domingo, 29 de outubro de 2017

Horizontes da Fala

HORIZONTES DA FALA
Os horizontes da fala são, por assim dizer, sem limites. Limitar a palavra é limitar as possibilidades de Deus para conosco, é investir conta o irrealizável. A palavra é o dom que, por excelência, capacita-nos para viver melhor, dentro de uma dinâmica social de uns para com os outros. Falamos em horizontes da fala no afã de lembrar a todos que a humanidade está vendo, sentindo e compreendendo agora o desabrochar desse tesouro maravilhoso que o tempo, em conexão com o espaço, e sob as bênçãos de Deus, nos concedeu. Ela pode ser articulada na feição material, como pensada na ordem mais sutil, quase imperceptível.
A palavra humana é fruto de milhões de anos, em se falando da maravilha das maravilhas – o corpo humano – dotado pela natureza para que o Espirito pudesse expressar suas ideias movidas no campo mental, oriundas de regiões até então desconhecidas pela ciência dos homens, mas podemos dizer que o verbo vem de Deus.
Na hora da fala, sintoniza os sons com a força do puro amor, para que a regência da conversa possa expandir a vida, na multiplicação da própria vida. O entendimento de uma pessoa com outra requer cuidados especiais, para que não falte sabedoria enriquecida pelos sentimentos mais elevados, pois sabedoria completa está sempre associada ao amor. Eis o que diz o proverbio trinta e um, versículo vinte e seis: “Abre sua boca com sabedoria, e a alei da beneficência está na sua língua”.
Começa, meu filho, o dia agradecendo ao Todo Poderoso por mais um espetáculo maravilhoso do amanhecer. Nele, sentimos a vida sorrir por todos os quadrantes da criação. Acompanhemo-lo, iniciando o nosso labor com a expressão alegre e jovial, sem que percamos, por momento algum, este gesto divino que podemos fazer por nós mesmos. Isso é a arte da fé, é a via para a saúde, é o caminho para a paz. Depois desta contemplação sem palavras perceptíveis pelos outros, dá início ao trabalho da boca, usando a energia divina que respiras dos raios vivificantes do astro-rei, para a tua construção interna e externa, como cooperador da harmonia universal. Fala com prudência, criando ambiente de amizade onde estiveres; fala com carinho, despertando interesse de esperança em quem te ouve, fala com alegrai e doa àquele que te ouve algo que, por enquanto, desconheces e sentirás quanto é valioso esse esforço, porque, em primeiro lugar, serás o maior beneficiado.
Se por ventura a imprudência quiser se manifestar por intermédio de tua boca, sopra-a em direção à terra, sem nada dizer. A ajuda do pensamento ser-te-á bem melhor. O grande laboratório do chão transformará a tua energia descuidada em força construtiva, na sustentação do reino vegetal. Dota a tua conversa, desde cedo, de cuidados, sem cansar quem te ouve e sem demonstrar cansaço de tua parte. Deus fez o verbo para que pudéssemos trocar energias que por vezes nos faltam, nas lutas de cada dia. Já observaste que, quando trabalhas em excesso, procuras sempre com quem conversar? É porque te falta algo que está no outro; são cotas doáveis de alma para alma. Nisto sentimos o céu na Terra de Deus em nós, na expressão da amizade que sai como raios do imenso sol do amor.
Nunca fales ferindo, mesmo que o descuido dos outros te fira. Nunca fales com nervosismo, mesmo que a intolerância dos outros te inquiete. Nunca fales com tristeza, mesmo que a melancolia dos outros se aproxime de ti. Nunca uses do teu verbo para o serviço que não edifica. Sabemos que não será muito fácil, no entanto, isso é escola e a educação, temos de começa-la. É bom que seja hoje, logo, agora. Vamos bem, porque Deus e Cristo nos esperam para nos ouvir por meio da audição de nossos semelhantes. Se a cada vez que falares te conscientizares de que o Pai e o Filho estão nos ouvindo também, é certo que usarás a trave na língua, afinarás as cordas vocais e dinamizarás o pensamento, para que a fala seja uma música, senão orquestração da vida, cumprindo assim a tua missão de conversar com os outros. Esta é uma amostra pálida deste livro, Horizontes da Fala.
Livro: Horizontes da Fala – Miramez / João Nunes Maia

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