Mobilizaram empresas, o povo da cidade, amigos e, logo pela manhã, se dirigiram ao aeroporto de Granada para recepcionar a Orquestra Filarmônica Internacional.
No ônibus, no trajeto do aeroporto à sua residência, os músicos foram afinando seus instrumentos.
Tudo para entrarem na casa, em absoluto silêncio, postarem-se na sala ou ao longo da escada de acesso ao segundo andar e despertarem o casal, ao som de Nessum dorma, da ópera Turandot, de Giacomo Puccini.
Um detalhe: o pai é cego e a mãe tem uma deficiência visual de setenta por cento. Eles descem a escada, ainda de pijamas e o filho lhes diz: Pai, mãe, apresento-lhes Puccini.
A emoção é muito grande.
Depois, em um maravilhoso carro, saem pelas estradas. O filho levanta a capota para que os pais possam sentir o vento no rosto, nos cabelos. Há risos de felicidade.
A primeira parada é na fábrica de perfumes que, atendendo ao pedido de Pascoal e Sara, recebem o casal e o levam ao local onde se encontram raras essências.
Pai e mãe sentem um ou outro aroma e recordam de momentos de ternura; de andanças por determinada localidade; dos dias de primavera em que ficavam longo tempo no jardim.
Depois, são levados a um campo de lavanda, sempre acompanhados pelos dois filhos. Esfregam as flores em suas mãos, extasiam-se com o perfume e se abraçam.
Os filhos homenageiam os pais com uma sinfonia inusitada aos quatro sentidos. E, agora, é o momento do tato.
Para isso, às cinco da tarde, os quatro se encontram em Quentar de La Sierra, cidade natal do pai, que também se chama Pascoal. Mais de cinco dezenas de amigos e parentes estão reunidos na praça, próxima à igreja.
São pessoas com as quais ele não tem contato há bastante tempo. Alguns, há anos. Todos estão sentados em fileiras e ele passa de um a um, identificando-os somente pelo tato.
Lágrimas, risos, abraços saudosos são trocados. Parece que a emoção chegou ao auge.
Contudo, o dia ainda não findou e há um sentido mais para ser celebrado: o paladar.
Então, o casal é levado a um restaurante três estrelas, às vinte e duas horas.
Sempre sob encomenda dos filhos, o maître se esmerou, na qualidade e diversidade do prato ofertado para que o casal pudesse identificar cada um dos componentes: o tomate, a alface, a ervilha, o presunto, o arroz.
Com certeza, um presente emocionante para os pais que tiveram, nesse dia, a celebração dos quatro sentidos de que dispõem: a audição, o olfato, o tato e o paladar.
E conclui Pascoal, o filho: Aprendemos, desde cedo, com nossos pais que na vida podemos assumir duas posições.
A primeira é lamentar tudo que não se tem, queixar-se do sentido que a vida não nos concedeu. A segunda, é aproveitar ao máximo aquilo que se tem, com alegria e otimismo.
* * *
De nossa parte, concluímos: esses filhos aprenderam muito bem a lição ministrada por seus pais.
E, ao demais, souberam agradecer de inusitada forma, a vida que lhes foi ofertada por eles.
Exemplos assim merecem ser divulgados e seguidos.
Redação do Momento Espírita com base em vídeo disponível na Internet, em http://www.youtube.com/embed/-fbaxlls6de - 07.03.2012.
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