O Batista estava no cárcere à mercê de
Herodes, o tetrarca. Rumores confusos pairavam em torno do prometido Messias
que já se achava na Terra. Alguns diziam: É ele em verdade o Cristo das
profecias; outros, porém, afirmavam o contrário.
O Profeta dos desertos que o havia
batizado nas águas do Jordão, e, nesse momento, ouvia a voz do Céu testificar
sua origem divina, sabia perfeitamente que Jesus era o Cristo.
Prevendo, como profeta, o fim que lhe
estava reservado, tratou de encaminhar seus discípulos para Aquele de quem não
se julgava digno de atar as correias das sandálias. Enviou, então, a Jesus dois
deles que costumavam visitá-lo na prisão, dizendo-lhes: “Ide a Jesus, e perguntai-lhe : És tu mesmo o Cristo esperado?”
Partiram os emissários em demanda do Filho
de Deus; e, encontrando-o, disseram-lhe tal como lhes fora recomendado.
O Mestre, antes de lhes responder, curou
inúmeros enfermos de várias moléstias, aliviou muitos flagelados por maus
espíritos, e, em seguida, disse-lhes: “Contai
a João tudo que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os surdos ouvem, os
paralíticos locomovem-se livremente, os leprosos ficam limpos, os mortos
ressuscitam, e aos pobres anuncia-se-lhes o Evangelho; e bem-aventurado é
aquele que em mim não achar motivo de tropeço.”
E assim se deu a conhecer o enviado do
Céu. Se tal característico distingue o Cristo, tal característico deve
distinguir a sua Igreja. O Cristianismo, portanto, é a religião do amor
objetivada na solidariedade humana.
É notório haver Jesus encartado no
número das maravilhas da sua religião o anunciar-se o Evangelho aos pobres. Por
tal devemos compreender, não as prédicas, as teorias anunciadas com mais ou
menos habilidade dos púlpitos e das tribunas, mas o conceder-se aos humildes e
bem-estar, as regalias e o conforto a que eles têm direito, abolindo-se os
privilégios odiosos que vêm, através de todos os tempos, cavando abismos de
separação entre as classes sociais.
Anunciar, pois, o Evangelho aos pobres
significa assisti-los em suas necessidades morais e materiais, atendê-los em
suas justas aspirações, contribuindo para melhorar a situação angustiosa em que
eles, por vezes, se encontram: significa amá-los como a nós próprios, fazendo
por eles o que queremos para nós mesmos, testemunhando assim a nossa
solidariedade em atos de justiça e de misericórdia, conforme o exemplo de Jesus
Cristo.
A religião do Filho de Deus é aquela que
se levanta sobre as bases desta tríade bendita: Amor, Igualdade, Liberdade. Para ela o mundo caminha, embora assim
não pareça: e bem-aventurados aqueles que nessa fé não encontram motivo de
escândalo.
Livro:
Nas Pegadas do Mestre
Autor:
Vinicius (pseudônimo) – Pedro de Camargo
8ª
Edição em 1992 – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) –
Páginas:
223 até 224 – Brasília-DF – 1933
http://artigosespiritas.wordpress.com/2013/11/16/a-religio-de-jesus/
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