A crença na vida após a morte acompanha
a humanidade há milênios. Provavelmente, ela já existia antes mesmo dos nossos
registros históricos, mas não podemos dizer que os antigos tinham o mesmo
entendimento, sobre o destino da alma, que temos hoje.
O pesquisador Fustel de Coulanges, em
seu livro A Cidade Antiga, reúne registros
demonstrando que, muito antes
do culto aos deuses, na cultura greco-romana era realizado o culto aos
antepassados. Tinha-se a certeza de que os mortos continuavam a viver debaixo
da terra e necessitavam de comida e rituais. Se não fossem realizados, a
família sofreria punições – doenças, miséria, calamidades... – de seus
ancestrais, que poderiam deixar temporariamente o submundo terreno para
protegê-la ou castigá-la, caso não cumprisse com suas obrigações. Era assim que
se explicava uma série de fenômenos naturais numa realidade envolvida em
mistérios.
Alguns antepassados eram reconhecidos
como grandes heróis civilizadores, passando a ser considerados, com o tempo,
como deuses ou semideuses, tendo o seu culto permanecido por diversas gerações,
pela tribo inteira ou até mesmo por toda uma urbe.
Com o passar dos séculos, a crença na
sobrevivência da alma passa por diversas modificações. Práticas antigas começam
a se tornar obsoletas ou simples crendices, caindo em desuso. Mas, ainda assim,
relatos de aparições permanecem, seja em casos considerados verídicos ou em
obras de ficção mundialmente famosas, como em Hamlet, de Shakespeare, cuja
trama se desenvolve a partir da aparição do rei morto, que revela o seu
assassino.
No século XIX, surgem inúmeros casos de
aparições e outros tipos de manifestação do “Além”, no mundo todo, conforme
afirmou Allan Kardec. O interessante é que a hipótese dessas manifestações
terem como causa os espíritos não foi preestabelecida. Foi o próprio fenômeno
que revelou sua causa. A partir daí, com a codificação da doutrina espírita,
surge uma nova proposta de relação com os “mortos”, cujo ponto de partida é a
análise e a experimentação metodológica.
A Ciência ainda não aceita as pesquisas
espíritas, porém, cada vez mais aumenta o número de cientistas realizando
experimentos que, se não comprovam cientificamente a vida após a morte, pelo
menos demonstram a existência de fenômenos que a Ciência, por sua vez, é
incapaz de explicar satisfatoriamente sem aceitar a manifestação dos espíritos
como causa.
O Espiritismo é uma doutrina que ainda
está em construção. Cada vez mais novos conhecimentos vão sendo somados. Aos
poucos vamos interagindo com os espíritos de forma cada vez mais consciente e
livre de superstições. Isso irá preparando as futuras gerações para um convívio
mais natural e responsável com os espíritos, num intercâmbio que nos dará a
certeza de que a vida continua.
Escrito por Victor Rebelo
Dica
de estudo - Um clássico de Léon Denis: “DEPOIS DA MORTE”
Nenhum comentário:
Postar um comentário