Era uma tarde de calor. À beira do lago, Jesus pregava e as pessoas foram a pouco e pouco se aproximando mais.
O interesse era geral. As palavras brotavam daqueles lábios generosos como raios de luz, atingindo as almas.
Uma mulher achegou-se também, trazendo duas crianças pela mão. Sentou-se e sentou-as ao lado. Sua atenção, de imediato, se fixou na voz doce que lhe chegava, inundando-lhe o Espírito de esperanças.
Era uma mulher do povo, sofrida. Há pouco, enviuvara e, com grande esforço, lutava para se manter e aos dois pequenos. Ninguém que a pudesse socorrer.
Ao ouvir aquelas palavras que falavam de um novo reino, de um Pai amoroso e justo, sentiu o coração apaziguar-se.
Por estar muito atenta às palavras de Jesus, não se deu conta de que os pequenos haviam levantado e se encaminhavam em direção ao lago. Atraídos pelo encanto das águas, passaram a brincar descuidados.
O velho pescador Simão, no entanto, tudo viu. Prestava atenção à pregação mas também às demais necessidades da hora em curso. Por isso, levantou-se e seguiu os dois meninos. Acompanhou-os durante algum tempo.
Em certo momento, dirigiu-lhes a palavra e lhes transmitiu confiança. Tomou os dois nos braços, sentou-se numa pedra e ali ficou com eles.
Terminada a reunião, restituiu ambos ao colo materno, em meio à alegria e sincero reconhecimento.
Inspirado por uma força estranha, o discípulo compreendeu que o júbilo daquela tarde não teria sido total se as duas crianças tivessem perecido no seio das águas, despedaçando ainda mais aquele coração maternal, já tão duramente castigado pela ausência física do marido.
Naquela tarde, com aquele pequeno gesto, Pedro descobrira o prazer de servir, a alegria de ser útil.
* * *
Tal qual na doce palestra do lago de Genesaré, existem sempre momentos de servir. São gestos pequenos, coisas mínimas que passam despercebidas por muitos, mas que fazem uma grande diferença.
Assim é, por exemplo, que, durante uma palestra, podemos olhar para o lado e, descobrindo um idoso em desconforto, oferecer-lhe o lugar que ocupamos.
Mesmo que tenhamos sido daqueles primeiros a chegar, somente para encontrar um lugar melhor. Com certeza, a palavra nobre que nos chegue nos atingirá com maior vigor, pois que nos encontramos abertos ao ensino superior.
Observando uma jovem mãe com dificuldades com seu pequeno, talvez possamos nos oferecer para tranquilizá-lo, andando um pouco ao ar livre, retornando em seguida para o devolver sereno, quiçá, dormindo, aos braços maternais.
Talvez pensemos que ela deveria ter deixado a criança em casa, contudo não lhe conhecemos os problemas, nem mesmo as dificuldades.
A oportunidade de servir se apresenta em todas as horas, em todos os momentos. Saber ver e se dispor a servir é decisão individual.
* * *
O cristão é o indivíduo que deveria estar sempre disposto a servir.
Conforme o ensino de Jesus que, como Mestre, se dispôs a lavar os pés dos Seus Apóstolos, aquele de nós que desejar ser o maior no Reino dos Céus, deve se tornar o servidor atencioso, o menor dentre todos.
E o mundo necessita intensamente de braços dispostos a amparar, ajudar; de ouvidos prontos a ouvir e de bocas desejosas de disseminar palavras de esperança, paz e consolo.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. do livro Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
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