Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
ALLAN KARDEC
A Fé é uma das
características do homem, encarnado ou não, assim como o amor e a esperança.
Mas o que é fé? No dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, esse
substantivo feminino quer dizer firmeza na execução de uma promessa ou de um
compromisso e crença ou confiança.
Fé é muito mais que
crença e com ela não se confunde. A esperança, um elemento intrínseco da
estrutura da vida, da dinâmica e do espírito do homem está intimamente ligada à
fé.
Até o presente a fé só
foi compreendida no sentido religioso, porque o Cristo a revelou como poderosa
alavanca, e porque nele só viram um chefe de religião. Mas há uma distinção
entre religião e fé. Religião é uma organização, como rabinos ou padres, bispos
e tradições. Ter fé não significa necessariamente reconhecer qualquer uma
dessas organizações. Somos conectados diretamente a Deus sem precisar de
rabinos ou padres.
No seu aspecto religioso,
a fé é a crença nos dogmas particulares que constituem as diferentes religiões,
e todas elas têm os seus artigos de fé. Nesse sentido a fé pode ser raciocinada
ou cega. A fé cega nada examina, aceitando sem controle o falso e o verdadeiro,
e a cada passo se choca com a evidência da razão. Levada ao excesso, produz o
fanatismo.
No homem, a fé é o
sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das
faculdades imensas depositadas em germe no seu íntimo, a princípio em estado
latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua
vontade ativa.
O magnetismo é uma das
maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz
esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres. Se todos os encarnados
se achassem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem por a vontade
a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que, até hoje, eles
chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das
faculdades humanas.
A fé sincera e verdadeira
é sempre calma, faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto
de apoio na inteligência e na compreensão da coisas, tem a certeza de chegar ao
objetivo visado.
Existe uma distinção
importante entre fé racional e irracional. Enquanto a fé racional é o resultado
da atividade interior da pessoa, em pensamento ou sentimento, a fé irracional é
a submissão a determinada coisa que se aceita como verdadeira,
independentemente de sê-lo ou não. O elemento essencial em toda a fé irracional
é o caráter passivo, seja o seu objeto um ídolo, um líder, uma ideologia.
Na esfera das relações
humanas, ter fé em outra pessoa significa estar certo da sua essência, isto é,
da confiança e imutabilidade das suas atitudes fundamentais. No mesmo sentido,
podemos ter fé em nós mesmos, não na constância das nossas opiniões, mas na
nossa orientação básica em relação à vida, na matriz da estrutura do nosso
caráter. Essa fé é condicionada pela experiência do eu, pela nossa capacidade
de dizer “eu” legitimamente, pelo sentido da nossa identidade.
A certeza de alguma
coisa, Isto é, desta fé racional, somente é conseguida através de esforço, de
estudo, ou seja, para se adquirir a verdadeira fé é indispensável o trabalho, o
raciocínio, o estudo e o esforço, quando, então, se chega a uma conclusão
segura.
Embora haja certas
semelhanças entre fé e credulidade, as diferenças são enormes e fundamentais. A
credulidade é a aceitação fácil e ingênua de tudo. É acreditar em algo ou em
alguém sem fundamentação. A fé é depositar confiança em algo ou alguém com a
certeza de que essa confiança foi testada e fundamentada.
Necessário guardar-se de
confundir a fé com a presunção. A verdadeira fé se alia à humildade. Aquele que
a possui deposita sua confiança em Deus, mais do que em si mesmo, pois sabe
que, simples instrumento da vontade de Deus, nada pode sem Ele. A presunção é
menos fé que orgulho, e o orgulho é sempre castigado cedo ou tarde, pela
decepção e os malogros que lhes são infligidos.
A fé necessita de uma
base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo que se deve crer. Para crer,
não basta ver, é necessário sobretudo compreender.
Não há dúvida de que a fé
não pode ser prescrita, ou o que é ainda mais justo: não pode ser imposta. Não,
a fé não se prescreve, mas se adquire, e não há ninguém que esteja impedido de
possuí-la, mesmo os mais refratários.
Margarete Acosta e Elio Mollo
--------------------------------------------------------
Obras consultadas:
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Allan Kardec
A Revelação da Esperança - Erich Fromm
Convivência - Emmanuel
Obras consultadas:
O Evangelho Segundo o Espiritismo
Allan Kardec
A Revelação da Esperança - Erich Fromm
Convivência - Emmanuel
======================================
formatação e epsquisa: MILTER- 22-04-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário