O LIVRE
ARBÍTRIO E PRESCIÊNCIA DIVINA
Há uma grande
lei que domina todo o Universo, a lei do progresso. E em virtude dessa lei que
o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo o que existe sobre
nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição.
Sem dúvida,
Deus sabe quanto tempo cada um porá para chegar ao objetivo; mas como todo
progresso deve resultar de um esforço feito para cumpri-lo, não haveria nenhum
mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar tal ou tal caminho. O
verdadeiro mérito, com efeito, não pode resultar senão de um trabalho operado
pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.
Como cada um
ignora um número de existências consagradas por ele para o seu adiantamento
moral, ninguém pode nada prejulgar sobre essa grande questão, e é aí sobretudo
que brilha de maneira admirável a infinita bondade de nosso Pai celeste que, ao
lado do livre arbítrio que nos deixou, no entanto, semeou nosso caminho de mourões
indicadores que lhe aclaram os desvios. E, pois, por um resto de predomínio da
matéria que muitos homens se obstinam em permanecerem surdos às advertências
que lhes chegam de todos os lados, e preferem estragar, nos prazeres
enganadores e efêmeros, uma vida que lhes fora concedida para o adiantamento de
seu espírito.
Não se
poderia, pois, sem blasfemar, afirmar que Deus haja querido a infelicidade de
suas criaturas, uma vez que os infelizes expiam sempre, seja uma vida anterior
mal empregada, seja a sua recusa de seguir o bom caminho, que então lhe estava
claramente indicado.
Depende, pois,
de cada um abreviar a prova que deve sofrer, e para isso guias seguros bastante
numerosos lhe são concedidos, para que seja inteiramente responsável por sua
recusa de seguir seus conselhos; e ainda neste caso existe um meio certo de
abrandar uma punição merecida, dando sinais de um arrependimento sincero, e
recorrendo à prece, que não falta nunca de ser atendida, quando é feita com
fervor. O livre arbítrio existe, pois, muito realmente no homem, mas com um
guia: a consciência.
Todos vós que
tendes acesso ao grande centro da nova ciência, não negligencieis de vos
penetrar das eloqüentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis
princípios que lhe são as conseqüências; segui-os fielmente, é aí que brilha
sobretudo o vosso livre arbítrio.
Pensai, de uma
pane, nas fatais conseqüências que arrastariam para vós a recusa de seguir o
bom caminho, como nas recompensas magníficas que vos esperam, no caso em que
obedeçais às instruções dos bons Espíritos; é aí que brilhará, a seu turno, a
presciência divina.
Os homens se
esforçam em vão procurando a verdade por todos os meios que crêem ter da
ciência; esta verdade que parece lhes escapar, os costeia sempre, e os cegos
não a percebem!
Espíritos
sábios de todos os países, aos quais é dado levantar um canto do véu, não
negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas
manifestações, fazei aproveitá-las sobretudo vossos irmãos menos aquinhoados do
que vós; inculcar em todos os preceitos que vos chegam do mundo espírita, e
tereis muito merecido, porque tereis contribuído para uma grande pane no
cumprimento dos desígnios da Providência.
ESPÍRITO
FAMILIAR.
Revista Espírita, outubro de 1863
(Thionville, 5 de janeiro de 1863. - Médium, Sr.
doutor R...)
Revista Espírita - 6° Ano - n° 10 – Outubro de
1863 – Edição IDE, Araras
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