sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Saibamos pensar


 Se pretenderes receber a luz dos anjos para viver em paz entre os homens, observa como pensas, a fim de que a sombra de ontem não te anule a esperança de hoje.

Cada dia é frente movimentada na luta silenciosa, em que nos cabe entronizar na consciência aquela vitória espiritual sobre nós mesmos, capaz de assegurar-nos a suspirada penetração na Vida Celeste.

Hora a hora, aprendamos a pensar com o bem, pelo bem, junto do bem, através do bem e estendendo o bem, a fim de que venhamos a errar menos, diante das leis que nos regem.

Observando o irmão transviado, que a convenção apelida por malfeitor, mentaliza-lhe a recuperação que o integrará na comunidade das criaturas úteis e auxilia-o quanto possas.

Perante a irmã que se fez infeliz na conceituação dos outros, reflete no esforço que o seu valor feminino despendeu para ser nobre e digna e estende-lhe mão fraterna.

Ante o delinqüente que se transformou em réu da justiça, medita na batalha indefinível que o companheiro desventurado terá vivido em si próprio, antes de render-se à tentação e ampara-o com os recursos ao teu alcance.

Não cubras teus olhos com o crepe do pessimismo, nem envolvas réus no gelo da indiferença.

Aprende a pensar para o bem para que o bem te ensine a ver e a servir.

Onde o mundo situa o aviltamento e a corrupção, a falência e a queda, o pensamento reto descobre sonhos malogrados e aspirações desfeitas que a tempestade da ignorância e da penúria destruiu.

Não te confies às sugestões da tristeza e do desânimo, da crueldade e da maldição.

Passa auxiliando e sentirás no irmão da estrada a continuação de ti mesmo.

E, acendendo a luz da confiança e da bondade em torno dos próprios pés, guardarás a mente invulnerável à influência das trevas, convertendo o próprio espírito em vaso sagrado no qual o pensamento nobre, recolhido com limpidez e segurança, transformar-te-á a existência em estrela, brilhando na Terra em abençoada antecipação ao Reino de Deus.

Pelo Espírito Emmanuel - Do livro: Nós, Médium: Francisco Candido Xavier

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Religião e tratamento



Companheiros vários indagam pelo motivo do recrudescimento das moléstias mentais nos tempos modernos.
Milhares de pessoas se acusam portadoras de traumas e frustrações, recorrendo às ciências psicológicas para tratamento adequado.
Realmente, a formulação de recursos medicamentosos a que se endereçam, com a chancela da autoridade profissional, poderia ser feita sem maior especificação. Entretanto, os pacientes desejam algo mais que o socorro químico.
Precisam destacadamente da palavra esclarecedora e edificante que lhes recomponha as emoções e lhes ilumine o entendimento.
Por isso mesmo, o médico das forças espirituais é procurado hoje, à feição de sacerdote da ciência, habilitado a oficiar na religião da consciência reta a fim de educar a vida e sublimá-la.
Que isso é alto progresso humano não há negar. Isso, porém, demonstra igualmente que a assistência religiosa é inarredável da paz e da felicidade das criaturas.
O aprimoramento da técnica acelerou o engrandecimento da indústria.
A indústria avançada incentivou a produção de valores materiais.
E, no parque imenso das facilidades e garantias ao reconforto físico, a carência de alimento espiritual patrocina desequilíbrios em múltiplas direções.
A anemia da vida interior estabelece pequenos e grandes colapsos do mundo íntimo e, em razão disso, sobram perturbações e necessidades da alma em quase todos os setores da evolução.
À frente do painel de semelhantes conflitos, meditemos na importância do amparo religioso e não permitas se te apague a luz da fé onde estiveres.
Se te encontras a sós, nos princípios religiosos que te nutrem a vida, faze o teu momento de reflexão e de prece, entre os horários de cada dia; atende ao culto periódico da oração e do estudo iluminativo com os familiares e amigos que te possam acompanhar nos impulsos de reverência a Deus; não sonegues a palavra serena e reconfortante da crença que abraças nos diálogos com os irmãos de caminho; e, quanto puderes, prestigia o templo religioso a que te vinculas, cooperando espontaneamente, a fim de que a tua casa de fé, possa atender aos programas de serviço ao próximo em que se compromete, diante do Eterno Bem.
Compreendamos, por fim, que o progresso tecnológico, na ciência, é irreversível, mas em nossa condição de espíritos imortais, encarnados ou não, somos obrigados a reconhecer que o amparo espiritual na religião é irreversível também.
Emmanuel
(Francisco Cândido Xavier)
(Do livro "Amanhece", Emmanuel, Francisco C. Xavier)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Entre as rosas


Era final de inverno...
Mais um ano havia passado e não se chegara a nenhuma conclusão.
 Os partidários das diversas facções, dia após dia, perdiam-se em longas e intermináveis discussões sobre esta ou aquela candidata, sem chegarem a um consenso.
 Decantava-se a beleza da papoula, as qualidades das alfazemas, o perfume dos cravos, as virtudes de pureza e humildade de lírios e violetas.
 Tudo em vão...
 Num canto despretensioso do mundo, onde as espécies vegetais cresciam silenciosamente, um pequeno arbusto travava sua luta diária pela sobrevivência, alheio a toda sorte de discussões.
 Conformada com sua forma tosca, retorcida, prenhe de espinhos pontiagudos e consciente de que nunca alcançaria a beleza de um dente-de-leão, acostumara-se a ser desprezado e humilhado, sem, no entanto, deixar de prestar atenção nas pequenas criaturas que dependiam de sua existência para sobreviver.
 A elas dedicava a sua vida, emprestando a segurança de seu tronco e ramos para abrigar insetos das chuvas e ventanias.
 Era feliz, pois, se não tinha a beleza, tinha a utilidade, e isso lhe bastava.
 Naquela manhã fria de final de invernia, ainda não totalmente desperta da noite, a plantinha rude viu despregar do céu uma linda estrela cor de prata.
 Sorrindo, acompanhou-lhe a trajetória em arco perfeito pelo céu escuro, descendo, descendo... Em direção à floresta ainda adormecida.
 Era tão suave e linda aquela forma, que, instintivamente, todos na floresta, árvores, arbustos, pássaros e flores, acordados pela luz repentina, curvavam-se para vê-la passar.
 A estrela flutuou entre sorrisos, agradecendo a simpatia da floresta, até chegar perto do arbusto cheio de espinhos.
 Aproximou-se lentamente da plantinha e falou-lhe docemente.
 Não te inscrevestes na eleição da rainha das flores, por isso vim pessoalmente buscar-te...
 Mas, senhora... gagejou a planta, ...eu?? Como posso aspirar a ser rainha de qualquer coisa... não vês o quanto sou feia!!
 O Senhor da vida ordenou-me que viesse buscá-la...
 Se este é o seu desejo...aqui me tens, senhora...
 E partiram em um rastro de luz, na direção do conselho das flores.
 As demais candidatas riram-se da pretenciosa intenção daquele feio arbusto.
 A platéia silenciou quando entrou no ambiente a primavera, anunciada pelo som de mil clarins.
 O arbusto, espantado, reconheceu a estrela que a trouxera até ali.
 Então, senhores conselheiros - questionou a primavera- o Senhor da vida deseja saber se já encontraram a legítima representante de Seu Reino?
 Não, senhora.
 Estávamos para decidir-nos, quando fomos interrompidos pela vaidade dessa planta sem qualidades que aí está.
 Veja! Quanta ousadia...
 A primavera voltou-se para a plantinha que chorava de vergonha e humilhação e perguntou:
 O que mais desejas nesta vida? E a planta respondeu entre lágrimas...
 Amar e ser amada...
 A primavera, então, tocou os galhos espinhosos e, logo, botões surgiram dos galhos semi-nus, abrindo-se em mil pétalas sedosas, de perfume inesquecível...
 Qual é o teu nome? Perguntaram todos.
 Eu sou a rosa...
 ***
 Quando o amor tocar os espinheiros do mundo, as rosas brotarão em cada alma. Tal é a lei de amor, como ensinou Jesus...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Nas asas do irmão tempo

Os ensinamentos dos iniciados espirituais não são antigos, nem modernos, pois são atemporais. Não são orientais ou ocidentais, são de todos os povos.
         E não há qualquer doutrina ou grupo que possa limitá-los em seus parâmetros – nem templo algum que possa segurá-los dentro de suas paredes.
         Desde as terras quentes do antigo Egito até os picos nevados da cadeia dos Himalaias; desde as montanhas da China até as margens do Rio Ganges; e desde os planos da Consciência Cósmica até o coração dos homens de boa vontade, é a mesma Luz que permeia a tudo e a todos.
         Pois o Todo**, a Fonte Imanente de Amor habita em cada Ser. E Ele é a Origem dos ensinamentos espirituais.
         Nesses tempos modernos, onde impera o vazio existencial, e as trevas do abismo da ignorância - capitaneadas pelo materialismo alienante - engolfam a humanidade incauta e iludida, os ensinamentos espirituais são como um farol na senda.
         As vozes dos iniciados de todas as eras ainda ecoam no átrio do templo interno do coração. E o Invisível Imanente continua tocando secretamente os pensamentos e sentimentos dos que mourejam nas lides espirituais entre os homens.
         Os ventos do espírito sopram por ordem do Alto e arejam as mentes e os corações. E as vozes dos iniciados viajam por entre os planos, sussurrando os ensinamentos perenes, como vento de esperança e consciência. E felizes são os que escutam os murmúrios sutis do Grande Chamado, que vêm das esferas extrafísicas, além dos ruídos do mundo.
         Mais do que nunca, as vozes dos iniciados falam aos corações dos que estudam e trabalham por climas sadios no mundo - e também em outros planos...
         Além do alarido do ego dos homens perdidos, ecoa o “Tonitruante Som do Todo” em cada dobra do universo. E quem O escuta, em seu coração, é feliz.
Porque sabe que não está sozinho e que, de outros planos, os seus irmãos de senda espiritual velam por sua jornada.
         Sabe que o templo real está na Luz do seu próprio espírito. E que iniciação é atitude sadia! É a consecução do Bem, sem olhar a quem.
Sabe que a jornada espiritual não pode ser trilhada por pés sujos de ódio e intolerância e que, quem conhece mais, precisa respeitar os que sabem menos.
Sabe que, aos olhos do Supremo, neófitos e hierofantes*** são iguais.
E sabe que os iniciados de todas as eras não são causa de nada, pelo contrário, são somente emissários do Alto; são pequenos canais da Luz Maior. E o Todo é o comandante de suas ações.
E, por isso, eles operam em silêncio, para o cumprimento dos desideratos superiores que norteiam suas jornadas: os Magnos Ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Desde os tempos imemoriais até a aurora da Consciência Cósmica no coração dos homens do presente, são as vozes dos iniciados espirituais que vêm sussurrando espiritualmente os grandes ideais à humanidade.
E, no silêncio por entre os planos, no cerne do Invisível Imanente, elas continuam exortando aos homens de boa vontade à consecução das boas obras e dos bons princípios.
Sim, elas continuam dizendo, através dos ventos do espírito, que o Todo está em tudo. E que, quem quer mais Luz, que já seja Luz.
Obra Clara.
Harmonia e Consciência.
O Grande Arquiteto Do Universo abraça a todos.
Paz e Luz.
 - Os Iniciados**** -
 - Notas:
         ** O Todo - expressão hermética para designar o Poder Absoluto que está em tudo. O Supremo, O Grande Arquiteto Do Universo, Deus, O Amor Maior Que Gera a Vida. Na verdade, O Supremo não é homem ou mulher, mas pura consciência além de toda forma. Por isso, tanto faz chamá-lo de Pai Celestial ou de Mãe Divina. Ele é Pai-Mãe de todos.
         *** Hierofantes - dentro das tradições herméticas de outrora, eram os mestres que testavam os neófitos - calouros - nos processos iniciáticos.
         **** Os Iniciados - grupo extrafísico de espíritos orientais que opera nos planos invisíveis do Ocidente, passando as informações espirituais oriundas da sabedoria antiga, adaptadas aos tempos modernos e direcionadas aos estudantes espirituais do presente.
Composto por amparadores hindus, chineses, egípcios, tibetanos, japoneses e alguns gregos, eles têm o compromisso de ventilar os antigos valores espirituais do Oriente nos modernos caminhos do Ocidente, fazendo disso uma síntese universalista.
Estão ligados aos espíritos da Fraternidade da Cruz e do Triângulo. Segundo eles, são “iniciados” em fazer o bem, sem olhar a quem.

(Recebido espiritualmente por Wagner Borges
São Paulo, 21 de setembro de 2011.)

domingo, 25 de setembro de 2011

Quanto custa um milagre?


 
 Uma garotinha esperta, de apenas seis anos de idade, ouviu seus pais conversando sobre seu irmãozinho mais novo.
Tudo que ela sabia era que o menino estava muito doente e que estavam completamente sem dinheiro.
Iriam se mudar para um apartamento num subúrbio, no próximo mês, porque seu pai não tinha recursos para pagar as contas do médico e o aluguel do apartamento.
Somente uma intervenção cirúrgica muito cara poderia salvar o garoto, e não havia ninguém que pudesse emprestar-lhes dinheiro.
A menina ouviu seu pai dizer a sua mãe chorosa, com um sussurro desesperado: Somente um milagre poderá salvá-lo.
Ela foi ao seu quarto e puxou o vidro de gelatina de seu esconderijo, no armário. Despejou todo o dinheiro que tinha no chão e contou-o cuidadosamente, três vezes.
O total tinha que estar exato. Não havia margem de erro. Colocou as moedas de volta no vidro com cuidado e fechou a tampa. Saiu devagarzinho pela porta dos fundos e andou cinco quarteirões até chegar à farmácia.
Esperou pacientemente que o farmacêutico a visse e lhe desse atenção, mas ele estava muito ocupado no momento.
Ela, então, esfregou os pés no chão para fazer barulho, e nada! Limpou a garganta com o som mais alto que pôde, mas nem assim foi notada.
Por fim, pegou uma moeda e bateu no vidro da porta. Finalmente foi atendida!
O que você quer? Perguntou o farmacêutico com voz aborrecida. Estou conversando com meu irmão que chegou de Chicago e que não vejo há  séculos, disse ele sem esperar resposta.
Bem, eu quero lhe falar sobre meu irmão. Respondeu a menina no mesmo tom aborrecido. Ele está realmente doente... E eu quero comprar um milagre.
Como? Balbuciou o farmacêutico admirado.
Ele se chama Andrew e está com alguma coisa muito ruim crescendo dentro de sua cabeça e papai disse que só um milagre poderá salvá-lo.
E é por isso que eu estou aqui. Então, quanto custa um milagre?
Não vendemos milagres aqui, garotinha. Desculpe, mas não posso ajudá-la. Respondeu o farmacêutico, com um tom mais suave.
Escute, eu tenho o dinheiro para pagar. Se não for suficiente, conseguirei o resto. Por favor, diga-me quanto custa. Insistiu a pequena.
O irmão do farmacêutico era um homem gentil. Deu um passo à frente e perguntou à garota: Que tipo de milagre seu irmão precisa?
Não sei. Respondeu ela, levantando os olhos para ele. Só sei que ele está muito mal e mamãe diz que precisa ser operado. Como papai não pode pagar, quero usar meu dinheiro.
Quanto você tem? Perguntou o homem de Chicago.
Um dólar e onze centavos. Respondeu a menina num sussurro. É tudo que tenho, mas posso conseguir mais se for preciso.
Puxa, que coincidência, sorriu o homem. Um dólar e onze centavos! Exatamente o preço de um milagre para irmãozinhos.
O homem pegou  o dinheiro com uma mão e, dando a outra mão à menina, disse: Leve-me até sua casa. Quero ver seu irmão e conhecer seus pais. Quero ver se tenho o tipo de  milagre que você precisa.
Aquele senhor gentil era um cirurgião, especializado em neurocirurgia.
A operação foi feita com sucesso e sem custo algum. Alguns meses depois, Andrew estava em casa novamente, recuperado.
A mãe e pai comentavam alegremente sobre a sequência de acontecimentos ocorridos. A cirurgia, murmurou a mãe, foi um milagre real. Gostaria de saber quanto deve ter custado.
A menina sorriu. Ela sabia exatamente quanto custa um milagre...
Um dólar e onze centavos... Mais a fé de uma garotinha...
*   *   *
Não há situação, por pior que seja, que resista ao milagre do amor.
Quando o amor entra em ação, tudo vence e tudo acalma.
Onde o amor se apresenta, foge a dor, se afasta o sofrimento e o egoísmo bate em retirada.

Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida.
Disponível no CD Momento Espírita, v.6,  ed. Fep.