segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Enigma da Matéria


Miríades de seres inteligentes circundavam o trono do Eterno...
Lampejos da sua luz – veementes afirmações de pura espiritualidade...
De súbito, foram os seus hinos e hosanas tragados pelo mais profundo silêncio...
E pelo universo dos espíritos ecoou um brado inteligente – de estupefação...
Que acontecera?...
Creara Deus o que parecia a mais formal negação da divindade -  a matéria!...
Como era possível que um Ser tão imperfeito saísse das mãos da infinita perfeição?...
Tão primitivo era esse Ser, que antes parecia caricatura, que creatura – quase um ludíbrio do Creador...
Tão longe estava a matéria do centro da espiritualidade, que mal se equilibrava na extrema periferia das coisas reais – lá onde termina o Algo e principia o Nada...
Apenas, por um triz, por uma linha indivisível, por um átomo imponderável, escapara a matéria do oceano do irreal nas praias do real...
Mais um grau de imperfeição – e ela recairia na noite eterna do vácuo...
Como podia o pelni-Existente produzir esse ser semi-existente – quase inexistente?
Como podia a ínfima impotência ser efeito da suprema Onipotência?
Pasmaram, estupefatos, os espíritos celestes, dessa divina temeridade, que tão longe cravava as balizas do real sem se afogar no vácuo do irreal...
Como podia o Saber Infinito crear um Ser sem inteligência?...
Um Ser privado de vontade – Ele, a vontade Onipotente?...
Uma creatura sem espírito – Ele, o Espírito Eterno?...
Aos olhos dos espíritos celestes, que até então só conheciam realidades espirituais, afigura-se-lhes a origem da matéria um enigma, um súbito eclipse em pleno dia – quase um malogro da potência do Altíssimo...
Nenhum vislumbre de espiritualidade valorizava essa nebulosa amorfa, esse caos de átomos dispersos...
Ser mais primitivo, imperfeito e elementar não era possível imaginá-lo.
Suspeitariam os espíritos celestes que, no seio desse caos, dormitava o cosmos?...
Achariam possível que a infinita potencia e sabedoria do Creador encerrasse em cada uma das partículas materiais tão poderosas virtudes que, através dos séculos e milênios, levariam o mundo, de perfeição em perfeição – a um poema de harmonia e beleza?
O que tão imperfeito parecia a principio acabaria por se revelar veiculo de infinita sapiência...
O espírito de Deus...
Sobre as asas da evolução...
Huberto Rohden
De Alma para Alma

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