Estudo com base in O Livro dos Médiuns, 2ª.
parte, Das Manifestações Físicas, Cap. I e seguintes.
Outras obras indicadas nas notas numeradas
no texto.
Obra codificada por Allan Kardec.
Deus é a inteligência suprema, causa
primária de todas as coisas. O espírito (alma) é o princípio inteligente do
Universo. Há, dois elementos gerais do Universo; a matéria e o espírito, e
acima de ambos Deus, o Criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são
o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento
material é necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de
intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado
grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela. Embora, de
certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se
distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria, não
haveria razão para que o espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o
espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; susceptível, em suas
inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito, de produzir
infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que uma ínfima
parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elemento, sendo o agente de que
o espírito se serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em
perpétuo estado de dispersão e não adquiriria jamais as propriedades que a
gravidade lhe dá. (1)
O fluido universal não é uma emanação da
Divindade. Tudo foi criado, exceto Deus.
O fluido universal é o princípio elementar
de todas as coisas. É o elemento do fluido elétrico, cujos efeitos é conhecido.
Para encontrá-lo na simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos
puros. No nosso mundo, planeta Terra, ele está sempre mais ou menos modificado,
para formar a matéria compacta que nos rodeia. Podemos dizer que ele mais se
aproxima dessa simplicidade no que conhecemos como fluido magnético animal (2).
Afirmou-se que o fluido universal é a
fonte da vida, contudo, esse fluido só anima a matéria. (3)
O fluido universal é susceptível de
inumeráveis combinações. O que chamamos fluido elétrico, fluido magnético são
modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais
perfeita, mais sutil, que pode ser considerada como independente. (4)
O espírito propriamente dito é envolvido
por uma substância, vaporosa para os homens, um meio-termo entre a natureza do
Espírito e a do corpo, mas ainda bastante grosseira para os Espíritos,
entretanto, suficiente para que eles possam elevar-se na atmosfera e
transportar-se para onde quiserem, inclusive, suficiente para que eles possam
comunicar-se e agir sobre a matéria, e vice-versa. Como a semente de um fruto é
envolvida pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido de um
envoltório chamado de perispírito. (5)
Sendo o fluido universal que forma o
perispírito, ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua
condensação é maior ou menor, segundo a natureza dos mundos. (3)
O perispírito desempenha papel muito
importante em todos os fenômenos espíritas, nas aparições vaporosas ou
tangíveis, no estado do Espírito no momento da morte. (6)
O perispírito é o liame que une o Espírito
à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao
mesmo tempo eletricidade, fluido magnético, e até um certo ponto, a própria
matéria inerte. Poderíamos dizer que é a quintessência da matéria. E o
princípio da vida orgânica, mas não o da vida intelectual, porque esta pertence
ao Espírito. E também o agente das sensações externas. (6)
A alma e o perispírito separados do corpo
constituem o ser chamado Espírito (7), ou seja, coletivamente, são os seres
inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material (8).
A união da alma, do perispírito e do corpo
material constitui o homem, assim, o homem é formado de três partes essenciais:
1°. a alma ou espírito elementar (9),
princípio inteligente que abriga o pensamento, a vontade e o senso moral;
2°. o corpo, envoltório material que
coloca o Espírito em relação com o mundo exterior;
3°. o perispírito, envoltório fluídico,
leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o
corpo. (10)
Durante a vida o Espírito está ligado ao
corpo pelo seu envoltório material ou perispírito. (11) Quando o envoltório
exterior (corpo físico do homem) está gasto e não pode mais funcionar, ele
sucumbe e o Espírito dele se despoja, como o fruto se despoja de sua casca, a
árvore de sua casca, a serpente de sua pele, em uma palavra, como se tira uma
veste velha e imprestável: é o que se chama de morte. A morte é apenas a
destruição do corpo, e não desse envoltório, que se separa do corpo quando
cessa a vida orgânica, como a borboleta deixa sua crisálida; contudo, ela
conserva seu corpo fluídico ou perispírito.
A alma conserva a sua individualidade após
a morte e não a perde jamais. A alma constata a sua individualidade, pois tem
um fluido que lhe é próprio, que o extrai da atmosfera do seu planeta e que
representa a aparência da sua última encarnação: o seu perispírito. (12)
Os Espíritos, seres que povoam o Universo
além do mundo material não são, pois, seres abstratos, vagos e indefinidos, mas
seres concretos e circunscritos, aos quais não falta senão serem visíveis para
assemelharem-se aos humanos, de onde se segue que, se em dado momento, o véu
que os oculta pudesse ser levantado, eles formariam para nós toda uma população
circundante. (13)
Os Espíritos têm todas as percepções que
tinham sobre a Terra, mas em um mais alto grau, porque suas faculdades não
estão mais amortecidas pela matéria; eles têm sensações que nos são
desconhecidas, veem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados não nos
permitem nem ver, nem ouvir. Para eles não há obscuridade, salvo para aqueles
cuja punição é de estarem temporariamente nas trevas. Todos os nossos
pensamentos repercutem neles, que os leem como em um livro aberto; de sorte que
aquilo que podemos ocultar a qualquer outra pessoa, não o podemos mais desde
que ele é Espírito. (14)
O perispírito, portanto, faz parte
integrante do espírito, como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o
perispírito sozinho não é o homem, pois o perispírito não pensa. Ele é para o
Espírito o que o corpo é para o Homem: o agente ou instrumento de sua
atividade. (15)
A natureza íntima do espírito propriamente
dito, ou seja, do ser pensante, é para nós inteiramente desconhecida. Ele se
revela a nós pelos seus atos, e esses atos só podem tocar os nossos sentidos
por um intermediário material. O Espírito precisa, pois, de matéria, para agir
sobre a matéria. Seu instrumento direto é o perispírito, como o do homem é o
corpo. (16)
O perispírito pode variar de aparência,
modificar-se ao infinito, contudo, a alma é a inteligência e sua natureza não
muda. (17)
O mundo visível vivendo no meio do mundo
invisível, com o qual está em contato perpétuo, disso resulta que eles reagem
incessantemente um sobre o outro; que desde que há homens, há Espíritos, e que
se estes últimos têm o poder de se manifestar, devem tê-lo feito em todas as
épocas e entre todos os povos. Entretanto, nestes últimos tempos, as
manifestações dos Espíritos tomaram grande desenvolvimento e adquiriram um
maior caráter de autenticidade, porque estava nos objetivos da Providência
colocar termo ao flagelo da incredulidade e do materialismo mediante provas
evidentes, permitindo àqueles que deixaram a Terra virem atestar sua existência
e nos revelar sua situação feliz ou infeliz, assim, os Espíritos podem se
manifestar para os homens de muitas maneiras diferentes: pela visão, pela
audição, pelo tato, pelos ruídos, o movimento dos corpos, a escrita, o desenho,
a música, etc. (18)
Para progredir, a alma necessita sempre de
um instrumento, sem o qual ela não seria nada para nós, ou melhor, não a poderíamos
conceber. O perispírito para os Espíritos errantes é o instrumento pelo qual
eles podem se comunicar com os homens, seja indiretamente, por meio do corpo
físico ou do perispírito, seja diretamente com a alma. Vem daí a infinita
variedade de médiuns e de comunicações. (19)
A manifestação é o ato pelo qual um
Espírito revela sua presença e elas podem ser:
Ocultas – quando não têm nada de ostensivo
e o Espírito se limita a agir sobre o pensamento;
Patentes – quando são apreciáveis pelos
sentidos;
Físicas – quando se traduzem por fenômenos
materiais, tais como ruídos, movimento e deslocamento de objetos; Inteligentes
– quando revelam um pensamento;
Espontâneas – quando são independentes da
vontade e ocorrem sem que nenhum Espírito seja chamado;
Provocadas – quando são efeito da vontade,
do desejo ou de uma evocação determinada;
Aparentes – quando o Espírito se faz
visível à vista. (20)
NOTAS:
(1)
Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, Livro primeiro, questões 1, 23 e 27.
(2) Magnetismo animal (do gr. e do lat. magnes, ímã) – assim
chamado por analogia com o magnetismo mineral. Tendo a experiência demonstrado
que esta analogia não existe, ou é apenas aparente, esta denominação deixa de
ser exata. Todavia, como está consagrada por um uso universal, e como, além
disso, o epíteto que se lhe acrescenta não permite equívoco, haveria mais
inconveniência do que utilidade em mudar este nome. Algumas pessoas
substituem-na pela palavra mesmerismo; entretanto esta expressão até agora não
prevaleceu.
(3) O magnetismo animal pode ser assim definido: ação
recíproca de dois seres vivos por intermédio de um agente especial chamado
fluido magnético. (Ver Allan Kardec, Instruções Práticas sobre as Manifestações
Espíritas, Vocabulário Espírita.)
(4) Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, Segunda parte, Cap.
IV, Teoria das Manifestações Físicas, item 74, respostas do Espírito (São)
Luís.
(5) _____ _____, O Livro dos Espíritos, Livro primeiro,
questão 27a.
(6) _____ _____, O Livro dos Espíritos, Livro segundo,
questões 93, 135 e 135a.
(7) _____ _____, O Livro dos Espíritos, Livro segundo, item
257.
(8) _____ _____, O Que é o Espiritismo, Noções Elementares de
Espiritismo, Dos Espíritos, item 14.
(9) _____ _____, O Livro dos Espíritos, Livro segundo, item
76.
(10)Espírito
elementar: Espírito considerado em si mesmo e feita abstração de seu
perispírito ou invólucro material. (Ver Allan Kardec, Instruções Práticas sobre
as Manifestações Espíritas, Vocabulário Espírita.)
(11)Allan Kardec, O
Que é o Espiritismo, Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, itens 14
e 10.
(12)_____ _____, O
Livro dos Espíritos, Livro segundo, questão 155a e a nota e O Que é o
Espiritismo, Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, itens do 10 ao
17.
(13)_____ _____, O
Livro dos Espíritos, Livro segundo, questões 150 e 150ª
(14)_____ _____, O
Que é o Espiritismo, Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, item 16.
(15)_____ _____, O
Que é o Espiritismo, Noções Elementares de Espiritismo, Dos Espíritos, item 17
e O Livro dos Espíritos, Livro segundo, item 257.
(16)_____ _____, O
Livro dos Médiuns, Segunda parte, Cap. I, Das Manifestações Físicas, item 55.
(17)_____ _____, O
Livro dos Médiuns, Segunda parte, Cap. I, Das Manifestações Físicas, item 58.
(18)_____ _____, O
Livro dos Médiuns, Primeira parte, Cap. I, Sistemas, item 51, instrução do
Espírito Lammenais.
(19)_____ _____, O
Que é o Espiritismo, Noções Elementares de Espiritismo, Comunicações com o
Mundo Invisível, itens 24 e 26.
(20)_____ _____, O
Livro dos Médiuns, Primeira parte, Cap. I, Sistemas, item 51, instrução do
Espírito Lammenais.
(21) _____ _____, Instruções Práticas
sobre as Manifestações Espíritas, Vocabulário Espírita.
Pesquisa: Elio Mollo - 31/03/2014
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