NATAL
Diante do bolo
iluminado, abraças, feliz, os entes amados que chegaram de longe...
Ouves a música
festiva que passa, de leve, por moldura de harmonia às telas da natureza...
Entretanto, quando penetrarem o templo da oração, reverenciando o Mestre que
dizes amar, mentaliza o estábulo pobre.
Ignoramos de
que estrela chegando o Sublime Renovador, mas todos sabemos em que ponto da
Terra começou ele o apostolado divino.
Recorda as
mãos fatigadas dos tratadores de animais, os dedos calosos dos homens do campo,
o carinho das mulheres simples que lhes ofertaram as primeiras gotas do próprio
leite e o sorriso ingênuo dos meninos descalços que lhe recebera, do olhar a
primeira nota de esperança.
Lembra-te do
Senhor, renunciando aos caminhos constelados de luz para acolher-se, junto dos
corações humildes que o esperavam, dentro da noite, e desce também da própria
alegria, para ajudar no vale dos que padecem...
Contemplará,
de alma surpresa, a fila dos que se arrastam, de olhos enceguecidos pela garoa
das lágrimas. Ladeando velhinhos que tossem ao desabrigo, há doentes e
mutilados que suspiram pelo lençol de refúgio na terra seca. Surgem mães
infelizes que te mostram filhinhos nus e crianças desajustadas para quem o pão
farto nunca chegou. Trabalhadores cansados falam de abandono e jovens
subnutridos se referem ao consolo da morte...
Divide, porém,
com eles o tesouro de teu conforto e de tua fé e, nos recintos de palha e
sombra a que te acolhes, encontrarás o Cristo no coração, transfigurando-te a
vida, ao mesmo tempo em que, nos escaninhos da própria mente, escutarás, de
novo, o cântico do Natal, como que repetido na pauta dos astros:
- Glória a
Deus nas alturas e boa vontade para com os homens!...
Pelo Espírito Meimei
XAVIER, Francisco Cândido. Antologia Mediúnica do Natal.
Espíritos Diversos. FEB.
* * * Estude Kardec * * *
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