segunda-feira, 21 de junho de 2010

O CORPO HUMANO

O CORPO HUMANO - Justino Mendes
“Poucos homens há que façam idéia da fábrica grandiosa exata e engenhosamente ramificada, representada pelo corpo humano.
Ali temos o gabinete do diretor, o cérebro. Para as diferentes funções do estabelecimento acham-se, na direção geral, repartições interiores, que trabalham continuamente na mais perfeita união de vistas com o diretório central. Um grosso cabo, a medula espinhal, com um sem número de ramificações, os nervos, transmitem, como uma rede telegráfica, as ordens da administração para as diferentes estações, isto é, os órgãos do corpo.
Ali temos duas estações telefônicas, os ouvidos, que através da linha do nervo auditivo despacham as impressões sonoras para a grande central situada no cérebro. (Encerram os ouvidos, num espaço de menos de uma polegada cúbica, vinte e quatro mil filamentos nervosos, capazes de apreender doze oitavas. Nossos melhores pianos, com seu volume enorme, não comportam mais de seis e meia.)
Ali temos o aparelho fotográfico da vista, que não precisa senão de uma única chapa sensível para receber um número ilimitado de retratos sempre novos, primando nas cores deslumbrantes do original. Além de que, cada chapa é remetida instantaneamente à central ótica do cérebro e conservada num escaninho especial, podendo ser reproduzida ad libitum. Ali temos dois laboratórios de análise química: o olfato e o gosto. Ali temos uma dupla bomba aspirante e premente, o coração, que através das artérias, sistema de canalização indivisivelmente prático e engenhoso, faz circular o sangue por todas as partes do corpo. (Este trabalho mecânico equivale a erguer o seu próprio peso a mais de quatrocentos metros por hora.)
Ali temos o sistema de filtração automática dos rins e da pele. Ali temos a grande instalação calorífica central, que é o aparelho digestivo, o qual, com perda mínima de combustível, irradia calor constante por todo o organismo, expelindo, por meio dos pulmões, os gazes nocivos.
Ali temos uma serraria e uma máquina de trituração, que corta e esmiúça o material de que se nutre esse aparelho de combustão.
Ali temos um autômato musical, a laringe – maravilhoso órgão em miniatura – onde os pulmões, traquéia e cordas vocais representam as peças correspondentes a foles, someiro e tubos – instrumento suscetível de infinitos timbres, tonalidades e nuances melódicas.
Ali temos, no esqueleto e sistema muscular, uma construção ideal de alavancas e transmissores. Máxima na construção dos ossos vemos utilizadas magistralmente as últimas conquistas da engenharia mais moderna.
Eis a obra prima do corpo humano. Sois capazes de negar que por aqui andou mão de Mestre? Que aqui deixou rastros luminosos uma inteligência creadora, uma onipotência sapientíssima?
Texto traduzido por Justino Mendes.
Livro: Vencedor em Todas as Batalhas – Luiz Waldvogel

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