GESTAÇÃO
FRUSTRADA
O retorno do
Espírito ao mundo corporal, em cumprimento da Lei de Progresso, se dá pelo
processo biológico que conhecemos por Gestação.
Embora sejamos
individualidades ímpares, o processo reencarnatório também obedece a
determinados princípios, como nos afirma o Benfeitor Espiritual Alexandre:
“Grande
percentagem de reencarnações na Crosta se processa em moldes padronizados para
todos, no campo de manifestações puramente evolutivas. Mas outra percentagem
não obedece ao mesmo programa. Elevando-se a alma em cultura e conhecimentos,
e, consequentemente, em responsabilidade, o processo reencarnacionista
individual é mais complexo, fugindo à expressão geral, como é lógico. (1)
Desejamos,
neste pequeno ensaio, focar nossa atenção para os processos em que a gestação
não alcança a sua finalidade última, não permitindo ao Espírito experienciar a
vida física por determinado tempo.
Também esse
assunto chamou a atenção de Allan Kardec, que demandou aos Espíritos
Superiores:
“Há, como
indica a ciência, crianças que, desde o ventre materno, não têm possibilidades
de viver? Qual o objetivo disso?
– Isso
acontece frequentemente; a
Providência o permite como prova para seus pais ou para o Espírito que está
para reencarnar”. (2)
“Existem
crianças que, nascendo mortas, não foram destinadas à encarnação de um
Espírito?
– Sim, há as
que nunca tiveram um Espírito destinado para o corpo; nada devia realizar-se
por elas. É, então, somente pelos
pais que essa criança veio”. (3)
A esse
respeito foi proposto ao Benfeitor André Luiz o seguinte questionamento:
“Como
compreenderemos os casos de gestação frustrada quando não há Espírito
reencarnante para arquitetar as formas do feto?
– Em todos os
casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante,
o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos. Dentre as ocorrências dessa
espécie há, por exemplo, aquelas nas
quais a mulher, em provação de reajuste do centro genésico, nutre
habitualmente o vivo desejo de ser mãe, impregnando as células reprodutivas com
elevada percentagem de atração magnética, pela qual consegue formar com o
auxílio da célula espermática um embrião frustrado que se desenvolve, embora
inutilmente, na medida de intensidade do pensamento maternal, que opera,
através de impactos sucessivos, condicionando as células do aparelho
reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princípios de automatismo e
reflexão. (4)
Voltando ao
Livro dos Espíritos encontraremos:
“O Espírito
sabe, com antecedência, que o corpo que escolheu não tem probabilidades de
vida?
– Algumas
vezes, sabe; mas se o escolher por esse motivo, é porque recua diante da
prova”. (5)
E também:
“Quando uma
encarnação falha para o Espírito, por uma causa qualquer, é suprida
imediatamente por outra existência?
– Nem sempre
imediatamente. É preciso ao Espírito o tempo de escolher de novo, a menos que
uma reencarnação imediata seja uma determinação anterior”. (6)
Fica claro que
a gestação do corpo físico também está vinculada às necessidades de provas e
expiações do Espírito reencarnante e dos Pais, e como dentro das possibilidades
da não consumação da gestação há a recusa da mesma por parte da mãe, que
provoca o aborto, os Benfeitores nos esclarecem:
“Quais são,
para o Espírito, as consequências do aborto?
– É uma
existência nula que terá de recomeçar”. (7)
Ainda em
Missionários da Luz André Luiz comenta sobre o aborto:
“Há, por
exemplo, os casos em que a mulher, por
recusa deliberada à gravidez de que já se acha possuída, expulsa a
entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, desarticulando os
processos celulares da constituição fetal e adquirindo, por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o
Destino”. (8)
O comentário
de André Luiz está fundamentado em O Livro dos Espíritos:
“O aborto
provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção?
– Há sempre
crime quando se transgride a Lei de Deus. A mãe, ou qualquer outra pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a
vida de uma criança antes do seu nascimento, porque é impedir a alma de
suportar as provas das quais o corpo devia ser o instrumento”. (9)
Atestam os
Espíritos, no entanto:
“No caso em
que a vida da mãe esteja em perigo pelo nascimento do filho, existe crime ao
sacrificar a criança para salvar a mãe?
– É preferível
sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe”. (10)
Outra
possibilidade de interrupção da gestação é a do Espírito recusar, quando já
definido, o seu processo reencarnatório:
“ O Espírito
poderia, no último momento, recusar o corpo escolhido por ele?
- Se
recusasse, sofreria muito mais do que aquele que não tentou nenhuma
prova”. (11)
Pensemos
nisso.
Antônio
Carlos Navarro
Referências:
(1)
Missionários da Luz, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap. XII;
(2) O Livro
dos Espíritos, item 355;
(3) Idem, item
356;
(4) Evolução
em Dois Mundos, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap. 33;
(5) O Livro
dos Espíritos, item 348;
(6) Idem, item
349;
(7) Idem, item
357;
(8)
Missionários da Luz, Francisco C. Xavier – André Luiz, cap. XII;
(9) O Livro
dos Espíritos, item 358;
(10) Idem,
item 359;
(11) Idem,
item 355 a.
Obs. Os
negritos do texto são do autor do mesmo.
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