O impulso de ajudarmos uns aos outros em momentos difíceis não é
nada novo. Conhecemos histórias fantásticas de pessoas que se desdobram para
salvar a vida, na maioria das vezes de pessoas que nunca viu.
Em casos extremos a solidariedade atua como mecanismo de
preservação da espécie e canaliza nosso afeto às pessoas. Podemos chamar de
empatia, de caridade, amor ao próximo. Na verdade acredito que seja um pouco de
tudo. O que é fato, e quem é solidário sabe, é a imensa sensação de prazer e
bem estar que dedicar um tempo em benefício do outro proporciona.
Essa solidariedade pode vir de várias formas. Seja no impulso
provocado por uma tragédia, seja em forma de trabalho voluntário ou até mesmo
no dia a dia no trato com as pessoas. E isso desperta as mais nobres aspirações
da humanidade: a procura da paz, da liberdade, de oportunidades, da segurança e
justiça para os povos.
Quem recebe um ato solidário conquista benefícios, é claro. Mas
quem oferta momentos de afago, carinho e doação aos outros ganha ainda mais.
Pesquisas indicam que trabalhos voluntários altruístas estimulam a alegria,
aliviam as tristezas e aumentam a imunidade, evitando doenças.
Pessoas que se sentem solidárias expressam mais satisfação pela
vida e desenvolvem maior capacidade em lidar com as dificuldades. Em geral se
tornam mais felizes e encontram sentido às ações e atitudes.
Altruísmo e solidariedade são valores morais socialmente
constituídos vistos como virtude no indivíduo. Não se deve esquecer, contudo, o
potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento
interior do próprio indivíduo. Afinal, quando saímos do nosso mundinho,
conseguimos ver as coisas sob outro prisma.
A ajuda desinteressada também reflete na identidade pessoal e
social. Aumenta a auto-estima e introduz sentido às nossas competências.
Recompensa-nos com o prazer de contribuir para a felicidade de nossos
semelhantes,e nos dá o prazer de participar do funcionamento e da melhoria da
sociedade.
Percebemos que somos um conjunto de seres pequeninos unidos em
prol de algo maior. E que a nossa realidade não é a pior, a mais cruel. Nossos
problemas não são tão desoladores e que somos capazes de sermos mais. De sermos
melhores.
Do ponto de vista religioso, acredita-se que a prática do bem
salva a alma. Mas além de elevar o espírito, de um modo geral, salva o corpo
também. Muitas pessoas que conheço conseguiram se livrar de enfermidades sérias
pensando mais no próximo do que em si mesmo.
* Valdir José de
Oliveira Filho é presidente da Casa da Criança Paralítica de Campinas.
Entidade sem fins lucrativos que proporciona tratamento e inclusão social para
mais de 250 crianças e jovens com deficiência física.
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