domingo, 24 de novembro de 2013

Esclarecendo a Obsessão

Muito se fala em obsessão no meio espírita, mas poucos sabem de fato como acontece o mecanismo de tal doença. Doença? Isso mesmo, a obsessão pode ser considerada uma doença do Espírito que, atingindo graus adiantados, acaba por aniquilar a matéria, ocasionando depressão, loucura e até mesmo o suicídio.

Com nomes diferentes, os fenômenos de obsessão têm atravessado épocas. Até mesmo a bíblia relata alguns acontecimentos nos tempos antigos. Existem casos famosos e outros que se escondem no anonimato. O fato é que a obsessão ainda é frequente nos dias atuais.

Entendendo a obsessão - Allan Kardec em O Livro dos Médiuns define a obsessão como sendo o domínio que alguns Espíritos procuram exercer sobre outros Espíritos, sejam encarnados ou desencarnados. Esta influência sempre acontece de forma negativa, onde o obsidiado (Espírito dominado) é prejudicado de alguma forma, pois aquele que exerce o domínio é sempre um Espírito de tendências nocivas.

Como se desenvolve - De maneira geral a obsessão acontece porque somos Espíritos em evolução necessitando de aperfeiçoamento moral. Sentimentos menos dignos como o egoísmo, o rancor, o ódio, o materialismo e o desejo de vingança ainda estão arraigados em muitos de nós. Aliás, boa parte dos casos de obsessão está relacionada à vingança. Geralmente, aqueles que prejudicamos outrora tendem a nos cobrar o mal que causamos, iniciando assim um processo obsessivo.

A obsessão é desencadeada por nossas próprias condutas viciosas. Nossos pensamentos e atitudes atraem para junto de nós Espíritos afins. É como se abríssemos a porta para o "inimigo":

“(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (...) Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo”. (A Gênese, Allan Kardec, capítulo 14º, Item 15.)

Nestes casos, devemos considerar as recomendações do Cristo: "Vigiai e orai [...]" (Mateus, 26:41).

É importante ressaltar que a obsessão não é necessariamente a influência de um Espírito desencarnado sobre um Espírito encarnado. Ela pode acontecer de diversas maneiras:

Encarnado para Encarnado: Pode parecer estranho, mas esse tipo de obsessão é uma das mais frequentes. Consiste na capacidade que certas pessoas possuem de manipular as outras, sequestrando de alguma forma a sua subjetividade, como, por exemplo, o marido que restringe a liberdade da esposa por ciúmes ou manifesta um "amor doentio", anulando de alguma forma a sua personalidade.

Desencarnado para Desencarnado: Nas literaturas espíritas podemos encontrar vários relatos deste tipo de obsessão. Um Espírito desencarnado passa a obsediar um outro Espírito por vingança ou pelo simples desejo de escravizá-lo. Os recém desencarnados, atormentados pela própria consciência culpada, como homicidas, suicidas, dependentes químicos etc. são mais vulneráveis à investida de falanges maléficas.

Encarnado para Desencarnado: Você deve estar pensando como um Espírito encarnado pode exercer influência sobre um Espírito desencarnado, entretanto, esta situação é mais comum do que imaginamos. É natural sofrermos quando um ente querido retorna para a vida espiritual, todavia, nossas lágrimas produzidas pela dor e revolta contra as leis do Criador provocam aflição no Espírito que partiu. Estas circunstâncias podem atormentar o desencarnado, que passa a ser atraído pelo sofrimento daquele que chora, provocando uma obsessão mútua.

Desencarnado para Encarnado: Este é o que nos parece mais incidente. Caracteriza-se pela influência de um Espírito desencarnado sobre um Espírito encarnado. O obsessor dispõe de recursos que o obsidiado não pode ver por estar limitado ao corpo físico. Ambos tornam-se ligados pela ação do pensamento.

Auto-Obsessão: Nestes casos, o homem apresenta um estado doentio do próprio Espírito, que é capaz de lhe proporcionar graves consequências. Sentem-se doentes fisicamente, entretanto, procuram diagnósticos na medicina convencional e não o encontram. Trazem impressos no seu espírito patologias adquiridas em existências pretéritas, que voltam à tona e passam a produzir uma auto-obsessão. Esta condição pode desencadear no indivíduo transtornos de ansiedade como depressão, bipolaridade e síndrome do pânico.

“O homem não raramente é o obsessor de si mesmo.” (Obras Póstumas - Allan Kardec.)

Estágios da obsessão - Para fins de estudo, Kardec classificou a obsessão em estágios, sendo muito difícil definir onde termina um estágio e inicia-se o outro. Alguns casos de obsessão são tão complexos que os estágios podem aparecer em alternância. Vejamos:

Obsessão Simples - É aquela onde o obsessor tenta insistentemente constranger sua vítima de alguma forma. Em alguns casos, o obsidiado tem condições de perceber a ação daquele que o pretende dominar.

Fascinação - Neste estágio, o Espírito dominado passa a sofrer ação direta do obsessor, que tenta manipular seus pensamentos para provocar ações nocivas.

Subjugação - O Espírito dominante passa a exercer o controle das vontades do obsidiado. Na linguagem popular é conhecida como possessão. O indivíduo fica sob o jugo de seu algoz.

Como tratar - O primeiro passo para se livrar da dominação é a mudança de atitudes. A transformação moral é fator preponderante para o sucesso do tratamento da obsessão. É necessário exercer o domínio dos próprios pensamentos, a fim de que possa elevar o padrão vibratório e se desvencilhar dos domínios inferiores.

 “No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o paciente é, também, o agente da própria cura.” (Grilhões Partidos, Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, “Prolusão”.)

Recomenda-se a realização da prece frequentemente, o evangelho no lar para purificar o ambiente, a vigilância dos hábitos e pensamentos nocivos, a prática da caridade e o trabalho edificante. Esses mecanismos devem proporcionar a aproximação dos benfeitores espirituais e consequentemente o afastamento de Espíritos ignorantes.

Aprender a perdoar e pedir perdão também consiste em terapia renovadora e eficaz contra os domínios da obsessão. É necessário entender que a maldade não é um estado definitivo do Espírito. Como Espíritos imperfeitos, somos passíveis de erros e, assim como desejamos ser compreendidos quando erramos, devemos ser complacentes com os erros alheios.

A família do obsediado deve participar do processo de desobsessão, sendo esclarecida acerca da situação para que possa ajudar a vítima em seu restabelecimento. Não raros são os casos de obsessão que se estendem aos outros membros da família. O seio familiar costuma reunir Espíritos unidos pelos mais profundos laços do passado.

Em casos mais complexos é necessário buscar ajuda de uma casa espírita, que poderá aplicar no obsidiado a fluidoterapia e, se for o caso, através de grupos mediúnicos, realizar o trabalho de esclarecimento do Espírito obsessor, conscientizando-o de suas ações e, ao mesmo tempo, oferecer-lhe uma oportunidade de regeneração.

É possível prevenir a obsessão? - Sim. É perfeitamente possível evitar a instalação de um processo obsessivo.

Como dissemos anteriormente, a chave para a cura da obsessão está nas mãos do próprio obsidiado, sendo assim, na prevenção, os mecanismos não são diferentes.

A retidão moral constitui vacina eficaz contra a obsessão. É necessário manter a mente ocupada com bons pensamentos, colocar-se em contato com Deus através da prece e dedicar-se ao trabalho digno. A fé, o amor e a caridade são fontes renovadoras de boas energias e nos mantêm em contato com a alta espiritualidade. A obsessão só acontece quando permitimos.

Referências:
A Gênese - Allan Kardec.
Dramas da Obsessão - Yvonne A. Pereira e Espírito de Bezerra De Menezes.
Obsessão e Desobsessão - Suely Caldas Schubert.
O Evangelho segundo o Espiritismo - Allan Kardec.
O Livro dos Médiuns - Allan Kardec.

                       André Luiz Alves Jr.

http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/esclarecendo-a-obsessao/#ixzz2laRNOJiF

Reclamações

Aprendamos a evitar reclamações para não agravar dificuldades.
Perante situações em que a corrigenda se faça realmente necessária, entregue as circunstâncias aos responsáveis pela orientação delas, que sabem quando e como intervir.
Se você achou o ponto nevrálgico de alguma crise, terá encontrado o lugar onde o proveito geral lhe pede auxílio.
Procurando retificar algum erro, vale mais o seu conhecimento do bem que o seu conhecimento do mal.
Resguardando a harmonia de todos, imagine-se na condição da pessoa em que você pretende colocar o seu problema.
Reflita nas tribulações que provavelmente estará atravessando a criatura a quem você deseja apresentar a sua crítica.
A sua reclamação não lhe trará vantagem alguma.
Azedume para com as pessoas das quais você espera cooperação e serviço é o modo mais seguro de preveni-las contra o seu próprio interesse.
Qualquer pessoa, quando cultive a paz, pode retirar-se em paz do lugar onde se julgue em desarmonia ou desapreço.
Experimente desculpar sempre, porquanto aquilo que nos parece falha nos outros, pode surgir por falha igualmente em nós e, em se tratando em desculpar, se hoje podemos dar, chegará sempre para cada um de nós o dia de receber.

Respostas da Vida – André Luiz / Chico Xavier 

Inquietação

Se a inquietação passou a dominar-lhe o caminho, pense nela como sendo um parasito a corroer-lhe a vida e trate de arrancá-la em seu próprio favor.
Se a enfermidade lhe visita o corpo, não é com o fogo da aflição que você colaborará na própria cura e sim encarando-a, com aceitação e tratamento para afastá-la.
Se alguma ocorrência desagradável lhe impôs aborrecimentos, passe por ela e siga à frente, em sua própria tarefa, a maneira de quem não precisa parar em viagem por haver encontrado uma pedra.
Se você cometeu quaisquer erros, admita-os, fazendo quanto puder para não reincidir neles, mas lembrando sempre que você não é uma entidade angélica e sim uma criatura matriculada na escola humana.
Se o erro de alguém é a causa de sua inquietação, envie pensamentos de paz e compreensão a esse alguém, sem violentar-lhe os pontos de vista, de criatura incompleta quanto você mesmo, no educandário do mundo.
Se você faliu em algum empreendimento, note que se você prosseguir trabalhando, o fracasso, em breve, lhe servirá de lição para melhoria e sucesso.
Se você almeja situações que presentemente não consegue alcançar, faça o melhor que possa, onde esteja, e, sem dúvida, trabalhando sempre, você atingirá o lugar que deseja.
Se você sofre críticas indébitas, fique com a sua consciência e deixe aos outros os pensamentos e atitudes que pertencem a eles mesmos.
Se você receia a velhice do corpo, lembre-se de que a existência física avançada no tempo não é a noite de hoje e sim o alvorecer de amanhã.
Se a inquietação persiste em você, procure envolvê-la no calor do serviço, porque servindo você conseguirá esquecer-se e ao esquecer-se no bem dos outros, você estará em paz na força construtiva do bem.

Respostas da Vida – André Luiz / Chico Xavier

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Silêncio e Fala

"Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo. Não há respeito pelo silêncio.
Como consequência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júbilo, nas comunicações fraternais.
Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve em face do hábito enfermiço do vozerio.
A arte da conversação cede lugar aos temas vazios de significado e edificação, permanecendo adstrita a vulgaridades e queixas com que mais se entorpecem os indivíduos.
Tem-se a impressão de que se perdeu o direito de experienciar o silêncio ou, pelo menos, de escutar-se em níveis suportáveis e agradáveis, mediante os quais as ondas sonoras produzam empatia e bem-estar.

O desrespeito graça por todo lado em razão da falta de educação generalizada.
*
Reserva-te o prazer do silêncio, diariamente, quanto possível.
O silêncio interior conceder-te-á harmonia, ensejando reflexões saudáveis e renovadoras. Mediante o seu contributo, disporás de um arsenal precioso de conceitos para apresentares, quando conversando, mantendo elevado o nível das propostas verbais, porque possuis discernimento e conseguiste armazenar ideias valiosas.
Abordando temas edificantes, gerarás hábitos de equilíbrio e bem estar, que te propiciarão paz interior e convivência agradável com os outros, agindo com sabedoria e não te permitindo engalfinhar nos debates da frivolidade, das reclamações, da revolta muito do agrado dos insensatos, daqueles que não pensam e somente falam sem dizer nada educativo.

A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana. Sendo o único animal que consegue articular palavras, modulando o som e produzindo harmonia, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso e de cujo uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu o admirável tesouro."


Joanna de Ângelis (espírito), psicografia de Divaldo Franco. Livro: Jesus e Vida
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O Espiritismo

www.oespiritismo.com.br

Em seu auxílio

Conserve a própria fé, por tal modo, que você não possa se afligir, excessivamente, em nenhuma dificuldade.
Guarde otimismo, com tamanha elevação que os contratempos da vida não lhe venham a ferir.
Habitue-se à tolerância com tanta fidelidade, que consiga se ver sempre na posição da pessoa menos simpática, evitando ressentimento ou a censura.
Cultive o amor ao próximo, com tanto empenho que você não consiga fixar-se em qualquer aversão.
Creia na influência e na vitória do bem, com tanta convicção, que não possa prender-se a qualquer idéia do mal.
Sustente a própria compreensão, de tal maneira que não disponha de meios para ver inimigos e sim amigos e instrutores, em toda parte.
Resguarde-se no trabalho, com tanta dedicação ao bem, que não conte com qualquer ensejo de atrapalhar aos outros.
Faça o melhor que puder, em qualquer situação, com tamanho devotamento à felicidade alheia que não sofra arrependimento ou remorso, em tempos de crise.
Atenda à harmonia, aonde estiver, com tanta pontualidade que não encontre motivos para perder a própria segurança.
Consagre-se a descobrir o "lado bom" das criaturas e das situações, com tanta pertinácia, que não ache oportunidade de criticar a ninguém.
Se fizermos isso, estejamos certos de que assim venceremos.

Respostas da Vida – André Luiz / Chico Xavier

domingo, 17 de novembro de 2013

Piedade em Casa

Não aguardes as ocorrências da dor para desabotoares a flor da piedade no coração.
Sê afável com os teus, sê gentil em casa, sê generoso onde estiveres.
No lar, encontrarás múltiplas ocasiões, cada dia, para o cultivo da celeste virtude.
Tolera, com calma silenciosa, a cólera daqueles que vivem sob o teto que te agasalha.
Não pronuncies frases de acusação contra o parente que se ausentou por algumas horas.
Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Na tarefa de esposo, desculpa a fraqueza ou a exasperação da companheira, nos dias cinzentos da incompreensão; e, no ministério da esposa, aprende a perdoar as faltas do companheiro e a esquecê-las, a fim de que ele se fortaleça no crescimento do bem.
Se és pai ou mãe, compadece-te de teus filhos, quando estejam dominados pela indisciplina ou pela cegueira; e, se és filho ou filha, ajuda aos pais, quando sofram nos excessos de rigorismo ou na intemperança mental.
Compreende o irmão que errou e ajuda-o para que não se faça pior, e capacita-te de que toda revolta nasce da ignorância para que as tuas horas no lar e no mundo sejam forças de fraternidade e de auxílio.
Quando estiveres à beira da impaciência ou da ira, perdoa setenta vezes sete vezes e adota o silêncio por gênio guardião de tua própria paz.
Compadece-te sempre.
Se tudo é desespero e conturbação, onde te encontras, compadece-te ainda, ampara e espera, sem reclamar.
Guarda a piedade, entre as bênçãos do trabalho.
Habituemo-nos a ignorar todo o mal, fazendo todo o bem ao nosso alcance.
A piedade do Senhor, nas grandes crises da vida, transformou-se em perdão com bondade e em ressurreição com serviço incessante pelo soerguimento do mundo inteiro.

XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada do Reino. Pelo Espírito Emmanuel. IDEAL.

* * * Estude Kardec * * *

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A Religião de Jesus

O Batista estava no cárcere à mercê de Herodes, o tetrarca. Rumores confusos pairavam em torno do prometido Messias que já se achava na Terra. Alguns diziam: É ele em verdade o Cristo das profecias; outros, porém, afirmavam o contrário.

O Profeta dos desertos que o havia batizado nas águas do Jordão, e, nesse momento, ouvia a voz do Céu testificar sua origem divina, sabia perfeitamente que Jesus era o Cristo.

Prevendo, como profeta, o fim que lhe estava reservado, tratou de encaminhar seus discípulos para Aquele de quem não se julgava digno de atar as correias das sandálias. Enviou, então, a Jesus dois deles que costumavam visitá-lo na prisão, dizendo-lhes: “Ide a Jesus, e perguntai-lhe : És tu mesmo o Cristo esperado?”

Partiram os emissários em demanda do Filho de Deus; e, encontrando-o, disseram-lhe tal como lhes fora recomendado.

O Mestre, antes de lhes responder, curou inúmeros enfermos de várias moléstias, aliviou muitos flagelados por maus espíritos, e, em seguida, disse-lhes: “Contai a João tudo que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os surdos ouvem, os paralíticos locomovem-se livremente, os leprosos ficam limpos, os mortos ressuscitam, e aos pobres anuncia-se-lhes o Evangelho; e bem-aventurado é aquele que em mim não achar motivo de tropeço.”

E assim se deu a conhecer o enviado do Céu. Se tal característico distingue o Cristo, tal característico deve distinguir a sua Igreja. O Cristianismo, portanto, é a religião do amor objetivada na solidariedade humana.

É notório haver Jesus encartado no número das maravilhas da sua religião o anunciar-se o Evangelho aos pobres. Por tal devemos compreender, não as prédicas, as teorias anunciadas com mais ou menos habilidade dos púlpitos e das tribunas, mas o conceder-se aos humildes e bem-estar, as regalias e o conforto a que eles têm direito, abolindo-se os privilégios odiosos que vêm, através de todos os tempos, cavando abismos de separação entre as classes sociais.

Anunciar, pois, o Evangelho aos pobres significa assisti-los em suas necessidades morais e materiais, atendê-los em suas justas aspirações, contribuindo para melhorar a situação angustiosa em que eles, por vezes, se encontram: significa amá-los como a nós próprios, fazendo por eles o que queremos para nós mesmos, testemunhando assim a nossa solidariedade em atos de justiça e de misericórdia, conforme o exemplo de Jesus Cristo.

A religião do Filho de Deus é aquela que se levanta sobre as bases desta tríade bendita: Amor, Igualdade, Liberdade. Para ela o mundo caminha, embora assim não pareça: e bem-aventurados aqueles que nessa fé não encontram motivo de escândalo.

Livro: Nas Pegadas do Mestre
Autor: Vinicius (pseudônimo) – Pedro de Camargo
8ª Edição em 1992 – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) –

Páginas: 223 até 224 – Brasília-DF – 1933
http://artigosespiritas.wordpress.com/2013/11/16/a-religio-de-jesus/

Instante Divino

Não deixes passar, desapercebido, o teu divino instante de ajudar.
Surge, várias vezes nos sessenta minutos de cada hora, concitando-te ao enriquecimento de ti mesmo.
Repara, vigilante.
Aqui, é o amigo que espera por uma frase de consolo. Ali, é alguém que te roga insignificante favor.
Além, é um companheiro exausto no terreno árido das provas, na expectativa de um gesto de solidariedade.
Acolá, é um coração dorido que te pede algumas páginas de esperança. Mais além, é um velhinho que sofre e a quem um simples sorriso teu pode reanimar.
Agora, é um livro edificante que podes emprestar ao irmão de luta. Depois, é o auxílio eficiente com que será possível o socorro ao próximo necessitado.
Não te faças desatento.
Não longe de tua mesa, há quem suspire por um caldo reconfortante. E, enquanto te cobres, feliz, há quem padeça frio e nudez, em aflitiva expectação.
As horas voam.
Não te detenhas.
Num simples momento, é possível fazer muito.
Ao teu lado, a multidão das necessidades alheias espera por teu braço, por tua palavra, por tua compreensão...
Vale-te, pois, do instante que foge e semeia bênçãos para que o mundo não se empobreça de miséria e, em se fazendo hoje mais rico de amor, possa fazer-te, amanhã, mais rico de luz.

Pelo Espírito José de Castro
XAVIER, Francisco Cândido. Relicário de Luz. Espíritos Diversos. FEB.

* * * Estude Kardec * * *

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O nascer do Sol e a presença de Deus

Após a sessão matinal de orações, o noviço perguntou ao abade: 
Todas essas orações que o senhor nos ensina, fazem com que Deus se aproxime de nós? 
Vou responder a você com outra pergunta. – Disse o abade. 
Todas essas orações que você reza irão fazer o sol nascer amanhã? 
Claro que não! O sol nasce porque obedece a uma Lei Universal! 
Então esta é a resposta à sua pergunta. Deus está perto de nós, independente das preces que fazemos. 
O noviço revoltou-se: 
O senhor quer dizer que nossas orações são inúteis?! 
Absolutamente. – Respondeu, com serenidade, o abade. – Se você não acordar cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não orar, embora Deus esteja sempre por perto, você nunca conseguirá notar Sua presença. 
* * * 
Que bela lição encontramos aqui. 
Não oramos para que Deus esteja próximo e nos ouça. Oramos para criar uma ponte entre nós e o Criador de tudo e de todos. 
Em verdade somos nós que precisamos nos aproximar Dele, assim como das coisas do Espírito, dos verdadeiros tesouros do Universo. 
Somos nós que esquecemos da Providência Divina, de nossos protetores. Eles jamais se afastam de nós. Somos nós que, ao fecharmos os olhos e ouvidos da alma, nos afastamos de seus conselhos, de suas inspirações, de seu amparo. 
A oração é a higiene do Espírito. Uma comunicação saudável da criatura com seu Criador. 
Precisamos adquirir esse hábito, mantendo-nos constantemente em contato com o Alto, tornando-nos assim mais fortes e mais preparados para enfrentar os reveses da vida, e as vicissitudes que se apresentarem. 
A oração é um diálogo de coração com coração, em que abrimos os salões de nossa alma para receber a visita de nossos amigos, daqueles que, de outras esferas, velam por nossas vidas. 
Não nos preocupemos com a beleza dos dizeres, e sim com a sinceridade e a pureza de seu conteúdo. 
Quando houver mais sentimento, mais honestidade em nossas palavras, mais fortes serão os raios invisíveis que nossa oração emitirá em direção ao firmamento Divino. 
Vale lembrar a lição do abade ao noviço: Se você não acordar cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não orar, embora Deus esteja sempre por perto, você nunca conseguirá notar Sua presença. 
* * * 
A seara exuberante de grãos e de frutos se distende ante as suas necessidades; contudo, para que dela se aproveite, você terá que cozer os grãos e preparar as polpas, a fim de utilizá-los devidamente. 
A chuva benfazeja se derrama sobre larga faixa terrestre, trazendo o amparo dos céus à fertilidade do chão e à manutenção das fontes. 
Mas, se você pretende dela valer-se, é preciso construir a calha conveniente ou providenciar o pote que a possa recolher. 
Pensando desse modo, vemos que as bênçãos do Criador, sob forma de energias balsâmicas e equilibradas, se espalham sobre todas as Suas criaturas. Porém, para que você possa ser dulcificado por essa benesse, torna-se necessário unir-se, em sintonia feliz, a essas faixas de luz. 
E a prece propicia esse diálogo, essa união.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. O discípulo impaciente, do livro Histórias para pais, filhos e netos, de Paulo Coelho, ed. Globo e no cap. 3, do livro Rosângela pelo Espírito Rosângela Costa Lima, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 6.11.2013.

Guerras: Como o Espiritismo explica?

Uma vez mais a humanidade se vê sob a tensão de um novo conflito mundial. Ameaças proliferam a toda hora. O fio da racionalidade se estica a cada dia e pode se  romper  a  qualquer  momento. A tensão aumenta, fazendo com que muitos, à essa altura, cheguem a duvidar de uma solução obtida por meios diplomáticos. Um novo conflito de proporções e conseqüências imprevisíveis se desenha no cenário sombrio do Planeta, atemorizando a todos. E o Espiritismo, o que pode nos dizer a respeito? Como Doutrina filosófica, de bases científicas e conseqüências morais, o Espiritismo se relaciona com tudo o que diz respeito ao nosso processo existencial, pois objetiva contribuir para o progresso da humanidade, tornando-a melhor.

Allan Kardec tratou do tema na parte terceira do Livro dos Espíritos, que reservou para o ensinamento dos Espíritos a respeito das Leis Morais. No capítulo referente à Lei de Destruição, a guerra foi arrolada pelos Espíritos como um de seus agentes. Indagados sobre a sua causa, os orientadores espirituais afirmaram que é conseqüência da predominância da natureza animal do homem sobre a espiritual e do transbordamento de suas paixões. 
Esclarecem, ainda, que Deus permite que assim aconteça para propiciar ao homem a oportunidade de uma evolução mais rápida, no sentido de atingir a liberdade e o progresso.
Temos aí, portanto, pelo ensinamento da Espiritualidade, um diagnóstico das causas desse mal. Ensinam, também, os benfeitores espirituais que, no estado de barbaria, os povos somente conhecem o direito dos mais fortes, daí vivenciarem um estado de guerra permanente, que vai se modificando à medida que o homem progride. Fica-nos, então, um questionamento: da época da revelação dos Espíritos até os dias de hoje, decorridos quase cento e cinquenta anos, não  terá a humanidade progredido o suficiente para evitá-la?

A explicação vamos encontrar mais adiante, no capítulo que estuda a Lei do Progresso. Lá encontramos que o progresso possui duas vertentes: a moral e a intelectual. Vemos mais: que o progresso moral decorre do intelectual, que faz o homem compreender a diferença entre o bem e o mal. Enquanto não desenvolve o senso moral, o progresso intelectual é utilizado para a prática do mal, servindo-lhe de instrumento.

Não há como deixar de reconhecer o quanto a humanidade progrediu em termos científicos e tecnológicos, trazendo condições de vida mais seguras e confortáveis a muitos. Todavia, o progresso moral, como disseram os Espíritos, é sempre mais demorado e não consegue acompanhar o avanço da inteligência. Se compararmos com a situação vivenciada há alguns milênios, é claro que a humanidade progrediu também moralmente. Naquelas priscas eras, uma verdadeira selva reinava na face do planeta. O estado de barbaria então vigente é testemunhado em várias obras psicografadas pelos que o viveram, dentre quais podemos destacar as que compõem a chamada “série histórica” de Emmanuel. Naquela época, o direito à vida não era minimamente respeitado e matava-se por tudo e por qualquer coisa.

Hoje, a sociedade se humanizou um pouco mais, embora em diferentes graus, que variam conforme a evolução já alcançada pelos diversos povos que a compõem. Mas ainda nos encontramos moralmente atrasados em comparação com a evolução intelectual alcançada. Assim, a predominância do mal, que caracteriza um mundo de provas e de expiações, impele os mais desenvolvidos intelectualmente e, em conseqüência mais fortes, a buscarem, cada vez mais, ampliar seus poderes em detrimento dos mais fracos.

As conseqüências de uma guerra somente são avaliadas em termos materiais. Estima-se o seu custo econômico e quantas vidas físicas serão ceifadas. Mas as  conseqüências espirituais sequer são mencionadas, permanecendo ignoradas pela imensa maioria. O Espiritismo esclarece o quanto os danos materiais, que são passageiros, são ínfimos, se comparados ao custo espiritual que o  indesejado acontecimento acarreta. Os seus responsáveis terão de suportar, no mundo espiritual e em encarnações futuras, os efeitos da lei de ação e reação que rege o Universo. Na questão 745 do Livro dos Espíritos, respondendo a Kardec sobre a responsabilidade daquele que suscita a guerra para proveito seu, os Espíritos ensinam que “grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição“.
No livro “Nosso Lar“, André Luiz relata a repercussão, na Colônia do mesmo nome, dos momentos que antecederam a eclosão da segunda guerra mundial. Toda a Colônia se mobilizou em preparativos para receber os espíritos que deixariam a carne em conseqüência do conflito, que, certamente, seriam em grande número, como de fato aconteceu.

Do plano espiritual nos vem também a notícia de que muitos dos protagonistas daquele episódio, responsáveis por tantos sofrimentos, expiam suas faltas em regiões da África de absoluta miséria, onde têm de suportar uma existência penosa, sem nenhum tipo de facilidade, como forma de se reequilibrarem perante a Lei.

Portanto, segundo o Espiritismo, a guerra, longe de ser uma situação irreversível, é resultado de um estado passageiro da humanidade. À medida que o homem progride moralmente, ainda que de maneira lenta, pois a Natureza não dá saltos, as guerras tendem a se tornar menos freqüentes, porque ele passa a evitar as suas causas. Dia virá, certamente, em que ela estará totalmente banida do nosso meio, pois a humanidade se elevará e aprenderá a conviver com seus semelhantes, respeitando a Lei de Igualdade.

O ensinamento do Cristo, revivido e esclarecido pelo Espiritismo, é a bússula  que nos levará a esse porto seguro. Quando todos conhecerem a imortalidade do espírito, a realidade da vida futura, o processo da reencarnação  e a justiça da lei de causa e efeito, o homem não mais provocará a guerra. Se os governantes já estivessem de posse do conhecimento dessas verdades, por certo agiriam de maneira diferente, pois temeriam as conseqüências de seus atos. Enquanto isso não acontece, continuemos fazendo a nossa parte, orando e trabalhando pela paz, rogando todos os dias à Espiritualidade Superior para que ilumine e apascente os homens, fazendo-os moderar suas ambições.

Por Sérgio dos Santos Rodrigues/Equipe CVDEE – 2009

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A nova Era

Deus é único e Moisés é o Espírito que Ele enviou em missão para torná-lo conhecido não só dos hebreus, como também dos povos pagãos. O povo hebreu foi o instrumento de que se serviu Deus para se revelar por Moisés e pelos profetas, e as vicissitudes por que passou esse povo destinavam-se a chamar a atenção geral e a fazer cair o véu que ocultava aos homens a divindade.

Os mandamentos de Deus, dados por intermédio de Moisés, contêm o gérmen da mais ampla moral cristã. Os comentários da Bíblia, porém, restringiam-lhe o sentido, porque, praticada em toda a sua pureza, não na teriam então compreendido. Mas, nem por isso os dez mandamentos de Deus deixavam de ser um como frontispício brilhante, qual farol destinado a clarear a estrada que a Humanidade tinha de percorrer.

A moral que Moisés ensinou era apropriada ao estado de adiantamento em que se encontravam os povos que ela se propunha regenerar, e esses povos, semi-selvagens quanto ao aperfeiçoamento da alma, não teriam compreendido que se pudesse adorar a Deus de outro modo que não por meio de holocaustos, nem que se devesse perdoar a um inimigo. Notável do ponto de vista da matéria e mesmo do das artes e das ciências, a inteligência deles muito atrasada se achava em moralidade e não se houvera convertido sob o império de uma religião inteiramente espiritual. Era-lhes necessária uma representação semi material, qual a que apresentava então a religião hebraica. Os holocaustos lhes falavam aos sentidos, do mesmo passo que a idéia de Deus lhes falava ao espírito.

O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. E a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.

São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as idéias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que percorreram as idéias de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas idéias precisam, para atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá. - Um Espírito israelita. (Mulhouse, 1861.)

Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo. Depois da luz viva, voltaram as trevas. Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo novamente se perdia. Então, semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento, os Espíritos se puseram a falar e a vos advertir. O mundo está abalado em seus fundamentos; reboará o trovão. Sede firmes!

O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza, e estai certos de que tudo o que é de ordem divina tem grande e útil objetivo. O vosso mundo se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa do que é de ordem moral, mas conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em proveito do espírito das trevas. Como sabeis, cristãos, o coração e o amor têm de caminhar unidos à Ciência. O reino do Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar. Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de inefável alegria. Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons Espíritos vo-lo dizem sobejamente; dobrai-vos à rajada que anuncia a tempestade, a fim de não serdes derribados, isto é, preparai-vos e não imiteis as virgens loucas, que foram apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.

A revolução que se apresta é antes moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não existiriam as montanhas. Assim, pois, que estas palavras - "Somos pequenos" - careçam para vós de significação. A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. Não constrói a formiga o edifício de sua república e imperceptíveis animálculos não elevam continentes? Começou a nova cruzada. Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso. Fénelon. (Poitiers, 1861.)
Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razão disso, encontramo-la na vida desse grande filósofo cristão. Pertence ele à vigorosa falange do Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais sólidos esteios. Como vários outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor, à impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando, entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava alhures, que não nos prazeres enervantes e fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de Damasco, também lhe foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues?" exclamou:

"Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!" E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho. Podem ler-se, nas notáveis confissões que esse eminente espírito deixou, as características e, ao mesmo tempo, proféticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa Mônica: Estou convencido de que minha mãe me virá visitar e dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante previsão da doutrina porvindoura! Essa a razão por que hoje, vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele outrora pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os que o chamam. - Erasto, discípulo de S. Paulo. (Paris, 1863.)

Nota. - Dar-se-á venha Santo Agostinho demolir o que edificou? Certamente que não. Como tantos outros, ele vê com os olhos do espírito o que não via enquanto homem. Liberta, sua alma entrevê claridades novas, compreende o que antes não compreendia. Novas idéias lhe revelaram o sentido verdadeiro de algumas sentenças. Na Terra, apreciava as coisas de acordo com os conhecimentos que possuía; desde que, porém, uma nova luz lhe brilhou, pôde apreciá-las mais judiciosamente Assim é que teve de abandonar a crença, que alimentara, nos Espíritos íncubos e súcubos e o anátema que lançara contra a teoria dos antípodas. Agora que o Cristianismo se lhe mostra em toda a pureza, pode ele, sobre alguns pontos, pensar de modo diverso do que pensava quando vivo, sem deixar de ser um apóstolo cristão. Pode, sem renegar a sua fé, constituir-se disseminador do Espiritismo, porque vê cumprir-se o que fora predito. Proclamando-o, na atualidade, outra coisa não faz senão conduzir-nos a uma interpretação mais acertada e lógica dos textos. O mesmo ocorre com outros Espíritos que se encontram em posição análoga.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 1. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.

* * * Estude Kardec * * *

Cousas das Trevas

Em carta você pergunta
Minha irmã Zina Belém,
O que se pensa do aborto
Na vida do Grande Além.
Desejaria falar
Em verbo claro e graúdo!...
Só sei dizer que onde moro
Aborto complica tudo.
Muitos prometem dar corpo
A credores e a colegas.
Nascem, crescem... Mas depois,
Caminham vivendo às cegas.
Espíritos recusados
Na fúria louca em que estão
Promovem desequilíbrio,
Conflito, perturbação.
E a Lei que tudo corrige
Perante o aborto ilegal
Entrega o problema à dor
Extraindo o bem do mal.
Pode crer: mancha de culpa
Na roupa do pensamento,
Somente desaparece
Com o sabão do sofrimento.
Olhe a tragédia de Ertúzia
Prometeu corpo a Joaquim,
Fugiu do trato, mas hoje
Sofre doenças sem fim.
Téo praticou muito aborto,
Em pobres moças da roça,
Depois entrou na bebida,
Caindo de fossa em fossa.
Dona Helena do Lagedo
Fez os abortos que quis,
Morreu e tornou à Terra
Doente, triste e infeliz.
Lili fez muitos abortos...
Desencarnou em Portela..
Quer nascer... Pede socorro,
Mas o povo corre dela.
Outra arrasava os pequenos
A jorros de água fervente,
E Tuta que, alucinada,
Só vê crianças à frente.
Belinha nasceu no mundo
Para dar corpo ao Libório,
Depois de expulsá-lo a ferros,
Rumou para o sanatório.
Por aborto, lá se foi
Aninha do Desidério...
Da parteira Dona Cissa
Passou para o necrotério.
Tina expulsou quatro vezes,
O espírito de João Róssi,
Logo após, caiu de cama,
Morreu de câncer precoce.
Teotônia fez vinte abortos
Em várias moças da Estaca...
Morreu e voltou ao mundo
Trazendo a cabeça fraca.
Amargosa provação
A de Ninhanha Ventura,
Seis abortos, seis problemas,
Obsessão e loucura.
Muito espírito conheço
Que sonhava paz e amor,
Que não podendo ser filho
Tornou-se perseguidor.
Cada qual é responsável
No amor que aceita ou que alcança;
Compromisso a cada um,
Mas que se poupe a criança.
Maternidade é tarefa,
Luminoso compromisso,
Um filho é bênção de Deus,
Não proteste, pense nisso.
Quando o aborto é indispensável
Tem a justa explicação,
Mas fora desse caminho
Aborto é perturbação.
Minha irmã, fuja do aborto,
Se um filho é a bênção que levas...
Aborto desnecessário
É sempre cousa das trevas.

XAVIER, Francisco Cândido. Retratos da Vida. Pelo Espírito Cornélio Pires. IDE. Capítulo 13.

* * * Estude Kardec * * *

Agentes do conto

A lembrança amarga não consertará o passado.
A tristeza não lhe trará luz ao pensamento.
O desânimo não tem condições de prestar auxílio.
O azedume não pacifica o mundo íntimo.
A revolta não lhe fará ver o caminho justo.
A crítica é fator de mais solidão.
A irritação é a companheira do fracasso.
A intolerância afasta a simpatia.
O ressentimento é veneno em você mesmo.
A condenação é treva que se espalha.
Evitemos esses agentes do contra e procuremos trabalhar, na certeza de que, servindo, encontraremos a bênção da alegria por nosso clima permanente de luz.


Respostas da Vida – André Luiz / Chico Xavier

domingo, 10 de novembro de 2013

Agir e Acreditar


Um viajante caminhava pelas margens de um grande lago de águas cristalinas e imaginava uma forma de chegar até o outro lado, onde era seu destino.
Suspirou profundamente enquanto tentava fixar o olhar no horizonte. A voz de um homem de cabelos brancos quebrou o silêncio momentâneo, oferecendo-se para transportá-lo. Era um barqueiro.
O pequeno barco envelhecido, no qual a travessia seria realizada, era provido de dois remos de madeira de carvalho.
O viajante olhou detidamente e percebeu o que pareciam ser letras em cada remo. Ao colocar os pés empoeirados dentro do barco, observou que eram mesmo duas palavras.
Num dos remos estava entalhada a palavra acreditar e no outro, agir.
Não podendo conter a curiosidade, perguntou a razão daqueles nomes originais dados aos remos.
O barqueiro pegou o remo, no qual estava escrito acreditar, e remou com toda força.
O barco, então, começou a dar voltas, sem sair do lugar em que estava.
Em seguida, pegou o remo em que estava escrito agir e remou com todo vigor.
Novamente o barco girou em sentido oposto, sem ir adiante.
Finalmente, o velho barqueiro, segurando os dois remos, movimentou-os ao mesmo tempo e o barco, impulsionado por ambos os lados, navegou através das águas do lago, chegando calmamente à outra margem.
Então, o barqueiro disse ao viajante:
Este barco pode ser chamado de autoconfiança. E a margem é a meta que desejamos atingir.
Para que o barco da autoconfiança navegue seguro e alcance a meta pretendida, é preciso que utilizemos os dois remos, ao mesmo tempo, e com a mesma intensidade: agir e acreditar.
Não basta apenas acreditar, senão o barco ficará rodando em círculos. É preciso também agir, para movimentá-lo na direção que nos levará a alcançar a nossa meta.
Agir e acreditar. Impulsionar os remos com força e com vontade, superando as ondas e os vendavais e não esquecer que, por vezes, é preciso remar contra a maré.
* * *
Gandhi tinha uma meta: libertar seu povo do jugo inglês. Tinha também uma estratégia: a não violência.
Sua autoconfiança foi tanta que atingiu a sua meta sem derramamento de sangue. Ele não só acreditou que era possível, mas também agiu com segurança.
Madre Teresa também tinha uma meta: socorrer os pobres abandonados de Calcutá. Acreditou e agiu, superando a meta inicial, socorrendo pobres do mundo inteiro.
Albert Schweitzer traçou sua meta e chegou lá. Deixou o conforto da cidade grande e se embrenhou na selva da África francesa para atender aos nativos, no mais completo anonimato.
Como estes, teríamos outros tantos exemplos de homens e mulheres que não só acreditaram, mas que tornaram realidade seus planos de felicidade e redenção particular.
* * *
E você? Está remando com firmeza para atingir a meta a que se propôs?
Se o barco da sua autoconfiança está parado no meio do caminho ou andando em círculos, é hora de tomar uma decisão e impulsioná-lo com força e com vontade.
Lembre que só você poderá acioná-lo utilizando-se dos dois remos: agir e acreditar.
* * *
Caso você ainda não tenha uma meta traçada ou deseje refazer a sua, considere alguns pontos: verifique se os caminhos que irá percorrer não estarão invadindo a propriedade de terceiros; se as águas que deseja navegar estão protegidas dos calhaus da inveja, do orgulho, do ódio; e, antes de movimentar o barco, verifique se os remos não estão corroídos pelo ácido do egoísmo.
Depois de tomar todas estas precauções, siga em frente e boa viagem.
Redação do Momento Espírita, com base em texto veiculado pela Internet, atribuído a Aurélio Nicoladeli. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5, ed. Fep.

Momento de Reflexão

Dia de Luz

O despertador toca e você acorda. Abre os olhos e torna a contemplar as mesmas cenas do ontem.

Pela sua mente ágil, as dores sofridas passam em cenário cinematográfico.

Você sente o corpo dolorido e cansado. Na boca, o gosto da amargura, que como fel, lhe fere o paladar.

Novo dia... Contudo, embora a noite de sono, não serão novas as lutas.

Os problemas financeiros não se solucionaram no intervalo de algumas horas. A enfermidade que se abateu em seu lar não partiu. Ao contrário, você a sente mais presente do que nunca, nos gemidos que já lhe chegam aos ouvidos.

Há que erguer-se do leito e retornar às lutas. A mesma luta.

Você sente desânimo e pensa: Por que Deus não me tirou a vida, enquanto dormia? Sinto-me exausto. Não desejo mais sofrer, nem lutar.

No entanto, os minutos correm céleres e é preciso retomar as atividades.

Entre a tristeza e o desalento, você se ergue e abre a janela.

Neste instante, o sol lhe bate em cheio na face e ilumina o seu quarto.

Faz-se luz e a luz espanca as trevas.

É novo dia! - Informa-lhe o sol.

Há alegrias no ar! - Cantam os pássaros.

A brisa da manhã o envolve e a natureza toda o convida a reformular suas disposições íntimas.

Pare um instante. Encha os seus pulmões com o ar renovado da manhã. Respire profundamente. Contemple o azul do céu e dirija ao Criador a sua prece.

Prece de gratidão por mais um dia no corpo. Em vez de rogar a Deus que lhe tire a vida, rogue-Lhe forças para o combate.

É dia novo. Você não pode imaginar o que a Divindade lhe reservou para hoje.

Pense em quantas pessoas almejariam estar em seu lugar, agora.

Enfermidade, dor, desemprego são problemas a serem administrados e equacionados, ao longo da existência.

Recorde que a Divindade lhe providenciou um dia de luz para você treinar, outra vez, disciplina, paciência, perdão.

Não perca a oportunidade. Não jogue fora as chances de crescimento e resgate.

E hoje, enquanto você sofre, luta e espera, alegre-se com os sons da vida, com o sorriso das crianças, com o colorido da Natureza que o Pai Criador dispôs especialmente para você.

Sorria. As lutas poderão ser semelhantes, mas não idênticas.

Porque dia como este nunca houve e não haverá outra vez.

Deus não se repete. Detenha-se a descobrir detalhes e observe a riqueza que o circunda.

Amigos, colegas, brincadeiras, abraços.

Nada será igual ao que já foi.

Desfrute deste dia integralmente, porque dia igual a este só se vive uma vez. 

Cada dia é bênção nova. Cada minuto é oportunidade espontânea de crescimento.

Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita

Respostas da Construção

Não permita que a ansiedade lhe desgaste as forças, ante os problemas da vida.
Numa simples construção, a serenidade e a disciplina nos fornecem diretrizes de atitude e proveito.
A pedra submeteu-se ao martelo e fez-se alicerce.
A madeira agüentou o serrote e converteu-se em utilidade do piso ao teto.
O barro suportou o fogo e ergueu-se em alvenaria.
O minério passou pelo calor de tensão alta e produziu o aço que estrutura a segurança.
O fio deixou-se prender e transformou-se em condutor de energia.
Agentes diversos da natureza se conjugaram e compõem a lâmpada para o serviço da luz.
Tudo na construção atende a planos de orientação e trabalho, obediência e equilíbrio.
Observemos a lição e analisemos o que estamos fazendo de nós na edificação do Eterno Bem.

Respostas da Vida – André Luiz / Chico Xavier