ESPÍRITOS
AGÊNERES
O que é
um agênere? É uma aparição em que o desencarnado se reveste de forma mais
precisa, das aparências de um corpo sólido, a ponto de causar completa ilusão
ao observador, que supõe ter diante de si um ser corpóreo.
Esse fato
ocorre devido à natureza e propriedades do perispírito que possibilitam ao
Espírito, por intermédio de seu pensamento e vontade, provocar modificações
nesse corpo espiritual a ponto de torná-lo visível.
Há uma
condensação (os Espíritos usam essa palavra a título de comparação apenas) tal,
que o perispírito, por meio das moléculas que o constituem, adquire as
características de um corpo sólido, capaz de produzir impressão ao tato, deixar
vestígios de sua presença, tornar-se tangível, conservando as possibilidades de
retomar instantaneamente seu estado etéreo e invisível.
Para que
um Espírito condense seu perispírito, tornando-se um agênere, são necessárias,
além da sua vontade, uma combinação de fluidos afins peculiares aos encarnados,
permissão, além de outras condições cuja mecânica se desconhece. Nesses casos a
tangibilidade pode chegar a tal ponto que é possível ao observador tocar,
palpar, sentir a resistência da matéria, o que não impede que o agênere
desapareça com a rapidez de um relâmpago, através da desagregação das moléculas
fluídicas.
Os seres
que se apresentam nessas condições não nascem e nem morrem como os homens; daí
o nome: agênere - do grego: a privativo, e géine, géinomai, gerado: não gerado,
ou seja, que não foi gerado.
Podendo
ser vistos, não se sabe de onde vieram, nem para onde vão. Não podem ser
presos, agredidos, visto que não possuem um corpo carnal. Desapareceriam, tão
logo percebessem a intenção diferente ou que os quisessem tocar, caso não o
queiram permitir.
Os agêneres,
embora possam ser confundidos com os encarnados, possuem algo de insólito,
diferente. O olhar não possui a nitidez do olhar humano e, mesmo que possam
conversar, a linguagem é breve, sentenciosa, sem a flexibilidade da linguagem
humana. Não permanecem por muito tempo entre os encarnados, não podendo se
tornar comensais de uma casa, nem figurar como membros de uma família.
Transcrevemos
a seguir um exemplo extraído da Revista Espírita de 1859 - Fevereiro (EDICEL):
"Uma
pobre mulher estava na igreja de Saint-Roque em Paris, e pedia a Deus vir em
ajuda de sua aflição. Em sua saída da igreja, na rua Saint-Honoré, ela
encontrou um senhor que a abordou dizendo-lhe:
"Minha
brava mulher, estaríeis contente por encontrar trabalho? - Ah! Meu bom senhor,
disse ela, pedia a Deus que me fosse achá-lo, porque sou bem infeliz. - Pois
bem! Ide em tal rua, em tal número; chamareis a senhora T...; ela vo-lo
dará." Ali continuou seu caminho. A pobre mulher se encontrou, sem tardar,
no endereço indicado - Tenho, com efeito, trabalho a fazer, disse a dama em
questão, mas como ainda não chamei ninguém, como ocorre que vindes me procurar?
A pobre mulher, percebendo um retrato pendurado na parede, disse: - Senhora,
foi esse senhor ali, que me enviou. - Esse senhor! Repetiu a dama espantada,
mas isso não é possível; é o retrato de meu filho, que morreu há três anos. -
Não sei como isso ocorre, mas vos asseguro que foi esse senhor, que acabo de
encontrar saindo da igreja onde fui pedir a Deus para me assistir; ele me
abordou, e foi muito bem ele quem me enviou aqui.
O
Espírito São Luiz consultado a respeito, forneceu instruções muito
interessantes:
•
Reafirma: - não basta a vontade do Espírito; é também necessário permissão para
ocorrer o fenômeno.
•
Existem, muitas vezes na Terra, Espíritos revestidos dessa aparência.
• Podem
pertencer à categoria de Espíritos elevados ou inferiores.
• Têm as
paixões dos Espíritos, conforme sua inferioridade; se inferiores buscam
prazeres inferiores; se superiores visam fins elevados.
• Não podem
procriar.
• Não
temos meios de identificá-los, a não ser pelo seu desaparecimento inesperado.
• Não têm
necessidade de alimentação e não poderiam fazê-la; seu corpo não é real.
Encerrando
nosso estudo sobre os agêneres, relembramos que, por mais extraordinário que
possam parecer, esses fatos se produzem dentro das leis da Natureza, sendo
apenas efeito e aplicação dessas mesmas leis. Recomendamos aos leitores
continuem a pesquisa sobre o tema nas Obras Básicas e na Revista Espírita,
Fevereiro de 1859, 1860 e 1863.
Por:
Tereza Cristina D'Alessandro
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VII - 2ª Parte.
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns: 2. ed. São Paulo: FEESP, 1989 - Cap VII - 2ª Parte.
KARDEC,
Allan - Revista Espírita - 1859 - Fevereiro: 1. ed. São Paulo: EDICEL, 1985.
Fonte: Vinhas De Luz
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