Você
abre seus olhos e enxerga a luz suave e difusa da fibra ótica e do amanhecer.
O
gelo circunda você. Parte dele entalhado em forma de móveis e esculturas, parte
na forma de blocos maciços que compõem as paredes, o teto e até mesmo o piso.
Apesar
da beleza do quarto, porém, é hora de levantar. Afinal, a temperatura do seu
cômodo é de menos cinco a menos oito graus celsius, e você acabou de passar a
noite em um saco de dormir sobre uma base de gelo.
Esta
é parte da experiência pela qual muitos passam quando se hospedam nos chamados hotéis
de gelo.
São
edificações inteiras, com quartos, salas, recepção, salões, restaurantes,
construídas apenas com blocos de gelo.
Anualmente,
em algumas regiões do planeta, essas obras incomparáveis da engenharia moderna
são edificadas para receber hóspedes de todo o mundo.
São,
usualmente, construídas ao lado de grandes rios, onde é possível se obter água,
congelá-la e cortar em grandes blocos de gelo, levando-os ao local da
construção.
Além
de engenheiros especializados, são convidados sempre escultores, artistas de
várias regiões do globo, que trabalham no acabamento final de cada quarto.
Porém,
o mais intrigante de tudo, é que esses iglus de luxo permanecem em pé,
funcionando, apenas por quatro ou cinco meses cada ano.
Depois
desse tempo, eles, literalmente, viram água, derretem, voltam a ser rio.
Por
mais que os engenheiros e artistas, que participam da construção desejem se
apegar à sua obra de arte, não podem, pois sua criação dura pouco tempo.
Isso
não os desestimula de forma alguma. Ano após ano estão lá, construindo um hotel
diferente, sempre com o máximo de capricho e beleza possíveis.
* * *
Será
que a vida na Terra não é como se viver num hotel de gelo?
Usufruímos
das coisas, mas elas não nos pertencem. Elas voltam para o rio da vida, quando
retornamos ao mundo espiritual.
Desse
modo, o que ganhamos, ao erguer nossos edifícios na Terra, ao fazer conquistas
materiais, não são os bens propriamente ditos, mas sim as edificações na alma.
O
prêmio por anos de trabalho honesto, dedicado e sério, não são imóveis, ações,
veículos, etc.
É
a disciplina conquistada. É a inteligência desenvolvida. É a capacidade de
gerenciar pessoas, de encontrar soluções para problemas com maior facilidade.
Esses,
sim, são alguns bens do Espírito, que não perdemos, que não derretem após o
inverno.
É
importante ter objetivos relacionados à matéria, certamente. Temos como missão
trabalhar pela melhoria material do planeta.
Contudo,
é imprescindível que não nos apeguemos às coisas, perdendo o foco de nossas
verdadeiras metas na encarnação.
A
escultura de gelo pode derreter, se desfazer, porém, o escultor sai melhor de
cada experiência, sai mais maduro e capaz a cada obra esculpida com dedicação.
Aí
está a verdadeira conquista.
Redação do Momento Espírita
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