Toda crença
religiosa que se firma no amor é digna de respeito e carinho. O objetivo
essencial da fé religiosa é dignificar a criatura humana, tornando-a melhor
moralmente e preparando-a para desenvolver os valores espirituais que lhe
dormem no íntimo.
Em razão do mergulho na
matéria, o Espírito aturde-se, e quase sempre olvida os compromissos assumidos
na Espiritualidade, deixando-se comandar pelas manifestações do instinto que o
ajudaram nos períodos remotos da evolução, mas que foram suplantados pelo
discernimento e pela consciência, permanecendo somente aqueles que preservam a
vida e dão sentido existencial.
Na neblina carnal, no
entanto, a predominância da matéria, como é compreensível, dificulta o
discernimento a respeito da finalidade da reencarnação, facultando que os
sentidos físicos se direcionem para o prazer, para o gozo, para a satisfação
das necessidades biológicas.
A consciência, no entanto,
trabalha pela eleição do significado existencial, do equilíbrio emocional, do
bem-estar espiritual, alargando os horizontes da percepção para as conquistas
relevantes e significativas que acompanharão o ser após o seu inevitável
decesso tumular.
Por esses motivos, entre
outros, a necessidade de uma religião que se expresse em lógica e praticidade,
destituída dos aparatos e das fantasias, dos interesses sórdidos do
comportamento material, faz-se imprescindível para enriquecer os seres humanos
de beleza e harmonia. Isto porque a conquista da lógica, no longo roteiro
evolutivo, impõe a necessidade de compreender-se tudo quanto se deseja
vivenciar, a fim de constatar-se a sua resistência frente à razão em quaisquer
circunstâncias.
Assim sendo, não há mais
lugar para qualquer tipo de crença religiosa que se apresente com manifestações
totalitárias, eliminando a capacidade do crente de pesquisar, de aceitar ou não
os seus postulados, sendo-lhe exigido crer sem entender. É certo que ainda
surgem segmentos religiosos fundamentados no fanatismo, geradores de lutas e de
intolerância, tentando impor-se pela força dos seus dirigentes políticos ou de
outra espécie, mas não pela sua estrutura racional e profunda.
Naturalmente, ante o
impacto do progresso, aqueles que lhes aderem ao comportamento, logo
desenvolvem o senso da razão e os abandonam, isso quando não lhes permanecem
vinculados por frutos apodrecidos dos interesses materiais que lhes rendem
prestígio, poder e recursos econômicos...
Nesse caso, destituídos
do sentimento de amor, de compreensão e de bondade, estando ausentes o respeito
pelo próximo e pelo seu direito de acreditar naquilo que mais lhe convém e
felicita, essas estranhas doutrinas mais atormentam do que consolam, seduzindo
grande fatia da sociedade que ainda permanece vitimada pelos atavismos, quando
se fizeram poderosas e esmagaram aqueles que eram considerados adversários de
comportamento enfermiço.
Foram essas religiões,
trabalhadas pela força política e pelos impositivos da ignorância, que se
encarregaram de afastar os fiéis das diretrizes do amor que conduz a Deus,
abrindo espaço para os comportamentos agressivos e a revolta constante,
facultando o desenvolvimento do materialismo e no niilismo, que lhes bloquearam
a capacidade de crer e, por efeito, de abraçar os ideais de religação com a
Divindade.
Nesse báratro, a
misericórdia divina proporcionou à Humanidade uma crença religiosa que atende
perfeitamente ao mandamento maior e, ao mesmo tempo, conforta e tolera tantos
quantos não lhe dão guarida.
Trata-se do Espiritismo,
que se faz resposta eloquente do amor de Deus às criaturas ansiosas que lhe
suplicavam diretrizes e oportunidade de crescimento, assim como de recursos
para a conquista da felicidade.
O Espiritismo, ademais de
fundamentar-se no amor através da ação da caridade, é Doutrina profundamente
racional, que esclarece o aprendiz a respeito das razões da crença e da sua
legitimidade, por estruturar-se na linguagem iniludível dos fatos.
Jesus, quando esteve na
Terra, elegeu o amor como sendo fonte de sabedoria e de iluminação mais
poderosa que se pode conhecer.
Estabelecendo como
essencial o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo,
não renegou as crenças que predominavam na cultura de então, lamentando que as
mesmas não possuíssem essa especial conduta, perdidas em aparência e
cerimoniais que mataram o conteúdo essencial de que Moisés se fizera portador
ao apresentar os Dez Mandamentos.
Neles estão inscritos,
sem dúvida, os códigos éticos de alta magnitude, responsáveis pela ordem social
e moral da Humanidade, numa síntese que facultaria ao direito civil em muitos
países fundamentar os seus postulados naquelas seguras regras de comportamento.
Jesus, complementando,
porém, a propositura do amor, de que a sua doutrina se faz o reservatório
inexaurível, transformou-o em código superior de socorro aos infelizes de todos
os matizes, utilizando-se da ação da caridade como sendo a sua expressão mais
elevada.
Todas as suas palavras
fizeram-se revestir pelos sublimes exemplos, pelas ações, pelos fatos
extraordinários que passaram à Humanidade, confirmando-lhe o messianato,
demonstrando ser Ele o Embaixador de Deus, aquele que todos esperavam, mas
preferiram não aceitar, porque Ele feria de morte as paixões inferiores, os
interesses mórbidos dos religiosos equivocados, que se compraziam em manter os
crentes na ignorância, a fim de melhor explorá-los.
Por sua vez, Ele sempre
elucidava todos os enigmas que atormentavam as pessoas, explicando a
necessidade do amor em todas as expressões: ao trabalho, ao dever, à família,
ao próximo de toda procedência, mas acima de tudo ao Pai Criador.
Submeteu-se às
arbitrariedades do poder temporal para demonstrar a sua fragilidade na sucessão
dos tempos, especialmente diante da morte que a todos arrebata, modificando as
estruturas do mundo e das próprias criaturas.
Jamais se permitiu ceder
aos caprichos dos adversários da verdade, divulgando-a e vivendo-a nas
situações mais ásperas e agressivas.
Com a sua visão superior,
conhecia a fragilidade daqueles que se candidatavam ao ministério de sua
palavra, tolerando-lhes a fraqueza moral, mas não anuindo com ela, de modo que
anunciou O Consolador, que Ele rogaria ao Pai enviar, a fim de que o rebanho
não ficasse esparramado, sem diretrizes de segurança, nos momentos difíceis do
futuro que se apresentariam para a conquista da real felicidade...E cumpriu a
promessa, por ocasião do advento do Espiritismo.
O amor realmente deverá
ser um dia a mais bela conduta, a mais significativa, a psicoterapêutica
preventiva e curadora, tornando-se uma forma de religiosidade que fascinará a
todas as criaturas.
Ao Espiritismo compete,
portanto, o dever, através dos espíritas sinceros, de propagar os seus
postulados, de divulgar imorreduras lições do Evangelho, de demonstrar a
excelência de seus paradigmas, o alto significado de se que fazem instrumento
as comunicações espirituais, a magnitude da reencarnação, a convivência com o
bem e a sintonia com o inefável amor de nosso Pai.
A religião cósmica do
amor, desse modo, no Espiritismo encontra o solo abençoado e fértil para
apresentar-se e enflorecer-se, produzindo os frutos da felicidade que todos
aspiram, sem nenhuma desconsideração pelas demais que se fundamentem no
mandamento maior, vivendo a tolerância e a caridade indiscriminada.
Joanna de Ângelis - Do livro: Entrega-te a Deus, Médium: Divaldo
Franco.
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