A CARTA DO MUNDO
Em todos os departamentos da Terra,
reconhecemos a cooperação dos grandes missionários com a Sabedoria Divina.
De época a época, de civilização a civilização,
vemo-los, à maneira de abelhas laboriosas e felizes, retirando o mel da ciência
nas flores maravilhosas da vida, esparsas no campo infinito da Natureza.
O mundo sofria as calamidades mefíticas, mas a
Medicina respeitável saneou o pântano e continua vencendo a enfermidade e a
morte.
Vagueava a fome entre populações exaustas;
todavia, o comércio esclarecido solucionou o problema doloroso.
Os perigos do mar afligiam os continentes,
dificultando as comunicações; entretanto, o navio rápido venceu o dorso do
abismo.
As sombras noturnas invadiam as cidades e os
campos, desafiando as lanternas bruxuleantes; contudo, a lâmpada de Edison
resplandeceu, expulsando as trevas.
Moviam-se as máquinas primitivas, pesadamente,
extorquindo copioso suor dos servos cativos; no entanto, a energia elétrica
diminuiu os sacrifícios do braço escravizado.
Questões difíceis dos povos atormentavam as
administrações nas metrópoles distantes entre si; mas o avião, qual poderosa
ave metálica, cortou os céus, eliminando a separação.
A cultura exigia canais para beneficiar as mais
diversas regiões do Planeta e o rádio respondeu às reclamações, unindo os
países uns aos outros.
Corações apartados no plano material padeciam
angústias, sequiosos de intercâmbio, e o telefone, de algum modo, curou
semelhante ansiedade.
Nos hospitais e nos lares, a dor física
torturava milhões de sofredores; a anestesia, porém, aliviou-lhes o
padecimento.
Em todos os ângulos da evolução terrestre,
observamos o concurso dos apóstolos humanos nas edificações divinas. Transitam
nas artes e nas ciências, no comércio e na indústria, no solo e nas águas,
construindo, colaborando e melhorando, sob os desígnios superiores que nos assinalam
os destinos.
Para quase todos os flagelos que atormentam a
Humanidade, encontraram lenitivo e socorro.
Todavia, para um deles, todo o esforço tem sido
vão. Monstro de mil tentáculos, envolve as criaturas desde o sílex, rastejando
entre as nações cultas de hoje, como se arrastava entre as tribos selvagens de
ontem. Envenena as fontes da mais adiantada cultura, turva a mente dos
pensadores mais nobres, obscurece o sentimento dos mais fiéis mordomos da
economia terrestre, investe as posições mais simples, tanto quanto as situações
mais altas. Não reconhece a inteligência, nem a sensibilidade; alimenta-se de
ódio e ruínas, mastiga violência e morte em todas as latitudes do Globo.
Derruba templos e oficinas, lares e escolas, pratica ignominiosos crimes com
assombrosa indiferença. Ri-se das lágrimas, espezinha ideais, tritura
esperanças...
Esse é o monstro da guerra que asfixia a Europa
e a América com a mesma força com que constringia a garganta do Egito e da
Babilônia.
Por cercear-lhe a ação esmagadora, organizam-se
ligas e cruzadas, tratados e alianças em todos os tempos; improvisam-se
conferências em Londres e Paris. Em Washington e Moscou, renova-se a geografia
e modificam-se os sistemas políticos.
O flagelo, contudo, prossegue dominando,
destruindo, esfrangalhando, matando...
Para extinguir lhe a existência nefasta, só
existe um recurso infalível – a aplicação dos princípios curativos e
regeneradores do Médico Divino. Esses princípios começam na humildade da
manjedoura, com escalas pelo serviço ativo do Reino de Deus, com o auxílio
fraterno aos semelhantes, com a adaptação à simplicidade e à verdade, com o
perdão aos outros, com a cruz dos testemunhos pessoais, com a ressurreição do
espírito, com o prosseguimento da obra redentora através da abnegação e da
renúncia, da longanimidade e da perseverança no bem até ao fim da luta,
terminando na Jerusalém libertada, símbolo da Humanidade redimida.
Será, todavia, remédio das nações, quando as
almas houverem experimentado a sua essência divina.
Não é receituário atuando, problematicamente,
de fora para dentro. É medicação viva, renovando de dentro para fora.
Não é demagogia religiosa. É vida permanente.
Não se trata de plataforma verbalista e, sim,
de transformação substancial.
Jesus encontrou os discípulos, um por um.
O indivíduo é coluna sagrada no templo do
Cristianismo.
Negue cada qual a si mesmo – disse-nos o Mestre
–, tome a sua cruz e siga-me.
Eis por que o Evangelho é a Carta do Mundo que
glorificará a paz na Terra, depois de impressa no Coração do Homem.
pelo
Espírito Irmão X - Do livro: Pontos e Contos,
Médium:
Francisco Cândido Xavier
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