sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Na trilha do resgate



Em muitas situações, o cárcere de limitação em que nos debatemos não é senão aquele da ignorância, de que nos cabe sair pelas atividades do estudo ou pelas aulas compulsórias da experiência. E note-se que educação é impraticável sem disciplina.

Noutros casos, achamo-nos magneticamente acorrentados a celas de prova, cumprindo austeras sentenças, lavradas ou solicitadas por nós mesmos, antes da reencarnação, perante as incriminações do foro íntimo, das quais tão só a paciência sem lindes nos pode liberar.

Habitualmente, na Terra, porém, somos simultaneamente o aluno matriculado no instituto da evolução e o devedor em compromissos no tribunal. Lutamos pela aquisição de conhecimento, carregando, no contrapeso, o fardo das dividas que nos compete ressarcir.

Tolera, com serenidade os males que, porventura, te assolem a vida. É por ele que esgotas os resíduos de sombra em que o passado te embaraçou e é ainda através dele que as Leis Divinas te observam o grau de aproveitamento na escola em que te situas. Muitas vezes, semelhante setor de lições do estagio terrestre é a casa superlotada de sofrimento, a moléstia irreversível, o ostracismo social, a condição de penúria ou o processo obsessivo em que se te acrisolam os pensamentos, e, noutros lances da existência, é o parente difícil que destoa da família correta, o desastre que suprime a alegria do lar ridente e próspero, os conflitos do sentimento entranhados na alma ou o adeus de um ente amado que a provação distancia.

Se trazes, em meio do aprendizado que o mundo nos oferece, uma conjuntura assim, qual ponto nevrálgico nas ramificações do destino, ama, suporta, desculpa, serve e auxilia constantemente.

Problemas que resolvemos por nós representam quotas de esforço pacifico, pelas quais adquirimos os benefícios do educandário em que nos aprimoramos para o futuro; entretanto, os problemas que nos pesam nos ombros, todos os dias, e que só o tempo consegue solucionar, constituem o preço de nossa libertação.

(Do livro "Caridade", Emmanuel, Espíritos Diversos, Francisco C. Xavier)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Na barca do coração


Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas... 

Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis -, levarem-te a dizer: - que dia!

Lembra-te... 

Caía a tarde e a multidão ainda estava reunida na praia. 

Desde que o Sol surgira, Jesus atendera as incontáveis súplicas daqueles que o buscavam. Mãos e lágrimas roçavam-lhe o rosto e a túnica - antes tão limpa e alva - e agora, toda manchada de lamentos. 

Finalmente, chegara às margens do lago, vencendo a dor e as tristezas dos sofredores. Aqueles que O viram deixando atrás de si um rastro confortador de estrelas, perguntavam-se: - quem será este homem, a quem as dores obedecem?
O céu acendia as cores da noite quando a barca de Pedro recolheu preciosa carga.

Jamais Jesus mostrara na face sinais tão evidentes de cansaço. Acomodado sobre uma almofada de couro, Sua majestosa cabeça pendeu sobre o peito, como um girassol real despedindo-se ao poente. 

Seus lábios deixaram escapar um longo suspiro antes de adormecer. Seus amigos pescadores não ousaram perturbar-lhe o merecido sono, manejando remos com cuidado, auxiliados pelos sussurros de doce brisa. 

O lago de Genesaré assemelhava-se a gigantesco espelho de prata ao luar, tranqüilo e sereno como o Mestre adormecido. 

Faltava pouco para completar a travessia, quando tudo transformou-se.
O tempo irou-se, sem aviso. Adensadas, as nuvens de gaze leve tornaram-se tenebrosa tempestade, e o lago esqueceu a calmaria, encrespando-se, açoitado pelo vento. 

Para a barca, vencer a tormenta era como lutar contra vigoroso e invencível Titã.
Pedro usou toda a sua força e sabedoria nos remos, gritando ordens que se perdiam entre as gargalhadas dos trovões e dos relâmpagos. 

Os discípulos assustados correram a acordar Jesus que ainda dormia. 

- Mestre! - exclamaram em coro desesperado - pereceremos!

Jesus, assim desperto, levantou-se prontamente, equilibrando o corpo cansado muito ereto, apesar da barca que por pouco não naufragava. 

Sua majestosa silhueta parecia estar envolta em misteriosa luz, quando ergueu os braços, ordenando à tempestade: 

- Calai-vos! E voltando-se para os amigos:- acalmai-vos! Homens, onde está a vossa fé? 

Os ventos emudeceram e o lago baixou suas ondas, aplacado por misterioso imperativo. 

Os discípulos olhavam-se, num misto de surpresa e alívio.

Envergonhados, voltaram-se para os remos. No compasso ritmado avançava a barca, ao compasso do coração daqueles homens que se perguntavam: quem será este homem, a quem os ventos obedecem?
...............
Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças, e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas... 

Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis -, levarem-te a dizer: - que dia! 

Lembra-te...da mensagem do Cristo adormecida em ti e... Acalma-te!
http://www.mensagemespirita.com.br/mensagem-em-video/68/na-barca-do-coracao 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Hitória de um Homem triste


Você passou por mim com simpatia, mas quando viu meus olhos parados, indagou em silêncio por que vagueio pelas ruas.
Talvez por isso apressou o passo e, ainda que eu quisesse chamar, a palavra desfaleceu na boca.
É possível que você suponha que eu desisti do trabalho, no entanto, ainda hoje, bati de porta em porta, em vão...
Muitos disseram que ultrapassei a idade para ganhar o pão, como se a madureza do corpo fosse condenação à inutilidade.
Outros, desconhecendo que vendi minha melhor roupa, para aliviar a esposa enferma, me despediram apressados, crendo que fosse eu um vagabundo sem profissão.
Não sei se você notou quando o guarda me arrancou da frente da vitrine, a gritar palavras duras, como se eu fosse um malfeitor vulgar.
Contudo, acredite, nem me passou pela mente a déia de furto. Apenas admirava os bolos expostos, recordando os filhinhos a me abraçar com fome, quando retorno à casa.
Talvez tenha observado as pessoas que me endereçavam gracejos, imaginando que eu fosse um bêbado, porque eu tremia, apoiado ao poste.
Afastaram-se todos com manifesto desprezo, mas não tive coragem de explicar que não tomo qualquer alimentação há três dias.
A você, todavia, que me olhou sem medo, ouso rogar apoio e cooperação.
Agradeço a dádiva que me ofereça, em nome do Cristo, que dizemos amar, e peço para que me restitua a esperança, a fim de que eu possa honrar com alegria o dom de viver.
Para isso, basta que se aproxime de mim sem asco, para que eu saiba, apesar de todo meu infortúnio, que ainda sou seu irmão.
* * *
Esta é a mensagem de um homem triste, quiçá como tantos que vemos perambulando pelas ruas.
É bem verdade que alguns são de fato pessoas que se comprazem na ociosidade.
Todavia, há os desafortunados que, apesar de trabalhar a vida toda, não puderam ajuntar moedas para o sustento próprio e da família e que, chegada a madureza, são condenados pela sociedade a viver como réprobos, embora sejam pessoas dignas.
É comum observarmos homens e mulheres puxando um carrinho de papéis e outros objetos recicláveis, para prover o próprio sustento.
São nossos irmãos de caminhada evolutiva que não têm coragem de viver da mendicância. Por isso trabalham com dignidade.
Muitos de nós, no entanto, nos enfadamos com essas criaturas que atrapalham o trânsito com seus carrinhos indesejáveis.
O que não nos damos conta é que, além do peso do carrinho, têm ainda que carregar sobre os ombros o peso da humilhação e do desprezo impostos por uma sociedade indiferente.
É verdade que todos nós estamos colhendo o que plantamos, e que aqueles que passam por essas situações precisam dessas experiências para crescerem espiritualmente.
Entretanto, são nossos irmãos, filhos do mesmo Pai­ Criador e merecedores sem dúvida, no mínimo, do nosso respeito.
Se não os podemos ajudar, que não os atrapalhemos jogando-lhes palavras amargas nem menosprezando-os, dificultando ainda mais a sua caminhada.
* * *
Muitas pessoas que hoje vivem na miséria já foram pessoas muito ricas em outras existências e vice-versa.
As Leis Divinas a todos nos reservam as lições que necessitamos para progredir.
E a lógica diz que aquele que é rico e esbanja sua fortuna em futilidades e em proveito próprio, precisa passar por necessidades materiais para aprender a valorizar os tesouros que Deus lhe empresta, a fim de que possa progredir.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Mensagem do homem triste, pelo Espírito Meimei, do livro Ideal espírita, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Lenda dos índios Cherokees


 Na história dos Cherokees, índios da América do Norte, existe uma lenda que fala sobre o rito de passagem da juventude para a maturidade.
Ao final de uma tarde, o pai leva seu filho para a floresta, no alto de uma montanha, venda-lhe os olhos e deixa-o sozinho.
O jovem fica lá, sentado, sozinho, toda a noite, e não poderá remover a venda dos olhos até os raios do sol brilharem no dia seguinte.
Ele não poderá gritar por socorro para ninguém. Se ele conseguir passar a noite toda lá, será considerado um homem.
Ele não deverá contar a experiência aos outros meninos porque cada um deve tornar-se homem do seu próprio modo.
O menino ficará naturalmente amedrontado. É possível que ouça barulhos de toda espécie. Os animais selvagens poderão estar ao redor dele.
Talvez possa ser ameaçado por outro humano. Insetos e cobras poderão feri-lo. É provável que sinta frio, fome e sede.
O vento soprará a grama, as árvores balançarão e ele se manterá sentado estoicamente, nunca removendo a venda. Segundo os Cherokees, esse é o único modo de se tornar homem.
Finalmente, após a noite de provações, o sol aparece e a venda é removida. Ele então descobre seu pai sentado na montanha, próximo a ele. Estava ali, a noite inteira, protegendo seu filho do perigo.
* * *
Essa lenda nos remete aos momentos de dificuldades que atravessamos na vida e nos quais nos julgamos estar sozinhos.
Lembremos que Deus, Pai amoroso, está presente em nossas vidas em todos os momentos, nas alegrias e nas tristezas, pois jamais abandona um filho Seu.
Assim como o pai do jovem índio, Deus, através dos Benfeitores Espirituais, está sempre olhando por nós. Por descuido da fé, muitas vezes, não confiamos na Sua presença.
Evitemos tirar a venda dos olhos antes do amanhecer. Carreguemos a certeza em nossos corações de que estamos constantemente amparados pela Espiritualidade Maior.
Nossos caminhos não estarão livres de percalços nem das dores. Entendamos que as dificuldades que a vida nos impõe são instrumentos de crescimento e fortalecimento para o futuro.
*   *   *
Nunca estás sozinho.
No lugar onde estejas, Deus está contigo: no lar, no trabalho, no espairecimento, no repouso, na doença, na saúde, nele haurindo consolo e forças para prosseguires nos misteres a que te vinculas.
Somente te sentirás a sós, se deixares de preservar o vínculo consciente com o Seu amor. Mesmo assim, Ele permanecerá contigo.
Lembra-te: Deus é sempre o teu constante companheiro.

Redação do Momento Espírita, com base em lenda Cherokee e pensamentos finais
do cap. 13, do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

domingo, 18 de setembro de 2011

Cartilha do Bem


Meus Filhos:
Existem duas forças em luta na Terra, onde Jesus está construindo o Reino de Deus.
Essas forças são a do bem e a do mal que se manisfestam por nossas mãos.
Temos, assim, por onde passamos no mundo, as mãos iluminadas que estendem o amor e a paz, o trabalho e a alegria...
E conhecemos as mãos espinhosas que fazem o ódio e o desespero, a preguiça e o sofrimento.
Há mãos que sustentam a lavoura e o jardim, produzindo pão e felicidade.
E vemos aquelas que se entregam à miséria e ao vício.
Mãos que honram a indústria e o progresso.
Mãos que arrancan lágrimas e multiplicam o infortúnio.
Vemos braços que acariciam... Braços de mãezinhas abençoadas, de pais amigos, de obreiros da paz e da evolução, de enfermeiras abnegadas e de crianças generosas que asseguram na Terra o serviço da Luz.
E encontramos braços que ferem e amaldiçoam, que se entregam ao crime, que humilham os pobres e os pequeninos, que exercem a crueldade... e que violentam a Natureza, aniquilando as plantas e os animais prestimosos.
Reparamos mãos preciosas que usam a enxada e a pena, auxiliando o celeiro e a educação.
E surpreendemos mãos infelizes que roubam e matam, estendendo a pertubação e a morte.
Mãos que levantam templos e lares, escolas e hospitais.
Mãos que destroem e dilaceram, enganam e apedrejam.
Jesus veio ao mundo para que nossas mãos aprendam a servir à luz do bem, edificando a nossa própria felicidade.
Com as dEle, curou os doentes, socorreu os fracos, amparou os tristes, limpou os leprosos, restituiu a visão aos cegos...
Levantou os paralíticos, afagou os velhos e os deserdados, e abençoou as criancinhas...
Filhos meus, não permitam que as garras da sombra lhe dominem as mãos na vida...
Sigamos pelos caminhos da Luz, procurando a intimidade com os servidores do bem!
Observem o brilhante lapidado e o diamante bruto. Ambos são filhos da terra. Um deles, porém, refulge, divino, retratando a beleza do céu, mas o outro jaz encarcerado nas trevas do cascalho contudente.
Jesus é o lapidário do céu, a quem Deus, Nosso Pai, nos confiou os corações.
Obedeçamos a Ele, nosso Divino Mestre, buscando-lhe as lições e seguindo-lhe os exemplos, e o Cristo nos fará construtores do Reino de Deus no mundo, conduzindo-nos para a Glória Celestial.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Cartilha do Bem. Ditado pelo Espírito Meimei. Federação Espírita Brasileira
* * * Estude Kardec * * *

A Vida depois da Vida


A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.
Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?
Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além.
O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro.
Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz.
Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?
Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?
A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta terra.
O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só vêem a noite.
A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz.
Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela.
A morte é uma continuação. Para além das sombras, estendes-se o brilho da eternidade.
As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz, aproximam-se cada vez mais e mais de Deus.
O ponto de reunião é no infinito.
Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem.
Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito.
Victor Hugo