sábado, 22 de março de 2014

Outonos e Primaveras

Sim; foram muitas as primaveras da minha vida.
E cada uma delas fez florescer um novo sonho, que me trouxe forças para seguir em frente. Porque são os sonhos que sustentam os nossos passos, durante a caminhada.
Muitos foram, porém, os outonos que vivi. E cada um deles corresponde a um sonho morto, que vi tombar sobre o chão, juntando-se aos outros que atapetavam o caminho.
É a lei da Vida; como as primaveras e os outonos se alternam na natureza, sucedem-se os sonhos e os desenganos, ao longo dos anos que nos cabem em cada etapa da jornada.
Assim precisa ser; porque não atingiremos o Conhecimento sem as alegrias e as tristezas que nos fertilizam o coração, para que nele possa brotar a semente do aprendizado.
Deixai-me dizer-vos, portanto, que se ao Universo agradeço as alegrias que conheci, sou igualmente grato pelas muitas vezes em que a tristeza visitou a minha alma.
É preciso que no outono as folhas morram e caiam sobre o chão, para que na primavera possa o verde reflorir nos galhos desnudos, trazendo nova vida à árvore cansada.
Porque difícil não é permanecer de pé, mas levantar-se depois da queda; voltar a acreditar, depois que a esperança se foi; abrir um novo sorriso, entre lágrimas que teimam em rolar.
Difícil não é seguir em frente; porque a Vida nos arrasta para diante, no fluxo do tempo. E ninguém existe que possa assentar-se às suas margens, estacionar em seu caminho.
Difícil é recobrar o calor do entusiasmo, depois do banho gelado de um fracasso. É recuperar a candura infantil, depois que a maturidade nos desperta para a desconfiança.
Entretanto, nisto consiste o aprendizado. Não existe mérito na inocência, que é a ignorância do pecado; mas na pureza, que é triunfar sobre ele depois de havê-lo conhecido.
Acostumai-vos a que felicidade e sofrimento se alternem em vossas vidas; é necessária a alternância das estações, para que o fruto adquira todo o seu sabor.
Não deveis, portanto, desesperar quando as folhas dos vossos sonhos tombarem sobre o chão frio da realidade; outras as substituirão, quando for o tempo certo.
Acreditai, sempre, que as folhas caídas amenizarão a dureza do solo sob os vossos passos; e uma nova primavera virá, para que mais uma vez os sonhos enfeitem as vossas vidas.
Até que chegue um novo outono.
Fonte: O Árabe

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