Naquela noite chovia
muito. Mamãe Beija-Flor estava em seu ninho cuidando dos seus ovinhos. Estava
próxima a chegada dos seus filhotinhos e ela estava muito contente.
De repente os ovinhos
começaram a se partir e surgiram lindos passarinhos
Mamãe Beija-Flor
acariciava seus filhotinhos quando percebeu que um deles era um pouco estranho.
Ele era todo azul e tinha o bico branco. Mas estava contente mesmo assim, e
cuidava de todos com o mesmo carinho.
O tempo foi passando...
passando...
Todos os passarinhos da
floresta zombavam da Mamãe Beija-Flor porque ela tinha um filhotinho esquisito.
Ela não se importava porque amava muito a todos.
Aquele passarinho
diferente era conhecido por todos como o Pássaro Azul. Ninguém queria brincar
com ele, nem seus irmãos, porque ele era muito diferente. Ele se entristecia e
pensava:
- Porque ninguém gosta
de mim?
A mamãe Beija Flor o
vendo chateado se aproximava e fazia-lhe carinho. Ele então esquecia tudo e
ficava contente.
Certo dia estava perto
do Grande Rio e percebeu que tinha algumas formiguinhas trabalhando, carregando
folhinhas. Ele pensou:
- Eu acho que vou
ajudá-las, vai ser divertido!
Pegou então uma folhinha
com seu biquinho e colocou na entrada do formigueiro.
Vendo aquele passarinho
estranho perto da sua morada, um monte de formigas se aproximou. Uma mais
afoita disse:
- Que bicho esquisito,
olha lá... Acho que ele quer tampar o formigueiro para morrermos sufocadas. Ele
quer acabar com a gente. Vamos companheiras, ao ataque! E correram todas em sua
direção.
Todas gritaravam em um
só coro:
- Fora daqui pássaro
malvado!
O Pássaro Azul voou
rapidamente e pousou numa grande árvore. Sem entender o que se passou naquela
hora, ficou pensativo:
- Porque elas queriam me
machucar? Eu nada fiz, só desejava ajudar...
Ficou parado ali um bom
tempo tentando chegar a uma conclusão.
Passaram-se alguns dias
e ele, sempre sozinho, brincava na copa das árvores da floresta, quando
percebeu que uma pequena largata andava distraída em um galho próximo.
- Puxa! Como ela é
bonitinha, será que ela poderia ser minha amiguinha? Pensou...
Foi quando percebeu que
ela estava em perigo. O galhinho estava se partindo e ela iria cair no chão.
Rapidamente voou, ficou
embaixo do galho sustentando todo o peso com suas asas. Assim que ela conseguiu
atravessar o galho se rompeu.
Dona Largata levou o
maior susto. Vendo o passarinho por perto, começou a gritar:
- Você tentou me jogar
no chão! Fora daqui, vai embora...
E o nosso amiguinho voou
novamente para bem longe.
Pousou em uma pedra
perto do Grande Rio e continuava pensando: por que todos me mandam embora, por
que não gostam de mim?
Olhou para dentro do rio
e percebeu que uma Joaninha estava quase se afogando.
Ela tentava
desesperadamente subir em um tronco que estava boiando, mas tudo em vão.
Sem demora, o Pássaro
Azul arremessou uma pedra que estava ao seu lado próximo da pequena joaninha
criando assim uma ondulação na água.
Ela foi arremessada
longe, caindo em terra firme.
Muito feliz por haver
salvo a dona Joaninha, voou em sua direção e lhe perguntou:
- A senhora está bem?
Ainda meio atordoada do
susto, Dona Joaninha, muito irritada lhe falou:
- Você tentou me matar
atirando aquela pedra em mim, seu passarinho esquisito. Os habitantes da
floresta correm muito perigo com você a solta. Vou correndo contar ao Conselho
Maior tudo o que se passou. Temos de tomar providências...
O Conselho Maior que era
representado pelos mais importantes habitantes da floresta foi convocado. Foi
exigida a presença do Pássaro Azul, e todos os habitantes estavam lá para o seu
julgamento.
O representante das
Formigas pediu a palavra e acusou o Pássaro Azul de ter tentado entupir o
formigueiro. A larva não se fez de rogada e falou que ele havia tentado jogá-la
no chão. Dona Joaninha, encabeçando a lista de habitantes que se sentiam
incomodados com a sua presença, fez uma série de acusações.
O Pássaro Azul ouvia a
tudo sem dizer nada. Até que toda a assembléia começou a gritar:
- Fora daqui, fora
daqui!
A decisão final foi
unânime. Ele deveria sair da floresta. Seria obrigado a viver na Grande Rocha,
sozinho.
O Pássaro Azul foi então
em direção a sua nova casa. Ele estava sozinho e não podia mais entrar na
floresta.
- Como vou fazer para me
alimentar? Pensou e concluiu:
- Tenho de entrar na
floresta e sair de forma que ninguém nunca me veja.
O tempo foi passando e
ele sempre voltava à floresta, mas nunca deixava que ninguém percebesse sua
presença. Quase sempre encontrava alguns animaizinhos em apuros e ajudava.
Todos os habitantes da floresta percebiam que algo estranho acontecia. Algumas
vezes apareciam frutos em lugares onde faltava alimento, filhotinhos que caiam
das árvores e não se machucavam...
Como muita coisa boa
acontecia com freqüência, criou-se entre os moradores da floresta a crença de
que existia um anjo, um guardião que protegia a todos. Ele somente estava
realizando seus prodígios agora que o Pássaro Azul não estava mais entre eles.
Todos estavam muito
felizes e a paz reinou por longos anos. Todos acreditavam na bondade do
Guardião da Floresta e muitos passaram a ajudar aqueles que tinham dificuldades
em seu nome.
Certo dia, o Pássaro
Azul já bem velhinho, saiu da caverna árida em que morava na Grande Rocha. E
pousou nas margens do Grande Rio. Ficou ali muito tempo Quando ouviu uma voz
suave lhe chamando:
- Pássaro Azul...
Tomou o maior susto
porque ninguém poderia ver que ele estava ali.
Tentou rapidamente se
esconder quando novamente ouviu:
- Não tenha medo...
Uma grande luz o
envolveu naquele instante.
- Sou o Rei Dos Reis,
aquele que construiu toda a floresta. Você está cansado. É hora de voltar para
a casa e desfrutar das alegrias que conquistou.
- Mas, meu Rei, eles me
expulsaram de lá, não posso mais voltar.
O Rei dos Reis em tom
solene lhe ordenou:
- Olhe para o rio.
O Pássaro Azul olhou
para a água. Foi a primeira vez em toda a sua vida que viu o seu reflexo. Muito
espantado exclamou:
- Eu sou da cor do
céu!...
- Compreende agora? Você
é um pedaço do céu que eu permiti que fosse para a terra para ensinar a todos a
fraternidade.
Neste momento, ele
começou a chorar muito.
- Desculpe meu Rei, eu
falhei. Ninguém se lembra de mim senão como um malfeitor.
- Sim, é verdade. Do
Pássaro Azul ninguém mais se recordará, entretanto do Guardião da floresta, os
séculos passarão e ele jamais será esquecido. Ele será sempre lembrado, não por
sua forma e beleza, mas por suas atitudes de bondade.
- Mas ninguém sabe que
fui eu! Exclamou o Pássaro Azul.
- Eu sei, e isso é o
bastante. Falou o Rei dos Reis.Você foi fiel, agora venha para os meus braços.
E o Pássaro Azul,
sentindo uma alegria imensa, voou em direção ao céu e desapareceu no horizonte.
Lá embaixo, na floresta,
todos se sentiam felizes e amparados porque acreditavam que existia um anjo bom
que cuidava deles. O respeito e admiração ao Guardião da Floresta desde então é
passado de geração para geração.
DIAS,
Robson. O Guardião da Floresta. Pelo Espírito Vovó Amália. FEB. Livro
eletrônico gratuito em www.vovoamalia.com. Livrinho da Série "As Histórias
que a Vovó Gosta de Contar".
* * * Estude Kardec * * *
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