PALAVRAS MORTAS
A
concordância da dicção haverá de ser perfeita, em conjunto com a harmonia do
olhar, sob a imensa proteção divina, que lhes favorece a simplicidade no canto
da conversação. Existem as palavras boas que favorecem bons frutos, as
negativas, que produzem frutos deteriorados e as mortas, sem sentindo, sem
vida, sem nada. Falemos destas últimas, para que possamos isolar das nossas
comunicações o inútil, para que o imprestável não nos perturbe no grande labor
diário. Se queres conhecer a pessoa com quem estás te comunicando, observa bem
o que ela fala, analisa suas frases. Sentirás com quem andas e poderás, sem
julgá-la, auxiliá-la na medida das tuas possibilidades. Vejamos o que o
apóstolo Mateus nos noticia, no capitulo vinte e seis, versículo setenta e três:
“Logo depois aproximando-se os que ali
estavam, disseram a Pedro: - verdadeiramente és também um deles, porque o teu
modo de falar o denuncia”.
Já
notaste certamente as nossas intenções em inumeráveis escritos, muitos deles
publicados em forma de livros pela graça do Senhor, e a nossa alegria será que
as tuas palavras, leitor amigo, denunciem o teu estado interior reformado, a fonte
que existe dentro de ti como água divina que jamais estancará.
Trabalha
e esforça-te continuamente para arrancar do teu íntimo as raízes que possam
gerar palavras mortas e por vezes as que ofendem e caluniam, deixando somente
aquelas que multiplicam a felicidade, estabelecem a paz e avançam com o
progresso. No reino da palavra de luz, não haverá infecundidade; ela nasce e
renasce eternamente, explodindo vida em todas as direções, criando e
sustentando amor por todos os ambientes, multiplicando e ensejando a caridade
como mãos de Deus na força do verbo. A tua boca é a tua ferramenta; inicia, ao
começar o dia, o teu trabalho, e que tal início seja como uma prece ao Criador,
pela vida que levas. E será melhor que nada peças, mas sim, agradeças o que já
recebeste das mãos dadivosas e santas de Deus.
Vigia
o teu falar, como fazes com teu filho recém-nascido; vigia a tua fala, como
costumas fazer com o teu soldo de difícil aquisição; vigia a tua pronúncia,
como observas o que comes todos os dias. Porque elas, as palavras, são mais que
o teu filho, maiores que o teu dinheiro e bem mais valiosas que os teus
alimentos. A voz pertence à dinastia dos dons de ouro – que o Evangelho
denomina talentos – e o empuxo dos sons que direcionamos aos outros, como sopro
de vida, é aureolado pelos nossos sentimentos: quando vibra neles a força do
amor, o ambiente nos faz esquecer a Terra e respirar, mesmo nela, a fragrância dos
céus.
Para
o iniciado, desaparecem as distancias; quando quer falar a outro, não precisa
servir-se do ar como veículo; serve-se da energia cósmica, que desconhece as
barreiras do tempo e do espaço, tomando forma quase física aos ouvidos do
receptor. Essa energia cósmica obedece à vontade emissora da mensagem.
Os
recursos da palavra são imensuráveis e estão ao alcance de todos, dependendo do
esforço de cada um na sua necessária educação. Quem deseja aprimorar a sua voz,
não deve deixar para outra oportunidade; deve começar logo, pois ela, bem
orientada, ajudará a libertá-lo da atmosfera pesada da poluição mental, formada
em torno de si e em torno da Terra, como acúmulos residuais de magnetismo inferior,
influenciando sempre aos que o geraram.
Não
canses os outros com o teu muito falar; procura ouvir também com interesse os
problemas alheios, sem que eles possam te afetar. No modo de ouvir e responder
podes ajudar, se já dominas a tua força de sentir e já entendes a magia do
falar. Vamos, que Deus está contigo!
Vigia o teu falar, como fazes com teu filho
recém-nascido; vigia a tua fala, como costumas fazer com o teu soldo de difícil
aquisição; vigia a tua pronúncia, como observas
o que comes todos os dias.
Livro – Horizontes
da Fala – Miramez / João Nunes Maia
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