sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Jesus e os Apóstolos também trabalharam

Trabalho! Um dever moral de toda criatura humana! Ele colhe os frutos do plantio, aproveita a matéria bruta das entranhas da terra, convertendo-as em bem-estar e beleza, ativando e desenvolvendo a marcha da vida. A alavanca, a cunha, a acha, a roda, a serra, o motor e a turbina são obras da mente humana, marcas de sua auto superação através dos tempos.

 Tudo o que há no mundo é fruto do trabalho. Ao empregar a força e suas faculdades inteligentes, o homem logrou determinados fins: da pedra de cantaria, esculpiu a estátua de feitio simétrico; da cor, deu forma, perspectiva, luz e sombra a belíssimas e impressionantes imagens; da fagulha, produziu o fogo; da palavra, criou obras literárias didáticas, científicas e artísticas; do barro, das rochas, dos alcalinos terrosos fundou as megalópoles, os lares... O trabalho fez do homem senhor de si mesmo no Reino da Natureza, promoveu a glória das nações e a formação da família. 

 E por falar em família... Em singelo grupo consanguíneo de um pequeno burgo da Palestina, um nazareno projetou-se como a maior luz descida à Terra. A grande maioria ignora as qualidades de Jesus como modelo de trabalhador responsável e devotado, ao pensar que Ele só pregava, fazia milagres e predições. Sim, Jesus Cristo também trabalhou para sobreviver e manter a família, pois cônscio de o trabalho ser uma lei, colocou-a em prática.1 Ao contrário dos que “vivem” da fé, das coisas sagradas, Jesus e os apóstolos nunca fizeram de sua crença um ofício e jamais motivo de lobby para fins políticos, almejando o poder temporal ou algum tipo de prerrogativa.

 Os primeiros e genuínos seguidores de Cristo de maneira nenhuma consideravam seu ministério de amor um comércio, e a fé, um balcão de negócios. Os discípulos, depois apóstolos, direta ou indiretamente, não estipulavam preço ao bem que faziam ao próximo nem garantiam vida fácil, tampouco felicidade mediante dízimo e outras formas de recompensa por saberem que “bem-aventurança” só se constrói à custa de muito esforço e dignidade, sobretudo, porque estamos em um mundo para educar os sentimentos e espiritualizar a inteligência.

 Os legítimos representantes de Cristo “fazem do trabalho expressão de dignificação, tornam-se ‘escravos do senhor’ e servos de todos, oferecendo o labor das próprias mãos para subsistência orgânica enquanto se ‘afadigam’ na sementeira da luz”, conforme o Espírito Joanna de Ângelis.2

 Quanto ao Espiritismo, as casas espíritas não estipulam preço pelos serviços que prestam aos necessitados do corpo e da alma. Os espíritas sinceros trabalham com alegria para Jesus sem esperar nenhum tipo de retribuição; dirigentes, cooperadores e médiuns nunca se preocupam com pagamentos e lauréis; prezam mais o louvor de Deus que o dos homens, e têm mais fé n’Aquele que nestes, dando mais valor à vida futura que à presente.3

 Referências:

1    Jesus não só teria exercido a profissão de carpinteiro como a de pedreiro e serralheiro.  O Evangelho segundo São Marcos, na versão da Igreja Grega, talvez a mais exata de que se tem conhecimento, empregou o termo tékton, que significa tais profissões, ao se referir às atividades profissionais do Mestre Nazareno.

2    FRANCO, Divaldo Pereira.  Estudos espíritas  (pelo Espírito Joanna de Ângelis). ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira (FEB), 1982. Cap. 11, p. 96.

3    KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução Herculano Pires. 62. ed. São Paulo: Lake — Livraria Allan Kardec Editora, 2001. Cap. 13, item 3, p. 169. 

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                 Davilson Silva

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