quinta-feira, 15 de março de 2012

Engenho divino

“A candeia do corpo são os olhos, de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz.”
 - Jesus - Mateus 6: 22.
“Sereis porventura, mais perfeitos se, martirizando o vosso corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com o vosso próximo? Não. A perfeição não está nisso, está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito.” Cap. 17;11.

Guardas a impressão de que resides, de modo exclusivo, na cidade ou no campo e na essência moras no corpo.

As máquinas modernas asseguram facilidades enormes.

Valeriam muito pouco sem o concurso das mãos.

Palácios voadores alçam-te às alturas. i

Na experiência cotidiana, equilibras-te nos pés.

Os grandes telescópios são maravilhas do mundo.

Não teriam qualquer significação sem os olhos.

A música é cântico do Universo.

Passaria ignorada sem os ouvidos.

Imperioso saibas que manejas o corpo, na condição de engenho divino que a vida te empresta, instrumento indispensável à tua permanência na estância terrestre.

Não te enganes com o esmero de superfície.

Que dizer do motorista que primasse por exibir um carro admirável na apresentação, sentando-se alcoolizado ao volante?

Estimas a higiene.

Sabes fugir do empanzinamento com quitutes desnecessários.

Justo igualmente eliminar o lixo moral de qualquer manifestação que nos exteriorize a individualidade e evitar a congestão emocional pela carga excessiva de anseios inadequados.

A vida orgânica é baseada na célula e cada célula é um centro de energia.

Todo arrastamento da alma a estados de cólera, ressentimento, desanimo ou irritação equivale a crises de cúpula, ocasionando desarranjo e desastre em forma de doença e desequilíbrio na comunidade celular.

Dirige teu corpo com serenidade e bom-senso.

Compenetra-te de que, embora a ciência consiga tratá-lo, reconstruí–lo, reanimá-lo, enobrecê-lo e até mesmo substituir-lhe determinados implementos, ninguém, na Terra, encontra corpo novo para comprar.

Livro da Esperança – Emmanuel/Francisco C. Xavier

quarta-feira, 14 de março de 2012

Bênção maior

“Mas bem-aventurados os vossos olhos porque vêem, e os vossos ouvidos, porquê ouvem”
Jesus - Matteus, 13:16.

“Amai pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre arbítrio o induziu a cometer e pelas quais ele é tão responsável quanto o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que causa.” - Cap. 17, 11.
Teu corpo - tua bênção maior.

Auxilia-o com diligência para que ele te auxilie com segurança.

Educa-o para que te apóie a educação necessária.

Cabine de comando - consegues manejá-lo, expedindo ordens e sugestões que remodelam o pedaço de globo em que respiras.

Cinzel - burilas com ele a matéria densamente concentrada, a fim de convertê-la em amparo e alegria.

Pena - utilizas-te dele para grafar as concepções, que te fulguram no cérebro, assimilando a inspiração das Esferas Superiores.

Lira - podes tanger-lhe as cordas do sentimento e compor a melodia verbal que se faça jubilosa renovação naqueles que te escutem.

Santuário - fazes dele o templo da emoção, haurindo forças para sonhar e construir ou formar o jardim da família, em que situas os filhos do coração.

Teu corpo tua benção maior.

Há quem o acuse pelo golpe da criminalidade ou pela demência do vício, como se o carro obediente devesse pagar e a embriaguez ou pelos disparates do condutor.

E existem ainda aqueles que o declaram culpado pelos assaltos da calúnia e pelas calamidades da cólera, qual se o telefone fosse responsável pela malícia e pelos desequilíbrios dos que lhe menosprezam e injuriam a utilidade.

Considera que o corpo te retrata a inteligência em desenvolvimento no Planeta, inteligência que no seio da Terra, é semelhante ao filho em promissora menoridade, no Engenho Divino.

Livro da Esperança – Emmanuel/Francisco C. Xavier

Dor e coragem

Na Terra todos temos inimigos. Todos, sem exceção. Até Jesus os teve. Mas isso não é importante. Importante é não ser inimigo de ninguém, tendo dentro da alma a dúlcida presença do incomparável Rabi, compreendendo que o nosso sentido psicológico é o de amar indefinidamente.

Estamos no processo da reencarnação para sublimar os sentimentos. Por necessidade da própria vida, a dor faz parte da jornada que nos levará ao triunfo.

É inevitável que experimentemos lágrimas e aflições. Mas elas constituem refrigério para os momentos de desafio. Filhos da alma, filhos do coração!

O Mestre Divino necessita de nós na razão direta em que necessitamos dEle. Não permitamos que se nos aloje no sentimento a presença famigerada da vingança ou dos seus áulicos: o ressentimento, o desejo de desforçar-se, as heranças macabras do egoísmo, da presunção, do narcisismo. Todos somos frágeis. Todos atravessamos os picos da glória mas, também, os abismos da dor.

Mantenhamo-nos vinculados a Jesus. Ele disse que o Seu fardo é leve, o Seu jugo é suave. Como nos julga Jesus? Julga-nos através da misericórdia e da compaixão.

E o Seu fardo é o esforço que devemos empreender para encontrar a plenitude.

Ide de retorno a vossos lares e levai no recôndito dos vossos corações a palavra libertadora do amor. Nunca revidar mal por mal. A qualquer ofensa, o perdão. A qualquer desafio, a dedicação fraternal. O Mestre espera que contribuamos em favor do mundo melhor, com um sorriso gentil, uma palavra amiga, um aperto de mão.

Há tanta dor no mundo, tanta balbúrdia para esconder a dor, tanta violência gerando a dor, que é resultado das dores íntimas.

Eis que Eu vos mando como ovelhas mansas ao meio de lobos rapaces, disse Jesus. Mas virá um dia, completamos nós outros, que a ovelha e o lobo beberão a mesma água do córrego, juntos, sem agressividade.

Nos dias em que o amor enflorescer no coração da Humanidade, então, não haverá abismo, nem sofrimento, nem ignorância, porque a paz que vem do conhecimento da Verdade tomará conta de nossas vidas e a plenitude nos estabelecerá o Reino dos Céus.

Que o Senhor vos abençoe , filhas e filhos do coração, são os votos do servidor humílimo e paternal, em nome dos Espíritos-espíritas que aqui estão participando deste encontro de fraternidade.

Muita paz, meus filhos, são os votos do velho amigo,

Bezerra.

 Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, em 25 de setembro de 2011, na Creche Amélia Rodrigues, em Santo André – SP. Em 13.02.2012

domingo, 11 de março de 2012

Auxiliar

“Eis que o semeador saiu a semear” Jesus - Mateus, 13:3.

“A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta, mas os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior.” - Cap. 17, 10.
Auxiliar, amparar, consolar, instruir!...

Para isso, não aguardes o favor das circunstâncias.

Jesus foi claro no ensinamento.

O semeador da parábola não esperou chamado, largou simplesmente as conveniências de si mesmo e saiu para ajudar.

O Mestre não se reporta à leiras adubadas ou a talhões escolhidos.
Não menciona temperaturas ou climas.
Não diz se o cultivador era proprietário ou rendeiro, se moço no impulso ou amadurecido na experiência, se detinha saúde ou se carregava o ônus da enfermidade.

Destaca somente que ele partiu a semear.

Por outro lado, Jesus não informa se o homem do campo recebeu qualquer recomendação acerca de pântanos ou desertos, pedreiras ou espinheirais que devesse evitar.

Esclarece que o tarefeiro plantou sempre e que a penúria ou o insucesso do serviço foi problema do solo beneficiado e não dos braços que se propunham a enriquecê-lo.

Saibamos, assim, esquecer-nos para servir.

Não importa venhamos a esbarrar com respostas deficientes da gleba do espírito, às vezes desfigurada ou prejudicada pela urze da incompreensão ou pelo cascalho da ignorância.

Idéia e trabalho, tempo e conhecimento, influência e dinheiro são possibilidades valiosas em nossas mãos. Todos podemos espalhá-las por sementes de amor e luz. O essencial, porém, será desfazer o apego excessivo às nossas comodidades, aprendendo a sair.

Livro da Esperança – Emmanuel / Chico Xavier

Crises

"Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora." - Jesus. (JOÃO. 12:27.)
A lição de Jesus, neste passo do Evangelho, é das mais expressivas.
la o Mestre provar o abandono dos entes amados, a ingratidão de beneficiários da véspera, a ironia da multidão, o apodo na via pública, o suplício e a cruz, mas sabia que ali se encontrava para isto, consoante os desígnios do Eterno.
Pede a proteção do Pai e submete-se na condição do filho fiel.
Examina a gravidade da hora em curso, todavia reconhece a necessidade do testemunho.
E todas as vidas na Terra experimentarão os mesmos trâmites na escala infinita das experiências necessárias.
Todos os seres e coisas se preparam, considerando as crises que virão. É a crise que decide o futuro.
A terra aguarda a charrua.
O minério será remetido ao cadinho.
A árvore sofrerá a poda.
O verme será submetido à luz solar.
A ave defrontará com a tormenta.
A ovelha esperará a tosquia.
O homem será conduzido à luta.
O cristão conhecerá testemunhos sucessivos.
É por isso que vemos, no serviço divino do Mestre, a crise da cruz que se fez acompanhar pela bênção eterna da Ressurreição.
Quando pois te encontrares em luta imensa, recorda que o Senhor te conduziu a semelhante posição de sacrifício, considerando a probabilidade de tua exaltação, e não te esqueças de que toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança.

 Emmanuel, Pelo Médium Chico Xavier, do Livro Vinha de Luz.

Chamados a servir

Chamados para servir, quantos de nós temos alegado, até agora, insuficiência, falha, defeito ou incapacidade, tentando justificar a própria omissão?

Curioso pensar, porém, que o Evangelho do Senhor não nos convida para exercer o ministério dos anjos e sim nos solicita engajamento para desempenhar o papel de servidores.

Neste sentido importa recordar os elementos imperfeitos da própria Terra, convocados para a organização sócio-planetária conquanto as deficiências com que se caracterizam.

Enumeremos alguns.

A pedra é agressiva e capaz de ferir, mas suportando corte e ajustamento é a base da moradia e da estrada nobre em que os homens edificam intercambio e segurança.

O solo em si é matéria primitiva concentrada, todavia, em se deixando tratar convenientemente, é celeiro de produção intensiva.

Certos fios metálicos atirados ao leu são resíduos para a sucata, no entanto, se ligados ao serviço elétrico fazem-se de imediato condutores de luz e força.

Os bichos-da-seda não são agradáveis ao olhar, mas se atendem aos programas de trabalho do sericicultor dão origem a tecidos valiosos.

O outro é a garantia simbólica das riquezas de cúpula da organização social, entretanto, o esterco é o agente que assegura a vitalidade e o perfume das rosas.

Chamados para servir! – Eis a indicação do Mais Alto no rumo de quantos amadurecem nas experiências do mundo, buscando a compreensão do Bem.

Se escutaste semelhante convite, não alegues inutilidade ou imperfeição para cobrir a própria fuga.

O Senhor nos conhece claramente a condição de espíritos ainda incompletos, mas se nos dispusermos a lhe ouvir a palavra, disciplinando-nos para o valor da utilidade, estaremos logo no clima do progresso em plenitude, de melhoria e de elevação

Emmanuel / Francisco C. Xavier – Na Era do Espírito

quinta-feira, 8 de março de 2012

Oração à você, Mulher!!

Bem aventurada a mulher que cuida do próprio perfil interior e exterior, porque a harmonia da pessoa faz mais bela a convivência humana.
Bem aventurada a mulher que, ao lado do homem, exercita a própria insubstituível responsabilidade na família, na sociedade, na história e no universo inteiro.
Bem aventurada a mulher chamada a transmitir e a guardar a vida de maneira humilde e grande. Bem aventurada quando nela e ao redor dela acolhe faz crescer e protege a vida.
Bem aventurada a mulher que põe a inteligência, a sensibilidade e a cultura a serviço dela, onde ela venha a ser diminuída ou deturpada.
Bem aventurada a mulher que se empenha em promover um mundo mais justo e mais humano.
Bem aventurada a mulher que, em seu caminho, encontra Cristo: escuta-O, acolhe-O, segue-O, como tantas mulheres do evangelho, e se deixa iluminar por Ele na opção de vida.
Bem aventurada a mulher que, dia após dia, com pequenos gestos, com palavras e atenções que nascem do coração, traça sendas de esperança para a humanidade.
(G.Quablini)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Inusitada comemoração

         A notícia vem de Granada, na Espanha e data de 2010. Dois irmãos, Pascoal e Sara, resolveram presentear, de forma ímpar, seus pais, no dia em que celebravam seu vigésimo quinto aniversário de casamento.

Mobilizaram empresas, o povo da cidade, amigos e, logo pela manhã, se dirigiram ao aeroporto de Granada para recepcionar a Orquestra Filarmônica Internacional.

No ônibus, no trajeto do aeroporto à sua residência, os músicos foram afinando seus instrumentos.

Tudo para entrarem na casa, em absoluto silêncio, postarem-se na sala ou ao longo da escada de acesso ao segundo andar e despertarem o casal, ao som de Nessum dorma, da ópera Turandot, de Giacomo Puccini.

Um detalhe: o pai é cego e a mãe tem uma deficiência visual de setenta por cento. Eles descem a escada, ainda de pijamas e o filho lhes diz: Pai, mãe, apresento-lhes Puccini.

A emoção é muito grande.

Depois, em um maravilhoso carro, saem pelas estradas. O filho levanta a capota para que os pais possam sentir o vento no rosto, nos cabelos. Há risos de felicidade.

A primeira parada é na fábrica de perfumes que, atendendo ao pedido de Pascoal e Sara, recebem o casal e o levam ao local onde se encontram raras essências.

Pai e mãe sentem um ou outro aroma e recordam de momentos de ternura; de andanças por determinada localidade; dos dias de primavera em que ficavam longo tempo no jardim.

Depois, são levados a um campo de lavanda, sempre acompanhados pelos dois filhos. Esfregam as flores em suas mãos, extasiam-se com o perfume e se abraçam.

Os filhos homenageiam os pais com uma sinfonia inusitada aos quatro sentidos. E, agora, é o momento do tato.

Para isso, às cinco da tarde, os quatro se encontram em Quentar de La Sierra, cidade natal do pai, que também se chama Pascoal. Mais de cinco dezenas de amigos e parentes estão reunidos na praça, próxima à igreja.

São pessoas com as quais ele não tem contato há bastante tempo. Alguns, há anos. Todos estão sentados em fileiras e ele passa de um a um, identificando-os somente pelo tato.

Lágrimas, risos, abraços saudosos são trocados. Parece que a emoção chegou ao auge.

Contudo, o dia ainda não findou e há um sentido mais para ser celebrado: o paladar.

Então, o casal é levado a um restaurante três estrelas, às vinte e duas horas.

Sempre sob encomenda dos filhos, o maître se esmerou, na qualidade e diversidade do prato ofertado para que o casal pudesse identificar cada um dos componentes: o tomate, a alface, a ervilha, o presunto, o arroz.

Com certeza, um presente emocionante para os pais que tiveram, nesse dia, a celebração dos quatro sentidos de que dispõem: a audição, o olfato, o tato e o paladar.

E conclui Pascoal, o filho: Aprendemos, desde cedo, com nossos pais que na vida podemos assumir duas posições.

A primeira é lamentar tudo que não se tem, queixar-se do sentido que a vida não nos concedeu. A segunda, é aproveitar ao máximo aquilo que se tem, com alegria e otimismo.

*   *   *

De nossa parte, concluímos: esses filhos aprenderam muito bem a lição ministrada por seus pais.

E, ao demais, souberam agradecer de inusitada forma, a vida que lhes foi ofertada por eles.

Exemplos assim merecem ser divulgados e seguidos.

Redação do Momento Espírita com base em vídeo disponível na Internet, em http://www.youtube.com/embed/-fbaxlls6de - 07.03.2012.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Paz convosco

Após o drama do Calvário, consumada Sua desencarnação, Jesus logo principiou a manter contato com os Apóstolos.

Por algum tempo, dedicou-Se a orientá-los e a encorajá-los.

Em uma dessas aparições, afirmou: A paz seja convosco.

Essa singela frase, no contexto em que foi proferida, enseja interessantes reflexões.

Muita gente se interroga a respeito do auxílio que pode obter do plano espiritual.

Sob diferentes roupagens religiosas e, ao abrigo das mais diversas crenças, há o hábito de muito pedir e esperar.

Há até quem seja adepto da prática de estabelecer mecanismo de trocas, a título de votos e promessas.

Por vezes, a ausência da resposta almejada provoca inquietação.

Há quem indague a razão pela qual as almas redimidas não proporcionam descobertas sensacionais ao mundo.

Afirma-se que elas bem poderiam revelar o processo de cura de moléstias que desafiam a ciência.

Também poderiam interferir nos choques existentes entre as nações, a fim de pacificá-las.

Imagina-se que alguns espetáculos espirituais muito contundentes lograriam produzir maravilhas no palco terrestre.

Entretanto, essa linha de raciocínio queda distante de noções mínimas de justiça.

Seria terrível furtar ao homem os elementos de trabalho, resgate e elevação.

Quem deseja o maravilhoso implantado já, com estrépito, costuma se aborrecer com algumas orientações que vêm do plano espiritual.

Dele, habitualmente, chegam reiteradas e afetuosas recomendações de paz na luta.

Quem se agasta com esse tipo de resposta manifesta ausência de harmonia com a mensagem do Cristo.

O Mestre efetivamente retornou do plano espiritual para confortar Seus discípulos.

Mas O fez de forma reservada e não em plena praça pública, com tumulto e escândalo.

Não lhes deu soluções fáceis para os problemas que vivenciavam e vivenciariam.

Não fez revelações bombásticas de ordem supernatural.

Jesus apenas demonstrou a sobrevivência da alma após a morte do corpo e lhes desejou paz.

Contudo, isso deve bastar para a alma sincera que procura a integração com a vida mais alta.

Envolve grande responsabilidade reconhecer a continuação da existência, para além da morte física.

Como o ser continua, individualizado e consciente, ele deve se submeter a exame quanto aos seus compromissos individuais.

Trabalhar e sofrer constituem processos lógicos do aperfeiçoamento e da ascensão, no atual estágio humano.

Que os homens atendam a esses imperativos da lei, com bastante paz, é o desejo amoroso e puro de Jesus Cristo.

Convém esforçar-se por entender semelhante verdade, para não desperdiçar valiosas oportunidades.

Muitos aguardam grandes sinais para começar a agir.

Esses se assemelham a preguiçosos, que muito esperam sem nada fazer para atingir seus objetivos.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 53, do livro
Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel,
psicografia de Francisco Cândido Xavier

quinta-feira, 1 de março de 2012

Afetividade conflitiva


A busca da afetividade constitui-se em uma necessidade de intercâmbio e de relacionamento entre as criaturas humanas ainda imaturas. Acreditam, aqueles que assim procedem, que somente através de outrem é possível experimentar a afeição, recebendo-a e doando-a. Como decorrência, as pessoas que se sentem solitárias, atormentam-se na incessante inquietação de que somente sentirão segurança e paz, quando encontrem outrem que se lhe constitua suporte afetivo. Nesse conceito, encontra-se um grande equívoco, qual seja esperar de outra pessoa a emoção que lhe constitua completude, significando auto-realização.

Um solitário, quando se apóia em outro indivíduo, que também tem necessidade afetiva, forma uma dupla de buscadores a sós, esperando aquilo que não sabem ou não desejam oferecer. É claro que esse relacionamento está fadado ao desastre, à separação, em face de se encontrarem ambos distantes um do outro emocionalmente, cada qual pensando em si mesmo, apesar da proximidade física.

Faz-se imprescindível desenvolver a capacidade de amar, porque o amor também é aprendido. Ele se encontra ínsito no ser como decorrência da afeição divina, no entanto, não poucas vezes adormecido ou não identificado, que deve ser trabalhado mediante experiências de fraternidade, de respeito e de amizade.

Partindo-se de pequenas conquistas emocionais e de júbilos de significado singelo, desenvolve-se mediante a arte de servir e de ajudar, criando liames que se estreitam e se ampliam no sentimento. Estreitam-se, pelo fato de se aprender união com outrem e ampliam-se mediante a capacidade de entendimento dos limites do outro, sem exigências descabidas nem largas ao instinto perturbador de posse, nas suas tentativas de submissão alheia...

Resultante de muitos conflitos que aturdem o equilíbrio emocional, esses indivíduos insatisfeitos, que se acostumaram às bengalas e às fugas psicológicas, pensam que através da afetividade que recebam lograrão o preenchimento do vazio existencial, como se fosse uma fórmula miraculosa para lhe solucionar as inquietações.

Os conflitos devem ser enfrentados nos seus respectivos campos de expressão e nunca mediante o mascaramento das suas exigências, transferindo-se de apresentação. Os fatores psicológicos geradores dessas embaraçosas situações são muito complexos e necessitam de terapêuticas cuidadosas, de modo que possam ser diluídos com equilíbrio, cedendo lugar a emoções harmônicas propiciadoras de bem-estar.

A afetividade desempenha importante labor, qual seja o desenvolver da faculdade de amar com lucidez, ampliando o entendimento em torno dos significados existenciais que se convertem em motivações para o crescimento intelecto-moral.

Quando se busca o amor, possivelmente não será encontrando em pessoas, lugares ou situações que pareçam propiciatórias. É indispensável descobri-lo em si mesmo, de modo a ampliá-lo no rumo das demais pessoas.

Qual uma chama débil que se agiganta estimulada por combustível próprio, o amor é vitalizado pelo sentimento de generosidade e nunca de egoísmo que espera sempre o benefício antes de proporcionar alegria a outrem.

A predominância do egoísmo tolda-lhe a visão saudável do sentimento de afetividade e impõe-lhe exigências descabidas que, invariavelmente, o tornam vítima das circunstâncias. Em tal condição, sentindo a impossibilidade de amar ou de ser amado, procura, aflito, despertar o sentimento de compaixão, apoiando-se na piedade injustificada.

Se experimentas solidão no teu dia-a-dia, faze uma análise cuidadosa da tua conduta em relação ao teu próximo, procurando entender o porquê da situação. Sê sincero contigo mesmo, realizando um exame de consciência a respeito da maneira como te comportas com os amigos, com aqueles que se te acercam e tentam convivência fraternal contigo.

Se és do tipo que espera perfeição nos outros, é natural que estejas sempre decepcionado, ao constatares as dificuldades alheias, olvidando porém que também és assim. Se esperas que os outros sejam generosos e fiéis no relacionamento para contigo, estuda as tuas reações e comportamentos diante deles.

A bênção da vida é o ensejo edificante de refazimento de experiências e de conquistas de patamares mais elevados, algumas vezes com sacrifício... Não te atormentes, portanto, se escasseiam nas paisagens dos teus sentimentos as compensações do afeto e da amizade.

Observa em derredor e verás outros corações em carência, à tua semelhança, que necessitam de oportunidade afetiva, de bondade fraternal. Exercita com eles o intercâmbio fraterno, sem exigências, não lhes transferindo as inseguranças e fragilidades que te sejam habituais.

É muito fácil desenvolver o sentimento de solidariedade, de companheirismo, bastando que ofereças com naturalidade aquilo que gostarias de receber. A princípio, apresenta-se um tanto embaraçoso ou desconcertante, mas o poder da bondade é tão grande, que logo se fazem superados os aparentes obstáculos e, à semelhança de débil planta que rompe o solo grosseiro atraída pela luz, desenvolve-se e torna-se produtiva conforme a sua espécie...

Observa com cuidado e verás a multidão aturdida, agressiva, estremunhada, que te parece antipática e infeliz. Em realidade, é constituída de pessoas como tu mesmo, fugindo para lugar nenhum, sem coragem para o auto-enfrentamento.

Contribui, jovialmente, quanto e como possas, para atenuar algum infortúnio ou diminuir qualquer tipo de sofrimento que registres. Esse comportamento te facultará muito bem e, quanto menos esperes, estarás enriquecido pela afetividade que doas e pela alegria em fazê-lo.

Ninguém pode viver com alegria sem experienciar a afetividade. A afetividade é mensagem de amor de Deus, estimulando as vidas ao crescimento e à sublimação. A afetividade deve ser distendida a todos os seres, aos vegetais, animais, seres humanos, ampliando-a por toda a Natureza.

Quando se ama, instalam-se a beleza e a alegria de viver. A saúde integral, sem dúvida, é defluente da harmonia do sentimento pelo amor com as conquistas culturais que levam à realização pessoal, trabalhando pelo equilíbrio e funcionamento existencial.


Joanna de Ângelis - Divaldo Pereira Franco - 17/11/2008 –

cidade do Porto em Portugal