sexta-feira, 6 de julho de 2012

Chico Xavier de sempre...


HÁ DEZ ANOS – NO DIA 30 DE JUNHO – Francisco Cândido Xavier se despedia do corpo físico. Completava uma existência de 92 anos e 75 de exemplificação nos labores espíritas.
Ante a história de vida e da obra mediúnica de Chico Xavier, não podemos nos absorver em questões tópicas, de curiosidade ou de informações pessoais. Sua obra majestosa e profícua assume dimensões de amplas perspectivas. Os livros psicografados aí estão para serem lidos, estudados e ensejarem profundas reflexões. As marcas da existência de dedicação ao bem e à paz são repositórios de iluminação para os caminhos a serem percorridos por todos aqueles que são tocados pela mensagem, pelo estimulo à renovação e ao aperfeiçoamento moral e espiritual.
O homem simples e humilde, entre outros trabalhos significativos, psicografou a obra-prima Paulo e Estevão no ambiente bucólico e pitoresco da Fazenda Modelo, em Pedro Leopoldo (MG), nos horários de pausa e de lazer do seu ambiente de trabalho profissional, com o beneplácito de seu chefe Rômulo Joviano. Hoje, a septuagenário obra é fonte de inspiração com base na epopeia dos primeiros tempos do Cristianismo e das figuras marcantes reverenciadas no título do livro. Entre muitas colocações oportunas de Emmanuel, destacamos a seguir alguns trechos que caracterizam a coerência e a maneira de ser do médium homenageado:
Simplicidade, referindo-se à instituição de Antioquia:
“[...] Vivia-se ali num ambiente de simplicidade pura, sem qualquer preocupação com as disposições rigoristas do judaísmo. [...]”,
Mediunidade natural: “[...] A união de pensamentos em torno de um só objetivo dava ensejo a formosas manifestações de espiritualidade. [...]”,
Dedicação ao próximo: “[...] nossos serviços junto dos desfavorecidos da sorte, para que os seguidores do Evangelho, no futuro, não se arreceiem das situações mais difíceis e escabrosas [...]”.
Os romances históricos elaborados pelo Espírito Emmanuel permitem-nos a compreensão das lutas nos albores do Cristianismo e, na sequencia de séculos, dos esforços dos cristãos. Graças à compreensão dessa longa trajetória passamos a entender a autoridade espiritual do orientador de Chico Xavier, legando-nos oito obras com comentários sobre o Novo Testamento, cinco delas editadas pela FEB, as quais compõem a Coleção Fonte Viva, a começar por Caminho, Verdade e Vida.
As relações entre as dimensões corpórea e incorpórea são esmiuçadas na chamada “Série André Luiz” ensejando ilustrarem-se os ensinos contidos na Codificação Espírita. As ligações entre as humanidades são também evidenciadas em várias obras em forma de poemas e nas conhecidas “cartas familiares”, nas quais os Espíritos demonstram a seus parentes e amigos que sobrevivem à morte do corpo físico. A certeza da imortalidade da alma é fonte de consolo, de esclarecimento e de estimulo ao aperfeiçoamento moral e espiritual.
Nas manifestações públicas, entrevistas e diálogos, Chico se caracterizou pelo respeito e o mérito sobre sua pessoa, direcionando-os ao mundo espiritual. No atendimento continuado aos carentes espirituais e socioeconômicos, Chico sempre levou a mensagem de carinho, consolo e alento. Testemunhamos inúmeros episódios marcantes. Entre estes, em visita que fizemos ao médium, durante a “peregrinação” de um sábado de novembro de 1983, os comentários tecidos em torno do trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ED.FEB, cap. VI, it. 1.):
“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jogo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração [...]”
Depois dos comentários dos convidados, Chico concluiu:
“Todos estamos sob o jugo da lei, mas o do Cristo é mais suave”
e concitou todos à paciência, à calma, à cooperação porque o amor e a caridade são imprescindíveis para a aceitação do jugo do Cristo.
Em 2010, foi concretizado o “Projeto Centenário de Chico Xavier”, de responsabilidade e com base em amplos estudos do Conselho Federativo Nacional da FEB, cujo objetivo foi enfatizar a obra de Chico Xavier e contribuir com a memória de sua atuação, respeitando sua privacidade pessoal e espiritual.
Cinco palavras-chave forma tema da ampla divulgação, sintetizando a ação de Chico: espírito, saber, fé, amor e caridade. Mais de 600 eventos foram implementados em todo o País, com ampla difusão  e repercussões nas varias modalidades de mídia. Mesmo depois de desencarnado, Chico Xavier e sua obra psicográfica foram instrumentos para a mais abrangente difusão do Espiritismo, o que permite considerar aquele período como o “Ano do Espiritismo”.
Os que conheceram e privaram da amizade com o médium entendem que hoje ele estaria próximo de todos os que desinteressadamente atuam na sementeira do amor, do bem e da paz. Parece-nos oportuna a manifestação de Chico Xavier, quando, completando 50 anos de labores mediúnicos, declarou humildemente a um jornal espírita:
“Sou sempre um Chico Xavier lutando para criar um Chico Xavier renovado em Jesus e, pelo que vejo, está muito longe de aparecer como espero e preciso [...]”.
Antonio Cesar Perri de Carvalho - “Reformador” Junho 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário