Meditar alivia a sensação
de dor
Sente muita dor?
A meditação é um famoso
analgésico, que diminui a percepção da dor nas pessoas, mesmo após breves
sessões. Agora, um estudo revela por que: a meditação muda a forma como o cérebro
processa os sinais de dor.
A prática conhecida como
meditação envolve sentar-se calma e confortavelmente, e respirar uniformemente.
O principal objetivo é limpar a mente, e concentrar a atenção no presente.
Estudos anteriores
sugeriram que a meditação reduz a ansiedade, promove o relaxamento e ajuda a
regular as emoções. Agora, a nova pesquisa descobriu que a prática de uma
consciência atenta do corpo, por apenas quatro dias, afeta as respostas de dor
no cérebro.
Depois de meditar, a
atividade cerebral diminui em áreas dedicadas à dor e em áreas responsáveis
pela transmissão de informações sensoriais. Enquanto isso, as regiões que
modulam a dor ficar ocupadas e, consequentemente, a dor é menos intensa e menos
desagradável.
O psicológico também
interfere: a meditação pode reduzir a dor tornando as sensações físicas menos
angustiantes. Todo o contexto da situação e do meio ambiente colaboram; a
meditação parece atenuar esse tipo de resposta.
Além disso, não é
necessário gastar muito tempo meditando para alcançar o benefício: meia hora de
treino por dia durante três dias já alivia significativamente a dor, mesmo
quando as pessoas não estão realmente meditando.
Para descobrir como a
meditação altera a resposta do cérebro a dor, os pesquisadores reuniram 15
voluntários que passaram 30 minutos por dia, durante quatro dias, aprendendo a
meditar. Antes e após o treinamento, os pesquisadores mapearam os cérebros dos
voluntários usando ressonância magnética.
Durante, antes e depois
de cada mapeamento, os voluntários experimentaram sensações alternativas de
calor (49° C) e temperatura neutra (35° C) na panturrilha. Depois de 12
segundos, os voluntários classificaram a sua dor ao pressionar uma alavanca
para a direita (se sentiram mais dor) ou para a esquerda (se sentiram menos
dor). A posição da alavanca correspondia a uma escala de 1 a 10, com 10
representando a maior dor.
A meditação reduziu a
percepção de dor nas pessoas em 57%. Os voluntários também relataram que a dor
foi 40% menos intensa. Os cérebros dos voluntários espelharam suas percepções
alteradas. A atividade caiu no tálamo, uma área profunda do cérebro que
retransmite a informação sensorial do corpo para o córtex somatosensorial. O
córtex somatosensorial, localizado acima da orelha, é especialista em áreas
dedicadas a processamento de sinais a partir de partes específicas do corpo.
Nos voluntários que praticaram a meditação, a área do córtex somatosensorial
ligada a panturrilha estava “inativa”.
Enquanto isso, áreas
associadas com a modulação da dor se tornaram mais ativas. Essas áreas incluíam
o córtex orbitofrontal e o córtex cingulado anterior profundo, na região
frontal do cérebro. O putâmen, uma estrutura enterrada no centro do cérebro, e
a ínsula também mostraram mais atividade. Ambas as estruturas têm muitas
funções, incluindo o controle de movimentos de sensibilização e auto-percepção.
Segundo os pesquisadores,
a boa notícia é que os estudos têm mostrado que os benefícios da meditação
ocorrem rapidamente. Ou seja, você não precisa ser um monge para aliviar sua
dor, de forma que a meditação se torna uma opção realista para pessoas que
passam por cirurgia ou têm lesões.
Natasha Romanzoti
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