quarta-feira, 11 de junho de 2014

Consequências do sofrimento

Existem pessoas muito amargas no Mundo. Pessoas que parecem ter se tornado indiferentes à dor alheia, às dificuldades que tantos enfrentam.
Fechadas em si mesmas, essas pessoas somente exteriorizam a mágoa que as atormenta.
Por mais familiares ou amigos as envolvam em manifestações de afeto, de consideração, elas persistem na sua posição.
Afirmam que foram muito feridas, receberam traições, sofreram em demasia e, por isso, ficaram assim.
Contudo, há de se considerar que, em verdade, a causa da sua amargura não são as dores eventualmente experimentadas, desde que muitas pessoas sofreram muito mais do que elas e não têm essa mesma reação.
Recordamos do exemplo da paquistanesa Mukhtar Mai.
A jovem paquistanesa, para atender uma desavença tribal, mereceu a penalidade da violência sexual, por vários homens do clã que se considerou ofendido.
Sua história ganhou as manchetes. Tudo porque essa jovem corajosa, em vez de se entregar ao desespero, resolveu lutar por seus direitos.
Direitos humanos. Direitos de mulher.
Sabedora de que centenas de mulheres, em seu país, se suicidam, todos os anos, depois de passarem por situações semelhantes à sua, ou outras violências, resolveu agir.
Analfabeta e pobre, a partir de valores que lhe foram dados pelo governo paquistanês, em um acordo histórico, ela abriu uma escola para meninas.
Seu objetivo é que as futuras gerações de mulheres, em seu país, não cresçam analfabetas como ela e venham a ser vítimas indefesas de toda forma de barbárie.
Diretora de escola, foi eleita mulher do ano nos Estados Unidos, em 2005.
Em março de 2007, o Conselho Europeu outorgou a ela o North-South Prize de 2006, pela contribuição notável aos direitos humanos.
É ela mesma, Mukhtar Mai quem diz: Se eu ficasse em casa chorando e me lamentando pelo meu destino, não poderia mais me olhar no espelho.
Às vezes, fico sufocada de indignação. Mas nunca perco a esperança.
Minha vida tem um sentido. Minha infelicidade tornou-se útil para a comunidade.
Todos os dias eu ouço as meninas recitarem suas lições, correrem, conversarem no pátio e rirem.
Todas essas vozes me reconfortam, alimentam minha esperança.
Essa escola tinha de ser criada, e eu continuarei a lutar por ela.
Daqui a alguns anos, essas menininhas já terão suficientes ensinamentos escolares para enfrentar a vida de uma outra maneira, espero.
Luto por mim mesma e por todas as mulheres vítimas de violência em meu país.
Ao defender meus direitos de ser humano, lutando contra o princípio da justiça tribal que se opõe à lei oficial, tenho a convicção de estar apoiando as intenções da política de meu país.
Se pelos estranhos caminhos do destino posso ajudar, desse modo, o meu país e o seu governo, é uma grande honra.
Que Deus proteja minha missão.
* * *
Pensemos no exemplo e nas palavras da paquistanesa, que continua aguardando por justiça, sem deixar de lutar pelo bem geral.
Pensemos e, ante as dores que nos cheguem, decidamos pela melhor ação: aproveitar integralmente a lição, a oportunidade, o momento.
Utilizemos a dor a nosso favor e, se possível, de todos os demais que conosco privam das bênçãos deste lar chamado Terra.

Redação do Momento Espírita, com base no livro Desonrada, de Mukhtar Mai, ed. BestSeller.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Fenômenos Inexoráveis

Vês definhar o ser querido, que a enfermidade implacável consome.
Preocupas-te e disfarças a tua agonia, ante o inexorável acontecimento.
Anotas o nome de pessoa querida que a desencarnação violenta arrebatou, e tens o coração dorido.
Oras, em silêncio, sem que ninguém saiba o que experimentas em forma de melancolia.
Recebes informação sobre acontecimentos rudes, afetando corações afetuosos que são convidados a dores extenuantes.
Padeces choque emocional, constatando a tua carência de recursos diante de tão graves provações.
Chega-te o apelo angustiado de amigos queridos, que despertam na soledade ante as infaustas partidas daqueles a quem amam.
Constatas a precariedade da existência física e sofres calado, embora sorrindo.
Defrontas os companheiros da juventude, agora deformados, combalidos, sem rumo.
Nublam-se-te os olhos com lágrimas que não deixas cair, a fim de que ninguém perceba a tua compunção.
Multiplicam-se, em toda parte, as enfermidades mutiladoras, debilitantes, perturbadoras, que acometem os seres vivos e dilaceram as criaturas humanas, deixando vazios terríveis nos corações.
Não te desalentes, porém.
A desencarnação é etapa final do fenômeno biológico, e ninguém se eximirá de experimentá-la.
Não te entristeças ante os infortúnios e padecimentos daqueles a quem amas.
Canta, aos ouvidos desses que padecem, a canção da imortalidade, acenando-lhes com a esperança de libertação próxima que virá.
Dize-lhes que a existência corporal é veste que dura um dia, e a dor é fenômeno de desgaste que descerra a luz guardada no íntimo.
Felizes os que sabem sofrer.
Bem-aventurados aqueles que expungem na Terra.
Se a estância é breve na matéria, o estágio libertador é longo e abençoado.
Anima os que se dilaceram nas enfermidades consumidoras, irradiando-lhes as alegrias com que se inundarão de coragem para sublimar-se.
Reflexiona com eles sobre a realidade da existência humana e o que a todos aguarda após a morte.
Nenhuma dor que permaneça sem termo.
A morte é, portanto, dádiva de Deus, para interromper os ciclos afligentes.
Raciocina, examinando a vida sob o ponto de vista espiritual, e tudo se modificará.
Sentir-te-ás feliz, então, vendo os amigos em processo de libertação, antegozando as alegrias que os esperam, por tua vez, a ti também aguardando.
Jesus, sadio e puro, ensinando o e confirmando a imortalidade, aceitou espontaneamente, a traição de um amigo, a negação de outro, o abandono de quase todos, e, sofrendo, sem desanimar, permaneceu tranquilo, tal a Sua certeza, que nos legou, do triunfo da vida além da morte e da noite humana.
Assim, reflexiona e deixa-te dominar pela fé na imortalidade, verificando que, nesta condição, tudo se altera e passa a ter nova e ditosa configuração.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Felicidade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 2.

http://ceacs.wordpress.com  ( Centro Espírita Amor e Caridade Santarritense) – 03/06/2014 

domingo, 8 de junho de 2014

Conta-se que Sócrates, filósofo grego , gostava de descansar a cabeça percorrendo  o centro comercial de Atenas. Quando vendedores o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"
O que se passa atualmente na sociedade é uma assustadora e incontida febre de consumo que atinge praticamente todas as camadas sociais , mesmo as menos providas de recursos excedentes , as quais muitas das vezes se endividam e complicam sobremaneira a existência pela posse de mercadorias que  não são exatamente o que necessitam. E não só se endividam , mas inclusive às vezes até se prestam a procedimentos ilegais para a obtenção de todo tipo de supérfluos.
A mídia irresponsável bombardeia incessantemente a mente das pessoas, em sua maioria despreparadas para exercer escolhas criteriosas ; os empresários e comerciantes gananciosos  servem-se de artimanhas e artifícios os mais ardilosos e mesmo impiedosos, criando imagens de vida supostamente feliz e de sucesso somente quando assentada sobre o excesso de coisas, de bens materiais , de padrões de beleza artificial, de prazeres mundanos e físicos os mais extravagantes.
E, em meio a isso tudo, as criaturas correm de um lado para o outro, na busca frenética para ganhar um pouco ( ou muito) mais , cada vez mais angustiadas pelo ter , pela posse daquilo que na véspera , ou até no mesmo dia, a televisão, a internet etc . preconizam como último modelo disso ou daquilo absolutamente indispensável.
E assim, essas mesmas criaturas não vivem, não percebem o raio de sol que cintila na folha úmida de uma árvore ao passarem apressadas ; outras, encerradas em seus prédios ou carros de vidros negros nem sequer se dão conta de que há sol do outro lado daqueles vidros  que lhes escondem o mundo que pulsa e  vibra lá fora . E, pior ainda, em muitos casos, muitas dessas , quais sejam, levantam os olhos de seus celulares , iPhones ,iPads  iEtc. para olhar diretamente nos olhos de outra criatura, sorri-lhes, tocá-las num aperto de mão, num abraço, muitas vezes nem mesmo daquelas que declaravam ser seus entes queridos.
Encontramos em nossa Doutrina Espírita farto material para nos imunizarmos contra essa pandemia - no Livro dos Espíritos, questão 714, quando Kardec pergunta "Que pensar do homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento de seu gozos", os Espíritos superiores esclarecem: "Pobre  criatura , que devemos lastimar e não invejar porque está bem próximo da morte !" À questão seguinte, 714a, se ele está próximo da morte física ou moral, a resposta é: "De  uma e de outra". E o comentário de Kardec que se segue é extremamente claro e mesmo contundente: "O homem que procura nos excessos de toda espécie um refinamento dos gozos coloca-se abaixo  dos animais ,´porque estes sabem limitar-se à satisfação de suas necessidades .Ele abdica da razão que Deus lhe deu como guia , e quanto maiores forem os seus excessos, maior é o império que ele concede à sua natureza animal sobre a espiritual. As doenças, a decadência, a morte mesmo , que são consequência do abuso , são também a punição  da transgressão da lei de Deus".
Ainda no Livro dos Espíritos, a obra basilar da Doutrina Espírita, na quarta parte, ao tratar  do tema Felicidade e Infelicidade Relativas, os amigos espirituais  nos ensinam que, na Terra, ainda não é possível a felicidade completa, mas que podemos abrandar os males e ser relativamente felizes ; que, na maioria das vezes, é o homem o artífice de sua própria infelicidade; que a medida comum de felicidade possível a  todos é : para vida material ,a posse do necessário; para a vida moral, a consciência pura e a fé no futuro. Kardec então, conhecedor de nossos argumentos e desculpismos , pergunta: "mas ,segundo a posição, o que seria supérfluo para um, não se tornaria necessário para outro?' E a resposta é taxativa : "Sim, de acordo com as vossas ideias materiais , os vossos preconceitos, vossa ambição , e todos os vossos caprichos ridículos , para os quais o futuro fará justiça, quando tiverdes a compreensão de verdade".
Que dizer, como pretextar seja o que for , quando a seguir a Espiritualidade Maior ainda assevera: "os males deste mundo estão na razão das necessidades artificiais que criais para vós mesmos (...)O mais rico é aquele que tem menos necessidades".
E essa assertiva nos remete de volta a Sócrates, considerado em nosso Evangelho Segundo o Espiritismo como o precursor do Cristianismo e do Espiritismo, tal a sua envergadura espiritual e moral, ao considerarmos com a devida atenção sua declaração acima transcrita : "quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!" Declaração essa de que podemos perfeitamente nos servir e, melhor ainda , colocar em prática. Certamente seremos todos bem mais felizes, já neste mundo, aqui e agora!
Texto de Doris Gandres . Publicado no jornal Correio Espírita de abril de 2014.

Sem desânimo

Se você deixou de trabalhar, entrando em desânimo, examine o tráfego numa rua simples.
Ônibus, automóveis, caminhões, ambulâncias e viaturas diversas passam em graus de velocidade diferente, cumprindo as tarefas que lhes foram assinaladas.
Nenhum veículo segue sem objetivo e sem direção.
Observe, porém, o carro parado, fora da pista.
Além de constituir uma tentação para malfeitores e um perigo no trânsito, é também um peso morto na economia geral, porquanto foge do bem que lhe cabe fazer.
Entretanto, se o dono resolve recuperá-lo, aparecem, de pronto, motoristas abnegados, que se empenham a socorrê-lo.
Considera a lição e não gaste o seu tempo, acalentando enguiços na própria alma, que farão de você um trambolho para os corações queridos que lhe partilham a marcha.
Qual acontece ao veículo mais singelo, você pode perfeitamente auxiliar nos caminhos da vida, arrancar um companheiro dessa ou daquela dificuldade, carregar um doente, transportar uma carta confortadora, entregar um remédio ou distribuir alimento.
Se você quiser, realmente, largar o cantinho da inércia, rogue amparo aos Espíritos Benevolentes e Sábios que funcionam, caridosamente, na condição de mecânicos da Providência Divina, e eles colaborarão com você, mas para que isso aconteça, é preciso, antes de tudo, que você pense em servir, dispondo-se a começar.
Pelo Espírito André Luiz
XAVIER, Francisco Cândido. Paz e Renovação. Espíritos Diversos. CEC.

* * * Estude Kardec * * *

sábado, 7 de junho de 2014

Solidão

Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é , na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem.
A necessidade de relacionamento humano, como mecanismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensíveis e em todos quantos enfrentam problemas para um intercâmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável.
Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distancia pelas conveniências dos grupos.
A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a benefício de outrem.
O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consideração e respeito ou conceda ao próximo este apoio, que gostaria de fruir.
A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o panegírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepultam os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.
O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira.
O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelecto-morais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apóia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças á rapidez com que devora as suas estrelas.
Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentirosa, trabalhada em estúdios artificiais.
Parece muito importante, no comportamento social, receber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a estados de amarga solidão, de desprezo por si mesmo.
O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado. Atirado à solidão.
Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentado, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictícia.
A conquista desse triunfo e a falta dele produzem solidão.
O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspirações do ser, conduz à psiconeurose de autodestruição.
A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo.
Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.
Campeia, assim, o "medo da solidão", numa demonstração caótica de instabilidade emocional do homem, que parece haver perdido o rumo, o equilíbrio.
O silêncio, o isolamento espontâneo, são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto- aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.
O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda.
Os campeões de bilheteira, nos shows, nas rádios, televisões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios, cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão.
Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e solitários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os envolvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos derivativos que os mantém sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e humanos.
A neurose da solidão é doença contemporânea, que ameaça o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, porque transitórios.
Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandecimento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos animais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.
O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.
A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o prazer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no inter-relacionamento humano, com vista à satisfação de amar.
O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar à confiança nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui.
Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o "amor ao próximo como a si mesmo" após o "amor a Deus" como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocupação de receber resposta equivalente.
O homem solidário, jamais se encontra solitário.
O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.
Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.
A fé no futuro, a luta por conseguir a paz intima - eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.
FRANCO, Divaldo Pereira. O Homem Integral. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

* * * Estude Kardec * * *

terça-feira, 3 de junho de 2014

Diante do Senhor

“Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra.” – Jesus. (João, 8:43.)
A linguagem do Cristo sempre se afigurou a muitos aprendizes indecifrável e estranha.
Fazer todo o bem possível, ainda quando os males sejam crescentes e numerosos.
Emprestar sem exigir retribuição.
Desculpar incessantemente.
Amar os próprios adversários.
Ajudar aos caluniadores e aos maus.
Muita gente escuta a Boa Nova, mas não lhe penetra os ensinamentos.
Isso ocorre a muitos seguidores do Evangelho, porque se utilizam da força mental em outros setores.
Crêem vagamente no socorro celeste, nas horas de amargura, mostrando, porém, absoluto desinteresse ante o estudo e ante a aplicação das leis divinas. A preocupação da posse lhes absorve a existência.
Reclamam o ouro do solo, o pão do celeiro, o linho usável, o equilíbrio da carne, o prazer dos sentidos e a consideração social, com tamanha volúpia que não se recordam da posição de simples usufrutuários do mundo em que se encontram e nunca refletem na transitoriedade de todos os patrimônios materiais, cuja função única é a de lhes proporcionar adequado clima ao trabalho na caridade e na luz, para engrandecimento do espírito eterno.
Registram os chamamentos do Cristo, todavia, algemam furiosamente a atenção aos apelos da vida primária.
Percebem, mas não ouvem.
Informam-se, mas não entendem.
Nesse campo de contradições, temos sempre respeitáveis personalidades humanas e, por vezes, admiráveis amigos.
Conservam no coração enormes potenciais de bondade, contudo, a mente deles vive empenhada no jogo das formas perecíveis.
São preciosas estações de serviço aproveitável, com o equipamento, porém, ocupado em atividades mais ou menos inúteis.
Não nos esqueçamos, pois, de que é sempre fácil assinalar a linguagem do Senhor, mas é preciso apresentar-lhe o coração vazio de resíduos da Terra, para receber-lhe, em espírito e verdade, a palavra divina.
Livro : Fonte Viva – Francisco C. Xavier – Espírito Emmanuel

http://ceacs.wordpress.com ( Centro Espírita Amor e Caridade Santarritense) – 28/05/2014

Amo Você

Depois de vinte e um anos de casado, descobri uma nova maneira de manter viva a chama do amor.
Há pouco tempo decidi sair com outra mulher. Na realidade foi ideia da minha esposa.
Você sabe que a ama, disse ela. A vida é muito curta. Você deve dedicar um tempo para essa mulher.
Mas amo você, eu respondi.
Eu sei. Mas, também a ama. Tenho certeza disso.
A outra mulher, a quem se referia minha esposa, era minha mãe, que eu visitava ocasionalmente, desde que ela enviuvara, há dezenove anos.
Naquela noite, a convidei para jantar e ir ao cinema. Antes de dizer que aceitava, ela foi perguntando:
O que você tem? Você está bem?
Minha mãe é o tipo de mulher que acredita que uma chamada tarde da noite, ou um convite surpresa é sinal de más notícias.
Sosseguei-a, dizendo que simplesmente queria sair com ela, passar algum tempo juntos, só nós dois.
Depois de alguns dias, fui apanhá-la após meu expediente. Estava um tanto nervoso. Nervosismo de um primeiro encontro. E, coisa interessante, pude observar que ela também estava muito emocionada.
Estava me esperando na porta. Havia feito um penteado e usava o vestido com que comemorara seu último aniversário de casamento. Seu rosto sorria e irradiava luz.
Enquanto subia no carro, comentou:
Disse a minhas amigas que ia sair com você e ficaram muito impressionadas.
Fomos a um restaurante aconchegante. Minha mãe se agarrou ao meu braço como se fosse a primeira dama. Quando nos sentamos, tive que ler para ela o menu.
Seus olhos só conseguiam enxergar letras e figuras muito grandes. Fui lendo os nomes dos pratos e, quando levantei os olhos, ela estava sentada do outro lado da mesa e me olhava fixamente. Um sorriso saudoso se desenhava em seus lábios.
Quando você era pequeno, falou, era eu quem lia o menu.
Então é hora de relaxar e me permitir devolver o favor, respondi.
Durante o jantar conversamos muito. Nada extraordinário. Só fomos colocando em dia a vida um para o outro. Falamos tanto que perdemos o horário do cinema.
Quando a deixei em casa, ela comentou:
Só sairei com você outra vez se me deixar fazer o convite.
Concordei, é claro e, quando cheguei em casa disse à minha esposa que a noite tinha sido muito mais agradável do que eu imaginara.
Dias mais tarde, minha mãe morreu de um infarto. Tudo foi muito rápido. Não pude fazer nada.
Depois de algum tempo, recebi um envelope com cópia de um cheque do restaurante onde havíamos jantado, minha mãe e eu. Junto, uma nota dizia:
Paguei um jantar antecipado. Estava certa de que não poderia estar com você outra vez. Paguei um jantar para você e sua esposa.
Você jamais poderá entender o que aquela noite significou para mim. Amo muito você.
Nesse momento, compreendi a importância de dizer amo você e de dar a nossos entes queridos o espaço que merecem.
Nada na vida será mais importante do que o amor.
Enquanto você segue cantando, fale a quem acompanha os seus passos que você o ama.
Enquanto cultiva o jardim do afeto, perfume a vida de quem você ama com as expressivas flores do carinho e da ternura.
Não deixe para mais tarde. Amanhã, poderá acontecer que o canto morra em sua garganta, que a chuva inunde o jardim das suas alegrias ou que as flores do amor murchem por absoluta falta de atenção.
Por Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4123&stat=0

domingo, 1 de junho de 2014

O Ensino da Sementeira

Certo fazendeiro, muito rico, chamou o filho de quinze anos e disse-lhe:
— Filho meu, todo homem apenas colherá daquilo que plante. Cuida de fazer bem a todos, para que sejas feliz.
O rapaz ouviu o conselho e, no dia imediato, muito carinhosamente alojou minúsculo cajueiro em local não distante da estrada que ligava o vilarejo próximo à propriedade paternal.
Decorrida uma semana, tendo recebido das mãos paternas um presente em dinheiro, foi ágil e protegeu pequena fonte natural, construindo-lhe conveniente abrigo com a cooperação de alguns poucos trabalhadores, aos quais recompensou generosamente.
Reparando que vários mendigos por ali passavam, ao relento, acumulou as dádivas que recebia dos familiares e, quando completou vinte anos, edificou reconfortante albergue para asilar viajores sem recursos.
Logo após, a vida lhe impôs amargurosas surpresas.
Sua Mãezinha morreu num desastre e o Pai, em virtude das perseguições de poderosos inimigos na luta comercial, empobreceu rapidamente, falecendo em seguida. Duas irmãs mais velhas casaram-se e tomaram diferentes rumos. O rapaz, agora sozinho, embora jamais esquecesse os conselhos paternos, revoltou-se contra as idéias nobres e partiu mundo afora.
Trabalhou, ganhou enorme fortuna e gastou-a, gozando os prazeres inúteis.
Nunca mais cogitou de semear o bem.
Os anos se desdobraram uns sobre os outros.
Entregue à idade madura, dera-se ao vício de jogar e beber.
Muita vez, o Espírito de seu pai se aproximava, rogando-lhe cuidado e arrependimento. O filho registrava-lhe os apelos em forma de pensamentos, mas negava-se a atender. Queria somente comer à vontade e beber nas casas ruidosas, até à madrugada.
Acontece, porém, que o equilíbrio do corpo tem limites e sua saúde se alterou de maneira lamentável. Apareceram-lhe feridas por todo o corpo. Não podia alimentar-se regularmente. Perdeu a fortuna que possuia, através de viagens e tratamentos caros. Como não fizera afeições, foi relegado ao abandono.
Branquejaram-se-lhe os cabelos. Os amigos das noitadas alegres fugiram dele; envergonhado, ausentou-se da cidade a que se acolhera e transformou-se em mendigo. Peregrinou por muitos lugares e por muitos climas, até que, um dia, sentiu imensa saudade do antigo lar e voltou ao pequeno burgo que o vira crescer.
Fez longa excursão a pé. Transcorridos muitos dias, chegou, extenuado, ao sítio de outro tempo.
O cajueiro que plantara convertera-se em árvore dadivosa. Encantado, viu-lhe os frutos tentadores. Aproveitou-os para matar a própria fome e seguiu para a vila. Tinha sede e buscou a fonte. A corrente cristalina, bem protegida, afagou-lhe a boca ressequida.
Ninguém o reconheceu, tão abatido estava.
Em breve, desceu a noite e sentiu frio. Dois homens caridosos ofereceram-lhe os braços e conduziram-no ao velho asilo que ele mesmo construíra.
Quando entrou no recinto, derramou muitas lágrimas, porque seu nome estava gravado na parede com palavras de louvor e bênção.
Deitou-se, constrangido, e dormiu.
Em sonho, viu o Espírito do pai, junto a ele, exclamando:
- Aprendeste a lição, meu filho? Sentiste fome e o cajueiro te alimentou; tiveste sede e a fonte te saciou; necessitavas de asilo e te acolheste ao lar que edificaste em favor dos que passam com destino incerto...
Abraçando-o, com ternura, acrescentou:
— Porque deixaste de semear o bem?
O interpelado nada pode responder. As lágrimas embargavam-lhe a voz, na garganta.
Acordou, muito tempo depois, com o rosto lavado em pranto, e, quando o encarregado do abrigo lhe perguntou o que desejava, informou simplesmente:
— Preciso tão somente de uma enxada... Preciso recomeçar a ser útil, de qualquer modo.

pelo Espírito Neio Lúcio - Do livro: Alvorada Cristã, Médium: Francisco Cândido Xavier

Liberdade

“Não useis, porém, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pela caridade.” - Paulo. (GÁLATAS, 5:13.)
Em todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos dominadores da Terra. Em variados setores da evolução humana, os mordomos do mundo aproveitam-na para o exercício da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e descontentamento.
Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a exoneração de toda e qualquer responsabilidade, para se mergulharem na escravidão aos delitos de toda sorte.
Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar o sublime princípio.
 A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O maior valor da independência relativa de que desfrutamos reside na possibilidade de nos servirmos uns aos outros, glorificando o bem.
O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro dela, pode alterar o curso da própria existência, pelo bom ou mau uso de semelhante faculdade nas relações comuns.
É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se decidem à aplicação dignificante dessa virtude superior.
Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade de desculpar, mentaliza represálias violentas; o caluniado, com ensejo de perdão divino, recorre à vingança; o incompreendido, no instante azado de revelar fraternidade e benevolência, reclama reparações.
Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para intensificar o aprendizado com Jesus-Cristo? Onde os que se sentem suficientemente livres para converter espinhos em bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos os filhos, observando-lhes a conduta.
Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da independência a expressões de vôo espiritual para o Infinito. A maioria dos homens cai, desastradamente, na primeira e nova concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de veludo em algemas de bronze.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 128.

http://ceacs.wordpress.com ( Centro Espírita Amor e Caridade Santarritense) – 28/05/2014

Alegria

Alegria é o cântico das horas com que Deus te afaga a passagem no mundo.
Em toda parte, desabrocham flores por sorrisos da natureza e o vento penteia a cabeleira do campo com música de ninar.
A água da fonte é carinho liquefeito no coração da terra e o próprio grão de areia, inundado de sol, é mensagem de alegria a falar-te do chão.
Não permitas, assim, que a tua dificuldade se faça tristeza entorpecente nos outros.
Ainda mesmo que tudo pareça conspirar contra a felicidade que esperas, ergue os olhos para a face risonha da vida que te rodeia e alimenta a alegria por onde passes.
Abençoa e auxilia sempre, mesmo por entre lágrimas.
A rosa oferece perfume sobre a garra do espinho e a alvorada aguarda, generosa, que a noite cesse para renovar-se diariamente, em festa de amor e luz.
Pelo Espírito Meimei - XAVIER, Francisco Cândido. Bênçãos de Amor. Espíritos Diversos. CEU.

http://ceacs.wordpress.com ( Centro Espírita Amor e Caridade Santarritense) – 27/05/2014