesus a afastou, esclarecendo:
— Não me toques, pois ainda não fui a meu Pai que está nos céus!...
Instintivamente, Madalena se ajoelhou e recebeu o olhar do Mestre, num transbordamento de lágrimas de inexcedível ventura. Era a promessa de Jesus que se cumpria. A realidade da ressurreição era a essência divina, que daria eternidade ao Cristianismo.
A mensagem da alegria ressoou, então, na comunidade inteira. Jesus vivia! O Evangelho era a verdade imutável. Em todos os corações pairava uma divina embriaguez de luz e júbilos celestiais. Levantava-se a fé, renovava-se o amor, morrera a dúvida e reerguera-se o ânimo em todos os espíritos. Na amplitude da vibração amorosa, outros olhos puderam vê-lo e outros ouvidos lhe escutaram a voz dulçorosa e persuasiva, como nos dias gloriosos de Jerusalém ou de Cafarnaum.
A luz da ressurreição, através da fé ardente e do ardente amor de Maria Madalena, havia banhado de claridade imensa a estrada cristã, para todos os séculos terrestres.
Porém, algum tempo passou, sem que o filho de Zebedeu conseguisse esquecer a falta de vigilância da véspera do martírio.
Certa noite, após as reflexões costumeiras, sentiu ele que um sono brando lhe anestesiava os centros vitais. Como numa atmosfera de sonho, verificou que o Mestre se aproximava. Toda a sua figura se destacava na sombra,, com divino resplendor. Precedendo suas palavras o sereno sorriso dos tempos idos, disse-lhe Jesus :
– João, a minha soledade no horto é também um ensinamento do Evangelho e uma exemplificação! Ela significará, para quantos vierem em nossos passos, que cada espírito na Terra tem de ascender sozinho ao calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo. Em face dessa lição, o discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem que ser solitária, estando, em muitos casos, seus familiares e companheiros de confiança a dormir o sono da indiferença!
Doravante, pois, aprendendo a necessidade do valor individual no testemunho, nunca deixes de orar e vigiar!...
Humberto de campos (espírito),
Psicografia de Francisco Cândido Xavier
Livro: Boa Nova
----
O Espiritismo
www.oespiritismo.com.br

quarta-feira, 27 de março de 2013

Oração a Deus


Adoro-Te, Deus de todas as religiões e de todos os corações, vértice em que se fundem todas as divisões humanas, unidade absoluta em que se recompõe na ordem, a infinita multiplicidade do relativo. Adoro-Te Deus da sabedoria, poder e bondade, suprema inspiração da vida que evolui, aspirando a Ti de todos os pontos do universo, convergindo para Ti, centro do sistema do todo.
Tu és o Amor, que sustentas com o Teu Amor todas as criaturas e para Ti as guias no extenuante caminho de regresso. Tu és a aspiração e o anseio supremo do ser que, caído longe de Ti, chora com a nostalgia e, na alegria e na dor, no triunfo e na derrota, Te invoca, porque Tu és a essência da sua vida e nenhum ser pode existir sem Ti.
Viver, viver, cada vez mais intensamente e cada vez mais alto, viver. Este é o anseio de todos e Tu és esse viver. Tu és a chama de que se alimenta todo o universo. É uma chama que arde, de Amor, do Teu Amor, de que é feito a vida.
Tem piedade desta humanidade que sofre, porque quis fugir de Ti, e agora carece do Teu Amor. Ajuda-nos, porque sem ele falta-nos a vida. O ódio nos envenena e agora nos ameaça matar. Salva-nos do báratro da destruição, em que o egoísmo de cada um e a luta de todos contra todos, estão nos precipitando. Não merecemos auxílio: mereceríamos dores ainda maiores.
A hora é trágica e Tu empunhas os destinos do mundo. Aceita a dolorosa oração dos humildes que se oferecem para que sejam salvos também os rebeldes à Tua Lei.
Faze que o nosso mundo se reconstrua cada vez mais, do caos à ordem, da separação à união, da guerra à paz, do ódio ao Amor. Ajuda e sustém o esforço dos bons que lutam nesse sentido, dos solitários que, neste inferno de perdição, trabalham pela salvação.Faze que para eles seja de conforto esta visão da Tua ordem. Ela é suprema orquestração de forças, que surpreende a mente, é música de dulcíssimas harmonias, que arrebata o coração.
Conhecer-Te cada vez melhor é o anseio dos bons; conhecer-Te para cada vez mais amar-Te é o seu sonho; amar-Te para sempre mais intensamente, viver tornando a achar-Te e voltando a Ti, é o irresistível impulso da sua vida. Estamos a Teus pés, filhos rebeldes e ingratos, invocando-Te, tu nos abres os braços e nos chamas, e quantas vezes nos voltamos para outros lugares, repelindo-Te!
Com a Tua sabedoria ilumina as mentes. Com o Teu poder sustém a nossa fraqueza. Com a Tua bondade amansa a fera humana. Com o Teu Amor apaga todos os nossos ódios. Leva-nos de novo a Ti, no Alto donde caímos, de modo que todas as criaturas voltem ao seio do seu Criador, onde unicamente é possível encontrar felicidade; voltem ao seio de Deus, centro e alma do todo, alfa e ômega do ser, ponto de partida e de chegada de nosso longo e doloroso caminho, estendido para Ti, Deus, nossa última meta.
Do livro "O Sistema"  - capítulo Conclusão – Pietro Ubaldi

domingo, 24 de março de 2013

Flexibilidade


 Todo comportamento extremista responde por danos imprevisíveis e de lamentáveis consequências, por se sustentar na intolerância e no desrespeito à inteligência e ao discernimento dos demais. 
A consciência equilibrada busca sempre o comportamento mais saudável, expressando-se de maneira gentil, mesmo nas circunstâncias mais severas e afligentes.
A flexibilidade é medida de cometimento edificante pela faculdade de compreender a postura do outro, aquele que nem sempre sabe expressar-se ou agir como seria de desejar, mas, nada obstante, pensa e tem ideias credoras de respeito e de consideração, que devem ser levadas a sério.
Quando se assume uma atitude de dureza, destrói-se a futura floração do bem, porque nenhuma ideia é irretocável de tal maneira que não mereça reparo ou complementação, e diversas mentes elaborando programas são mais eficazes do que apenas uma.
Ademais, essa imposição representa alta presunção decorrente da vaidade de se deter o conhecimento total ou mesmo a verdade plena.
Quando se age dessa maneira, gera-se temor e animosidade por se bloquear as possibilidades dos demais, igualmente portadores da faculdade de pensar, de discernir.
Uma atitude flexível contribui para o somatório das realizações dignificantes que são confiadas a todos.
Não obstante reconhecer o equívoco da mulher surpreendida em adultério, o Mestre foi-lhe flexível, dando-lhe nova oportunidade, embora não concordando com a sua conduta desrespeitosa aos estatutos morais e legais.
Entre dois ladrões no momento extremo, solicitado por um deles, que se arrependera de existência de erros, concedeu-lhe a bênção da esperança de que também alcançaria o paraíso. 
Obras expressivas e honoráveis de serviço social e de edificações do bem no mundo soçobram e desaparecem em ruínas, quando alguns dos seus membros apresentam-se detentores de inflexibilidade em suas proposituras e comportamentos diários.
A harmonia do conjunto exige que todos contribuam com a sua parte em favor do equilíbrio geral, mesmo que ceda agora, a fim de regularizar no futuro.
Se alguém discorda e mantém-se inflexível na sua óptica ocorre o desastre no grupo, que se divide, dando lugar a ressentimentos e queixas, amarguras e dissabores.
Assevera milenária sabedoria oriental que a floresta exuberante cresce em silêncio e discrição, mas quando tomba alguma árvore é com estrondo que o faz, como a significar que o bem, o lado edificante de tudo, acontece com equilíbrio, enquanto a queda, a destruição, sempre se dá de maneira ruidosa e chocante.
Todo grupamento humano necessita do contributo valioso da tolerância, da paciência, da compreensão.
A prepotência é geradora de desmandos e tormentos incalculáveis, que poderiam ser evitados com um pouco de fraternidade.
Sê flexível, mesmo que penses diferente, que tenhas ideias próprias, felizes, facultando aos outros também serem ouvidos e seguidos.
No vendaval, a árvore que não deseja ser arrancada verga-se, para depois retornar a postura. Se pretender manter-se ereta, sofrerá a violência que a derrubará na sucessão das horas.
O bambu é um dos mais belos exemplos de flexibilidade, pois que se recurva, submete-se com facilidade às imposições que lhe são dirigidas, sem arrebentar-se, mantendo-se vigoroso.
Consciente das responsabilidades que te dizem respeito, não te imponhas pela rigidez. Os teus valores morais serão a tua identificação e o cartão de crédito da tua existência.
Estás convidado a servir, não a estabelecer diretrizes estritas para os outros, especialmente se te encontras servindo na Seara de Jesus, que sempre te proporciona chances novas, mesmo quando malbarataste aquelas que te foram anteriormente concedidas.
Fácil é ser inflexível para com o próximo e difícil é submeter-se a situação equivalente, quando se altera a circunstância e mudam-se os padrões apresentados.
Dialogando, ouvindo e abrindo-se novos conceitos e proposituras, adquire-se a faculdade da gentileza, indispensável ao êxito de todo e qualquer empreendimento humano.
No dia a dia da existência sempre ocorrem fenômenos inesperados, que alteram a programação mais bem estabelecida, exigindo mudanças de rumo, formulações novas e necessárias.
O imprevisto é uma forma de intervenção das leis soberanas, ensejando diferente opção para o comportamento saudável.
Não sejas, desse modo, aquele que cria embaraços, embora as abençoadas intenções de que te encontras revestido.
Todos são úteis numa equipe e importantes no conjunto de qualquer realização.
Sê, portanto, dócil e acessível, porque sempre há alguém mais adiante, portador de aspereza que, com certeza, suplantará a tua.
Nunca sentirás prejuízo por ceder em favor do bem comum, da ordem geral, abrindo espaço para outras experiências e atitudes.
A flexibilidade é dileta filha do amor, que se expande e enriquece a vida com esperança e paz. 
Todos aqueles que se fizeram temerários e se impuseram não fugiram de si mesmos, do envelhecimento, das enfermidades, da desencarnação.
Pacientemente e com flexibilidade, Jesus espera por ti e te inspira sem descanso. 
Medita e age conforme gostarias que assim procedessem em relação a ti.
Joanna de Ângelis / Divaldo Pereira Franco - na sessão mediúnica de 26 de setembro de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Do site: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=316.

sábado, 23 de março de 2013

Equilíbrio e Evolução


Em biologia, evolução é a mudança das características hereditárias de uma população, de uma geração para outra. Este processo faz com que os organismos mudem ao longo do tempo.
A seleção natural é um processo pelo qual características hereditárias que contribuem para a sobrevivência e reprodução se tornam mais comuns numa população, enquanto que características prejudiciais tornam-se mais raras.
O termo evolução vem do latim evolutio, que significa “desabrochamento”. Segundo o dicionário Aurélio, evoluir significa “evolver, passar por transformações”.
Sob a ótica espírita, quando falamos que o espírito evolui desde os primórdios de suas ligações com a matéria, não significa que cada átomo, cada planta ou cada micróbio seja um espírito, mas que esses reinos primitivos são o molde, a base por onde o princípio inteligente se manifesta a fim de desenvolver-se. É como o casulo da borboleta. Antes, ela só existia como lagarta! Ou seja, tudo na natureza se encadeia para que o espírito realize voos mais altos, rumo ao infinito. Sem o reino animal o princípio inteligente não teria desenvolvido o instinto, essa força da natureza que é a base da nossa manifestação como seres humanos. É “cuidando do ninho” que são desenvolvidas as primeiras noções de família, para, posteriormente, as transformarmos em sentimento de amor para conosco (autoestima) e com a família universal. 
Evolução significa desenvolver algo que já existe em potencial. Ou seja, na verdade, evoluir espiritualmente significa manifestar, gradativamente, ao longo da existência, a verdadeira natureza que existe em nós. Somos “centelhas divinas”. Somos a própria manifestação de Deus. Quando amamos, é o amor divino que está em ação. Portanto, trazemos em nossa essência o “código genético do Pai”. Apenas precisamos nos iluminar, nos conhecermos em profundidade para que a grande reforma espiritual se realize e o brilho interno da nossa consciência se manifeste. 
A definição de  saúde mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
Na busca pela saúde plena, passamos a entender que o equilíbrio espiritual é fundamental, harmonizando nossas emoções, pensamentos e atitude diante da vida. 
Resumindo: sem autoconhecimento não é possível viver em harmonia plena e, consequentemente, com saúde integral. Espírito e corpo estão intimamente ligados, influenciando-se mutuamente.
“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. A Verdade está além dos livros, além da razão, da mente. Este caminho é eterno, infinito, e a cada passo um novo horizonte se abre diante de nós.
Boa jornada a todos!
Victor Rebelo

quinta-feira, 21 de março de 2013

O conforto que vem de Deus


No livro “O SERMÃO DA MONTANHA”, o escritor espiritualista Huberto Rohden diz o seguinte;“Muitos sabem falar de Deus. Alguns até sabem falar com Deus. Mas quase ninguém sabe calar perante Deus para que Deus possa lhe falar”.
Para que possamos tratar desse assunto, primeiramente, temos que compreender como age nosso pensamento no universo em que vivemos e de que forma ele se movimenta.
Na questão 27 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, obra codificada por Allan Kardec, lemos a seguinte resposta dos Espíritos superiores: “Há dois elementos gerais do universo, a matéria e o Espírito, e acima de tudo Deus, o criador, o Pai de todas as coisas. Deus, Espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material tem-se que juntar o fluido universal, que desempenha o papel intermediário entre o Espírito e a matéria”.
É através do fluido universal que os Espíritos se comunicam entre si, ou com os encarnados e vice-versa. Quando oramos, ou seja, quando estamos sintonizados com Deus, ocorre o mesmo, pois é através desse fluido que nos comunicamos com Ele.
A distância que nossa prece alcançará através desse fluido dependerá da intensidade de nossa fé e da sinceridade. Assim, quanto mais intensas forem nossa fé e nossa sinceridade, mais perto de Deus nossa prece chegará.
Diz Allan Kardec, no livro “O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” (cap. XXVII, item 10): “O Espiritismo nos faz compreender a ação da prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a ele. Para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que preenche o espaço, assim como na terra estamos envolvidos pela atmosfera. Esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao infinito. Quando, pois, o pensamento se dirige para algum ser, na terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa, uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.
A energia da corrente guarda proporção com a do pensamento e da vontade. É assim que os Espíritos ouvem a prece que lhes é dirigida, qualquer que seja o lugar onde se encontrem, assim que os Espíritos se comunicam entre si, que nos transmitem suas inspirações, e que as relações se estabelecem à distância entre os próprios encarnados”. 
Igualmente, através desse fluido, Deus nos conforta e nos dá energia para enfrentarmos bem as dores pelas quais passamos em nosso dia a dia. A grande maioria dessas dores são frutos de nossa imprevidência, são violações que cometemos contra as Leis Divinas sem nos darmos conta. Entretanto, quando transgredidas, essas leis reagem de maneira a nos chamar a atenção em forma de dor. Se não encontramos os motivos nesta vida é porque as infringimos numa outra, pois somos Espíritos que tivemos muitas encarnações no passado e a reparação dos erros cometidos em encarnações pretéritas é uma necessidade natural.
Temos diversas espécies de dores: emocionais, sentimentais, dificuldades de relacionamento, perda de bens materiais, de emprego, de entes queridos e por aí a fora, porém, somente quando essas dores atingem um grau insuportável nossos pensamentos se voltam para Deus, na busca de conforto. Nessa hora, tentamos orar, procuramos uma religião, ou algum lugar que nos alivie a dor, que vem para nos despertar e dizer que devemos evoluir e meditar o que fazer para nos livrarmos dela e alcançarmos o crescimento espiritual.
Se formos a um Centro Espírita, obteremos orientação, seremos encaminhados para uma assistência espiritual adequada e receberemos os fluídos necessários para o nosso restabelecimento. Em nota às questões 68, 69 e 70 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, Kardec diz: “Quando a quantidade de fluido vital se esgota, pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contém”. É como se a bateria de um carro ficasse fraca e necessitasse ser recarregada. 
Como recarregar esse fluido em nosso organismo?
Se a fraqueza não atingiu o corpo físico, podemos começar a recarregá-la através da prece dirigida a Deus, feita por nós mesmos ou por outras pessoas; de palavras de conforto dirigidas a nós; de palestras instrutivas (principalmente evangélicas); de passes e da modificação de pensamentos (exemplo: de pessimistas para otimistas). Isso tudo, porém, dependerá de como fazemos a prece, assimilamos as palavras que ouvimos e utilizamos os fluidos oferecidos a nós por intermédio do passe, ou seja, tudo dependerá de nós.
Se o corpo físico já foi atingido, além dos cuidados da prece, das palavras amigas e do passe, deveremos também receber os cuidados que a medicina nos oferece.
Em nota à questão de nº 70 de “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, Kardec diz: “O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade, pode dá-lo ao que o tem pouco e, em certos casos, restabelecer a vida prestes a se apagar”. Podemos deduzir que, em havendo alguma anomalia em nosso organismo, poderemos receber assistência através da fluidoterapia, geralmente chamada passe. Assim, podemos ser assistidos nas doenças de ordem física, ou de ordem espiritual, mas a eficácia dessa assistência dependerá da vontade de quem a recebe. 
No salmo 46:10 encontramos a seguinte frase: “Aquieta-te, eu sou Deus”.
Na maioria dos momentos de aflição, entretanto, fazemos muito barulho, com queixas, murmúrios, revoltas, etc, quando deveríamos nos aquietar e ver o que Deus tem para nós. Nada acontece por acaso. Tudo tem sua razão de ser. É hora de reflexão, então, aquietemo-nos, sintonizemo-nos com Deus e tenhamos a certeza que Ele nos enviará o conforto necessário. Ele é nosso Pai e nos quer bem.
Elio Mollo
formatação e pesquisa: MILTER---17-03-2013

domingo, 17 de março de 2013

A Educação


 É pela educação que as gerações se transformam e aperfeiçoam. Para uma sociedade nova são necessários homens novos. Por isso, a educação desde a infância é de importância capital.
Não basta ensinar à criança os elementos da Ciência. Aprender a governar-se, a conduzir-se como ser consciente e racional, é tão necessário como saber ler, escrever e contar: é entrar na vida armado não só para a luta material, mas, principalmente, para a luta moral. É nisso em que menos se tem cuidado. Presta-se mais atenção em desenvolver as faculdades e os lados brilhantes da criança, do que as suas virtudes. Na escola, como na família, há muita negligência em esclarecê-la sobre os seus deveres e sobre o seu destino. Portanto, desprovida de princípios elevados, ignorando o alvo da existência, ela, no dia em que entra na vida pública, entrega-se a todas as ciladas, a todos os arrebatamentos da paixão, num meio sensual e corrompido.
Mesmo no ensino secundário, aplicam-se a atulhar o cérebro dos estudantes com um acervo indigesto de noções e fatos, de datas e nomes, tudo em detrimento da educação moral. A moral da escola, desprovida de sanção efetiva, sem ideal verdadeiro, é estéril e incapaz de reformar a sociedade.
Mais pueril ainda é o ensino dado pelos estabelecimentos religiosos, onde a criança é apossada pelo fanatismo e pela superstição, não adquirindo senão idéias falsas sobre a vida presente e a futura. Uma boa educação é raras vezes, obra de um mestre. Para despertar na criança as primeiras aspirações ao bem, para corrigir um caráter difícil, são preciso, às vezes, a perseverança, a firmeza, uma ternura de que somente o coração de um pai ou de uma mãe pode ser suscetível. Se os pais não conseguem corrigir os filhos, como é que poderia fazê-lo o mestre que tem um grande número de discípulos a dirigir?
Essa tarefa, entretanto, não é tão difícil quanto se pensa, pois não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem preenchê-la, desde que se compenetrem do alvo elevado e das conseqüências da educação. Sobretudo, é preciso nos lembrar de que esses Espíritos vêm coabitar conosco para que os ajudemos a vencer os seus defeitos e os preparemos para os deveres da vida. Com o matrimônio, aceitamos a missão de os dirigir; cumpramo-la, pois, com amor, mas com amor isento de fraqueza, porque a afeição demasiada está cheia de perigos. Estudemos, desde o berço, as tendências que a criança trouxe das suas existências anteriores, apliquemo-nos a desenvolver as boas, a aniquilar as más. Não lhe devemos dar muitas alegrias, pois é necessário habituá-la desde logo à desilusão, para que possa compreender que a vida terrestre é árdua e que não deve contar senão consigo mesma, com seu trabalho, único meio de obter a sua independência e dignidade. Não tentemos desviar dela a ação das leis eternas. Há obstáculos no caminho de cada um de nós; só o critério ensinará a removê-los.
Não confieis vossos filhos a outrem, desde que não sejais a isso absolutamente coagidos. A educação não deve ser mercenária. Que importa a uma ama que tal criança fale ou caminhe antes da outra? Ela não tem nem o interesse nem o amor maternal. Mas, que alegria para uma mãe ao ver o seu querubim dar os primeiros passos! Nenhuma fadiga, nenhum trabalho detem-na. Ama! Procedei da mesma forma para com a alma dos vossos filhos. Tende ainda mais solicitude para com essa do que pelo corpo. O corpo consumir-se-á em breve e será sepultado; no entanto, a alma imortal, resplandecendo pelos cuidados com que foi tratada, pelos méritos adquiridos, pelos progressos realizados, viverá através dos tempos para vos abençoar e amar.
A educação, baseada numa concepção exata da vida, transformaria a face do mundo. Suponhamos cada família iniciada nas crenças espiritualistas sancionadas pelos fatos e incutindo-as aos filhos, ao mesmo tempo em que a escola laica lhes ensinasse os princípios da Ciência e as maravilhas do Universo: uma rápida transformação social operar-se-ia então sob a força dessa dupla corrente.
Todas as chagas morais são provenientes da má educação. Reformá-la, colocá-la sobre novas bases traria à Humanidade conseqüências inestimáveis. Instruamos a juventude, esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos ao seu coração, ensinemos-lhe a despojar-se das suas imperfeições. Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores.
Leon Denis - Do livro: Depois da Morte