A
CRUEL INDIFERENÇA
Basta
um olhar nas grandes cidades e lá está o retrato da indiferença. Gente
maltratada, infeliz, doente, paupérrima se esgueirando pelas ruas, estendendo
as mãos, pedindo, suplicando.
Do
interior dos carros, vidros fechados, refrescados pelo ar condicionado,
perfumados e alimentados, olhamos essas cenas como se estivéssemos vendo um
filme.
Alguns
até reagem com uma certa irritação. Culpam o Governo, reclamam das diferenças
sociais, chamam de vadios os andrajosos que olham para eles com ar cobiçoso ou
infeliz.
Outros
viram o rosto, enojados pelo espetáculo da miséria e do abandono.
E
há os que se compadecem, mas têm medo de abrir a janela, de estender a mão, de
sorrir.
Todos
esses, invariavelmente, esquecem dos espetáculos da pobreza tão logo chegam em
casa, ao escritório ou aos locais de lazer.
Nos
restaurantes, quem lembra dos famintos? Diante dos pratos cheirosos e
meticulosamente arrumados, quem haveria de recordar crianças esqueléticas, mães
famélicas?
Nos
cinemas, lágrimas nos vêm aos olhos diante de filmes que retratam a
desigualdade social avassaladora, mas saímos de lá impassíveis diante do homem
torturado que sofre ao nosso lado.
Que
fizemos de nossa sensibilidade diante da dor alheia? Em que ponto de nossa vida
a indiferença se instalou em nosso peito e, com mãos de gelo, nos segurou o
coração?
Certamente
que a caridade não exclui a prudência. E é claro que não devemos nos
responsabilizar por todas as dores do Mundo.
Mas,
reflitamos: Estaremos fazendo de fato tudo o que é possível?
No
momento damos as sobras de nossa mesa, as roupas usadas, alguns poucos reais
para uma instituição. Tudo muito louvável.
Mas
estaremos mesmo contribuindo para reduzir a desigualdade aterradora que se vê
no Mundo?
Cada
um de nós, no papel que desempenha, no ambiente profissional, pode contribuir,
sim, para mudar esse estado de coisas.
Quem
de nós vive tão isolado que não possa estimular alguém ao estudo, ao trabalho?
Quem de nós, de excelente condição financeira, escolhe uma criança pobre e lhe
dá a chance de estudar em boas escolas?
Quantas
vezes temos a chance de mudar a vida de alguém desvalido e nos calamos,
omitimos, encolhemos?
Para
aquele que tem vontade real de contribuir, a vida oferecerá oportunidades
ímpares de fazer a diferença.
Por
isso, abra seu coração para o amor. Desde hoje, deixe que seus olhos contemplem
o Mundo com muito mais bondade.
Procure
ver em cada criatura sofrida um irmão que tateia, cego, em busca da mão amiga
que lhe ofereça apoio e segurança.
A
indiferença é a escuridão da alma. Acenda a candeia de um coração sensível e
traga luminosidade para a sua vida e para a de seus companheiros de jornada.
Redação
do Momento Espírita
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