domingo, 14 de abril de 2013

Senciência


 “Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdade mentais... Os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade, sofrimento”. (Charles Darwin)
Com esta frase, Darwin está dizendo que os animais são sencientes. Senciência é a capacidade de sentir. Os animais são sencientes, portanto, sofrem e este sofrimento não é só físico, pode ser moral também, ou seja, eles também têm sentimentos - ficam tristes e alegres.
Porém, ainda são considerados como coisas que possuímos. Em relação aos animais, ainda estamos como na época da escravidão, onde o negro era considerado coisa, propriedade, mercadoria.
Victor Hugo compreendeu:
“primeiro foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais”.
Questão 593 de O Livro dos Espíritos: “Pode-se dizer que os animais não agem senão por instinto”?
Resposta – “Isso é ainda um sistema. É verdade que domina o instinto, na maioria dos animais, mas não vês que agem com uma vontade determinada? É da inteligência, embora limitada”. (grifo meu)
Parece-me óbvio que os animais são seres sencientes.
Sentem fome, sede, medo, dor, frio, alegria. Mas, não pensava assim René Descartes (1596- 1650), aquele famoso filósofo francês que concluiu: “penso, logo existo”. Ele dizia que os animais são máquinas sem alma.
Dizia que, se não pensam, não sentem dor. Ao que Voltaire, outro filósofo francês, rebateu:
“Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que julgas que tenho sentimento, memória, ideias? Pois bem, calome. Vês-me entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembro tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Percebes que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias.
Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas.
Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objectivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição”.
VALDA PRATA
JORNAL VERDADE E VIDA
ADDE - ASSOCIAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA | www.adde.com.br | ANO 03 | NÚMERO 10 | ABRIL/MAIO 2013 

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