quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A tarefa dos Guias Espirituais

Os guias invisíveis do homem não poderão, de forma alguma, afastar as dificuldades materiais dos seus caminhos evolutivos sobre a face da Terra.
O Espaço está cheio de incógnitas para todos os Espíritos.
Se os encarnados sentem a existência de fluidos imponderáveis que ainda não podem compreender, os desencarnados estão marchando igualmente para a descoberta de outros segredos divinos que lhes preocupam a mente.
Quando falamos, portanto, da influência do Evangelho nas grandes questões sociológicas da atualidade, apontamos às criaturas o corpo de leis, pelas quais devem nortear as suas vidas no planeta. O chefe de determinados serviços recebe regulamentos necessários dos seus superiores, que ele deverá pôr em prática na administração. Nossas atividades são de colaborar com os nossos irmãos no domínio do conhecimento desses códigos de justiça e de amor, a cuja base viverá a legislação do futuro. Os Espíritos não voltariam à Terra apenas para dizerem, aos seus companheiros, das beatitudes eternas nos planos divinos da imensidade. Todos os homens conhecem a fatalidade da morte e sabem que é inevitável a sua futura mudança para a vida espiritual. Todas as criaturas estão, assim, fadadas a conhecer aquilo que já conhecemos. Nossa palavra é para que a Terra vibre conosco nos ideais sublimes da fraternidade e da redenção espiritual. Se falamos dos mundos felizes, é para que o planeta terreno seja igualmente venturoso. Se dizemos do amor que enche a vida inteira da Criação Infinita, é para que o homem aprenda também a amar a vida e os seus semelhantes. Se discorremos acerca das condições aperfeiçoadas da existência em planos redimidos do Universo, é para que a Terra ponha em prática essas mesmas condições. Os códigos aplicados, em outras esferas mais adiantadas, baseados na solidariedade universal, deverão, por sua vez, merecer aí a atenção e os estudos precisos.
O orbe terreno não está alheio ao concerto universal de todos os sóis e de todas as esferas que povoam o Ilimitado; parte integrante da infinita comunidade dos mundos, a Terra conhecerá as alegrias perfeitas da harmonia da vida. E a vida é sempre amor, luz, criação, movimento e poder.
Os desvios e os excessos dos homens é que fizeram do vosso planeta a mansão triste das sombras e dos contrastes.
Fluidos misteriosos ligam a Deus todas as belezas da sua criação perfeita e inimitável. Os homens terão, portanto, o seu quinhão de felicidade imorredoura, quando estiverem integrados na harmonia com o seu Criador.
Os sóis mais remotos e mais distantes se unem ao vosso orbe de sombras, através de fluidos poderosos e intangíveis. Há uma lei de amor que reúne todas as esferas, no seio do éter universal, como existe essa força ignorada, de ordem moral, mantendo a coesão dos membros sociais, nas coletividades humanas. A Terra é, pois, componente da sociedade dos mundos. Assim como Marte ou Saturno já atingiram um estado mais avançado em conhecimentos, melhorando as condições de suas coletividades, o vosso orbe tem, igualmente, o dever de melhorar-se, avançando, pelo aperfeiçoamento das suas leis, para um estágio superior, no quadro universal.
Os homens, portanto, não devem permanecer embevecidos, diante das nossas descrições.
O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando, cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as suas cidades e os seus países, a fim de que tudo na Terra respire a mesma felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas do Infinito.
Espírito Emmanuel, Do Livro: Emmanuel, Médium: Francisco Cândido Xavier.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Carta a meu Filho

Meu filho, dito esta carta para que você saiba que estou vivo.
Quando você me estendeu a taça envenenada que me liquidou a existência, não pensávamos nisso.
Nem você, nem eu.
A idéia da morte vagueava longe de mim, porque esperava de suas mãos apenas o remédio anestesiante para a minha enxaqueca.
Entendi tudo, porém, quando você, transtornado, cerrou subitamente a porta e exclamou com frieza:
- Morre, velho!
As convulsões que me tomavam de improviso, traumatizavam-me a cabeça...
Era como se afiada navalha me cortasse as vísceras num braseiro de dor. Pude ainda, no entanto, reunir minhas forças em suprema ansiedade e contemplar você, diante de meus olhos.
Suas palavras ressoavam-me aos ouvidos: “- morre, velho!”
Era tudo o que você, alterado e irreconhecível, tinha agora a dizer.
Entretanto, o amor em minha alma era o mesmo.
Tornei à noite recuada quando o afaguei pela primeira vez.
Sua mãezinha dormia, extenuada...
Pequenino e tenro de encontro ao meu peito, senti em você meu próprio coração a vagir nos braços...
E as recordações desfilaram, sucessivas.
Você, qual passarinho contente a abrigar-se em meu colo, o álbum de fotografias em que sua imagem apresentava desenvolvimento gradativo em todas as posições, as festas de aniversário e os bolos coloridos enfeitados de velas que seus lábios miúdos apagavam sempre numa explosão de alegria... Rememorei nossa velha casa, a princípio humilde e pobre, que o meu suor convertera em larga habitação, rica e farta... Agoniado, recordei incidentes, desde muito esquecidos, nos quais me observava expulsando crianças ternas e maltrapilhas do grande jardim de inverno para que nosso lar fosse apenas seu... Reencontrei-me, trabalhando, qual suarento animal, para que as facilidades do mundo nos atendessem as ilusões e os caprichos...
Em todos os quadros a se me reavivarem na lembrança, era você o grande soberano de nosso pequeno mundo...
O passado continuou a desdobrar-se, dentro de mim. Revisei nossa luta para que os livros lhe modificassem a mente, o baldado esforço para que a mocidade se lhe erigisse em alicerce nobre ao futuro... De volta às antigas preocupações que me assaltavam, anotei-lhe, de novo, as extravagâncias contínuas, os aperitivos, os bailes, os prazeres, as companhias desaconselháveis, a rebeldia constante e o carro de luxo com que o presenteei num momento infeliz...
Filho do meu coração, tudo isso revi...
Dera-lhe todo o dinheiro que conseguira ajuntar, mas você desejava o resto.
Nas vascas da morte, vi-o, ainda, mãos ansiosas, arrebatando-me o chaveiro para surripiar as últimas jóias de sua mãe...Vi perfeitamente quando você empalmou o dinheiro, que se mantinha fora de nossa conta bancária, e, porque não podia odiá-lo, orei – talvez com fervor e sinceridade pela primeira vez – rogando a Deus nos abençoasse e compreendendo, tardiamente, que a verdadeira felicidade de nossos filhos reside, antes de tudo, no trabalho e na educação com que lhes venhamos a honrar a vida.
Não dito esta carta para acusá-lo.
Nem de leve me passou pelo pensamento o propósito de anunciar-lhe o nome.
Você continua sangue de meu sangue, coração de meu coração.
Muitas vezes, ouvi dizer que há filhos criminosos, mas entendo hoje que, na maioria das circunstâncias, há, junto deles, pais delinqüentes por acreditarem muito mais na força do cofre que na riqueza do espírito, afogando-os, desde cedo, na sombra da preguiça e no vício da ingratidão.
Não venho falar, assim, unicamente a você, porque seu erro é o meu erro igualmente. Falo também a outros pais, companheiros meus de esperança, para  que se precatem contra o demônio do ouro desnecessário, porque todo ouro desnecessário, quando não busca o conselho da caridade, é tentação à loucura.
Há quem diga que somente as mães sabem amar e, realmente, o regaço materno é uma bênção do paraíso. Entretanto, meu filho, os pais também amam e, por amar imensamente a você, dirijo-lhe a presente mensagem, afirmando-lhe estar em prece para que a nossa falta encontre socorro e tolerância nos tribunais da Divina Justiça, aos quais rogo me concedam, algum dia, a felicidade de tê-lo novamente ao meu lado, por retrato vivo de meu carinho... Então nós dois juntos, de passo acertado no trabalho e no bem, aprenderemos, enfim, como servir ao mundo, servindo a Deus.
pelo Espírito J., Do Livro: Luz no Lar, Médium: Francisco Cândido Xavier.

Em Resposta

Insurge-se você, meu amigo, contra as informações do plano espiritual, relacionando as formas de que nos utilizamos. Espanta-se ao saber que temos domicílio próprio, com todo o equipamento indispensável à vida organizada de quem prossegue evolvendo e aprendendo sempre.
Assegura que materializamos excessivamente as imagens e que nossas páginas não passarão talvez de alucinações da mente mediúnica.
Não estranho sua atitude. Também eu pensaria o mesmo aí na Terra.
Imagine que eu, homem versado na experiência de ganhar e perder, via no mundo o terrível esforço do aluno de primeiras letras, gemendo na articulação do alfabeto, de modo a penetrar, passo a passo, na oficina da ciência; identificava os tremendos conflitos impostos a qualquer profissional digno, interessado em especializar-se, e, no entanto, quando se tratava da morte do corpo, acreditava piamente que a alma do defunto voaria a pleno céu, à procura do Trono de Deus. Bastaria o passaporte de alguma religião respeitável e, a meu parecer, o “morto” entraria nos gozos do paraíso. Sabia que os tribunais humanos ministram a justiça com atenuantes e agravantes, segundo as circunstâncias prevalecentes no doloroso drama dos réus e não ignorava que a escala da educação é muito maior que as cinco linhas da pauta musical. Todavia, nunca me passou pela idéia que o nosso aprimoramento continuaria intensivo nestas paragens. Admitia que os “mortos” seriam anjos ou demônios absolutos, exceção dos que fossem detidos no purgatório pela polícia divina, na situação dos soldados que se demoram na “terra de ninguém”, porque, para os crentes em geral, o purgatório, entre este mundo e o outro, é uma espécie de Território do Cerre, entre alemães e franceses dos últimos séculos.
Como reconhece, sua concepção de hoje pertenceu-me igualmente, enquanto aí estive.
Nunca pude compreender , a experiência corporal na Terra como transitório fenômeno de exteriorização do espírito imperecível; no meu modo de entender, o espírito era projeção do corpo.
Você já viu engano maior?
No entanto, era um equívoco que minha vaidade acalentava zelosamente.
Não desconhecia que sábios ilustres me haviam precedido na estrada do conhecimento, que a sandália dos heróis e dos santos havia mergulhado na poeira planetária muito antes de meus pés doentes; contudo, jamais aceitei outros pontos de vista que não fossem os meus.
O túmulo, porém, impôs-me a arte do reajustamento.
Contínuo aprendendo com a ingenuidade do grupo escolar. E rendo graças a Deus pela concepção do ensejo imprescindível.
Não se julgue nas vizinhanças do paraíso e nem nos queira mal por darmos notícias de cidades e instituições, templos e hospitais, árvores e fontes, além do sepulcro...
Quando nossos olhos imóveis recebem o tradicional emplasto de cinzas, verificamos que o céu está mais alto e o horizonte mais longínquo.
Você não aplaudiria o nudismo e acredita que os desencarnados, para serem verdadeiros, não deviam usar vestimenta alguma; estima a bênção do santuário doméstico, na doce e amorosa comunhão dos laços afetivos e admite que, para cultivarmos a realidade universal, cabe-nos a obrigação de adotar regime separatista, vagabundeando de esfera em esfera, sem objetivo e sem lar. Agrada-lhe a ordem o grêmio doutrinário a que dedica atenção, mas exige que, em nos comunicando com os “vivos”, estejamos na condição dos bandos de vespas e passarinhos.
Não acredite que a sepultura o exonere da responsabilidade individual de prosseguir aprendendo com o bem. Deus é amor; entretanto, a harmonia é a base de suas manifestações, e um pai, a fim de ser amoroso, não deixará de ser justo.
Você sabe que o peixe, para elevar-se das profundezas abismais a que se adaptou, necessita modificar a bexiga natatória. E que fazer com milhões de mentes humanas, estacionadas em processos inferiores da inteligência, incapazes de respirar além da atmosfera densa do vale, se não lhes forem proporcionadas aqui condições de vida análogas ou profundamente análogas as da Crosta Terrestre?
Não suponha que a morte lhe venha pregar asas nos ombros.
Se, pelo metro evolutivo, ainda não possuímos perfeita estatura humana, como aguardar promoção compulsória ao reino angelical?
Assinalando-lhe os protestos, lembro-me de pequena fábula que o velho La Fontaine não escreveu.
Dizem que uma borboleta brilhante, interessada em preparar a lagarta, diante do futuro, pousou na comunidade em que nascera, com grande escândalo para todo o ninho.
– Em verdade – disse ela – sou membro da família de vocês, guardo fisiologia semelhante e apesar de ir longe, através dos ares, vendo cidades e rios, seres e plantas que vocês não conhecem, continuo sendo um lepidóptero aperfeiçoado... Em breve, vocês serão tal qual sou e, por minha vez, não me distanciarei excessivamente de nossa furna, a fim de cuidar dos interesses de nossos descendentes...
Contudo, não pôde prosseguir. As larvas, de ventre colado ao solo, debandaram sob forte susto.
Todas recusaram a mensagem e negaram a mensageira. Isto, no entanto, não impediu o trabalho da Natureza.
A borboleta, em breve, deitava ovos. Dos ovos, nasciam lagartas. As lagartas dormiram em casulos. E dos casulos surgiam borboletas...
pelo Espírito Irmão X, Do Livro: Luz Acima, Médium: Francisco Cândido Xavier.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Silêncio Necessário

O silêncio faz grande falta na civilização contemporânea.
Fala-se em demasia, e, por conseguinte, fala-se do que se não deve, se não sabe, não convém, apenas pelo hábito de falar.
Na falta de um assunto edificante, ou com indiferença para com ele, utilizam-se de temas negativos, prejudiciais ou sórdidos, envilecendo a própria alma, enxovalhando o próximo e consumindo-se energias valiosas.
Há uma preocupação muito excessiva em falar, opinar, mesmo quando se desconhece a questão.
Parece de bom-tom a postura de referir-se a tudo, de tudo estar a par.
Aumenta, assim, a maledicência, confundem-se as opiniões, entorpecem-se os conteúdos morais das palavras.
Se cada pessoa falasse apenas o necessário e no momento oportuno, haveria um salutar silêncio na Terra.
*
Faze silêncio diante de observações pejorativas, de assuntos prejudiciais, matando, ao surgir, a informação malsã.
Quando te tragam opiniões infelizes, reclamações, queixas que põem mal diante de ti o ausente, seja ele quem for, não te deixes contaminar pelo morbo da palavra insensata.
Há pessoas que se autonomeiam fiscais do próximo e não se detêm a examinar a conduta, deste modo, reprochável.
Raramente, falam bem, referem-se ao lado bom das pessoas e dos acontecimentos.
*
Porque não era visível a antiga face oculta da lua, isto dava margem às mais variadas conjecturas, sempre exageradas, fantasistas.
Todas as pessoas possuem o seu lado oculto, certamente negativo em umas, quanto admirável noutras.
A observação sob alta dose de má vontade, apenas vê o que quer e fala o de que gosta.
*
Não opines mal a respeito de ninguém, mesmo que o outro mereça.
Tampouco, te deixes emaranhar pelos que falam mal do próximo. Eles terminarão por submeter-te à opinião que lhes apraz, armando-te contra aqueles com quem não simpatizam.
Falar bem ou mal é um hábito.
Quando as referências são acusadoras, levam a alma da vítima à morte, porém suicida-se também, aquele que sempre aponta o erro.
*
Usa o silêncio necessário.
Não a mudez caprichosa, vingadora. Mas a discreta atitude de quietação e respeito.
O silêncio faz bem àquele que o conserva.
Jesus calou muito mais do que falou. Os Seus silêncios sábios são o atestado mais expressivo do Seu amor pela humanidade.
Pensa n’Ele, quando chamado a falar intensamente e imita-O.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Coragem. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

* * * Estude Kardec * * *

Vida Feliz

Sê sábio, investindo no futuro.
O que ora te acontece, resulta do passado que não podes remediar.
Mas, aquilo que irá suceder, depende do que realizes a partir de hoje.
Enquanto recolhes efeitos de ações passadas, estás atuando para consequências futuras.
Conforme semeares, assim colherás.
A tua fatalidade é o bem. Como atingi-lo, será opção tua, mediante ação rápida ou retardada e contra-marchas.
Ninguém está fadado ao sofrimento.
Este é o resultado da escolha errada.
Investe no amanhã e serás feliz desde hoje.
Joanna de Ângelis (espírito), psicografia de Divaldo Franco. Livro: Vida Feliz

Tristeza perturbadora

Conquanto brilhe o sol da oportunidade feliz, abrindo campo para a ação e para a paz, a sombra teimosa da tristeza envolve-te em injustificável depressão.
Gostarias de arrancar das carnes da alma este espinho cravado que te faz sofrer, e, por não o conseguires, deixas-te abater.
Conjecturas a respeito da alegria, do corpo jovem, dos prazeres convidativos, e lamentas não poder fruir tudo quanto anelas.
A tristeza, porém, é doença que, agasalhada, piora o quadro de qualquer aflição.
A sua sombra densa altera o contorno dos fatos e das coisas, apresentando fantasmas onde existe vida e desencanto no lugar em que está a esperança.
Ela responde pela instalação de males sutis que terminam por desequilibrar o organismo físico e a maquinaria emocional.
*
Luta contra a tristeza, reeducando-te mentalmente.
Não dês guarida emocional às suas insinuações.
Ninguém é tão ditoso quanto supões ou te fazem crer.
A Terra é o planeta-escola de aprendizes incompletos, inseguros.
A cada um falta algo, que não conseguirá conquistar.
Resultado do próprio passado espiritual, o homem sente sempre a ausência do que malbaratou.
A escassez de agora é conseqüência do desperdício de outrora.
A aspiração tormentosa é prova a que todos estão submetidos, a fim de que valorizem melhor aquilo de que dispõem e a outros falta.
Lamentas não ter algo que vês noutrem, todavia, alguém ambiciona o que possuis e não dás valor.
Resigna-te, pois, e alegra-te com tudo quanto te enriquece a existência neste momento.
Aprende a ser grato à vida e àqueles que te envolvem em ternura, saindo da tristeza pertinaz para o portal de luz, avançando pelo rumo novo.
*
Jesus, que é o "Espírito mais perfeito" que veio à Terra, sem qualquer culpa, foi incompreendido, embora amando; traído, apesar de amar, e crucificado, não obstante amasse...
Desse modo, sorri e conquista o teu espaço, esquecendo o teu espinho e arrancando aquele que está ferindo o teu próximo.
Oportunamente, descobrirás que, enquanto te esqueceste da própria dor, lenindo a dos outros, superaste-a em ti, conseguindo a plenitude da felicidade, que agora te rareia.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Coragem. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

* * * Estude Kardec * * *

domingo, 30 de novembro de 2014

A vontade de Deus

A chuva caiu forte. Todo o povoado comentava que era vontade de Deus.
E, como de outras vezes já ocorrera, o enorme tronco de uma figueira se atravessou na estrada, despencando do morro, e deixou totalmente isolada aquela comunidade.
Pedras se deslocaram, rolando morro abaixo. A enxurrada varria as ruas, com violência.
Enquanto cada um lamentava e entrava em sua casa para racionar a comida para os próximos dias, o menino da casa de flores amarelas saiu em disparada para o meio do mato.
Não lhe importava a chuva que continuava caindo, embora menos intensa. Habitualmente, era ali, debaixo da copa das árvores, que ele dialogava com seu anjo, da mesma forma que o fazia, à noite, em suas orações, antes de dormir.
Meio sem jeito, Pedro perguntou o motivo daquela chuva, daquele tronco, tudo de novo, como de outras vezes passadas. Seus pais estavam cansados daquilo, seus amigos também.
Mas o anjo confirmou: Foi Deus mesmo quem mandou a chuva.
Aquilo incomodou o garoto. Ele saiu dali e foi em direção ao tronco. Atirou-se na lama e se pôs a empurrar a enorme figueira tombada.
Os mais velhos esbravejavam, cada um em sua porta. E diziam da inutilidade daquilo. O anjo ficou à frente do seu pupilo e o incentivou: Você consegue. Não pare. Continue.
Com os braços tremendo e as mãos arranhadas, alguns minutos depois, Pedro olhou para o lado. Todas as crianças da vila haviam se juntado a ele e empurravam.
Enquanto faziam força, riam dos seus escorregões, da lama em seus corpos, da cara suja. E brincavam, deixando que a chuva lhes lavasse as manchas da roupa. Empenhavam-se como irmãos.
Com o insucesso de retirar os filhos do tronco deitado, as mães e as avós resolveram participar da fantasia dos meninos. Logo, os homens se mobilizaram.
Largaram seus copos de café, que esquentavam seus corpos, e se colocaram à disposição do que consideravam uma causa perdida, uns em respeito às suas esposas, outros pelos seus filhos.
Depois de muito esforço, conseguiram deslocar a figueira para o lado. O caminho estava livre.
A seguir, providenciaram a retirada das grandes pedras do meio das ruas.
Aqueles momentos conectaram para sempre aquela gente. As faltas foram perdoadas, as desculpas foram aceitas.
Eram todos companheiros, empenhados num único propósito.
A discórdia deu lugar à união, o desespero à esperança, a tristeza à alegria, as trevas à luz e a dúvida à fé.
Finalmente, a comunidade havia entendido a vontade de Deus. Ele mandara a chuva, que desencadeara o episódio da derrubada da figueira e o deslocamento das grandes pedras.
Contudo, a união de todos, o esforço conjugado, resolvera a dificuldade.
Pedro descansava na lama, agora, enquanto sentia o afago de seus pais.
E todos haviam aprendido que o êxito é uma bênção de forças conjugadas da natureza, enquanto a força é ato, que significa compromisso no bem ou no mal, é a palavra que edifica ou destrói.
A oportunidade é a nossa porta de luz, no sagrado momento que passa.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A vontade de Deus e A figueira do caminho, da Revista Cultura Espírita, de janeiro.2014, do Instituto de Cultura Espírita do Brasil, Rio de Janeiro; nos verbetes Êxito, Força e Oportunidade, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4088&stat=0

Entre as forças comuns

Indiscutivelmente a mediunidade, no aspecto em que a conhecemos na Terra, é a  resultante de extrema sensibilidade magnética, embora, no fundo, estejamos informados de que os dons mediúnicos, em graus diversos, são recursos inerentes a todos.
Cada ser é portador de certas atividades e, por isso mesmo, é instrumento da vida.
A luz nasce da chama sem ser a chama.
O perfume vem da flor sem ser a flor.
A claridade do núcleo luminoso une-se a radiações do ambientes e o aroma da rosa mistura-se a emanações do meio, dando origem a variadas criações.
Assim também o pensamento invisível do homem associa-se no invisível pensamento das entidades espirituais que o assistem, estabelecendo múltiplas combinações, em benefício do trabalho de todos, na evolução geral.
Importa reconhecer, porém, que existem mentes reencarnadas, em condições especialíssimas, que oferecem qualidades excepcionais para os serviços de intercâmbio entre os vivos da carne e os vivos do Além. Nessas circunstâncias, identificamos os medianeiros adequados aos fenômenos de manifestação do espírito liberto, nos círculos de matéria mais densa.
Contudo, nem sempre os donos dessas energias são mensageiros da sublimação interior.
Na extensa comunidade de almas da Terra avultam, em maioria, as consciências ainda enfermiças, por moralmente endividadas com a Lei Divina; conseqüentemente, a maior pare das organizações medianímicas, no Planeta, não podem escapar a essa regra.
Mais de dois terços dos médiuns do mundo jazem, ainda, nas zonas de desequilíbrio espiritual, sintonizados com as inteligências invisíveis que lhes são afins. Reclamam, em razão disso, estudo e boa vontade no serviço do bem, a fim de retomarem a subida harmônica aos cimos da luz, assim como os cooperadores de qualquer instituição respeitável da Terra necessitam exercício constante no trabalho esposado para crescerem na competência e no crédito moral.
Ninguém se esqueça de que estamos assimilando incessantemente as energias mentais daqueles com quem nos colocamos em relação.
E, além disso, estamos sempre em contacto com o que podemos nomear como sendo “geradores específicos de pensamentos”. Através deles, outras inteligências atuam sobre a nossa.
Um livro, um laço afetivo, uma reunião ou uma palestra são geradores dessa classe. Aquilo que lemos, as pessoas que estimamos, as assembléias que contam conosco e aqueles que ouvimos influenciam decisivamente sobre nós.
Devemos ajudar a todos, mas precisamos selecionar os ingredientes de nossa alimentação mais íntima.
Certo, não podemos menosprezar o nosso irmão que se arrojou aos despenhadeiros do crime, constituído simples dever nosso o auxílio objetivo em favor do reajuste e soerguimento dele, todavia, não podemos absorver-lhe as amarguras e os remorsos, que se dirigem a natural extinção.
Visitaremos o enfermo, encorajando-o e levantando-lhe o bom ânimo, contudo, não será aconselhável adquirir-lhe as sensações desequilibrantes, que precisam desaparecer, tanto quanto os detritos de casa que nos cabe eliminar.
A obra da caridade tudo transforma em favor do bem.
A atitude é oração. E, pela atitude, mostramos a qualidade dos nossos desejos.
Os pensamentos honestos e nobres, sadios e generosos, belos e úteis, fraternos e amigos, são a garantia do auxílio positivo aos outros e a nós mesmos.
Quanto mais nos adiantamos na ciência do espírito, mais entendemos que a vida nos responde, de conformidade com as nossas indagações.
O princípio dos “semelhantes com os semelhantes” é indefectível em todos os planos do Universo.
Caminhamos no encontro de nós mesmos e, por isso, surpreendemos invariavelmente conosco aqueles que sentem com o nosso coração e pensam com a nossa cabeça.
Os médiuns, em qualquer região da vida, filtros que são de rogativas e respostas, precisam, pois, acordar para a realidade de que viveremos sempre em companhia daqueles que buscamos, de vez que, por toda parte, respiramos ajustados ao nosso campo de atração.
pelo Espírito Emmanuel, Do Livro: Roteiro, Médium: Francisco Cândido Xavier.

sábado, 29 de novembro de 2014

Buscando Autoconhecimento

Allan Kardec codificador do Espiritismo perguntou aos espíritos:
"Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal"?
Os Benfeitores da Humanidade responderam:
"Um sábio da antiguidade vo-lo disse: conhece-te a ti mesmo".
A Doutrina Espírita nos mostra o caminho que devemos percorrer para conseguirmos esse intento: o autoconhecimento.
A caminhada, portanto, é em sentido contrário ao que temos buscado até agora. É para dentro de nós mesmos, e não no exterior.
Alguns de nós não nos conhecemos, não fazemos ideia de quem somos, de qual será o nosso comportamento diante de determinada situação. Enfim, somos um ilustre desconhecido de nós mesmos.
Pelo desconhecimento dos nossos sentimentos, às vezes tomamos atitudes equivocadas que nos causam desagrado tão logo nos damos conta do ocorrido.
Uma senhora afirmava sempre que se um dia fosse assaltada ficaria imobilizada, petrificada, mas certamente não teria forças para qualquer atitude.
A sua amiga, por sua vez, dizia que reagiria, que se fosse preciso lutaria, mas não deixaria barato não.
Um dia ambas estavam conversando na calçada.
Um garoto passou e levou a bolsa daquela que disse que reagiria. Ela ficou paralisada.
A outra, que afirmara que ficaria imobilizada, saiu correndo atrás do menino, dando-lhe com a sua bolsa nas costas e gritando para que a devolvesse.
O menino, que não esperava tal reação, jogou a bolsa no chão e se foi, pois achou melhor salvar a própria vida.
Isso prova que ambas desconheciam suas tendências, pois diante do inesperado tiveram reações contrárias às que afirmavam que teriam.
Muitos de nós também nos desconhecemos, não costumamos fazer uma análise profunda da nossa intimidade.
Assim, facilmente nos surpreendemos conosco mesmos diante de situações inusitadas.
Para sabermos quanto de orgulho e egoísmo, piores chagas da sociedade, ainda carregamos em nós, basta que nos observemos com sinceridade, nos pequenos atos do quotidiano, que perceberemos com clareza.
Observando a nossa reação diante da indiferença de um amigo. Do pouco caso que fazem de um trabalho que executamos, do penteado ou da roupa que vestimos, ou quando alguém nos chama à atenção.
Cada pessoa é um universo que precisa ser descoberto, para que possa fazer brilhar a luz que jaz latente em seu íntimo.
Todos somos lucigênitos, filhos da luz, pois o Criador que é a Luz Suprema, assim nos fez a todos.
Se perscrutarmos com atenção nossa intimidade, perceberemos que já temos muitas conquistas, mas que ainda nos falta dar alguns passos para que brilhe de fato a nossa luz. É só uma questão de tempo e de disposição.
Santo Agostinho, um dos pais da Igreja, colaborou na codificação da Doutrina Espírita.
A resposta a que nos referimos no início, foi dada por ele.
Recomenda que cada um de nós faça como ele fizera quando viveu na terra. A cada noite ele fazia uma análise de como fora o seu dia.
Se questionava se fizera alguma coisa contra Deus, contra seu próximo e contra ele próprio. E sempre buscava corrigir o que precisava ser corrigido, buscando ser a cada dia, melhor que no dia anterior.
É uma caminhada longa a do autodescobrimento, no entanto, necessária ao nosso aperfeiçoamento.

Redação do Momento Espírita

Por que desdenhas?

"Examinai tudo. Retende o bem." - Paulo. (I TESSALONICENSES, 5:21.)
O cristão não deve perder o bom ânimo por mais inquietantes se apresentem as perplexidades do caminho. Não somente no que diz respeito à dor, mas também no que se reporta a costumes, acontecimentos, mudanças, perturbações...
Há companheiros excessivamente preocupados com a extensão dos erros alheios, sem se precatarem contra as próprias faltas. Assinalam casas suspeitas, fogem ao movimento social, malsinam fatos ou reprovam pessoas, antes de qualquer exame sério das situações. E nesse complexo emocional que os distancia da realidade, dilatam desentendimentos com pretensas atitudes de salvadores improvisados, que apenas acentuam a esterilidade do fanatismo.
Longe de prestarem benefícios reais, constituem material neutralizante do movimento renovador.
O Evangelho do Cristo, contudo, não instituiu cubículos de isolamento; procura estabelecer, aliás, fontes de Vida Abundante, em toda parte.
Examinar com imparcialidade é buscar esclarecimento.
Por que a condenação apressada ou a crítica destrutiva? Quando Paulo dirigiu a célebre recomendação aos tessalonicenses não se reportava apenas a livros e ciências da Terra. Referia-se a tudo, incluindo os próprios impulsos da opinião popular, com alusão aos fenômenos máximos e mínimos do caminho vulgar.
Em todas as ocorrências dos povos e das personalidades, em todos os fatos e realizações humanas, o aprendiz fiel da Boa Nova deve analisar tudo e reter o bem.
Por que te afastares do trabalho e da luta em comum? Por que desencorajar os que cooperam na lide purificadora com o teu impensado desdém? Se te sentes unido ao Cristo, lembra-te de que o Senhor a ninguém abandona, nem mesmo os seres aparentemente venenosos do chão.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 154.

* * * Estude Kardec * * *