NA
EXTENSÃO DO SERVIÇO
Que
seria do Espiritismo se não guardasse finalidades de aperfeiçoamento da própria
Terra, onde se expressa por movimento libertador doas consciências?
Seria
louvável subtrair o homem do campo à função laboriosa da sementeira, distraindo-o
com narrativas brilhantes e induzindo-o à inércia?
Seria
aconselhável a imposição do êxtase ao esforço ativo, congelando-se preciosas
oportunidades de realização para o bem?
Mas, se
nos abeirarmos do trabalhador, com o intuito de estimulá-lo ao serviço, auxiliando-lhe
o entendimento, para que a tarefa se lhe faça menos sacrificial, e
favorecendo-o a fim de que descubra, por si mesmo, os degraus da própria
elevação, estaremos edificando o bem legítimo, no aprimoramento da vida e da
coletividade.
De que
valeria a intimidade do homem com os Espíritos domiciliados em outras esferas,
sem proveito para a existência que lhe é peculiar? Não será deplorável perda de
tempo informarmo-nos, sem propósito honesto, quanto aos regulamentos que regem
a casa alheia? Se a criatura humana ainda não pode dispensar o suprimento de
proteínas e carboidratados, de oxigênio e vitaminas, se não pode prescindir do
banho e da leitura, por que induzi-la ao ocioso prazer das indagações sem
elevação de vistas?
Atendamos,
acima de tudo, ao essencial.
É
curioso notar que o próprio Cristo, em sua imersão nos fluidos terrestres, não
cogitou de qualquer problema inoportuno ou inadequado.
Não se
sentou na praça pública para explicar a natureza de Deus e, sim, chamou-lhe
simplesmente “Nosso Pai”, indicando os deveres de amor e reverência com que nos
cabe contribuir na extensão e no aperfeiçoamento da Obra Divina. Embora
asseverasse que “na casa do Senhor há muitas moradas”, não se deteve a destacar
pormenores quanto aos habitantes que as povoam.
Não
obstante exaltar o Reino Celeste, nele situando a glória do futuro, não olvidou
o Reino da Terra, que procurou ajudar com todas as possibilidades de que
dispunha. Curando cegos e leprosos, loucos e paralíticos, deu a entender que
vinha não somente regenerar as almas e sem também socorrer os corpos enfermos,
na recuperação do homem integral.
Não se
contentou, porém, com isso.
Em todas
as ocasiões, exaltou nossos deveres de amor para com a vida comum.
Recorre
à semente de mostarda e à dracma perdida para alinhar preciosos ensinamentos.
Compara
o mundo a vinha imensa, onde cada servidor recebe determinada quota de
obrigações.
Consagra
especial atenção as criancinhas, salientando o amparo que devemos às gerações
renascentes.
Nessa
mesma esfera de realizações, os princípios do Espiritismo Evangélico se
estenderão em favor da Humanidade.
Os
desencarnados testemunham a sobrevivência individual, depois da morte, provam
que a alma se transfere de habitação sem alterar-se, de imediato, mas,
preconizando o estudo e a fraternidade, a cultura e a santificação, o trabalho
e a análise, em obediência e ditames superiores, objetivam, acima de tudo, a
melhoria da vida na Terra, a fim de que os homens se façam, efetivamente,
irmãos uns dos outros no mundo porvindouro que será, indiscutivelmente,
iluminada seção do Reino Infinito de Deus.
Pelo
Espírito Emmanuel - Do livro: Roteiro, Médium: Francisco Cândido Xavier
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