Uma vez mais a humanidade se vê sob a
tensão de um novo conflito mundial. Ameaças proliferam a toda hora. O fio da
racionalidade se estica a cada dia e pode se
romper a qualquer
momento. A tensão aumenta, fazendo com que muitos, à essa altura, cheguem a duvidar de uma
solução obtida por meios diplomáticos. Um novo conflito de proporções e
conseqüências imprevisíveis se desenha no cenário sombrio do Planeta,
atemorizando a todos. E o Espiritismo, o que pode nos dizer a respeito? Como
Doutrina filosófica, de bases científicas e conseqüências morais, o Espiritismo
se relaciona com tudo o que diz respeito ao nosso processo existencial, pois
objetiva contribuir para o progresso da humanidade, tornando-a melhor.
Allan Kardec tratou do tema na parte
terceira do Livro dos Espíritos, que reservou para o ensinamento dos Espíritos
a respeito das Leis Morais. No capítulo referente à Lei de Destruição, a guerra
foi arrolada pelos Espíritos como um de seus agentes. Indagados sobre a sua
causa, os orientadores espirituais afirmaram que é conseqüência da
predominância da natureza animal do homem sobre a espiritual e do
transbordamento de suas paixões. Esclarecem, ainda, que Deus permite que assim
aconteça para propiciar ao homem a oportunidade de uma evolução mais rápida, no
sentido de atingir a liberdade e o progresso.
Temos aí, portanto, pelo ensinamento da
Espiritualidade, um diagnóstico das causas desse mal. Ensinam, também, os
benfeitores espirituais que, no estado de barbaria, os povos somente conhecem o
direito dos mais fortes, daí vivenciarem um estado de guerra permanente, que
vai se modificando à medida que o homem progride. Fica-nos, então, um
questionamento: da época da revelação dos Espíritos até os dias de hoje,
decorridos quase cento e cinquenta anos, não terá a humanidade progredido o suficiente para
evitá-la?
A explicação vamos encontrar mais
adiante, no capítulo que estuda a Lei do Progresso. Lá encontramos que o
progresso possui duas vertentes: a moral e a intelectual. Vemos mais: que o
progresso moral decorre do intelectual, que faz o homem compreender a diferença
entre o bem e o mal. Enquanto não desenvolve o senso moral, o progresso
intelectual é utilizado para a prática do mal, servindo-lhe de instrumento.
Não há como deixar de reconhecer o
quanto a humanidade progrediu em termos científicos e tecnológicos, trazendo
condições de vida mais seguras e confortáveis a muitos. Todavia, o progresso
moral, como disseram os Espíritos, é sempre mais demorado e não consegue
acompanhar o avanço da inteligência. Se compararmos com a situação vivenciada
há alguns milênios, é claro que a humanidade progrediu também moralmente.
Naquelas priscas eras, uma verdadeira selva reinava na face do planeta. O
estado de barbaria então vigente é testemunhado em várias obras psicografadas
pelos que o viveram, dentre quais podemos destacar as que compõem a chamada
“série histórica” de Emmanuel. Naquela época, o direito à vida não era
minimamente respeitado e matava-se por tudo e por qualquer coisa.
Hoje, a sociedade se humanizou um pouco
mais, embora em diferentes graus, que variam conforme a evolução já alcançada
pelos diversos povos que a compõem. Mas ainda nos encontramos moralmente
atrasados em comparação com a evolução intelectual alcançada. Assim, a
predominância do mal, que caracteriza um mundo de provas e de expiações, impele
os mais desenvolvidos intelectualmente e, em conseqüência mais fortes, a
buscarem, cada vez mais, ampliar seus poderes em detrimento dos mais fracos.
As conseqüências de uma guerra somente
são avaliadas em termos materiais. Estima-se o seu custo econômico e quantas
vidas físicas serão ceifadas. Mas as
conseqüências espirituais sequer são mencionadas, permanecendo ignoradas
pela imensa maioria. O Espiritismo esclarece o quanto os danos materiais, que
são passageiros, são ínfimos, se comparados ao custo espiritual que o
indesejado acontecimento acarreta. Os seus responsáveis terão de suportar, no
mundo espiritual e em encarnações futuras, os efeitos da lei de ação e reação
que rege o Universo. Na questão 745 do Livro dos Espíritos, respondendo a
Kardec sobre a responsabilidade daquele que suscita a guerra para proveito seu,
os Espíritos ensinam que “grande culpado é esse e muitas existências lhe serão
necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto
responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua
ambição“.
No livro “Nosso Lar“, André Luiz relata
a repercussão, na Colônia do mesmo nome, dos momentos que antecederam a eclosão
da segunda guerra mundial. Toda a Colônia se mobilizou em preparativos para
receber os espíritos que deixariam a carne em conseqüência do conflito, que,
certamente, seriam em grande número, como de fato aconteceu.
África e dor do plano espiritual nos vem
também a notícia de que muitos dos protagonistas daquele episódio, responsáveis
por tantos sofrimentos, expiam suas faltas em regiões da África de absoluta
miséria, onde têm de suportar uma existência penosa, sem nenhum tipo de
facilidade, como forma de se reequilibrarem perante a Lei.
Portanto, segundo o Espiritismo, a
guerra, longe de ser uma situação irreversível, é resultado de um estado
passageiro da humanidade. À medida que o homem progride moralmente, ainda que
de maneira lenta, pois a Natureza não dá saltos, as guerras tendem a se tornar
menos freqüentes, porque ele passa a evitar as suas causas. Dia virá,
certamente, em que ela estará totalmente banida do nosso meio, pois a
humanidade se elevará e aprenderá a conviver com seus semelhantes, respeitando
a Lei de Igualdade.
O ensinamento do Cristo, revivido e
esclarecido pelo Espiritismo, é a bússula que nos levará a esse porto seguro.
Quando todos conhecerem a imortalidade do espírito, a realidade da vida futura,
o processo da reencarnação e a justiça da lei de causa e efeito, o homem não
mais provocará a guerra. Se os governantes já estivessem de posse do
conhecimento dessas verdades, por certo agiriam de maneira diferente, pois
temeriam as conseqüências de seus atos. Enquanto isso não acontece, continuemos
fazendo a nossa parte, orando e trabalhando pela paz, rogando todos os dias à
Espiritualidade Superior para que ilumine e apascente os homens, fazendo-os
moderar suas ambições.
Escrito por
Por Sérgio dos Santos Rodrigues/Equipe CVDEE
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