Como você costuma reagir
às artes dos seus filhos? Você é daqueles que acredita que as crianças devam
ser bem disciplinadas para se tornarem adultos responsáveis?
Você está certo. Contudo,
o que deve se considerar é como a disciplina é imposta aos pequenos.
Esta é a história de um
escritor brasileiro que narra sua experiência pessoal, acontecida lá pelos seus
sete ou oito anos de idade. Hoje ele já conta mais de oitenta.
Ele morava, com os pais,
a poucos metros de distância dos trilhos do trem. Era um garoto retraído e meio
caladão.
Mas, um belo dia resolveu
testar a sua força e pontaria. Escolheu para alvo o trem que passava. Pegou uma
pedra, mirou e atirou.
Acontece que era um trem
de passageiros. A pedra quebrou uma vidraça. Felizmente não atingiu ninguém.
Quando o trem chegou à
estação seguinte, telefonaram para aquela onde vivia o garoto e, naturalmente,
não foi difícil descobrir o autor do ato terrorista.
Os pais não eram dados a
castigos corporais, mas o pai decretou um castigo terrível para o filho.
Deveria ficar sentado à vista de todos, no alto de uma pilha de dormentes de
madeira, à beira da linha do trem.
O menino se sentia
humilhado. E o pior de tudo é que não estava entendendo a razão de todo aquele
castigo. Afinal de contas, ele só jogara uma pedra no trem.
Lá pelas tantas, porém,
se aproximou um empregado da estação ferroviária. Subiu os dormentes e se
sentou ao lado dele.
Não trouxe palavras de condenação
ou de censura. Também não desautorizou a providência punitiva do pai. Mas
explicou, de forma adulta, que o gesto impensado poderia ter ferido, talvez até
matado alguém, no trem.
Que ele pensasse nas
consequências. Alguém poderia ter ficado cego ou muito ferido com a sua arte.
Ao concluir o seu
depoimento, recordando desse momento infantil, o escritor confessa que nunca
mais jogou pedras em ninguém, embora tenha levado algumas pedradas pela vida
afora.
Mas o que ele recorda e
com muita gratidão, apesar de tantos anos passados, é que aquele homem foi a
primeira pessoa que, em vez de repreender, censurar ou criticar, lhe falou como
um adulto. De homem para homem, sem ironias, ou agressividade.
Acima de tudo, explicou a
ele a situação. Isso lhe permitiu entender o porquê da penalidade que estava
sofrendo.
* * *
Antes de qualquer crítica
apressada ou condenação, é indispensável ouvir os filhos.
É importante que eles
expliquem as suas razões, da mesma forma que os pais, na qualidade de
educadores, devem explicar o erro que eles cometeram.
Muitas vezes, somente o
fato dos filhos descobrirem que cometeram uma falta, já lhes constitui
penalidade suficiente porque a consciência os acusa.
O que equivale a dizer
que, melhor do que qualquer castigo, sem diálogo, vale uma boa explicação
acerca de consequências, perigos e responsabilidade.
Como dizem: É conversando
que a gente se entende...
Redação
do Momento Espírita, com base no cap. 12 do livro Nossos filhos são Espíritos,
de Hermínio Miranda, ed. Arte e cultura.
Em
15.02.2011.
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