Aquela dama, frívola e irreverente, que
parece desejar submeter o mundo aos pés, assinalada pelo excesso de joias e
tecidos caros, tem o coração dilacerado por terríveis frustrações, que não
consegue superar.
Esse jovem rebelde, que desdenha as leis
a assoma na tua senda com o cinismo afivelado à face, padece conflitos íntimos
que o vergastam e aos quais não pode fugir.
Estoutro senhor, de cenho carrancudo a
aspecto amargo, que não logra dissimular a arrogância de que se vê objeto, tem
medo de ser conhecido pelas fraquezas morais que carrega interiormente.
Esta moça, quase despida, que exibe o
corpo e a alma ao comércio da luxúria, invejada por uns e por outros malsinada,
viva ralada pela carência de um amor verdadeiro que a dulcifique e felicite.
O rapaz que expõe o corpo, para o jogo
exaustivo dos prazeres fáceis, símbolo e modelo de beleza, vive aturdido na
timidez que o neurotiza, obrigado a uma exterionização que o aniquila a pouco e
pouco.
*
No festival dos sorrisos humanos, no
banquete dos triunfos sociais a na passarela da fama as criaturas não são o que
demonstram, mas, sim, um simulacro do que não conseguem tornar-se.
É certo que há exceções, como não
poderia deixar de ser, o que mais afirma a regra geral.
A pobreza andrajosa, a polidez da face
de bom comportamento, a voz melíflua, suave, certamente não significam
personalidades humildes e resignadas, a um passo do triunfo sobre as
vicissitudes.
Muitas provêm de incontida revolta, de
sentimentos desesperados, de vidas em estiolamento pela mágoa e pela rebeldia.
*
Por isto, não julgues ninguém pela
aparência, ou melhor, não te arvores a julgamento algum com desconhecimento da
causa reta.
Torna-te tolerante, embora sem conivir.
O problema de cada um, a cada qual
pertence.
Sê um momento de esperança para quem te
busque, ou uma oportunidade de renovação para quem te perturbe ou desafie,
mantendo-te em paz contigo mesmo em qualquer situação.
*
Da mesma forma que o teu exterior não te
reflete a realidade interna, os passantes pelo teu caminho, igualmente, vivem
essa dicotomia de comportamento.
Jesus, que identificava a causa das aflições
humanas e penetrava o âmago dos corações, por isto mesmo não julgava, não
condenava, não desconsiderava ninguém.
Seguindo-Lhe o exemplo e exercendo
misericórdia para com o teu próximo, quando, por tua vez, necessites de apoio,
não te faltarão o socorro da compreensão e da amizade que alguém te dispensará.
FRANCO,
Divaldo Pereira. Momentos de Coragem. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.
* * * Estude
Kardec * * *
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