Considerando-se as glórias incomparáveis
da Ciência e da Tecnologia contemporâneas que devassaram o Cosmo e penetraram
nas micropartículas, revelando a grandeza universal e o milagre da energia,
seria de se esperar que os desafios existenciais se encontrariam solucionados.
Certamente incontáveis problemas foram
equacionados, enigmas terríveis se tornaram decifrados, o conforto e as
comodidades multiplicaram-se favorecendo benefícios que, na evolução, tornaram
a Terra quase um paraíso...
Nada obstante, se alteraram a face do
sofrimento humano, proporcionando modificações profundas no mapeamento das
aflições, não conseguiram eliminá-los como seria de desejar-se.
Pandemias terríveis foram eliminadas do
planeta, enquanto outras, não menos dilaceradoras, vieram tomar-lhes o lugar.
A abundância de víveres em grãos e os
processos tecnológicos de produção em massa de animais e aves tornou-se
surpreendente, mas não foi possível diminuir a fome no mundo, que continua
irreversível, ceifando centenas de milhões de vidas.
Substituíram os mecanismos das guerras
perversas de corpo-a-corpo pela crueldade das criaturas bomba, portadoras de
insanidade de ódio inigualável.
As angústias emocionais, defluentes dos
fatores diversos, especialmente dos eventos de vida, são mais temíveis do que o
pavor da ignorância medieval.
O crime continua assolando em formas
variadas e o medo domina a sociedade, que já não sabe como proceder.
Horrores dificilmente catalogados
dominam as multidões.
Excessos de poder, de fortuna, de
êxtases mundanos são olhados pela miséria extrema dos excluídos.
As mansões de luxo iluminadas
confraternizam com as cracolândias e os depósitos de lixo ameaçadores.
Para onde ruma a humanidade?
Pergunta-se por qual razão há tantos
paradoxos, assim como por que existem tantos humanos contrastes?
Jesus ofereceu as respostas conforme
inseridas no Sermão da Montanha, no cântico mais profundo e espetacular que a
humanidade teve ocasião de escutar. O Seu brado sobre o amor radical ainda não
foi ouvido e, perdendo-se nos desvãos do prazer, a criatura humana é
responsável pela grandeza das conquistas anotadas, assim como pelos prejuízos
éticos e morais.
Tem semeado trigo e cardos
simultaneamente, no entanto, o escalracho predomina, com a natural colheita de
dores.
Quase ninguém que não esteja
experimentando o convite da aflição e sem rumo, assim fugindo de maneira
vergonhosa do enfrentamento com a consciência. Renova-se a mensagem do Mestre
na Doutrina que os Espíritos trouxeram, a fim de repetir-lhe os enunciados,
apresentando as soluções para os aziagos dias do presente.
Reflexiona: a fortuna de hoje nas tuas
mãos, se não souberes bem administrá-la, será carência e compromisso negativos
no futuro.
A comodidade de agora pode ser véspera
da escassez de logo mais.
Semeia luz no caminho bem traçado e
confortável ou naquele coberto de abrolhos por onde sigas.
Não te canses de servir, de ser útil, de
fazer a parte que te cabe na economia coletiva e espiritual da existência.
Dá-te conta que os desastres de todo
tipo, que ora tomam conta das manchetes da mídia escandalosa, são efeitos da
conduta de cada indivíduo no seu passado atual.
Sem dúvida, muitos males que ora são
enfrentados defluem das ações infelizes desta existência, da negligência, dos
desacertos, das animosidades, da insensatez.
Outros, porém, transcendem a presente
jornada e ressurgem como heranças nefárias de existências anteriores.
Não desanimes, porém, insistindo na ação
edificante, fruto de pensamentos retos e dignificadores.
A sociedade será melhor e mais feliz na
razão direta em que cada um dos seus membros assuma a responsabilidade de
alterar o comportamento, elegendo diferente proceder.
Não será necessária uma severa mudança
para uma conduta mística, alienada, mas para atitudes consentâneas com as
lições sublimes das bem-aventuranças.
É sublime que te permitas instalar nos
sentimentos as diretrizes da afetividade do bem fazer.
Não estás isento de experienciares
sofrimentos inesperados e bem-estares agora, da mesma forma que a segurança
econômica e social podem, sem aviso prévio, alterar-se para pior.
De igual maneira, a carência, a solidão,
a dor selvagem, podem modificar-se, como ocorre amiúde.
Precata-te interiormente, agradecendo a
Deus tudo que te ocorre e acende a sublime luz da alegria de amar no país do
teu coração.
Frui as bênçãos do conhecimento,
espalhando-as com os esfaimados de misericórdia, de oportunidade e de paz.
A jornada terrestre é caracterizada
pelos acontecimentos inesperados.
Quem poderia imaginar que a multidão que
recepcionou Jesus na entrada de Jerusalém seria a mesma que, em poucos dias, o
apuparia e o levaria à cruz?
Resguarda-te na confiança em Deus e
avança, crucificado ou liberto, vivenciando a sabedoria do amor para seres
sempre livre.